O PSD fica, para já, em silêncio sobre as afirmações do primeiro-ministro, que hoje admitiu novas medidas de austeridade para cumprir o défice de 4.6 por cento. A resposta, sabe o PÚBLICO, só será dada esta terça-feira, depois de uma reunião da Comissão Política Nacional de Passos Coelho, que já estava marcada para esta terça-feira à tarde.
Primeiro o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, e depois José Sócrates, admitiram hoje, na II Conferência da Reuters/TSF, em Lisboa, o cenário de atingir o objectivo do défice. “Se a execução orçamental vier a revelar que são necessárias mais medidas, tomá-las-emos, mas, até ver, não temos indicação nesse sentido”, disse Sócrates, lembrando que a execução orçamental de Janeiro deixa o Governo “tranquilo”.
PÚBLICO
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Já se viu que Passos Coelho não é o líder que a nata do PSD desejaria. Por isso, ele não arrisca emitir opiniões sobre matérias polémicas, sem se proteger com escudo seguro dos órgãos do partido. Desta vez, até estará à espera da opinião do paizinho, que, lá em Belém, continua a ruminar a ideia do ajuste de contas.
No entanto, para Passos Coelho, vai chegar a sua hora da verdade. Ele apoiou o Orçamento de Estado e os dois PEC's, sob a condição de o governo conseguir reduzir o défice. O pré-anúncio de novas medidas de austeridade vai colocar-lhe um grande dilema. Se, envergonhadamente, as apoiar, perde a face perante o seu eleitorado, onde também há muita gente a sofrer a erosão das suas condições de vida. Se não as aprova, precipita uma crise política, que poderá levar a eleições intercalares, um cenário que terá muitos custos políticos e económicos. E aí, José Sócrates, um verdadeiro mestre na difícil arte da prestidigitação, tentará mais uma vez a sua chance, acusando Passos Coelho de não ter defendido o interesse do país.
O povo, esse, continua a olhar atónito para o que se passa no país, parecendo que não consegue ver mais vida para além da pantanosa vida do bloco central de interesses. Já está suficientemente anestesiado, para melhor poder carregar a canga.
O povo, esse, continua a olhar atónito para o que se passa no país, parecendo que não consegue ver mais vida para além da pantanosa vida do bloco central de interesses. Já está suficientemente anestesiado, para melhor poder carregar a canga.
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