Pouco depois de o primeiro-ministro falar à SIC, a agência de notação de risco Moody's anunciava o corte do rating de Portugal em dois níveis, de A1 para A3, e com perspectiva negativa. O nosso país fica assim a um nível da classificação B, que separa os países com dívida de "pouco risco" dos Estados com dívida de "risco elevado". Dos países sujeitos a resgate, a Irlanda tem um rating de Baa1 e a Grécia de B1.
Correio da Manhã
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É melhor o primeiro-ministro deixar de ir à televisão, porque, de cada vez que bota faladura, as agências de rating baixam a notação de risco de Portugal.
Ontem de manhã, foi o presidente do BCE a denunciar a insuficiência do plano gizado pelos dirigentes políticos para ajudar os países com dificuldades orçamentais, mas que José Sócrates considerou excelente para Portugal. À noite, logo depois da sua entrevista à SIC, apareceu a agência de rating Moody's a descer a notação de risco a Portugal em dois níveis, ficando assim muito perto de, na próxima avaliação, a cotação transitar para o nível B (países, cuja dívida apresenta risco elevado), onde já encontram a Grécia e a Irlanda.
Não se espera que as outras agências, cuja avaliação será comunicada até ao fim do mês, tal como estava programado por todas elas, não sigam o caminho da Moody's, que fundamentou a sua decisão, nas “fracas perspectivas de crescimento e ganhos de produtividade no médio prazo” da economia portuguesa. A crise política anunciada, e que teve origem na provocação do primeiro-ministro aos partidos da oposição, a quem não deu a conhecer, previamente, o conjunto de medidas de austeridade que apresentou em Bruxelas, irá assim adensar as dúvidas dos mercados.
Entretanto, enquanto o país se afunda, estamos já a assistir à nova rábula de vitimização de José Sócrates, em que ele vai tentar esconder o fracasso da sua política, atirando a culpa para a oposição. É bom não esquecer aquilo que já aqui foi dito. Se o PSD estivesse interessado em provocar uma crise política, teria aproveitado a boleia da moção de censura do Bloco de Esquerda, ou teria apresentado na Assembleia da República a sua própria moção de censura. Este argumento desmonta a enganadora estratégia de vitimização de José Sócrates e que, curiosamente, não tem sido utilizado pelos agentes políticos e pelos comentadores.
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