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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Poema: Jardins do medo_ por maria azenha

Fotografia por © Marcin Sacha (Poland)

Jardins do medo_

Há jardins do medo com flores diante do Diabo
E as ratazanas insultam a vida do poema
Um Rei morre em silêncio diante da sua amada
E a sua amada é uma mulher madura que vive numa jaula
Coroada por ciprestes
– seus lábios são pombas feridas que habitam o cimento -
E eu digo: a minha pátria é a minha amada
que chora o veneno do poema
sobre um ninho de excrementos.

© maria azenha

***«»***
E a Pátria morre-nos no peito, a arder, no turbilhão da memória de um Alcácer Kibir sem glória, onde um Rei morre num ninho de excrementos, e de onde nascerão as flores dos jardins dos medos.
Este poema de Maria Azenha eleva-nos à dimensão trágica do desastre coletivo, que a História marcou no calendário do Tempo, onde as cinzas dormem.
Maria Azenha é a grande inspiradora daquilo que, humildemente, eu vou escrevendo sobre os seus poemas, poemas que esgotam o sentido das palavras, e que nos conduzem a um profundo arrebatamento, a caminho da total sublimação.
Alexandre de Castro

A "poeta" maria azenha colabora regularmente no Alpendre da Lua.

Deboche eleitoralista...


"Nos termos do Tribunal Constitucional, a reversão salarial em Portugal em 2016 deverá ser total, porque o Tribunal Constitucional não permitiu que a proposta que o Governo anunciou pudesse em 2016 prosseguir com mais uma devolução de 20% do corte salarial", afirmou o primeiro-ministro durante o debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2015.
Mas, acrescentou, caso seja reeleito nas legislativas do próximo ano irá apresentar novamente a proposta chumbada pelos juízes do Palácio Ratton: "Se eu for primeiro-ministro nessa altura não deixarei de apresentar novamente essa proposta, portanto, proporei que a reversão salarial seja de 20% em 2016, como consta de resto daquilo que tem sido a posição pública do Governo".

***«»***
Definitivamente, entrou-se no deboche eleitoralista... O que no ano passado eram inevitabilidades e dificuldades, são agora facilidades e benesses.
Esta promessa do governo não tem nenhuma sustentabilidade no cenário macro-económico dos próximos anos, com as exportações a estagnarem, devido à deflação que ameaça a economia europeia. E com as exportações a perderem vigor e o consumo interno a continuar a ser travado pela austeridade, o PIB não poderá crescer. Por outro lado, em 2015, e até 2021, Portugal passará a pagar ao FMI os empréstimos concedidos por esta instituição internacional, ao abrigo da Programa de Assistência Económica e Financeira (troika), o que vai obrigar o governo português a financiar-se no mercado da dívida, contraindo novas dívidas para pagar as anteriores, o que agravará a sua dependência perante o exterior.
Mas vai haver uns tantos tansos que vão acreditar novamente em promessas eleitorais...

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Os perigos e as virtudes de combinar ciência com religião


O papa Francisco aprova as teorias do Big Bang e da Evolução das Espécies mas também defende que "é precisa" a criação divina para as explicar por completo. Demonstrou abertura ou tentou usar a ciência como fudamento para a crença?
Carlos Fiolhais, físico e um dos mais conhecidos divulgadores científicos portugueses, avisa que pode ser "perigoso" recorrer à ciência para tentar fundamentar as crenças religiosas. E dá o exemplo de Galileu Galilei, que dizia: "O Espírito Santo ensina-nos como ir para o céu, não como é o céu".
Já a teóloga Teresa Toldy defende que o Papa pretendia apenas demonstrar que ciência e religião não são incompatíveis e que não estava a tentar enciaxar as duas variáveis numa só.

***«»***
A religião e a Ciência são totalmente incompatíveis. A religião baseia-se no fundamento da crença, enquanto a Ciência elege a racionalidade empírica sobre factos objetivos, observáveis e mensuráveis. A religião cultiva a subjetividade, enquanto a Ciência procura a objetividade da realidade. São como a água e o azeite. Não miscíveis…
A aceitação (envergonhada?), por parte da igreja católica, das teorias do Big Bang e da Evolução das Espécies já vem tardia, e demonstra a dificuldade que a  Cúria Romana revela em lidar com a Ciência, naqueles aspetos em que os dogmas são desmascarados.

Notas do meu rodapé: Crise de 1891-93


O Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), de 2011, comumente designado por Memorando da Troika, foi apresentado numa perspetiva de ajuda desinteressada e altruísta ao Estado português, com o argumento de que a sua dívida pública. Não foi apresentado, discutido, nem explicado ao povo português, ao nível dos seus efeitos, que já eram conhecidos pelos seus subscritores indígenas e pelos dirigentes dos partidos do arco da traição. É o que está a ver-se. Já anteriormente, fizera carreira a tese do "bom aluno", que tanto embeveceu a nata bem pensante do país, e que, agora, o governo de Passos Coelho adotou, de uma forma caninamente subserviente. 
O cenário do ultimato de 1890, e o dos anos anteriores e o dos anos subsequentes, está a repetir-se, embora em contextos diversos, com atores diferentes, mas com uma causa comum: a armadilha da dívida. 
Na segunda metade do século XIX, Portugal, para se industrializar (o que foi uma boa opção), teve de endividar-se, a fim de construir os caminhos de ferro, infraestrutura indispensável para desenhar o mercado interno, pois não fazia sentido produzir adubos no Barreiro e ter de os transportar de mula para Trás-os-Montes e para o Minho. Só que o Estado Português viu-se na necessidade de contrair empréstimos junto da Bolsa de Londres, para poder comprar aos ingleses locomotivas, carruagens, carris de ferro e outros equipamentos industriais, que Portugal não produzia. O dinheiro dos empréstimos nem sequer chegava a Portugal, pois o valor das nossas exportações de produtos do setor primário da economia não chegava para evitar a acumulação crescente do défice comercial e o da balança de pagamentos. 
Quando se chegou a 1890, os ingleses já sabiam que Portugal estava de tanga, e sem dinheiro para mandar cantar um cego, quanto mais para organizar um exército que fosse defender o Mapa Cor de Rosa. 
A crise financeira, na sua vertente orçamental, monetária e cambial, era muito parecida com a atual. A moeda nacional, super-valorizada em relação à produtividade da economia, não conseguia acompanhar o valor da Libra, que se valorizava. Na década anterior, já a dívida pública vinha a agravar-se para cobrir os crónicos défices orçamentais. Coube à dupla José Dias Ferreira (bisavô da Manuela Ferreira Leite) e Oliveira Martins (bisavô de Guilherme Oliveira Martins) apanhar os cacos da crise. Um desvalorizou a moeda em 30 por cento e o outro, no ano seguinte, viu-se obrigado a declarar a bancarrota. Não pagamos, disseram eles! Que se saiba, não houve nenhum terramoto em Portugal, nem os ingleses enviaram a sua Marinha de Guerra e a sua Infantaria. Os credores, antes arrogantes e intransigentes, moderaram os seus ímpetos agressivos e pensaram duas vezes que seria bem melhor receber algum dinheiro do que não receber nenhum. E iniciaram-se negociações construtivas para reestruturar a dívida, em termos aceitáveis para o devedor, no sentido de não atrofiar o crescimento da sua economia, condição vital para os credores, para garantirem pagamentos futuros dos créditos em dívida. Perdoou-se parte da dívida, alongaram-se os prazos das maturidades e baixou-se a taxa de juro. Não se fez nada que não pudesse fazer-se na atualidade. Portugal não desapareceu do mapa, não se afundou no Atlântico, nem alienou soberania. Foi doloroso para o povo. Com as posteriores desvalorizações da moeda nacional, os sacrifícios atingiram proporcionalmente pobres e ricos. Durou o inferno (igual ao atual, mas em que os ricos não se queimam nas chamas) uns quatro anos, até que a economia reanimou com o salto das exportações e com a dinamização do mercado interno, dois pilares importantíssimos para a formação do PIB (eu ainda não compreendi como é que a troika e este governo querem aumentar o PIB, matando o consumo interno!). 
Desculpe-me esta longa exposição, mas eu apenas quis demonstrar que a crise atual é muito parecida com a de 1891-93, sendo, no entanto, muito diferente nas formas para a superar. Os portugueses dos finais do século XIX sofreram menos do que a maior parte dos portugueses sofrem na atualidade, não entrando em linha de conta com as diferenças dos respetivos padrões de vida, assim como dos diferentes níveis de desenvolvimento. Atualmente, estamos a ser estúpidos, porque estamos a deixar que nos destruam a economia, ao nível das pequenas e médias empresas, que, antes desta crise, ocupavam oitenta por cento da população ativa, assim se explicando as elevadas taxas de desemprego atingidas, passados dois anos da austoritária governação troikiana. 

Os nossos amiguinhos europeus estão a ajudar-nos, certamente. Mas com estes amigos destes, eu prefiro os inimigos.




Perfeitamente de acordo, Luís Alves de Fraga. O Memorando da Troika foi apresentado nessa perspetiva de ajuda desinteressada e altruísta. Não foi apresentado, discutido, nem explicado ao povo português, ao nível dos seus efeitos, que já eram conhecidos pelos seus subscritores indígenas e pelos dirigentes dos partidos do arco da traição. É o que está a ver-se. Já anteriormente, fizera carreira a tese do "bom aluno", que tanto embeveceu a nata bem pensante do país, e que, agora, o governo de Passos Coelho adotou, de uma forma caninamente subserviente. 
O cenário do ultimato de 1890, e o dos anos anteriores e o dos anos subsequentes, está a repetir-se, embora em contextos diversos, com atores diferentes, mas com uma causa comum: a armadilha da dívida. 
Na segunda metade do século XIX, Portugal, para se industrializar (o que foi uma boa opção), teve de endividar-se, a fim de construir os caminhos de ferro, infraestrutura indispensável para desenhar o mercado interno, pois não fazia sentido produzir adubos no Barreiro e ter de os transportar de mula para Trás-os-Montes e para o Minho. Só que o Estado Português viu-se na necessidade de contrair empréstimos junto da Bolsa de Londres, para poder comprar aos ingleses locomotivas, carruagens, carris de ferro e outros equipamentos industriais, que Portugal não produzia. O dinheiro dos empréstimos nem sequer chegava a Portugal, pois o valor das nossas exportações de produtos do setor primário da economia não chegava para evitar a acumulação crescente do défice comercial e o da balança de pagamentos. 
Quando se chegou a 1890, os ingleses já sabiam que Portugal estava de tanga, e sem dinheiro para mandar cantar um cego, quanto mais para organizar um exército que fosse defender o Mapa Cor de Rosa
A crise financeira, na sua vertente orçamental, monetária e cambial, era muito parecida com a atual. A moeda nacional, super-valorizada em relação à produtividade da economia, não conseguia acompanhar o valor da Libra, que se valorizava. Na década anterior, já a dívida pública vinha a agravar-se para cobrir os crónicos défices orçamentais. Coube à dupla José Dias Ferreira (bisavô da Manuela Ferreira Leite) e Oliveira Martins (bisavô de Guilherme Oliveira Martins) apanhar os cacos da crise. Um desvalorizou a moeda em 30 por cento e o outro, no ano seguinte, viu-se obrigado a declarar a bancarrota. Não pagamos, disseram eles! Que se saiba, não houve nenhum terramoto em Portugal, nem os ingleses enviaram a sua Marinha de Guerra e a sua Infantaria. Os credores, antes arrogantes e intransigentes, moderaram os seus ímpetos agressivos e pensaram duas vezes que seria bem melhor receber algum dinheiro do que não receber nenhum. E iniciaram-se negociações construtivas para reestruturar a dívida, em termos aceitáveis para o devedor, no sentido de não atrofiar o crescimento da sua economia, condição vital para os credores, para garantirem pagamentos futuros dos créditos em dívida. Perdoou-se parte da dívida, alongaram-se os prazos das maturidades e baixou-se a taxa de juro. Não se fez nada que não pudesse fazer-se na atualidade. Portugal não desapareceu do mapa, não se afundou no Atlântico, nem alienou soberania. Foi doloroso para o povo. Com as posteriores desvalorizações da moeda nacional, os sacrifícios atingiram proporcionalmente pobres e ricos. Durou o inferno (igual ao atual, mas em que os ricos não se queimam nas chamas) uns quatro anos, até que a economia reanimou com o salto das exportações e com a dinamização do mercado interno, dois pilares importantíssimos para a formação do PIB (eu ainda não compreendi como é que a troika e este governo querem aumentar o PIB, matando o consumo interno!). 
Desculpe-me esta longa exposição, mas eu apenas quis demonstrar que a crise atual é muito parecida com a de 1891-93, sendo, no entanto, muito diferente nas formas para a superar. Os portugueses dos finais do século XIX sofreram menos do que a maior parte dos portugueses sofrem na atualidade, não entrando em linha de conta com as diferenças dos respetivos padrões de vida, assim como dos diferentes níveis de desenvolvimento. Atualmente, estamos a ser estúpidos, porque estamos a deixar que nos destruam a economia, ao nível das pequenas e médias empresas, que, antes desta crise, ocupavam oitenta por cento da população ativa, assim se explicando as elevadas taxas de desemprego atingidas, passados dois anos da austoritária governação troikiana
Os nossos amiguinhos europeus estão a ajudar-nos, certamente. Mas com estes amigos destes, eu prefiro os inimigos.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Poema: « Visita em sombra » - por maria azenha

Fotografia - Autor não identificado

« Visita em sombra »
══

A minha mãe
folheei-a à noite.
Colheu-me de revés
num assalto à paz. 
(nunca a vi)
Bateu-me à porta,
em criança,
de facto .
Com o pescoço
ao lado do meu pai
pintou o meu rosto
com palavras exasperadas.
(e os meus seios estavam a crescer
numa dor
nos bicos da alma… )
À noite,
às doze em ponto , 
furei o tapume 
com
saltos.
Meti-me a verter piedade
pelos cantitos
dos
olhos.
Copulei as risadas doidas
a chapinhar
nos bibes.
Olhei de folga
por todos os domingos.
Toquei as arestas vivas
das bonecas degoladas.
Remeti todos os serviços
p’ras escolas
fu-
ne-
rárias.
Crucifiquei as chávenas
Todas
ao pequeno-almoço.
No último exame de Ontem
incendiei- a 
viva
num grande Campanário!,
══
MARIA AZENHA
(Poeta portuguesa, n. 1945)
in “P.I.M.”, Universitária Editora,Lda, Lisboa, 1999

***«»***
Nota: Uma dança onírica de metáforas, a saltarem em cascata no poema, incendiado-nos a imaginação até ao arrasador climax poético “(e os meus seios estavam a crescer/numa dor/nos bicos da alma…)”. E, no final, aparece o fogo purificador, para acalmar a consciência, depois daquele vendaval destruidor, que não poupou as chávenas nem as escolas funerárias.
AC

A "poeta" maria azenha colabora regularmente no Alpendre da Lua.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Notas do meu rodapé: Como Kemal Ataturk aboliu o uso da burka na Turquia moderna



Como Kemal Ataturk aboliu o uso da burka na Turquia moderna

Kemal Atatürk, o pai da Turquia moderna, que, sobre os escombros da califado do império otomano, na sequência da I Guerra Mundial, construiu um Estado Republicano secular e ocidentalizou culturalmente aquele país, conseguiu sem qualquer esforço abolir o uso da burka, que estava muito enraizado. Lembrou-se da lenda sobre a origem da adoção daquela indumentária pelas mulheres muçulmanas. Na Idade Média, no noroeste da India, os imãs de uma obscura tribo muçulmana, fazendo a sua interpretação pessoal do Alcorão, decretaram uma sharia, que obrigava todas as mulheres, solteiras, casadas e viúvas, a irem prostituir-se, num determinado dia do calendário islâmico, num bosque dos arredores da cidade principal. Para não serem reconhecidas posteriormente pelos homens a quem se entregavam, por obrigação, as mulheres começaram a usar nesse dia um lenço enorme que lhes tapava o rosto, tendo esse lenço evoluído progressivamente para o formato da atual burka. 
Atatürk, um estadista genial, sabia que, se proibisse o uso da burka, iria enfrentar uma grande resistência por parte dos fundamentalistas islâmicos e do respetivo clero, assim como a da população mais conservadora e tradicionalista, principalmente na Anatólia. 
Neste contexto complexo, em que os equilíbrios políticos são sempre difíceis, Atatürk resolveu publicar um decreto, que obrigava as prostitutas a usarem burka. Remédio santo. No dia em que o decreto entrou em vigor, nenhuma mulher se atreveu a sair à rua, trajando a burka.

Nota: Uma outra versão sobre o local de origem do uso burka, e que me foi comunicada por uma amiga, situava aquele local numa zona, algures entre Síria e o Iraque, precisamente onde hoje está instalado o fanático Estado Islâmico. Local de origem à parte, o que é certo é que Ataturk fez um golpe de génio, matando à nascença qualquer oposição e resistência dos muçulmanos islâmicos, que não lhe perdoavam a institucionalização de uma República secular e a da laicidade na educação, assim como a difusão da cultura europeia, a fim de promover a ocidentalização dos costumes e da sociedade.
Ataturk granjeou um enorme prestígio junto do seu povo, ao mesmo tempo deixou para a posteridade uma grande aura de heroísmo e, no ocidente, era muito respeitado e admirado. A Turquia de hoje deve muito a este político e militar, que conseguiu obter a independência da sua Pátria, tendo para isso sido obrigado a liderar grandes combates contra o exército britânico, pois à Inglaterra tinha sido concedido, através da Sociedade das Nações e do Tratado de Versalhes, o mandato da maior parte dos territórios do desmembrado Império Otomano, que deu muitas dores de cabeça à Europa, durante os seus quase quatro séculos da sua existência.

domingo, 26 de outubro de 2014

Relatório sobre Citius fala em suspeitas de "ilícitos criminais"


A Procuradoria-Geral da República recebeu, na sexta-feira à tarde, o relatório sobre o “caos” que se instalou no sistema judicial devido às falhas na plataforma Citius, aquando da implementação do novo mapa judiciário. Segundo apurou o jornal i, existem indícios que apontam para omissão de informações por parte de chefias, o que, segundo o despacho do Ministério da Justiça, pode configurar a prática de “ilícitos de natureza criminal”.

***«»***
À fase "canibalística" da Justiça, segue-se a fase cabalística. Como já não é possível esconder o "caos" e o grande fracasso do programa informático Citius, que o governo sempre tentou relativizar até ao ridículo, a estratégia passou agora para a invenção da cabala, tentando culpar, por "omissão de informações", estruturas intermédias do ministério. A intenção é desculpabilizar politicamente a respetiva ministra, procurando-se assim manter intacta, a todo o custo, a estrutura do governo, condição esta que, nos dias de hoje, se apresenta como essencial para a sua sobrevivência.
Solicitada a investigar eventuais ilícitos criminais, a Procuradoria-Geral da República, a primeira diligência que deveria fazer seria a de indagar as razões que levaram Paula Teixeira da Cruz a ignorar sobranceiramente, há uns meses atrás, os motivos que levaram os técnicos informáticos do ministério, responsáveis pela operacionalidade do Citius, a pedir, em bloco, a sua demissão.

sábado, 25 de outubro de 2014

Pintura de Dália Faceira (Dacha): Nem sempre sós _ tinta da China


Uma estilização bem conseguida, tirando partido da potencialidade pictórica do contraste "preto e branco" e, ao mesmo tempo, em que se imprime às figuras uma dinâmica de movimento e de equilíbrios, característica esta que evidencia bem a maturidade artística já atingida por Dália Faceira.

CANTO GENERAL - Mikis Theodorakis - Pablo Neruda (1981) (full album)



Mikis Theodorakis / Pablo Neruda 
INTEGRAL VERSION - 13 PARTS - LIVE RECORDING AT OLYMPIA HALLE MUNICH

terça-feira, 21 de outubro de 2014

O Crato



Publicado a 18/10/2014 no You Tube
(Original " O Pato" cantado por João Gilberto)
Música - Jaime Silva / letra - Neuza Teixeira
Adaptação (Letra) - Nuno Gomes dos Santos

Voz Carlos Mendes

sábado, 18 de outubro de 2014

Overton: como aceitar uma coisa intolerável


Muitos de nós conhecem os métodos através dos quais os políticos e os seus assessores de imprensa influenciam a opinião pública. Digamos que isso já é um dado adquirido nas chamadas democracias ocidentais e, por isso, por vezes somos céticos em aceitar propostas políticas, que tantas vezes são criadas artificialmente nos gabinetes das empresas de assessoria.
Ora essas “tecnologias” parecem brincadeiras de crianças comparadas com uma relativamente recente (desenvolvida nos anos 90) que tem por objetivo tornar aceitável na sociedade algo que, antes, era totalmente inaceitável e intolerável.
Trata-se da Janela de Overton, um modelo de engenharia social criado por Joseph P. Overton (1960–2003), ex-vice-presidente de um think tank norte-americano chamado Mackinac Center for Public Policy (Centro Mackinac para Políticas Públicas).
Overton criou um modelo para demonstrar como um pequeno grupo de pensadores, (think tank) pode mudar de forma intencional e gradual a opinião pública. A Janela de Overton é o conjunto de ideias "aceitáveis" num dado momento na sociedade.
A gradação das opiniões da sociedade em relação a determinado tema vão desde:
Intolerável (impensável);
Radical;
Aceitável;
Sensato;
Consensual;
Consagrado em políticas públicas.
Esta gradação corresponde a uma outra: proibido, proibido com ressalvas, neutro, permitido com ressalvas, permitido livremente.
Os think tanks constituem conjuntos de pessoas que produzem e divulgam opiniões fora da Janela de Overton com a intenção de tornar a sociedade mais recetiva a tais ideias e políticas públicas.
Quando esse grupo de fazedores de opinião quer promover uma ideia que está fora do que a opinião pública considera razoável, ou seja, que a sociedade não aceita, ele pode adotar uma série de procedimentos graduais que farão as pessoas mudar completamente de ideias em pouco tempo.


Assim, através da sua ação na mídia, vai-se introduzindo no discurso público ideias a princípio consideradas inaceitáveis, radicais, impossíveis de implementar, mas que, com a sua exposição ao público, passam de inaceitáveis a toleráveis e, posteriormente – na última fase – são consagradas na legislação.
Aplicando o modelo à vida política, constata-se que numa sociedade existe um conjunto de temas políticos que não causam polémica, ou seja, de entre todas as políticas públicas possíveis, há um conjunto delas que é aceite pela maioria da população sem que haja grandes debates. Esta é a Janela de Overton.
Como já dissemos, a posição da janela não é imutável, sendo que ela pode ser manipulada para introduzir novos temas ou mesmo excluir temas que já foram aceitáveis. Os políticos que desejem ter mais hipóteses de ser eleitos apenas devem assumir posições políticas que se encaixem dentro da Janela de Overton.
Para entender como a opinião pública pode ser mudada gradualmente costuma-se usar o exemplo do casamento gay (e também da eutanásia infantil). Durante anos, a Janela de Overton esteve na área do proibido, a sociedade não podia aceitar a ideia do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Com a constante exposição dos argumentos pró-gay na mídia, a janela foi-se deslocando para proibido com ressalvas, depois para neutro, até chegar onde está hoje: permitido com ressalvas. Em breve será permitido livremente. Para que haja o deslocamento da Janela de Overton para posições que sejam de interesse de determinados grupos é aplicado um esforço altamente profissional, que faz parte do que se convencionou chamar de engenharia social. Este esforço é assegurado por um enorme número de especialistas em opinião pública: técnicos, cientistas, assessores de imprensa, relações públicas, institutos de pesquisa, celebridades, professores, jornalistas, etc.
Muito curioso é o fato de tais temas (casamento gay, eutanásia) já não nos causarem estranheza. Como se viu, eles já passaram por todo o processo de conversão de “inaceitável” em “consagração na legislação”.
Mas um conhecido cineasta russo, Nikita Mikhalkov, no seu vídeo-blog Besogon.TV, propõe-nos, para compreender melhor este processo, um tema que ainda é intolerável na sociedade: o canibalismo.
Creio que o fato de ter escolhido uma prática que hoje é totalmente proibida e inaceitável facilita a nossa compreensão de como as coisas se processam ou poderão processar. Há ainda outros temas que hoje a sociedade não tolera mas que pode vir a tolerar, como a eutanásia infantil ou o incesto.
Segundo ele, o deslocamento da Janela de Overton no que toca ao canibalismo poderá passar pelas seguintes etapas:

Etapa 0 – É o estado atual, o tema é inaceitável, não se discute na imprensa ou em geral entre as pessoas.
Etapa 1 – O tema passa de “completamente inaceitável” para apenas “radical”. Alegando que deve haver liberdade de expressão e que não deve haver tabus, o tema começa timidamente a ser discutido em pequenas conferências, onde se obtém uma declaração de um cientista respeitável, promove-se o debate “científico”. É criada, digamos, uma Associação de Canibais Radicais, que passa a ser citada na mídia. Aqui o tema deixa de ser tabu, é introduzido no chamado espaço informativo.
Etapa 2 – O tema do canibalismo passa de “radical” para a área do “possível”. Os cientistas continuam a ser citados, é criado um nome elegante: já não há canibalismo mas sim, por exemplo, “antropofagia”. Posteriormente este termo passa também a ser considerado ofensivo e a prática começa a ser designada, suponhamos, por “antropofilia”. O objetivo é desligar a forma da designação do seu conteúdo. Paralelamente é criado um precedente histórico de apoio. Pode ser um fato mitológico, um fato atual ou apenas inventado mas, o mais importante, é que contribua para legitimar a prática. O principal objetivo desta etapa é retirar parcialmente a “antropofagia” da ilegalidade, nem que seja num único momento histórico.
Etapa 3 – Passa-se da fase do “possível” para a fase do “racional” ou “neutro”. São apresentados argumentos como “necessidade biológica”. Afirma-se que o desejo de comer carne humana pode ser genético, “próprio da natureza humana”. Em caso de fome grave, de “circunstâncias insuperáveis”, uma pessoa livre deve ter o direito de fazer escolhas. Não se deve esconder a informação para que todos possam assumir que são “antropófilos” ou “antropofóbicos”.
Etapa 4 – Na opinião pública é criada uma polémica artificial sobre o tema. A sua popularização apoia-se não só em personagens históricas ou mitológicas mas também em figuras mediáticas atuais. A antropofilia começa a entrar massivamente nas notícias, nos talk-shows, no cinema, na música pop, nos videoclips. Um dos métodos da popularização é o chamado “olhe à sua volta”. Por acaso você não sabe que um conhecido compositor é antropófilo?
Etapa 5 – Nesta etapa o tema é lançado no top da atualidade: começa a reproduzir-se automaticamente na imprensa, no show business e… na política. Nesta etapa, para justificar os adeptos da legalização, é utilizada a “humanização” dos adeptos, (“são pessoas criativas”, “os antropófilos são vítimas da educação que tiveram”, “quem somos nós para os julgar?”
Etapa 6 – Nesta fase, a prática passa de “tema popular” para o plano da “política atual”. Começa a ser preparada a base legislativa, aparecem grupos de lobby, publicam-se pesquisas sociológicas que apoiam os adeptos da legalização. Introduz-se um novo dogma – não se deve proibir a “antropofagia”. Aprovada a lei, o tema chega às escolas e jardins de infância e, consequentemente, a nova geração já não conhece como poderá pensar de forma diferente.

Como disse acima, este exemplo sugerido pelo cineasta Nikita Mikhalkov não deixa de ser hipotético.
No entanto, não teria sido assim que todas as “novas práticas”, impensáveis há poucas décadas, entraram na nossa sociedade e se tornaram aceitáveis aos olhos de toda a gente?
Cristina Mestre

Texto enviado pelo meu amigo Diamantino Silva.


***«»***
Esta subtil técnica de engenharia social de manipulação mediática (intoxicação da opinião pública) tem sido usada intensivamente em Portugal, principalmente nos últimos anos. A teoria das "Gorduras do Estado" e a da "Os portugueses viveram acima das suas possibilidades" foram, talvez, as mais emblemáticas.  No momento, está a começar a ser aplicada a campanha que conduza a opinião pública a aceitar como inevitável a continuação das atuais medidas de austeridade e, possivelmente, o seu agravamento, se a situação económica se degradar, e a retomar uma outra, já iniciada em 2013, orientada para promover a aceitação da necessidade imperiosa de um entendimento político entre do PS e o PSD.
Como este trabalho, desde a conceção à execução, não é feito por amadores, o governo contrata agências especializadas, que se fazem pagar a peso de ouro, o que se apresenta como um paradoxo escandaloso, uma vez que são os portugueses a pagar a sua própria intoxicação.
AC

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Orçamento de Estado 2015: Oh, Abreu!... Dá cá o meu!...


Trata-se de um orçamento atípico, pois remete a sua viabilidade e cumprimento para um pressuposto crescimento económico, com um nível para além das previsões pessimistas já efetuadas. Aposta-se mais na incerteza do que na racionalidade e objetividade, que lhe faltam.
Mantém a austeridade anterior, mas globalmente acaba por a acentuar ainda mais. Projeta um novo e histórico valor máximo para a carga fiscal (impostos mais contribuições para a Segurança Social), o que não abona a favor da magnanimidade com que subliminarmente o quiseram caracterizar. 
O PÚBLICO salienta que é um orçamento difuso a cortar despesas e concreto a aumentar impostos, assentando-lhe que nem uma luva, segundo o meu ponto de vista, aquele dito popular "Oh, Abreu!... Dá cá o meu!".  
Tentando caricaturá-lo, eu diria que é um orçamento que põe dinheiro num dos bolsos dos contribuintes, para tirá-lo do outro bolso. Alivia os reformados da dura austeridade de três martirizados anos, mas irá ressarcir-se com os aumentos da eletricidade e dos combustíveis, através da fiscalidade verde, com a agravante de que este novo imposto vai incidir no preço dos bens, já com o IVA incluído, o que prefigura uma situação ilegal, pois está a pagar-se um imposto sobre um outro imposto.
Mas também é um orçamento da continuidade, pois, na sua conceção, domina a ótica de um fundamentalismo contabilístico, fixado obsessivamente no défice orçamental e ignorando por completo o bom funcionamento do Estado e o desenvolvimento económico do país, ao proceder a cortes cegos na Educação, na Justiça e nas organizações das forças policiais e nos organismos de investigação criminal, entre outros.
É um orçamento elaborado com uma hábil engenharia financeira, para iludir aquilo que é óbvio: os portugueses, no seu conjunto, vão pagar mais impostos.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Com o euro, Portugal nunca poderá arrancar para um crescimento sustentado


Importações surpreendem Banco de Portugal e forçam revisão em baixa do PIB

O consumo privado e o investimento até foram mais fortes do que o previsto e as exportações ficaram dentro das expectativas, mas uma aceleração mais rápida das importações do que aquilo que o Banco de Portugal esperava em Junho forçou a uma revisão em baixa da sua estimativa de crescimento em 2014, de 1,1% para 0,9%.
A nova previsão fica ligeiramente abaixo dos 1% estimados pelo Governo e pelo Fundo Monetário Internacional.
No Boletim Económico de Outubro publicado nesta quarta-feira, o Banco de Portugal passou, face ao que tinha feito em Junho, a estimar uma recuperação do consumo e do investimento mais rápida durante este ano. O consumo privado irá aumentar 1,9%, diz o banco central, contra os 1,4% projectados antes. No investimento, aponta-se agora para um crescimento de 1,6% (o primeiro desde o início da crise), em vez de 0,8%.
Ao nível das exportações, que foram afectadas pela interrupção registada na produção de combustíveis na Galp no início do ano, o Banco de Portugal manteve quase inalterada a sua estimativa para 2014. Em Junho, previa um crescimento de 3,8% (face a 6,4% do ano anterior) e agora passou para 3,7%.
Nas importações, pelo contrário, houve surpresas. Em Junho, apontava-se para uma variação de 4,6%, mas agora o banco diz que vão crescer 6,4%. O aumento maior do consumo e do investimento foi um dos factores para esta surpresa, mas a revisão em alta das importações foi mais acentuada, o que provoca um crescimento do PIB mais baixo.
Feitas as contas, o contributo da procura interna para o crescimento será de 1,9 pontos percentuais, contra um contributo negativo da procura externa líquida (exportações menos importações) de um ponto percentual negativo. Em Junho, esperava-se um contributo da procura interna de 1,4 pontos e um contributo da procura externa líquida de -0,3 pontos percentuais.
Para garantir um crescimento mais forte e sustentado no futuro, o Banco de Portugal repete no relatório publicado nesta quarta-feira a sua receita: reduzir o endividamento externo através da desalavancagem dos sectores público e privado, manter a estabilidade do sistema bancário, garantir a sustentabilidade das finanças públicas, cumprindo todas as metas europeias para o défice e a dívida pública, e a realização de reformas estruturais.

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Com uma moeda desajustada à produtividade da economia, como é o caso da economia portuguesa, as importações constituirão sempre um travão ao crescimento económico, ao anularem qualquer contributo positivo do lado do investimento e das exportações. E se o consumo interno subiu ligeiramente, ele ocorreu através dos bens importados, consumidos principalmente pelas empresas e pelas classes sociais de maiores rendimentos (por exemplo. os automóveis de gama alta).
Se o euro foi o responsável pelo nosso endividamento excessivo (endividamento induzido pelos grandes bancos europeus), e, por conseguinte, uma das causas desta gravíssima crise, ele, agora, também se constitui no principal obstáculo para a sua resolução.
Na atual situação, ou seja, a continuarmos presos ao euro, nunca a economia portuguesa conseguirá um crescimento suficiente para pagar a dívida externa, que continua a crescer, ao contrário dos objetivos acordados com a troika, que previam a sua descida.

domingo, 12 de outubro de 2014

Nuno Crato e Paula Teixeira da Cruz: dois novos autores que vão brilhar no panorama literário português



Um novo mundo nasce no campo da ficção literária - o mundo Kafka-Cratiano. Nesta novela sobre a colocação dos professores, o absurdo da existência revela-se em círculos concêntricos de contradições irredutíveis. Nuno, o Crato, consegue adensar o pesadelo, vivido pelas suas múltiplas personagens, utilizando na narrativa, com genial mestria, os ingredientes dos distúrbios  provocados por uma plataforma informática, em que se introduziu uma fórmula matemática errada. O leitor, ao deixar-se envolver pelo ambiente opressivo da trama novelística, fica suspenso, com a curiosidade aguçada, sempre à espera do momento fatal, em que venha a ocorrer o suicídio coletivo das personagens. Mas Crato, que leu certamente os clássicos, e mais precisamente Homero, não se esqueceu, talvez inspirado nas aventuras de Ulisses, de introduzir no texto uma marca épica de heroísmo e de abnegação, ao criar aquela torturada personagem, um professor, que tem de percorrer semanalmente o país de lés a lés para dar aulas em 75 escolas diferentes. 
Também Paula Teixeira da Cruz se inspirou no livro mais célebre de Kafka, "O Processo", para escrever a sua novela "A anarquia da Justiça", embora não tivesse conseguido, ao contrário de Crato, construir aquele ambiente opressivo e denso, que tritura as consciências. E isto, porque a autora escolheu para personagens os papéis amarelecidos dos processos judiciais,  em vez de pessoas, ao mesmo tempo que,  e aqui, agora ao contrário de Kafka, colocou os juízes e os oficiais de justiça no papel dos "bonzinhos da fita". Em "A Anarquia da Justiça", o leitor não vê as vítimas. Apenas as pode imaginar no seu sofrimento. O que o leitor vê, e bem, através da enorme capacidade narrativa da autora, é a dança onírica e errática dos processos judiciais, que voam sem rumo e numa rebeldia constante, de um lado para o outro, na atmosfera etérea e caprichosa das nuvens internáuticas. Sem qualquer destino, porque subverteram as indicações da ordem de marcha, que lhes tinha sido dada, e apenas entregues aos desígnios secretos das aleatórias leis do caos, aqueles processos eletrónicos acabarem por aterrar nos sítios mais insólitos, como, por exemplo, nas sanitas destinadas ao uso exclusivo dos magistrados judiciais.  
Crato e Teixeira da Cruz vieram dar um novo alento à nova literatura portuguesa, quer pela originalidade temática e do processo narrativo, quer pela aprimorada inovação estilística. E isto, num momento em que rareiam escritores de exceção.
AC 

O regresso do Alpendre da Lua



Depois de ter suspendido, há perto de dois meses, a edição regular do Alpendre da Lua, e depois de ter ultrapassado algumas limitações, que me levaram a tal decisão, resolvi ressuscitá-lo, embora, no futuro, não possa transmitir-lhe, em termos editoriais, a regularidade e a frequência anteriores.
Quero aqui agradecer a todos os leitores que me fizeram chegar o seu desencanto, através das suas mensagens, enviadas pelos mais diversos suportes, lamentando a suspensão referida.
O Alpendre da Lua renasce para todos os leitores que a ele se fidelizaram e para os novos leitores, que o venham a descobrir. Mas, sobretudo, ele volta ao escaparate internáutico, porque o seu autor chegou à conclusão de que a sua existência lhe era necessária e fundamental.
Alexandre de Castro