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sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Portugal, o bom aluno da troika: trabalhar e empobrecer?





Portugal, o bom aluno da troika:
trabalhar e empobrecer? (*)

Ouvindo os nossos políticos e os comentadores encartados, até nos parece que tubo corre bem, entre os carris que nos ligam Europa. Mas não é bem assim. Portugal será sempre um país de baixos salários e de empregos precários, porque isso interessa muito à economia da Alemanha, que assim aumenta a competitividade para os produtos das suas multinacionais, que instalaram no nosso país as respectivas estruturas fabris, e que, não satisfeitas com a competitividade elevada, que os baixos salários dos trabalhadores portugueses proporcionam, ainda recorrem ao outsourcing, para aumentá-la ainda mais.
Este vídeo foi feito por um canal televisivo da Alemanha, que aborda com muita clareza e seriedade os efeitos devastadores do governo da troika. Por isso, não admira que Passos Coelho, enquanto primeiro-ministro, tivesse visitado várias vezes a sede da Bosch. Não foi, de certeza, para ouvir os trabalhadores.

(*) Vídeo enviado pela minha amiga Helena Viegas.

Alexandre de Castro
2017 11 24


Um Dilúvio: água e lama e muitos mortos...


Um Dilúvio: água e lama e muitos mortos...

Cheias de 1967. Foi uma das grandes tragédias do país, que veio juntar-se à de Alcácer Quibir e à do grande terramoto de Lisboa, e que, posteriormente, já nos tempos actuais, teve uma nova manifestação nos grandes incêndios florestais do centro do país.

Em 1967, houve mortos, cerca de setecentos, houve heróis, os estudantes universitários de Lisboa, que se mobilizaram solidariamente, para irem auxiliar as vítimas, e os bombeiros voluntários das regiões afectadas, que, por iniciativa própria, e com parcos meios operacionais, retiraram os mortos da lama. Mas também houve canalhas, os próceres do regime de então, com Salazar à cabeça, que tentaram ocultar a tragédia, para que o mundo não viesse a conhecer as condições de miséria em que a maioria dos portugueses vivia e que, também, de forma criminosa, negaram qualquer apoio às populações atingidas, que mais pobres ficaram.

Leiam este texto da página da Rádio Renascença e ouçam a versão áudio. Muitos portugueses, entre os que têm menos de cinquenta anos, desconhecem esta tragédia e as suas consequências.
Alexandre de Castro
2017 11 22

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A Bomba Atómica demográfica


A Bomba Atómica demográfica

Não sei!... Não sei se vai ser possível agradar a Gregos e a Troianos, ou seja, às instâncias europeias e ao projecto da nossa Geringonça.

Portugal, para pagar a dívida, necessitaria de crescer cinco por cento por ano, até 2036, cálculo este que é de 2014, E esse crescimento não se verificou em 2015, em 2016, em 2017, nem vai ocorrer em 2018, segundo o OE. Assim, já se perderam quatro anos, o que quer dizer que a fatia do pagamento da dívida terá de aumentar nos anos seguintes.

O crescimento de 2017 deveu-se muito ao Turismo, mas esse crescimento não é infinito. Há um ponto de saturação que, segundo os especialistas, já foi atingido. E, nos outros sectores da economia, o investimento está a ser colocado em sectores de baixo valor acrescentado e de oferta de emprego mal remunerado, tal com ainda ontem um gabinete da comissão europeia alertou (eles atá são nossos amigos). Com esta ambição rasteira, o crescimento será mínimo.

Mas há um problema super estrutural, de longo prazo, que não está a ser considerado, pois o governo é obrigado, pela conjuntura actual, a governar a curto e a médio prazo, e sempre com um olho no burro e outro no cigano (adivinhe o leitor quem é o burro e quem é o cigano). Trate-se do alarmante défice demográfico, que, tal como um cancro, vai minando a estrutura etária da população portuguesa. Nos próximos dez anos, a natalidade vai sofrer um grande rombo, porque a actual geração de jovens não teve, não tem, nem vai ter condições de vida, que lhe permita ter filhos. Este problema, que estava circunscrito ao mundo rural, por efeito da emigração, passa a ser também um problema das cidades. E com uma demografia adversa, não há economia real que resista. Se repararmos, este pilar, essencial para o desenvolvimento, não está ser considerado. E os nossos governantes, a Merkel e a Comissão Europeia sabem isto, mas assobiam para o lado e metem o lixo debaixo do tapete, e fazem o seguinte raciocínio, quem vier atrás que feche a porta.

A continuar esta situação de impasse, a bomba atómica acabará mesmo por rebentar.
Alexandre de Castro
2017 11 14

Debate sobre o Serviço Nacional de Saúde


Debate sobre o Serviço Nacional de Saúde

Ouça o debate, para ficar mais informado sobre o estado do SNS, assim como sobre as grandes ameaças, que está a enfrentar.
Depois, não venha dizer que não sabia.

Apenas duas notas, sendo uma delas, a primeira, em estilo metafórico:
.
1ª Numa oficina de automóveis, há mecânicos e electricistas-auto. A trabalhar num automóvel, o mecânico não vai fazer intervenções na área eléctrica, nem o electricista-auto se vai meter na parte da mecânica.

Também no futebol, o guarda redes não vai marcar penaltis contra a equipa adversária, nem o avançado de centro vai para a baliza, defender um penalti, contra a sua equipa.
Sobre as chamadas transição ou transferência de competências profissionais, no sector da saúde, estamos conversados.

2ª Como disse o médico Mário Jorge, Presidente da Federação Nacional dos Médicos, o actual governo nada fez, nestes dois anos, nas áreas dos Cuidados Primários (Centros de Saúde), na introdução de novos métodos de gestão hospitalar e nos Cuidados Continuados. O respectivo ministro, que em nada se diferencia do ministro do anterior governo, parece estar mais interessado em construir hospitais e centros de saúde para entregar a agentes de saúde privados, através das manhosas PPP, para que, daqui por cinco ou dez anos, sejam totalmente privatizadas.

Não sei se o ministro já foi convidado, tal como o anterior, para alguma reunião do Grupo Bilderberg. Se não foi, então, tirou o curso por correspondência.
Alexandre de Castro
2017 11 14

Veja aqui o vídeo:

domingo, 19 de novembro de 2017

Angola: Ruptura ou mudança na continuidade?


Angola: Ruptura ou mudança na continuidade?

Angola é um dos poucos países do mundo, em que o casamento da política com os negócios se realizou sob o regime de comunhão de bens. Eduardo dos Santos, depois de consolidar a sua posição política no seio do MPLA, depressa percebeu que poderia construir um império financeiro, se transformasse o seu governo numa S.A. E foi o que fez, fazendo-se rodear por outros dirigentes do partido, que depressa se transformaram em dinâmicos empresários.

E só assim, com todas estas cumplicidades, é que se percebe a razão por que Isabel dos Santos, a filha que lhe herdou a calculada astúcia, acabou por brilhar no universo dos negócios, negócios que até se alargaram a Portugal.

A máquina publicitária fez dela um génio, o que não é verdade, pois génios, nos negócios, são aqueles empresários que descobrem oportunidades que os outros empresários e outros candidatos a empresários não enxergam. Pelo contrário, Isabel dos Santos foi ganhando oportunidades, nos terrenos clássicos do actual sistema económico-financeiro, porque o dinheiro seguia sempre à frente da inteligência, que, aliás, se lhe reconhece.

O mundo está expectante sobre as mudanças que o novo presidente pretende realizar, depois da audácia que revelou em "humilhar" Eduardo dos Santos, demitindo a sua filha da Sonangol. Mas, em África, tudo pode acontecer, e no melhor pano cai a nódoa. Será que João Lourenço vai virar do avesso o sentido da política em Angola, em prol do desenvolvimento do país e de uma melhor distribuição da riqueza? Ou pretende construir o seu próprio império, sobre os escombros do império de Eduardo dos Santos? Para já, dou-lhe o benefício da dúvida, ao mesmo tempo que rejubilo com as corajosas e auspiciosas medidas que já tomou.

No entanto, Eduardo dos Santos ainda não morreu politicamente e também não se sabe até que ponto a sua saúde física vai permitir que faça um contra-ataque, estribando-se no importante lugar que reservou para si, o de Presidente do MPLA. Por outro lado, parece que começa a haver deserções dos seus companheiros mais próximos, que, silenciosamente, estão a dar sinais de querer arranjar um cómodo e favorável lugar na carruagem da frente, do comboio que João Lourenço já pôs em andamento.

Alexandre de Castro
2017 11 18

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A síndrome do olho direito - Poema de Maria Azenha...



A síndrome do olho direito


hoje ao sair de casa encontrei algumas pessoas
com um tremor miudinho nas pálpebras
nas lojas onde entravam empregados e outros entes
sofriam da mesma tremura
reparei que o fenómeno estava instalado no olho direito
o que é intrigante é que alguns comentadores políticos
repetiam o charme da tremura do mesmo lado
quando olhavam para a câmara era uma tremedeira.
pensei que era até uma herança da troika
o caso agravou-se porém quando foi dado nota que um 
                                                                                     [homem
para deixar de tremer instalou na cabeça uma gaiola.
sob o efeito da notícia o país começou a escrever
em escrita automática.

hoje quando regresso ao trabalho a primeira coisa que 
                                                                                          [faço
é esconder o olho direito com uma pala.


maria azenha

***«»***

O meu comentário:

Um genial poema caricatural, certeiro e arrasador na forma e no tema, e que elege o lado mais ridículo e mais caricato do cenário político português (e sem esquecer os tempos negros da troika).
A “tremedeira nacional do olho direito”, que a “poeta” sinalizou no título como “A síndrome do olho direito” é uma metáfora riquíssima e talentosa, pela mordacidade que transporta e pelos vários significados políticos que contém. Significados que a “poeta” não necessitou de especificar, pois todos eles se inferem, logo numa primeira leitura. E para engalanar o círculo poético da sátira corrosiva, a “poeta” agrega ao poema o aparecimento de uma nova e inesperada epidemia nacional, que alastrou a um determinado segmento da população portuguesa, que o leitor também rapidamente identifica, e que tem um grau de perigosidade idêntico ao da peste negra, na Idade Média.
Este poema é incisivamente cáustico e demolidor para os traficantes das ilusões saídas em série das fábricas dos sonhos e transformadas em promessas de curta duração, que nunca se cumprem.
E isto é de tal modo verdade, que eu já vi pessoas com gaiolas na cabeça e comentadores dos jornais “a escrever em escrita automática”.
Alexandre de Castro
2017 11 13

A Geringonça no seu esplendor!...

Publicada por Deolinda Marques_ In Músicas de Intervenção e Debate Político

domingo, 12 de novembro de 2017

Como português, eu também sou catalão…


Como português, eu também sou catalão…

Ontem, emocionei-me ao ouvir a "Grândola Vila Morena", a ser entoada, com fervor patriótico, pelos catalães que desfilavam pela Carrer de la Marina, em Barcelona, numa gigantesca manifestação (750 mil manifestantes), a exigir a libertação dos dirigentes políticos (eleitos), que foram presos, por ordem do poder central fascizante e pós-franquista de Madrid. E emocionei-me, porque a canção do Zeca Afonso, que se canta com o coração cheio, traduziu, simbolicamente e com oportunidade, o meu profundo envolvimento emocional com a árdua e persistente luta dos catalães, pela sua independência política, envolvimento emocional este que não é de agora, mas que remonta até ao início dos ano setenta, do século passado. E fui repescar um texto que escrevi no meu blogue, em Novembro de 2014, e que deixo aqui, a propósito da grande vitória dos independentistas no referendo simbólico sobre a independência da Catalunha, então realizado, em que 80,76%, dos 2,3 milhões de pessoas que votaram, apoiaram a opção de que a Catalunha fosse um Estado independente.
E, nesta luta, e como português, eu também sou catalão.
Alexandre de Castro
2017 11 12

sábado, 11 de novembro de 2017

Pôr do Sol _ Fotografia de Milú Cardoso

Pôr do Sol _ Fotografia de Milú Cardoso

Uma belíssima fotografia de Milú Cardoso.
Um feliz instante, em que a tonalidade da cor do ouro une e abraça o Céu, o Mar e a Terra.
Alexandre de Castro

2017 11 11

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Интернационал (The Internationale - Russian lyrics)



Desiludam-se os que acreditaram e acreditam na profecia apologética de Francis Fukuyama, ao anunciar o Fim da História, cuja última etapa do processo histórico seria a do actual regime da democracia capitalista liberal, que garantiria a liberdade e a igualdade para todos, garantia esta que a realidade dramaticamente desmente.
A grande Revolução de Outubro ficou incompleta, é certo, mas ela irá reerguer-se vitoriosamente das cinzas do capitalismo, cujas contradições são cada vez mais evidentes.
Alexandre de Castro
2017 11 07

domingo, 5 de novembro de 2017

Pedrogão: O território da desolação e do desconforto!...



Pedrogão: O território da desolação e do desconforto!...

Na voragem destruidora dos incêndios, e para a memória futura dos homens, ficou a solitária placa toponímica, como registo.
Alexandre de Castro
2017 11 05

Petição sobre a Revisão da Lei de Bases da Saúde


Se ainda não assinou esta petição, ainda está a tempo de defender o seu direito à Saúde. Assine. A Saúde não pode ser prejudicada pelo défice e pelo monstro da dívida. Se o Estado teve dinheiro para salvar os bancos, deixando os seus accionistas em paz, a gozar dos rendimentos obtidos, através dos fabulosos lucros do tempo das vacas gordas e do crédito intencionalmente fácil, também tem de ter dinheiro para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Não se esqueça que os cortes no SNS e no Estado Social continuam na mira da Comissão Europeia.
Alexandre de Castro

2017 11 05

sábado, 4 de novembro de 2017

Agradecimento...

Alpendre da Lua

Agradeço a adesão ao Alpendre da Lua dos seguintes novos seguidores:

- Boavida Robalo
- Campos
- Leoilia Sousa
- José
- Teresa Mrujo.

Alexandre de Castro
2017 11 04

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Os banqueiros europeus mais bem pagos

Clicar na imagem para ampliar a fotografia

Com rendimentos tão baixos, e inferiores aos dos seus congéneres da Grécia e de Chipre, não admira que os banqueiros portugueses tivessem levado à falência os seus bancos.
Alexandre de Castro
2017 11 01