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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à Evanir, pela sua decisão de se inscrever como amiga deste blogue.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Orçamento de Estado para 2012 - perguntas pertinentes

Amabilidade do José Camelo
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Já escrevi aqui que os políticos dos partidos da arco do poder entendem que a política é a arte de bem mentir. É por isso que a fábrica que produz os pinóquios nunca irá à falência.
Aqui está mais uma demonstração desta asserção, agora denunciada pelo deputado António Filipe, do Partido Comunista Português. 

domingo, 27 de novembro de 2011

Portugal está melhor hoje, dia seguinte à greve? - Diário Económico

Portugal viveu ontem um dia de greve, contra a austeridade e a reforma do Estado que vai, necessariamente, pôr fim a direitos e hábitos estabelecidos.
... Depois, externamente, fomos, por um dia, mais parecidos com a Grécia, isto é, as imagens que passaram no mundo foi de um País parado e, pior, incapaz de perceber o que está em causa. Também isto não corresponde, felizmente, à verdade. Mas cria, internacionalmente, junto dos mercados, junto da ‘troika', junto dos líderes europeus, a ideia de que os portugueses vivem ainda na ilusão. De que é possível continuar a viver à custa do dinheiro dos outros, e não do que produzimos. Não é.
Diário Económico
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Em forma de comentário, que teve de ser dividido em três partes, por limitação do número de caracteres, publiquei este texto no Diário Económico, em resposta ao artigo do seu director.

Este senhor António Costa, director do DE, é um pândego. Só contou metade da história. Ele afirma que Portugal não pode estar a viver com o dinheiro dos outros, mas esqueceu-se de dizer que Portugal não pode estar a ser governado pelos "outros", que é o que está a acontecer. O seu raciocínio viciado não consegue ultrapassar o patamar da inevitabilidade das medidas de austeridade, como se não houvesse políticas alternativas, apostadas no aumento da produção nacional, através do aumento do consumo interno. A própria Alemanha, que, actualmente, protagoniza a afirmação de um fascismo de novo tipo, o fascimo financeiro, através da ditadura do euro, viveu no século passado três grandes crises, que ultrapassou com o recurso ao défice orçamental e a uma gigantesca dívida externa, o que lhe permitiu desenvolver a economia e pagar aquela dívida. Antonio Costa não leu, ou se leu, não compreendeu, o que Joseph Stiglitz, prémio Nobel da Economia em 2001, tem afirmado sobre a irracionalidade de pretender resolver os problemas orçamentais dos países periféricos, apenas através da imposição de duros planos de austeridade, que vão atrofiar irremediavelmente o crescimento das respectivas economias. Idêntica opinião é a do economista Amartya Sen, outro nobilizado (1991), que além do exemplo da Alemanha, avança com o dos EUA, no tempo de Clinton. E será a altura de perguntar quem é que anda a viver com os dinheiros dos outros, e se não serão os EUA, com a sua capacidade em fabricar dólares a partir do ar e de se alimentar dos gigantescos défices, o orçamental, o comercial e o da balança de pagamentos, beneficiando da oportunidade de a sua moeda ter sido imposta como moeda de reserva internacional nos anos setenta do século passado. Esquece o senhor António Costa que o paradigma do actual sistema económico e financeiro é proceder à tranferência da riqueza dos países pobres para os países ricos e, em cada país, tranferir rendimentos do trabalho para os rendimentos do capital. Não queira o senhor António Costa fazer o papel de tartufo nesta grande comédia em que se transformou Portugal, comédia que vai acabar em tragédia.
http://economico.sapo.pt/noticias/portugal-esta-melhor-hoje-dia-seguinte-a-greve_132295.html

Vox Pop - A ignorância dos nossos universitários HD

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Isto é bem pior do que aquilo que eu julgava. Nem nos formandos do programa "Novas Oportunidades" se vê tanta asneira junta. Bem, mas eu já vi pior. Na década de oitenta, do século passado, alguém se lembrou de fazer um inquérito aos alunos do 1º ano da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, sobre as suas competências em Língua Portuguesa. Foi um desastre! Mas o país não se assustou, nem o governo da altura, entretido que estava com a contabilidade do alcatrão, se preocupou. Nem era preciso. Se, mesmo assim, o dinheiro continuava vir a jorros da Europa!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Joseph Stiglitz: "Austeridade é receita para suicídio económico"

Joseph Stiglitz (Prémio Nobel da Economia em 2001) - Fotografia DN
O prémio Nobel da Economia em 2001 e antigo vice-presidente do Banco Mundial, Joseph Stiglitz, afirmou na quinta-feira que as políticas de austeridade constituem uma receita para "menos crescimento e mais desemprego".
Stiglitz considerou que a adoção dessas políticas "correspondem a um suicídio" económico.
"É preciso perceber-se que a austeridade por si só não vai resolver os problemas porque não vai estimular o crescimento", afirmou Stiglitz, num encontro com jornalistas na Corunha, em Espanha, onde proferiu a conferência "Pode o capitalismo salvar-se de si mesmo?", noticia a Efe.
O economista sugeriu ao novo governo espanhol que vá "além da austeridade" e que proceda a uma reestruturação das despesas e da fiscalidade como medida básica para criar emprego.
Recomendou em particular uma fiscalidade progressiva e um apoio ao investimento das empresas.
"Temo que se centrem na austeridade, que é uma receita para um crescimento menor, para uma recessão e para mais desemprego. A austeridade é uma receita para o suicídio", afirmou.
Diário de Notícias
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Para acentuar a importância do aumento do consumo interno na economia - que os sucessivos PEC do Partido Socialista e a política económica do actual governo, estribado no memorando da troika, desvalorizaram, optando antes por colocar o acento tónico exclusivamente no crescimento das exportações - socorremo-nos muitas vezes das opiniões expressas por Joseph Stiglitz, assim como de um outro célebre economista nobilizado, Amartya Sen, o defensor da economia do bem-estar.
Stiglitz demonstrou que a única forma de arrancar as economias da recessão consiste em apostar no desenvolvimento económico, através do investimento público,  contraindo dívida, que atrairá, por sua vez, investimento privado, o que leva naturalmente à formação de défices orçamentais, que só serão  corrigidos, depois dessas economias criarem  um superavit contabilístico, tese que contraria a doutrina neoclássica (neoliberalismo), que se apoia na ideia da auto-regulaão dos mercados e na intenvenção monetarista, o que constitui uma falácia.
Stiglitz entrou em colisão com o FMI, onde exerceu o cargo de economista-chefe, acusando-o de actuar no interesse do capitalismo financeiro, actuação particularmente visível em África (e estamos a citá-lo de memória), onde os peritos daquela instituição internacional aconselhavam (pressionavam em troca de empréstimos) os governos a abrirem o espaço económico às multinacionais, sem se preocuparem com a fragilidade das instituições políticas, a maioria não democráticas, que pudessem defender os cidadãos indefesos dos abusos cometidos pela parte mais forte. É esta política suicida de aperto orçamental, com implicações graves no mercado de trabalho (mais desemprego e menos novos postos de trabalho) e no desenvolvimento da economia, que o FMI e a União Europeia, com a cumplicidade de um governo comprometido e subserviente, estão a impor a Portugal. Para nossa desgraça.

Portugal vai pagar 34.400 milhões de juros à troika

O cavalo da troika
Portugal vai pagar à troika, composta pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, um montante em juros que equivale a quase metade do dinheiro que o país pode receber ao abrigo dos empréstimos do programa de assistência financeira.
Segundo dados do Governo, se Portugal utilizar a totalidade dos 78.000 milhões de euros disponibilizados pela troika, o Estado terá de desembolsar 34.400 milhões em juros, ou seja, cerca de 44% do montante do empréstimo. Este valor foi apresentado pelo Ministério das Finanças em resposta a uma questão de um deputado do PCP, Honório Novo.
PÚBLICO
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O governo e todos aqueles que apoiam as medidas de austeridade continuam a referir eufemisticamente que  a intervenção da troika (FMI-BCE-UE) se traduziu numa ajuda altruísta à economia portuguesa. Afinal, trata-se de um negócio ruinoso para Portugal, com todas as vantagens a sobrar para os respectivos credores. Se Portugal vier a contrair a totalidade do empréstimo contratado, o valor dos juros e do capital desta dívida corresponde a oito meses do PIB. Se considerarmos toda a restante dívida externa acumulada e os seus juros, parte deles com exorbitantes taxas especulativas, poderemos dizer que Portugal, para pagar tudo o que deve ao exterior, teria de entregar aos credores toda a riqueza gerada pelos portugueses durante cerca de dois anos. O que quer dizer que Portugal não vai ter capacidade económica, durante a presente década, de reduzir a dívida para o nível imposto pela Pacto de Estabilidade e Crescimento da UE (60% do PIB). À dívida vai somar-se mais dívida, para pagar as anteriores, e assim sucessivamente. Com este horizonte sombrio, e depois de privatizar a preço de saldo tudo aquilo que é privatizável, Portugal passará a ser o quintal das traseiras da Europa, reduzido ao estatuto de um disfarçado protectorado da Alemanha. 

Tom &Jerry: uma lenda do cinema animado

Amabilidade da Dalia Faceira

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Um deputado do PSD pode votar por 25 na Madeira


A Assembleia Regional da Madeira, por proposta do PSD ontem aprovada com votos contra de toda a oposição, decidiu que nos plenários “os votos de cada partido presente são contados como representando o universo de votos do respectivo partido ou grupo parlamentar”.
PÚBLICO
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É o que se chama votar à molhada. E depois vêm dizer-nos que vivemos em democracia! O troglodita da Madeira inventou mais um manhoso estratagema para evitar surpresas desagradáveis. A sua precária maioria parlamentar absoluta estaria em perigo, caso três deputados do seu partido adoecessem simultâneamente. E Portugal é isto: um país de "chicos espertos". A todos os níveis. E a Madeira já não é uma ilha. É uma grande tenda de um grotesco circo de feira. Só que tem de importar os amendoins.
O voto dos deputados, quer os da Assembleia da República, quer os das assembleias regionais, é pessoal, presencial e também inalienável, já que os cidadãos votam numa lista de candidatos de um partido, e não nesse partido, o que é diferente. Por isso a proposta aprovada pelo parlamento madeirense é inconstitucional.

GREVE GERAL

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Em Defesa da Dignidade, do Trabalho e do Estado Social, Apoiamos a Greve Geral*

Três Cantos - Eu Vi Este Povo A Lutar
Fausto, José Mário Branco e Sérgio Godinho,
três ícones da música de intervenção
*
O último ano tem sido marcado por uma catadupa de decisões políticas atentatórias das condições de vida dos cidadãos e dos serviços e apoios sociais arduamente conquistados ao longo da história, criando uma situação que é tão mais gravosa quanto ocorre num quadro de progressivo desemprego e recessão económica.
É o caso dos cortes unilaterais nos salários dos trabalhadores do Estado, da apropriação fiscal de grande parte do subsídio de Natal dos trabalhadores e pensionistas, do corte dos subsídios de Natal e de férias dos trabalhadores do sector público e dos pensionistas que, tal como o aumento do horário laboral no sector privado, estão previstos para o próximo ano, da substancial diminuição do financiamento ao Serviço Nacional de Saúde e à educação pública, ou da restrição do acesso ao subsídio de desemprego e a outras prestações sociais.
No entanto, estas opções políticas não se limitam a agravar as condições de vida dos trabalhadores, pensionistas e suas famílias, fazendo até perigar a própria subsistência de muitos deles em condições minimamente dignas.
Essas decisões são tomadas em nome do reequilíbrio das contas públicas e da necessidade de servir a dívida. No entanto, devido à recessão que já provocam e irão aprofundar, não permitirão sequer atingir esses objectivos. Dessa forma, ao sofrimento imposto a milhões de pessoas e à injustiça na repartição dos custos, vem somar-se a consciência da inutilidade de tais sacrifícios.
Mais ainda, as medidas tomadas no âmbito das políticas de “ajustamento” constituem uma brutal subversão do contrato social que permitiu à Europa libertar-se, após a II Guerra Mundial, da endémica incerteza e insegurança de vida dos seus cidadãos e, com base nisso, assegurar vivências mais dignas, uma maior equidade e níveis de paz social e segurança colectiva sem paralelo na sua história.
Ao subverterem a credibilidade e a segurança jurídica da contratação laboral e sua negociação, ao esvaziarem e restringirem os elementos de Estado Social implementados no país (pondo com isso em causa o acesso dos cidadãos à saúde, à educação e a um grau razoável e expectável de segurança no emprego, na doença, no desemprego e na velhice), essas opções políticas, apresentadas como se de inevitabilidades se tratasse, reforçam as desigualdades e injustiças sociais, abandonam os cidadãos mais directamente atingidos pela crise, e criam as condições para que a dignidade humana, os direitos de cidadania e a segurança colectiva sejam ameaçados pela generalização da incerteza, do desespero e da ausência de alternativas.
Por essas razões, os cientistas sociais signatários reafirmam que os princípios e garantias do Estado Social e da negociação consequente dos termos de trabalho não são luxos apenas viáveis em conjunturas de crescimento económico, mas sim condições básicas da dignidade e da existência colectiva, que se torna ainda mais imprescindível salvaguardar em tempos de crise. São, para além disso, elementos essenciais de qualquer estratégia credível para ultrapassar a crise e relançar o crescimento económico.
Num quadro de fortes limitações orçamentais, esse imperativo societal requer a reversão das crescentes assimetrias na distribuição de riqueza entre capital e trabalho, designadamente através da utilização de uma substancial e mais equitativa tributação dos lucros e mais-valias como fonte do reforço de financiamento dos serviços e prestações sociais.
Sendo as opções governativas em curso (e em particular a proposta de OGE 2012) contrárias a estas necessidades e atentatórias da dignidade humana e da segurança colectiva, os cientistas sociais signatários apoiam a Greve Geral convocada pela CGTP-IN e a UGT para o próximo dia 24 de Novembro, apelando aos seus concidadãos para que a ela adiram.
Tratando-se embora de uma acção a nível nacional, os signatários saúdam também esta Greve Geral como um momento do combate europeu contra as políticas de austeridade e de regressão social, a favor de mudanças na política europeia que coloquem no centro os cidadãos, o crescimento económico, o desenvolvimento e a defesa da Europa Social e da democracia.
*Apelo à adesão à Greve Geral de 24 de Novembro, subscrito por 128 cientistas sociais portugueses ou a trabalhar em e sobre Portugal.
Retirado do blogue "Ladrões de Bicicletas"

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento ao José Carlos Rodrigues Fernandes (Benta), pela sua decisão de se inscrever como amigo deste blogue.

Tempo de minhocas e de filhos de meretriz - Luís Manuel Cunha*


“O dia deu em chuvoso”, escreveu Álvaro de Campos. Num tempo soturno, melancólico, deprimente. “Tempo de solidão e de incerteza / Tempo de medo e tempo de traição / Tempo de injustiça e de vileza / Tempo de negação”, diria Sophia de Mello Breyner. Tempo de minhocas e de filhos da puta, digo eu. Entendendo-se a expressão como uma metáfora grosseira utilizada no sentido de maldizer alguém ou alguma coisa, acepção veiculada pelo Dicionário da Academia e assente na jurisprudência emanada dos meritíssimos juízes desembargadores do Supremo Tribunal da Justiça. Um reino de filhos da puta é assim uma excelente metáfora de um país chamado Portugal. Que remunera vitaliciamente uma “sinistra matilha” de ex-políticos, quando tudo ou quase tudo à nossa volta se desagrega a caminho de uma miséria colectiva irreversível.
Carlos Melancia, ex-governador de Macau, empresário da indústria hoteleira, personificou o primeiro julgamento por corrupção no pós 25 de Abril. Recebe, actualmente, 9500€ mensais; Dias Loureiro, um “quadrilheiro” do círculo político de Cavaco, ex-gestor da SLN, detentora do BPN, embolsa vitaliciamente 1700€ cada mês; Joaquim Ferreira do Amaral, membro actual da administração da Lusoponte com a qual negociou em nome do governo de Cavaco Silva, abicha 3000 €; Armando Vara, o amigo do sucateiro Godinho que lhe oferecia caixas de robalos e ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos, enfarda nada mais nada menos que 2000€; Duarte Lima, outro dos “quadrilheiros” do círculo político cavaquista, acusado pela justiça brasileira do assassinato de uma senhora para lhe sacar uns milhões de euros, advogado na área de gestão de fortunas, alambaza-se mensalmente com 2200€; Zita Seabra, que transitou do PCP para o PSD com a desfaçatez oportunista dos vira-casacas, actual presidente da Administração da Alêtheia Editores, açambarca 3000€… E muitos, muitos outros, que os caracteres a que este espaço me obriga, me forçam a deixar de referir.
Quero, no entanto, relevar um deles – Ângelo Correia, o famoso ministro do tempo da chamada “insurreição dos pregos”, actual gestor e criador de Passos Coelho que, nesta democracia de merda, chegou a primeiro-ministro “sem saber ler nem escrever”! Pois Ângelo Correia recebe 2200€ mensais de subvenção vitalícia! E valerá a pena recuperar o que disse este homem ao Correio da Manhã em 14 de Junho de 2010: “A terminologia político-sindical proclama a existência de ‘direitos adquiridos’ (…) Ora, numa democracia, ‘adquiridos’ são os direitos à vida, à liberdade de pensamento, acção, deslocação, escolha de profissão, organização política (…) Continuarmos a insistir em direitos adquiridos intocáveis é condenar muitos de nós a não os termos no futuro.” Ora, perante a eventual supressão da acumulação da referida subvenção vitalícia com vencimentos privados, o mesmo Ângelo Correia disse à RTP em 24 de Outubro de 2011: “Os direitos que nós temos (os políticos subvencionados) são direitos adquiridos”! Querem melhor? Pois bem. Este é o paradigma do “filho da puta” criador. Porque, depois, há o “filho da puta” criatura. Chama-se Passos Coelho. Ei-lo em todo o seu esplendor, afirmando em Julho de 2010: “Nós não olhamos para as classes médias a partir dos 1000€, dizendo: aqui estão os ricos de Portugal. Que paguem a crise”. E em Agosto de 2010: “É nossa convicção não fazer mais nenhum aumento de imposto. Nem directo nem encapotado. Do nosso lado, não contem para mais impostos”. Em Março de 2011: “Já ouvi o primeiro-ministro (José Sócrates) a querer acabar com muitas coisas e até com o 13.º mês e isso é um disparate”. Ainda em Março de 2011: “O que o país precisa para superar esta crise não é de mais austeridade”. Em Junho de 2011: “Eu não quero ser o primeiro-ministro para dar emprego ao PSD. Eu não quero ser o primeiro-ministro para proteger os ricos em Portugal”. Perante isto, há que dizer que pior que um “filho da puta”, só um “filho da puta” aldrabão. Ora, José Sócrates era um mentiroso compulsivo. Disse-o aqui vezes sem conta. Mas fazia-o com convicção e até, reconheço, com alguma coragem. Este sacripanta de nome Coelho, não. É manhoso, sonso, cobarde. Refira-se apenas uma citação mais, proferida pelo mesmo “láparo”, em Dezembro de 2010. Disse ele: “Nós não dizemos hoje uma coisa e amanhã outra (…) Nós precisamos de valorizar mais a palavra para que, quando é proferida, possamos acreditar nela”. Querem melhor?
“O dia deu em chuvoso”, escreveu Álvaro de Campos. É o “tempo dos coniventes sem cadastro / Tempo de silêncio e de mordaça / Tempo onde o sangue não tem rasto / Tempo de ameaça”, disse Sophia. Tempo para minhocas e filhos da puta, digo eu. É o tempo do Portugal que temos.

Nota – Dada a exposição pública do jornal com esta crónica na última página, este título destina-se apenas a não ferir as sensibilidades mais puras. Ou mais púdicas.

*Luís Manuel Cunha in Jornal de Barcelos de 02 de Novembro de 2011
Amabilidade do José Camelo, que enviou este texto.

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento ao Jorge Rodrigues, pela sua decisão de se inscrever como amigo deste blogue.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Um olhar dorido sobre o tempo presente - por Gertrudes da Silva*

Carta a um amigo
Penso que esta é, sem dúvida, a mais completa e exaustiva das relações que, versando o mesmo assunto, há muito tempo andam a circular por aí, na Net, a qual, além de outras coisas, nos trouxe a globalização, esse misterioso monstro que alguns acham muito mau e outros muito bom, não faltando aqueles que, eivados de um velho ecletismo, ainda procuram descobrir neste pandemónio uma globalização má e uma globalização boa.
Da globalização eu só sei que era inevitável e irrecusável dentro da natural evolução do sistema que acabou por transformar a sociedade naquilo que um dos apóstolos da famigerada 3ª Via, concretamente, Lionel Jospin, dizia de modo algum desejar, numa “sociedade de mercado”, dominada e manipulada pelos ditos “mercados”, essas criaturas sem rosto nem fala, bichos papões em qualquer das acepções da palavra.
Tudo isto é muito complicado. Não a nossa indignação, que é legítima, e necessária, até, como uma chama que devemos manter permanentemente acesa; mas a forma e a configuração que por vezes lhe estamos a dar.
Não acho é nada bem que nos arvoremos em arautos do discurso contra os políticos, todos os políticos, quando, ainda por cima, alguns de nós embarcámos em duas máximas – fraco paradigma – que se fizeram lugares comuns e pouco mais: que «a democracia ainda é, de todos, o menos mau dos sistemas políticos» e que «não há democracia sem partidos políticos» (no plural, claro). Felizmente que haverá outros conceitos e outros conteúdos deste conceito que não excluem, necessariamente, os partidos políticos.
Nós, os que nos reclamamos do 25 de Abril, por via da nossa Associação apresentámo-nos como “Referencial”, e não como guardiães do templo (da democracia).
A corrupção, já temos obrigação de saber, faz parte integrante do sistema a que nos confiámos e alguns de nós agarrámos com as duas mãos no momento decisivo em que a encruzilhada apontava para o “sistema democrático” ou para a continuação do caminho da revolução, que nos conduziria – tempos lindos – a uma sociedade socialista.
E veja-se o que aconteceu com o sonho do socialismo, primeiro para a gaveta e depois para o cesto dos papéis, até virmos por aí abaixo (ou acima, dirão alguns) desembocar neste neoliberalismo puro e duro, que aí está para durar – e é nele que parece que nos queremos salvar –, agora servido pelas mais avançadas tecnologias e por um bando de medíocres dirigentes políticos.
Sim – e aí todos estaremos de acordo –, porque a Revolução dos Cravos, mesmo revolução, tão prenhe que ela vinha de esperanças, sonhos e utopias, terminou na Alameda quando alguém, sufragado pelo voto popular de 25 de Abril de 1975 subiu ao palco e disse, alto e bom som, perante o delírio do “povo” ali reunido: «Alto e pára o baile! A Revolução acabou!». E, desgraçadamente, ou não, aquele povo era o mesmo que saiu para as ruas no 25 de Abril; o mesmo que vindo de todo o país, foi arrebanhado – como é que eu me lembro tão bem – no Terreiro do Paço para aclamar e aplaudir a nossa política e guerra coloniais na pessoa do Prof. Oliveira Salazar, quem no cá dera, já se vai ouvindo por aí…
A corrupção faz parte integrante do sistema em que vivemos e, a tal ponto que os seus mais fieis acólitos avisam que no dia em que a corrupção acabasse (estou a lembrar-me das palavras que aqui já há uns bons pares de anos o deputado Durão Barroso proferia na AR a propósito de uma proposta do PS para mexer no sigilo bancário), o sistema ruía como um baralho de cartas. E os sistemas, mais resistentes que as conjunturas e as estruturas – aprendi isto em qualquer lado – são muito difíceis de alterar e ainda mais de derrubar. Veja-se no nosso caso: passou pelo “25 de Abril” e aí vai ele.
Podemos e devemos indignar-nos e estrebuchar, até. Mas, paulatina e subliminarmente, lá vamos comendo a comidinha que nos vão dando a comer à mão, como é o caso daquela conversinha manhosa de o “velho e ultrapassado” Marx ter elevado os operários à categoria de proletariado e que estes senhores de agora foram progressivamente transformando em simples trabalhadores, depois em empregados, funcionários e, finalmente, em “colaboradores”, pensando assim atingir o último patamar da extinção da luta de classes, que raio de coisa o Velho foi inventar. E se fôssemos todos empresários e patrões?... Se calhar, a tendência é para voltar aos senhores e escravos.
De propósito, tudo começa a ficar baralhado. É como aquela coisa de, a torto e a direito, chamar militares aos elementos da GNR, de enviar os soldados da paz para o teatro de operações e de mandar os militares em missões de paz e humanitárias. Ou, como diz o filósofo, esta coisa de andarmos a comer morangos em Janeiro.
Podemos (e devemos) indignar-nos. Mas não esperemos para tão breve um outro 25 de Abril. Isso está fora de questão. Nós já não temos as armas na mão; a geração de militares que veio atrás de nós já não é motivada, salvo muito raras excepções, por valores tão simples e ao mesmo tempo tão grandiosos como o apego ao conceito de Pátria e de Missão. Nem agora temos, apesar de tudo, aí à mão um regime fascista para derrubar nem uma penosa Guerra Colonial para lhe pormos fim.
Isto não é simples, não. É mesmo muito difícil formular um juízo que mereça o título de opinião. E nós, enquanto Instituição, também temos os nossos telhados de vidro, razão pela qual devemos evitar todos os discursos que se apresentem como paradigmas de moralização. Não é por aí.
Gertrudes da Silva
Escritor, coronel reformado e capitão de Abril
07Nov2011
* Título da responsabilidade do editor do Alpendre da Lua

The Codice - A Injecção da Banca

Amabilidade da Dalia Faceira e do Diamantino Silva
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Até que enfim, apanho uma música pimba, com uma mensagem substantiva.

LOS NADIES Narrado por Eduardo Galeano (Legendado PT -BR)

Amabilidade de Jorge M.M. Ribeiro

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O BANDO DOS MENTIROSOS

XIX Governo Constitucional
A indignação cresce em Portugal, os efeitos que terá é uma incógnita, esperemos que haja sabedoria suficiente para que aconteça uma revolução sob a forma de reformas urgentes, pacificas e democráticas, que retire o país deste fosso com trabalho, justiça e imaginação, que disso vejamos resultados positivos, não estes que nos prometem daqui por uns anos e que sabemos não virem a ser cumpridos mas sim serem mais do mesmo.: mentira, dificuldades e exploração selvagem.
António Veríssimo
PÁGINA GLOBAL
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Com a crescente degradação da democracia parlamentar, reduzida ao seu aspecto formal, e com a mediatização possibilitada pelas novas tecnologias da comunicação social, com destaque para a televisão, os políticos descobriram que a política é a suprema arte de bem mentir. Promete-se hoje o que não vai fazer-se amanhã, com um desplante intolerável, que ultrapassa as raias do absurdo. É a crise que vai acabar e ninguém enxerga o seu fim. É o número de médicos que é excessivo, quando cada vez mais há menos Médicos de Família. É a austeridade que será igual para todos, quando são sempre os mesmos a pagar a factura. Nunca em Portugal, na política, se mentiu tanto. O número de mentiras por metro quadrado já não cabe no metro quadrado. Passou a ser medido ao quilómetro. Uma pequena habilidade estatística.

Como é que vamos sair disto? - José Castro Caldas*

No futuro, os historiadores serão por certo severos em relação ao papel desempenhado pela Economia nos acontecimentos que estamos a viver.
Refiro-me não à Economia no seu melhor, plural e aberta ao debate e à reflexão crítica, mas à Economia monolítica que se separou da ética e da política para se transformar numa “ciência dos meios” ao serviço de finalidades que são tomadas como inevitáveis e, por isso, não são discutidas. Refiro-me à Economia que para ser “ciência” se tornou afinal uma aritmética desumana, cujos teoremas tendem a favorecer invariavelmente políticas convenientes a minorias privilegiadas.
Os historiadores analisarão em detalhe esta estranha “ciência”. Olharão para a inverosímil “teoria dos mercados eficientes” nascida em Chicago nos anos 60 do século passado para servir de fundamento à Nova Arquitectura Financeira – desregulada e tóxica - que levou o mundo à beira do abismo; deter-se-ão nas utopias do fim da história e da geografia e na liberdade dos capitais sem contrapartida na liberdade das pessoas; espantar-se-ão com a insistência nas terapias de austeridade como solução em contextos recessivos e verificarão que essas terapias aprofundaram a crise no preciso momento em que ela dava sinais de abrandamento. Falarão, em suma, da estranha sobrevivência de teorias estranhas, contra todas as evidências, e da responsabilidade das ideias preconceituosas na produção de acontecimento adversos.
Se tivermos sorte, os historiadores do futuro reservarão uma nota de pé de página para os economistas e outros cientistas sociais que antes e depois destes acontecimentos exprimiram a sua divergência com esta Economia e que procuraram, muitas vezes sem sucesso, preservar o pluralismo e as condições de debate quer na academia quer no espaço público; que defenderam e praticaram uma ciência económica aberta tanto à consideração das finalidades e valores que vale a pena prosseguir quanto à descoberta dos melhores meios para os realizar.
Se tivermos mesmo muita sorte, os historiadores do futuro poderão até referir a Conferência “Economia Portuguesa: uma Economia com Futuro”!
Mas deixemos o lugar na história e outras vaidades pequeninas e entreguemos a História aos historiadores do futuro, limitando-nos agora a reconhecer que a nossa responsabilidade – a responsabilidade de quem estuda e ensina economia - é neste momento muito grande.
Espera-se de nós uma intervenção informada, ma medida do possível, desapaixonada, capaz de ajudar a sociedade a considerar os problemas, as finalidades e as soluções alternativas para os problemas com que se confronta. Essa expectativa está bem patente no interesse que esta Conferência suscitou, manifesto no número, qualidade e diversidade dos participantes hoje aqui presentes.
Nesta Conferência quisemos reunir e pôr em diálogo pontos de vista distintos mas que comungam entre si o facto de não se conformarem nem com a lógica das inevitabilidades nem com a submissão do destino colectivo a forças cegas dos “mercados”.
Na nossa diversidade, incumbe-nos hoje, e nos dias que se seguirão, procurar respostas para a pergunta que paira nesta sala: “Como é que vamos sair disto?”.
Como é que vamos sair de uma trajectória de recessão induzida pela austeridade que, podendo reduzir a base fiscal mais do que o antecipado em cenários irrealistas, nos levaria, de ‘derrapagem’ em ‘derrapagem’, como na Grécia, à descoberta permanente de “desvios colossais” e à sujeição a novas e infindáveis exigências dos credores?
Como é que vamos evitar, no imediato, a catástrofe social eminente decorrente de um desemprego crescente e não apoiado?
Como é que vamos afirmar, perante quem decide na UE, a nossa recusa da via punitiva para a redução do défice e da dívida que não reduz a dívida, pode não reduzir o défice e empobrece Portugal e acentua a distância que o separa do centro da Europa?
Como é que vamos manifestar a nossa rejeição de uma configuração institucional do Euro que serve alguns e não todos os seus membros?
Como é que vamos desenvolver formas de acção colectiva, de associação, de solidariedade e de iniciativa económica capazes de dar resposta às necessidades mais prementes?
Como é que vamos construir caminhos para a Economia do Futuro para lá da situação de emergência em que nos encontramos hoje - uma economia menos desigual, menos precária, mais solidária e mais sustentável ambiental e socialmente?
A nossa perspectiva é a de cientistas sociais, de investigadores que cultivam o primado da razão, do bom argumento e da observação do mundo, relativamente ao dogma, ao poder ou ao interesse particular. Tudo isto integra o ethos da ciência que é preciso reafirmar no tempo de todas as sujeições às prioridades “dos mercados”.
Mas a ciência que praticamos, que procuramos praticar com mente aberta e rigor, não é um compêndio de verdades inquestionáveis. É antes uma procura prosseguida por caminhos diversos, plural portanto; livre, sujeita apenas à disciplina do debate racional, da prova, ou argumento, e da contraprova. Não é também um convento, ou uma “torre de marfim”. É um processo que deve decorrer no espaço público, em debate aberto acerca dos fins que queremos prosseguir, dos valores que procuramos afirmar e dos meios a adoptar.
A nossa ciência é uma ciência social cidadã. Por isso mesmo quisemos que esta Conferência fosse aberta a um público diversificado.
A economia diz respeito a todos e o conhecimento acerca da economia deve beneficiar do contributo de todos. Eu próprio, que sou economista e tenho portanto uma noção muito clara dos limites do conhecimento dos economistas, acredito que economia é importante demais para ser deixada aos economistas.
Estou certo de que os oradores convidados e os presentes nesta Conferência darão testemunho, nas suas convergências e divergências, da possibilidade e vontade de procurar e encontrar pela discussão inteligente, soluções para os problemas que neste momento nos preocupam a todos. Nos ajudem, em suma, a descobrir como é que vamos sair disto.
*José Castro Caldas
Economista
(Comissão Permanente "Economia com Futuro", CES Un. de Coimbra)
Discurso da Sessão de Abertura do colóquio "Economia portuguesa: uma economia com futuro", realizada em Lisboa, em 30 Setembro de 2011, na Fundação Gulbenkian.

domingo, 20 de novembro de 2011

Exposição de Pintura de Jorge Rodrigues

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Paisagem com árvores
Cidade
crucificação
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Na passada sexta-feira, Jorge Rodrigues, um antigo aluno de liceu de Lamego, inaugurou no Porto, em Aldoar, uma exposição de pintura, sob o título "recomeço de jorge rodrigues". Dos quadros em exposição, destaco a "crucificação", pela dimensão  apocalíptica, que o autor consegue transmitir, transformando o céu num mar de labaredas.
Mas, melhor do que eu, deixo aqui o comentário de Joaquim Sarmento, um outro antigo aluno daquele liceu, onde eu também estudei, e que afirmou, a propósito da obra de Jorge Rodrigues: "É uma afirmação de talento de um amigo que traz na menina dos seus olhos, como todos nós, o esplendor das referencias onde nos inserimoss, o Liceu que amamos, Lamego e o Douro que nos orgulham e repartem a nossa identidade".

sábado, 19 de novembro de 2011

Fábulas para as Nações Jovens: O SARAIVA - Fernando Pessoa

O SARAIVA
Havia em tempos, no Porto, um rapaz estudante, vindo das províncias do Norte, chamado Saraiva. Este rapaz tornara-se notável entre os companheiros pela certeza da própria perspicácia e a sua igual certeza de seus talentos de declamador. A cada frase, por simples que fosse, que lhe parecesse envolver uma mentira, tomava a mentira como dirigida inutilmente contra a rocha da sua esperteza; e, levando o indicador direito à pálpebra do olho direito, descia-a, no gesto dos alacres, e dizia ao interlocutor, em aviso e ameaça alegre, «Eu sou o Saraiva!» E o outro ficava sabendo que o não conseguira enganar. O indicador erguia-se livre.
Esta ciência certa, considerada pelos outros rapazes como ridícula em si-mesma, levou-os a combinar, servindo-se da preocupação que o Saraiva tinha de declamador, uma cena cómica, destinada a, de vez, pôr o Saraiva em salmoura social. Sabendo o horror do ridículo, que estava latente naquela constante preocupação de que não era enganado, combinaram com várias raparigas das suas relações, de boas famílias e condição decentíssima, uma sessão em casa dos pais de umas d'elas, para a qual convidariam o Saraiva para declamar. E estava combinado que, apresentado o Saraiva e convidado a mostrar seus dotes de declamador, eles fossem, por fim, reconhecidos com uma gargalhada geral. D'esta, fixaram bem, o Saraiva se não escaparia, e ficariam pagos de tanta irritação de certeza.
Expuseram ao Saraiva que havia várias senhoras que gostariam de o ouvir declamar, pois lhes constara o que valia na matéria, e com ele estabeleceram que o apresentariam em casa d'essas senhoras, podendo ele aparecer, em tal noite e a tais horas.
Grato, o Saraiva acedeu e a combinação ficou feita. Sucede, porém, que, chegado a casa, começou a meditar no convite, e, desde logo, a desconfiar d'ele. «Ali há coisa», pensou o Saraiva. E, sozinho, diante do espelho, levou o indicador direito ao olho direito, no gesto baixante da esperteza, «Mas eu sou o Saraiva!» apontou para si mesmo.
E meditou, «Que diabo será a partida?». Não tardou que descobrisse. Tratava-se de encher uma casa qualquer de uma quantidade de meretrizes, dispostas com aparência de senhoras e meninas, e de o convidar (a ele Saraiva!) para ir fazer diante d'elas o papel de recitador. Conclusão lógica, conclusão natural. E o Saraiva tomou mentalmente as suas precauções.
Chegou a noite, e chegou o Saraiva. E, junto com os vários camaradas, foram dar à casa onde estavam reunidas as senhoras todas que os esperavam. Para entrada e deslumbramento, os apresentantes, aberta subitamente a porta da sala, que se revelou cheia de senhoras, apresentaram, «Minhas senhoras, o sr. Saraiva!», com o ar de quem apresenta um dos homens célebres do mundo.
Então o Saraiva, alacre, deu um pulo para o meio da sala, e braços abertos, gritante e alegre, bradou para as senhoras todas, «Eh, putedo!»
E depois, voltando-se a rir para os apresentantes lívidos, inclinou a cabeça e levou à eterna pálpebra direita o eterno indicador direito, «Vocês esqueceram-se que eu sou o Saraiva»...

Moralidade
1. Não ser Saraiva.
2. Na dúvida ser Saraiva, porque aqui o Saraiva foi o parvo e os outros é que ficaram atrapalhados.
Quando uma nação crê firmemente em si mesma, humilha os outros ainda quando se engana e é ridícula. Na dúvida, mais vale ser Saraiva.
Porque é preciso não esquecer o resultado prático de tudo isto. As raparigas ficaram insultadas, os rapazes ficaram envergonhados: quem ficou vencedor foi o Saraiva.
Fernando Pessoa
1932?
Pessoa Inédito. Fernando Pessoa. (Orientação, coordenação e prefácio de Teresa Rita Lopes). Lisboa: Livros Horizonte, 1993.- 268.
«Fábulas para as Nações Jovens».

O imperador Nero também se rebolou de riso, enquanto Roma ardia...

O primeiro-ministro, Passos Coelho e o ministro das Finanças, Vitor Gaspar.
"QUE TAL ENVIARMOS AS BOAS FESTAS A TODOS OS CONTRIBUINTES DESEJANDO UM PRÓSPERO ANO DE 2012?"
Amabilidade do João Fráguas

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à Mari Paines, pela sua decisão de se inscrever como amiga deste blogue.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Explicação da Crise Financeira Mundial

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"E tudo o vento levou" seria o título que eu escolheria para este vídeo, que, através de uma fina ironia, explica linearmente a forma como tudo aconteceu. O problema surgiu, quando alguém perguntou o valor das casas, agregado a todos aqueles títulos hipotecários. Um terramoto não teria feito piores estragos. E, passados todos estes anos, tudo continua na mesma. O esquema mantém-se, apenas mudaram os destinatários, disse recentemente Carlos Tavares, o presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), quando se insurgia, numa conferência realizada no Porto, contra a falta de regulação em muitos sectores dos mercados financeiros. A privatização dos lucros e a socialização dos prejuízos continua a ser a regra de ouro de um sistema que não pode reformar-se a si mesmo, sendo necessário, pois, combatê-lo revolucionariamente.

Gerald Celente: Acabemos com esta farsa de democracia

Amabilidade de Pilar Vicente
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A globalização é uma farsa, que apenas interessou e interessa ao capitalismo financeiro. Ao instituir como valor sagrado a liberdade de movimentos de capitais, o capitalismo neoliberal promoveu a descapitalização dos países com economias mais débeis, que assim se viram privados de meios para o investimento, para a poupança e para o consumo. Os lucros das empresas e os dividendos dos accionistas, que resultaram do esforço colectivo de cada país, ao migrarem livremente, através dos paraísos fiscais, para as grandes praças financeiras, engordando a economia virtual, promovida pelos bancos, debilitaram as suas respectivas economias, obrigando assim esses países a endividarem-se externamente. Também o euro foi criado para favorecer as economias europeias com excedentes, as mais ricas, em prejuízo das economias deficitárias, para às quais uma moeda muito valorizada não favorecia a sua competitividade externa.
Para garantirem o seu domínio absoluto, os grandes banqueiros globalizaram a sua actividade e, por diversas vias, subverteram a democracia, manietando os governos à sua vontade. Perante a crise instalada, esses mesmos governos implementam políticas, cujo objectivo principal é proteger os interesses desses mesmos banqueiros. Basta estar atento ao circo montado para cada reunião dos dirigentes europeus, onde não se fala de economia nem de desenvolvimento. Os discursos, obsessivamente, apenas referem as finanças e as dívidas soberanas. E, não tenhamos dúvidas: se o capitalismo financeiro europeu, através do seu braço político das instâncias comunitárias, não conseguir manter o sistema, no quadro do modelo da democracia parlamentar, devido à resistência dos povos às severas medidas de austeridade, a provável instauração de um novo tipo de fascismo será a opção. Foi o que aconteceu nas décadas de vinte e trinta do século passado, perante a ameaça que constituía para o sistema a influência crescente do comunismo.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Quando o teclado do computador vira soutien

Navegar na internet vai ser muito mais agradável...
A febre da reciclagem chegou à moda e os designers já criam peças a partir de objectos que deixaram de ter utilidade. Um soutien feito com teclas de computador é uma das propostas.

Ministro: Estado não prevê verbas para helis e blindados

O comandante supremo das Forças Armadas aprovou a ideia
O ministro da Defesa anunciou esta segunda-feira que o Estado "não prevê" gastar quaisquer verbas com os programas de compra dos helicópteros e das viaturas blindadas Pandur para o Exército.
Diário de Notícias
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Mas, em contrapartida, o ministro vai comprar fisgas...
http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=2122994

Cavaco espera que Portugal esteja a crescer em 2013

O Presidente da República disse segunda-feira esperar que Portugal esteja a crescer em 2013, no final do período de execução do acordo de assistência financeira, sublinhando que tem de estar "optimista".
Diário de Notícias
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Nesta mensagem optimista, acredito. Vem do limbo dos deuses.
http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=2123754

Os outros governantes que também declararam o fim da crise


Este Álvaro é um pândego...

A declaração feita hoje por Santos Pereira sobre o fim da crise junta-se às de um rol de governantes que arriscaram o mesmo prognóstico, como Manuel Pinho ou Teixeira dos Santos, mas também José Sócrates ou Passos Coelho.
Diário de Notícias
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Todas estas declarações foram inspiradas no pensamento esotérico e cabalístico, que os nossos governantes cultivam com elevado esmero. Não são para levar a sério. Eu já me vacinei. Interpreto sempre ao contrário aquilo que os ministros dizem com toda a solenidade. E acerto sempre.

Micro contos: S/Título

Compartimentado numa gaveta de betão com janelas viradas para sul, António apenas saía para trabalhar num escritório sem janelas, do outro lado do rio. Quando chegava à noite, ficava acordado até quase ao amanhecer a escrever poesia. Naquela noite de Inverno, apesar de ser ateu, rezou para que um raio o rachasse ao meio e acabasse com aquela agonia.
Micro contos
http://www.facebook.com/microcontos

A extrema leveza de uma crise...

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Existe uma cultura secular de resignação. Oito séculos de catequese, quatro de sebastianismo, mais trezentos anos de Inquisição e quarenta de salazarismo moldaram o comportamento da maioria dos portugueses. Os milagres de Fátima fizeram o resto. Mas eu ainda acredito que a anestesia colectiva não vai dar resultado. Isto tem rebentar por qualquer lado.  

domingo, 13 de novembro de 2011

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento ao Álvaro Miguens, pela sua decisão de se inscrever como amigo deste blogue.

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento ao Celestino Rocha, pela sua decisão de se inscrever como amigo deste blogue.

Milhares marcharam em Lisboa contra "orçamento de agressão"

Centenas de polícias, de militares da GNR e de guardas prisionais juntaram-se hoje (ontem) às dezenas de milhares de funcionários públicos (180 mil, segundo a organização) que se manifestaram esta tarde (ontem), em Lisboa, contra o “orçamento de agressão” que vai implicar a “perda de direitos dos trabalhadores”.
PÚBLICO
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Não se trata apenas de um "orçamento de agressão". É também o "orçamento da traição", que dá continuidade a uma outra infame traição, cometida pelos subscritores do iníquo memorando da troika, que pôs Portugal de joelhos perante os interesses do capitalismo internacional e constitui uma grave ameaça à sua soberania e à sua coesão social.
Mas a resposta do povo português começa a ganhar uma nova dinâmica, com contornos mobilizadores, e que já é transversal a todo o espectro do mundo do trabalho. À esquizofrenia do governo que sustenta e difunde o mito "empobreça, para depois enriquecer", o povo português começa a responder com determinação e a ganhar consciência de que é necessário lutar e resistir contra um maquiavélico programa de austeridade, que mais não visa do que proceder à transferência dos rendimentos do trabalho para os rendimentos do capital e alienar a riqueza nacional ao capital estrangeiro. O sinistro plano de austeridade corresponde a uma verdadeira declaração de guerra aos trabalhadores portugueses.  

sábado, 12 de novembro de 2011

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua agradece a inscrição dos seguintes amigos:
João Silva
Filomena Araújo
Francisco Cabana
Carlos Belo
Helena

O facto da inscrição destes amigos ter sido efectuada sem a respectiva fotografia, essa inscrição passou despercibida ao editor, uma vez que o sistema remete o registo dessas inscrições para o final da lista. Só agora, com  último regissto, é que se identificou o erro, facto que obriga a pedir desculpa aos visados.
Sejam bem vindos ao Alpendre da Lua.

Boicotar a EDP: Uma proposta à qual vou aderir...


A EDP mantém um nível de lucros totalmente incompatível com o estado do país e com os sacrifícios exigidos a todos nós.
A EDP tem mais poder que o Governo de Portugal e conseguiu (vá-se lá saber por que vias...) impedir uma medida que visava minorar os brutais aumentos da energia que se estão a verificar - e que vão, certamente, aumentar ainda mais os ditos lucros.
A EDP mantém um monopólio (não de jure, mas de facto) uma vez que a concorrência não oferece aos consumidores domésticos (por exemplo) taxas bi-horárias.

PROPOSTA:- no dia 20 de Novembro de 2011, às 15:00, a nível nacional, vamos, todos nós consumidores domésticos, desligar TUDO durante uma hora (os nossos congeladores aguentam mais do que isso quando há uma "anomalia" na rede que nos deixa sem energia e as baterias dos nossos portáteis também);
- vamos repetir a acção até a EDP ter de nos PEDIR para parar com a coisa. Na qualidade de bons cidadão, que todos somos, pararemos mas só se os preços forem ajustados de forma a que os lucros da EDP se acertem pelo razoável, pelo socialmente justo e pelo moralmente correcto.
Se gostarem da ideia, espalhem... veremos no que dá.
Manifesto recebido por email.
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A EDP comporta-se como uma companhia majestática. Mantém um péssimo serviço (as interrupções da distribuição de electricidade, fora dos grandes aglomerados populacionais, são constantes) e pratica um tarifário desproporcionado em relação ao rendimento médio dos portugueses. Os seus lucros são exorbitantes, o que permite aos accionistas receber dividendos escandalosos.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Adeus privacidade!...

O Mobileca vem revolucionar o relacionamento entre as pessoas
A Nokia e o Google acabam de anunciar o seu mais bem guardado segredo no domínio dos telemóveis. Nos sites oficiais destas duas empresas, acaba de ser anunciado o lançamento, em Janeiro do próximo ano,  do Mobileca, um telemóvel clássico, mas que tem a capacidade,  digitando o respectivo número, de localizar, através do sistema GPS, qualquer telemóvel, em qualquer parte do mundo, desde que esse telemóvel se encontre activado, e, ao mesmo tempo, caso se faça a acoplação de uma câmara vídeo, desenvolvida pela Nikon, filmar todo o horizonte visível (360 graus) a partir desse mesmo telemóvel.
A utilização deste revolucionário telemóvel, que vem ameaçar seriamente a privacidade dos cidadãos, foi facultado à CIA, a título experimental, durante dois anos, e foi através da sua utilização que foi possível capturar e assassinar Bin Laden, no Paquistão. A CIA conseguiu identificar o número de um dos telemóveis, utilizados pelo líder da Al Qaeda, e, a partir daí, o Mobileca filmou todos os seus passos e movimentos. As panorâmicas recolhidas, quando Bin Laden vinha a uma varanda e utilizava o telemóvel, permitiram identificar a localização exacta da sua casa clandestina. Depois, foi todo um laborioso trabalho para recolher imagens interiores e reconstituir a disposição sequencial de todas as suas divisões. Numa dessas operações de recolha de imagens, à distância de milhares de quilómetros, através da câmara do Mobileca, até foi possível filmar uma cena de sexo de Bin Laden com uma das suas três mulheres, que viviam com ele. O site da Nokia até ironiza com o tamanho do pénis do inimigo número um da América, afirmando que era mais pequeno do que o normal, e que fazia uma curvatura, quando erecto. 
Inicialmente, o projecto comercial do Mobileca, assentava na sua venda sigilosa às polícias secretas de três países da NATO, não identificados na notícia, mas como as contrapartidas financeiras dos respectivos governos não eram compensadoras, a Nokia e a Google resolveram promover a venda do Mobileca para o público em geral, o que irá provocar muita celeuma, já que a privacidade das pessoas fica em perigo permanente, desde que o utilizador tenha o seu telemóvel activado.
Para aguçar o apetite, e antes de ser lançada a gigantesca campanha publicitária, nos países onde o Mobileca vai ser posto à venda, os sites da Nokia e do Google facultam (provisoriamente) o endereço, transcrito no final deste texto (o leitor também o poderá encontrar na página do seu perfil do Google, clicando em "Contas associadas), que conduz à página "trackApartner", concebida para o efeito, onde qualquer pessoa pode fazer uma experiência real, como se estivesse a utilizar o Mobileca e a sua câmara de vídeo. Obrigatoriamente, terá sempre de utilizar-se o indicativo do país (em Portugal é o +351), e, de seguida, no quadro próprio, digitar-se o número de telemóvel, que se pretende contactar.
Por uma questão ética e moral, e a fim de não sermos acusados de estar a aconselhar a devassa da privacidade das pessoas conhecidas, aconselhamos o leitor a não ligar para familiares e amigos. Escolha aleatoriamente um número de telemóvel (Indicativo do país + um número com nove dígitos).   
http://www.trackapartner.com/

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Orçamento 2012:“Abstenção do PS vai ser violenta mas construtiva", garante Seguro


O líder do partido socialista, António José Seguro, afirmou na tarde de domingo que “o Partido Socialista vai fazer parte da solução e não dos problemas do país”. E que nunca fará o que o líder da oposição na Grécia fez.
PÚBLICO
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Se, em relação ao Orçamento de Estado de 2012, do governo PSD/CDS, a reacção de António José Seguro vai ser violenta, a consequência lógica deveria ser a de assumir a opção do voto contra. Se a reacção vai ser construtiva, o melhor seria votar a favor. A abstenção afigura-se-me assim uma coisa parecida com um vinho muito aguado. José Seguro já aprendeu com Passos Coelho a fazer a soma dos contrários, que matematicamente é sempre igual a zero. Mas, em política, ao contrário do que acontece com a lógica da matemática, os contrários não se anulam. Até se complementam dialecticamente, para se poder formular a síntese final. E, neste caso, a síntese a fazer, é que José Seguro está de acordo com o Orçamento de Estado da direita. O discurso dele, na Assembleia da República vai ser puro folclore.

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à Natércia Santo Ferranho, pela sua decisão de se inscrever como amiga deste blogue.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

"Suite 605", um livro arrasador sobre o Offshore da Madeira, de João Pedro Martins

Amabilidade do José Camelo e do Campos de Sousa
Vídeo do Diário Económico
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Se esta exposição do autor é lucidamente didáctica, nesta entrevista concedida à jornalista do Diário Económico, Mafalda de Avelar, o livro que ele escreveu, e que eu ainda não li, deverá ser exemplar, por aquilo que terá de objectivo na sua descrição sobre o maior cancro das economias capitalistas, os offshore, que apenas servem para proporcionar a fuga aos impostos das empresas e dos empresários mais ricos e para proceder à lavagem do dinheiro sujo, proveniente do obscuro mundo do crime. João Pedro Martins é muito claro. A Zona Franca da Madeira prejudica em milhões de euros a economia madeirense, aumentando-lhe virtualmente o PIB e, por isso mesmo, excluindo-a de de muitos subsídios da União Europeia, a que teria direito, se fosse considerado o valor da sua economia real. E é porque muitos empresários portugueses ali sediam as suas empresas, ou para lá canalizam, através dos bancos, as suas fortunas, que cidadãos têm de pagar mais impostos. A imoralidade adjacente a esta prática, com a qual os governos democráticos (?) pactuam, evidencia bem a natureza imunda e perversa do capitalismo.
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Não resisto a transcrever aqui os comentários inseridos nos email que indicavam o link do vídeo, e cuja autoria não sei se poderá ser atribuída aos remetentes:
José Camelo: “Suite 605” – O maior conglomerado filhos da p. (sem ofensa à mãe porque se sabe quem é pai) que se alojaram (apenas para efeitos fiscais) na Madeira, ou a offshore mais portuguesa, que até tem frequência vaticana(?!)
Fica-se á espera de uma “investigação” sobre a maior e mais antiga offshore mundial: a Suíça…
Campos de Sousa: POR FAVOR VEJAM ESTE VÍDEO ATÉ AO FIM E NÃO SE ESQUEÇAM DE O DIVULGAR, POIS É MUITO IMPORTANTE AS PESSOAS TEREM CONHECIMENTO DO QUE SE PASSA. ATÉ O PINGO DOCE, ASSIM COMO OUTRAS EMPRESAS, ONDE FAZEMOS AS NOSSAS COMPRAS, RECORREM AO OFFSHORE DA MADEIRA.

Ou uma coisa ou outra!

Decidam lá o que querem . . . organizem-​se . . . não podemos ficar eternament​e à espera!
Amabilidade da Dalia Faceira

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à Dinalva Heloiza de Oliveira, pela sua decisão de se inscrever como amiga deste blogue.

Controvérsia sobre a autenticidade da carta de Mikis Théodorakis

Como a carta aos povos europeus, de Mikis Théodorakis, e cuja autoria foi posta em dúvida, uma dúvida que, entretanto, foi contrariada, entendi dar maior visibilidade ao assunto, possibilitando ao leitor um mais rápido acesso ao respectivo post, onde também deverão ser publicados os posteriores comentários.
http://alpendredalua.blogspot.com/2011/11/carta-aberta-de-mikis-theodorakis-aos.html

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

As vítimas da austeridade são sempre as mesmas

"Os próximos tempos podem ser insuportáveis para alguns dos nossos concidadãos, em especial os reformados e os desempregados", avisou ontem Cavaco Silva em Carregal do Sal.
Jornal de Notícias
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Os desempregados e os reformados, por constituírem o segmento populacional mais fragilizado e indefeso, são sempre os primeiros alvos das medidas de austeridade. Foi assim, com os primeiros PEC de José Sócrates e a situação agravou-se com o actual  governo de Passos Coelho. 
Os desempregados, na sua maioria, e, principalmente, os que se encontrarem na meia idade, já não têm possibilidade de encontrar oportunidades de trabalho. Aos reformados, por sua vez, não lhes resta nenhuma alternativa, a não ser a de terem de sujeitar-se ao poder discricionário de governantes sem escrúpulos. Estes dois grupos não têm sindicatos que, especificamente, defendam os seus interesses. A greve, esse instrumento fundamental para fazer reivindicações, já não a podem exercer, uma vez que não se encontram integrados no processo laboral (é como saber nadar e a piscina não ter água).  E a comunicação social, intencionalmente ou não, ignorou-os (veja-se que, a propósito dos cortes dos subsídios de Natal e de férias, apenas se fala dos funcionários públicos).
Existe, pois, uma grande falta de equidade e uma escandalosa assimetria na distribuição de sacrifícios na sociedade portuguesa, o que não abona a favor da tão proclamada justiça social, que não existe.