Páginas

segunda-feira, 30 de março de 2015

O colapso dos partidos socialistas europeus


Resultado eleitoral em França é "rejeição maciça" para Hollande
O Presidente da conservadora União por um Movimento Popular (UMP), Nicolas Sarkozy, considerou hoje que a vitória do centro-direita nas eleições locais francesas é consequência da "maciça rejeição das políticas do Presidente [François] Hollande".
Notícias ao Minuto

***«»***
O colapso dos partidos socialistas europeus

Um a um, os partidos socialistas vão sucumbindo na enxurrada da crise europeia. É a prova evidente que o establishment está a mudar. E é muito possível que mudanças de outra natureza venham a ocorrer com o previsível agravamento da crise europeia. O bipartidarismo de circunstância, que tem regido os países da Europa, está a desagregar-se. Os eleitores começaram a perceber que as políticas de alternância no poder entre socialistas e sociais-democratas e os partidos conservadores eram uma farsa do sistema. A diferença entre os dois blocos políticos era igual à da imagem ao espelho, que levantava o braço esquerdo, quando alguém, do outro lado, levantava o braço direito.
A principal consequência desta mudança estrutural vai refletir-se na fratura e no desequilíbrio do sistema político-partidário, pois deixará de existir a almofada de segurança que permitia manter, sem contestação, as políticas do sistema capitalista, que muito se orgulhava da sua democracia de fachada. 
Agora, a pergunta que se coloca consiste em saber para onde irão os votos do descontentamento. Para a direita e extrema-direita ou para os atuais partidos de esquerda, do antissistema? Ou será que a Europa vai entrar em convulsão, com revoltas populares nos países do sul?

Agradecimento


Agradeço ao António Vicente a amabilidade de ter aderido ao Alpendre da Lua

sexta-feira, 27 de março de 2015

O desafio de ler Herberto Helder


É preciso preparação para entrar na poesia de Herberto Helder. Caso contrário, é como nos atirarmos à piscina sem saber nadar, diz-nos Luís de Almeida Gomes. Para o alfarrabista, Herberto Helder é mais do que um poeta incontornável: era um amigo e um frequentador habitual da sua livraria. A Artes & Letras -  que há alguns meses deixou o Largo da Misericórdia para se instalar na Av. Elias Garcia – está, aliás, na origem da amizade que os uniu durante décadas. Apesar de Luís reconhecer o lado “discreto e recatado” de Herberto, revela que quando se encontravam, quase sempre na livraria, falavam de tudo. Ainda hoje, de cada vez que lê os poemas de Herberto Helder volta a descobrir coisas novas.

***«»***
Para ler Herberto Helder é necessário alguma preparação prévia para compreender a profundidade do seu universo poético. Não basta o traquejo da interpretação da escrita linear, onde as palavras têm um único significado, aquele que elas adquiriram com a evolução natural da língua. A poesia de Herberto Helder exige-nos que consigamos abarcar a terceira dimensão das palavras, quando inseridas em contextos metafóricos, que nos aproximam do abismo dos sentidos. Por isso, tinha de ser uma poesia complexa e densa, uma poesia que, ao lê-la em silêncio, nos levasse a ouvir o som das palavras, sem sequer as pronunciar. É todo um mundo onírico que nos deslumbra e nos eleva para uma realidade superior, até ali inatingível e que não fazia parte do nosso imaginário.
Recuso estabelecer hierarquias de valor literário entre poetas e também entre escritores. O século vinte foi o século de ouro da literatura portuguesa, quer na prosa quer na poesia. Para trás, ficaram as brilhantes prestações de Eça, Camilo, Garrett, Vieira e Camões. Juntando a este friso Aquilino Ribeiro, Pessoa, Saramago e Herberto Helder, julgo que nos encontramos perante a galeria dos Príncipes da Língua Portuguesa, à qual falta acrescentar alguns escritores brasileiros.
Alexandre de Castro

quinta-feira, 26 de março de 2015

Notas do meu rodapé: A quem interessa a prisão de Sócrates?


Eu não ponho as mãos no fogo por José Sócrates. Detetei-lhe algumas contradições nas suas explicações públicas sobre o caso do Freeport e o da sua licenciatura. Acredito que não tenha sido honesto, aproveitando-se do seu elevado cargo para interesses pessoais, e nunca compreendi como lhe era possível sustentar a sua vida luxuosa em Paris. Apesar disto, não me atrevo, nem posso, a declará-lo inocente ou culpado. Fico a aguardar o seu julgamento, que quero justo e isento.
No entanto, também acredito que a sua prisão, que parece estar ferida de várias ilegalidades, está a servir outros ocultos interesses, ligados à luta das sociedades secretas, pela conquista do poder político, mais concretamente a luta titânica e silenciosa entre a Maçonaria e a Opus Dei. Com Sócrates preso, e com o programado e continuado processo da "fuga" intencional de informações do processo, algumas delas a roçar o delírio, o PS poderá sair muito enfraquecido das próximas eleições, diminuindo assim a influência da Maçonaria e aumentando a da Opus Dei. O Papa estará por cá, em 2017, para lançar a sua bênção aos novos governantes.

Henrique Neto "é irrelevante para o PS"


Elementos de PS consideram que Henrique Neto “não conta do ponto de vista político dos cidadãos”.
Henrique Neto é até agora o único candidato às eleições presidenciais de 2016 e, apesar do avanço do socialista ter sido recebido com indiferença pelo PS, a verdade é que a candidatura levantou algum desconforto em elementos do partido por ainda não haver uma figura “ganhadora”.
Notícias ao Minuto

****«»***
Os sinais de degenerescência e apagamento do PS são evidentes. À sua incapacidade em assumir um consistente programa político, que o diferencie da direita, soma-se também a ausência de um candidato presidencial de peso, que seja o catalisador do descontentamento popular. 
Num quadro destes, não admira que a direita não veja refletido nas sondagens o seu desgaste político. É que aquela parte do eleitorado do centro, que está descontente com a atual situação, formula esta simples premissa: Se é para fazer uma política de direita, então, por uma questão de coerência, é melhor escolher um partido de direita. Os ortodoxos do Partido Socialista não compreendem isto.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Homenagem a Herberto Helder | Poema de maria azenha


MESTRE SEM MORTE
(a Herberto Helder)

Entre as mãos uma acácia
Moedas de silêncio
O sangue de um compasso
E a terra alva
A altura da sombra
Ocupa o negro da página
Desaba
Um verso secreto
Do palácio
O poema
Foi devorado
Pelos olhos de um falcão

maria azenha
(2015-03-24)

***«»***
Uma homenagem merecida de uma grande “poeta” para um grande poeta.
Herberto Helder deixou-nos, mas ficou, para o nosso contínuo deslumbramento, a sua poesia, uma poesia talhada a escopro no corpo denso das palavras e trabalhada por uma talentosa engenharia metafórica. Herberto Helder fez na poesia o que Saramago fez na prosa: engravidou as palavras, que nele tinham uma grande sonoridade e densidade poéticas.
Alexandre de Castro

segunda-feira, 23 de março de 2015

Arqueólogos desenterraram três antigos mosaicos gregos numa escavação em Zeugma, na Turquia


Mosaico representando as nove musas em retratos

Mosaico representando Océsno Tetis

Mosaico representando um jovem, sem nenhuma informação
Ver texto aqui.

***«»***

A rota da seda

Aquela milenar rota da seda não deixa de nos surpreender com as sucessivas revelações dos seus tesouros arqueológicos, que são imensos, e com muitos ainda por desvendar. Não admira que assim seja. Foi por aquela rota que, até ao século XVI, quando os portugueses "abriram" o caminho marítimo para o Oriente, que a economia euro-asiática circulava. A rota da seda era o veio da transação de mercadorias entre um Oriente opulento e um Ocidente em franco e rápido desenvolvimento civilizacional, e que teve a sua máxima expressão com o império de Alexandre Magno e o império de Roma. Foram as repúblicas do norte de Itália, com a Sereníssima República de Veneza à cabeça, já na ponta final da Idade Média europeia (sec. XV), as últimas beneficiárias do comércio dessa rota. Esse monopólio (o comércio com o Oriente) transferiu-se para Lisboa, que por sua vez o transferiu para o norte da Europa. Por isso, a liderança do mundo, nesse tempo, passou para Portugal, de uma forma efémera, para a Holanda e para a Inglaterra, de uma forma mais persistente, e para a Espanha, que expandiu o seu domínio para as Américas e que "ergueu", no ponto de vista territorial, o maior império de todos os tempos. Dizia-se que no império de Carlos V - que ia da Europa à Ásia (Filipinas) e passava pelas Américas - "o Sol nunca se punha".
Como podemos ver, nesta visão alargada do tempo histórico, as coisas não são imutáveis. Tal como as pessoas, os impérios nascem, crescem, mas acabam por morrer, facto que não é percetível no curto tempo de uma, duas ou três gerações. E no tempo atual, já há sinais evidentes de uma nova mudança do sentido da História, com o centro da liderança a passar para a Ásia, onde a História, na verdade, começou. A Europa entrou em declínio. Apenas resta saber se esse declínio irá ser mais rápido ou mais lento. Mas nenhum de nós o irá testemunhar.
AC

quarta-feira, 18 de março de 2015

Cavaco arquiva petição para demitir Passos


O Presidente da República, Cavaco Silva, decidiu determinar o arquivamento da petição que pede a demissão do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, informou hoje fonte oficial de Belém.
No passado domingo, a petição pela demissão do Passos Coelho, com mais de 19.100 assinaturas, foi entregue nos serviços da Presidência da República.

***«»***
Um documento que fica oficialmente registado nos arquivos, para o julgamento futuro da História, em que se prova a cumplicidade política de um "inútil" Presidente da República, que não tem capacidade de se escandalizar (porque o fantasma do imposto da siza o atormenta) com o comportamento de um primeiro-ministro que não cumpriu, em devido tempo, as suas obrigações contributivas para com a Segurança Social. Os historiadores do futuro irão referir-se a este período como "O Tempo Sagrado dos Crápulas".

terça-feira, 17 de março de 2015

Crise afectou direitos fundamentais em Portugal


Relatório do Parlamento Europeu conclui que os efeitos foram especialmente negativos junto das crianças.
A crise teve um impacto acentuado nos direitos fundamentais em Portugal, tendo o direito ao trabalho sido provavelmente o mais afectado, conclui um estudo encomendado pela comissão de Liberdades Cívicas, Justiça e Assuntos Internos do Parlamento Europeu, divulgado nesta terça-feira.

***«»***
Ninguém de boa fé e minimamente informado poderá reclamar para si uma atitude de admiração, de surpresa ou de espanto, quando se afirma que a crise afetou direitos fundamentais em Portugal. O objetivo oculto, agora apontado por este estudo, era mesmo esse: a rápida e progressiva desvalorização salarial e o desmantelamento do Estado Social. Todas as medidas de austeridade, assumidas pelo governo PSD/CDS, quer através do aumento de impostos, quer pela política de cortes da despesa do Estado, e, quer também, pela revisão das leis do trabalho, atingiram em cheio os trabalhadores (e os seus filhos) e os reformados e pensionistas, desmentindo-se assim aquela sedutora narrativa dos vendilhões do Templo, que diziam que "os sacrifícios eram para todos".

Estudo: E o político em que os portugueses mais confiam é...


Um estudo realizado pela Seleções do Reader's Digest chegou à conclusão de quais as figuras públicas os portugueses mais têm confiança.
Os portugueses elegeram Marcelo Rebelo de Sousa como o político em quem mais confiam. O estudo Marcas de Confiança realizado pela Seleções do Reader’s Digest mostra que 14% elegeram o comentador da TVI, substituindo Rui Rio, antigo presidente da Câmara Municipal do Portohttp://ad.doubleclick.net/ad/N9166.140075.SAPO/B8528259.115396767;sz=1x1;ord=dc8beacffa?
O estudo dá conta ainda de que a política é uma das áreas em que os portugueses menos confiam. No geral, 96% não confia nos políticos e 83% não confia no atual Governo de Passos Coelho, segundo o Dinheiro Vivo. 
Os Sindicatos (81%), o sistema judicial (73%), os bancos (72%) e a União Europeia (71%), são outras entidades em que os portugueses também não confiam.
Em relação aos que confiam, Cristiano Ronaldo foi o desportista escolhido, com 54%. Rui Veloso foi o músico eleito (19%), Ruy de Carvalho na área da representação, com 47% e o escritor foi José Rodrigues dos Santos (28%).

***«»***
Se tivéssemos de levar este estudo a sério, seríamos obrigados a concluir que vivíamos num país de "merda". Mas as coisas não são bem assim. Nestas coisas dos inquéritos, interessa muito a metodologia utilizada, a estrutura da amostra e a forma como as perguntas são colocadas aos inquiridos. Perante a surpresa da pergunta, feita sem qualquer aviso prévio e sem referências aos respetivos contextos, em que seja permitida uma ponderada reflexão, o inquirido é levado, até para não ser considerado um ignorante, a indicar a personalidade mais mediática que, naquele momento, conhece, em cada setor considerado. E foi o mediatismo, o que este estudo mostrou, ao apurar, por exemplo, que Marcelo Ribeiro de Sousa era o político em que os portugueses mais confiam. E não foi nada inocente a realização deste estudo. 
Já a desconfiança manifestada em relação a Passos Coelho (justificada), aos sindicatos (incompreensível e inconcebível), aos bancos, ao sistema judicial e à União Europeia (também justificadas) não se projeta, incompreensivelmente, naqueles inquéritos usados pelas empresas da especialidade, para as sondagens sobre as intenções de voto, o que revela uma grande contradição. Alguém está a manipular as perceções da opinião pública.
Pela minha parte, se eu tivesse sido inquirido, até responderia que o Cristiano Ronaldo deveria ser o próximo Presidente da República, já que estou farto de ser governado por personalidades que têm os neurónios no cérebro.

segunda-feira, 9 de março de 2015

A quadratura do círculo

António Costa a transportar o leite da Alemanha

Os dirigentes do PS não podem apenas culpar António Costa. Têm também de se culpar a si próprios, pois continuam a pensar e a agir como se fosse possível resolver a quadratura do círculo. Ou seja, continuam a pensar que será possível, no plano mediático, e para o eleitor consumir, manter o partido numa posição equidistante, em relação ao PSD, por um lado, e ao PCP e ao BE, por outro. Esse equilibrismo político já não é possível, pois o quadro social eleitoral alterou-se com a crise dos últimos quatro anos. 
O eleitorado tradicional do PS, principalmente o colocado mais à esquerda, e que se integra na classe média, uma classe social que foi severamente castigada com as medidas de austeridade, impostas pelo governo PSD/CDS, já não se contenta com os eloquentes discursos, feitos de lugares comuns, e que de substancial nada dizem, ou dizem pouco. Acusar o governo de ter empobrecido o país e, em contrapartida, não apresentar um projeto credível e objetivo para inverter a situação, não é suficientemente apelativo. Dizer que o PS vai fazer uma política diferente da do governo da coligação de direita, e omitir a questão do Tratado Orçamental e a magna questão da dívida pública, que é necessário e urgente renegociar e reestruturar, é entendido pela opinião pública como mais uma grande mentira. 
Já se percebeu que António Costa não pretende alterar a política atual, em relação às instâncias europeias. Ele é um europeísta convicto, tal como o são António Seguro e Passos Coelho. Percebeu-se que ele não tem nenhuma intenção de contrariar tudo aquilo que seja decidido em Bruxelas e em Berlim. Mas as pessoas também já perceberam, até pelo tratamento arrogante e ditatorial assumido pelos dirigentes europeus, em relação à Grécia, que os donos políticos desta Europa não estão minimamente interessados em alterar a sua política de austeridade e de empobrecimento. Parte do eleitorado está mais informado sobre as questões económicas e políticas da Europa, e, também, alarga-se o número de portugueses que já começam a perceber que estas políticas de austeridade são inimigas do desenvolvimento económico e que não levam a lado nenhum, pois a colossal dívida pública externa  será impossível de pagar. Os eleitores, que já percebem isto, não irão votar em António Costa. Os eleitores que anteriormente votaram no PSD e que agora estão descontentes, não vislumbrarão vantagens em votar no PS, recusando assim o ritual da alternância do voto, o chamado voto flutuante, ao centro. Os eleitores do PS, mais à esquerda, e que pretendem uma efetiva mudança política, que se afirme convictamente anti-austeritária, ou irão exilar-se na abstenção ou votarão em partidos da verdadeira esquerda. E é esta quadratura do círculo que os dirigentes do PS e António Costa não conseguem resolver, a não ser que ocorra uma revolução dentro deste partido, que conduza a uma maior radicalização em relação à Europa e a uma aproximação sincera e transparente ao PCP e ao BE, coisa em que eu não acredito.

domingo, 8 de março de 2015

Lévi-Strauss foi um dos grandes intelectuais franceses do século XX e lançou as bases da Antropologia moderna. Foi o primeiro membro centenário da Academia Francesa, para onde entrou em 1973. E foi também um crítico do etnocentrismo e de algum modo um precursor intelectual do movimento ecologista.Foi também o primeiro antropólogo na Academia Francesa, a cujas sessões se deslocava regularmente até há não muitos anos.Filho de judeus franceses, nasceu na Bélgica, em 1908, mas mudou-se para França ainda em idade de estudar no liceu. Depois, na Sorbonne, em Paris, estudou Direito e Filosofia, tendo sido professor desta última disciplina no ensino secundário.Em 1935 foi para o Brasil. Aceitou um lugar como professor de Sociologia na Universidade de São Paulo, onde começou a sua carreira de etnólogo. Naquela época, havia milhares de índios nos subúrbios da cidade, o que lhe permitiu dedicar os fins-de-semana à sua nova disciplina.Partiu mais tarde para o Mato Grosso e a Amazónia, onde contactou muitas tribos. Depois também estudaria índios norte-americanos. Em “As Estruturas Elementares do Parentesco”, sua primeira obra de grande projecção, publicada em 1949, forneceu um novo método de análise que se tornou comum a muitos antropólogos. A tese do livro é que o "parentesco" está no centro da Antropologia que estuda o homem na sua dimensão social. E aqui o parentesco é entendido como as regras de aliança, de filiação, de residência ou de perpetuação das populações.A sua obra mais marcante, “Tristes Trópicos”, chegou em 1950. Trata-se de uma autobiografia intelectual que recebeu o Prémio Goncourt e teve êxito também junto de um público muito para além da comunidade científica. E, em 1958, Antropologia Estrutural abre o caminho ao estruturalismo, a nova corrente do pensamento de que foi o principal teorizador, aplicando ao conjunto dos factos humanos de natureza simbólica um método que procura as formas invariáveis existentes em conteúdos diferentes. No ano seguinte era titular da Antropologia Social no Collège de France, de onde se reformou em 1982.Lévi-Strauss criticou também o aparecimento de uma corrente de pensamento humanista que secundarizou a natureza, tornando-se assim num precursor do movimento ecologista. Numa entrevista em 2005, Lévi-Strauss disse: "Dirigimo-nos para uma espécie de civilização à escala mundial (...) Estamos num mundo a que já não pertenço. Aquele que conheci, aquele de que gostei, tinha 1500 milhões de habitantes. O mundo actual tem seis mil milhões de humanos. Já não é o meu."



Claude Lévi-Strauss
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa
Claude Lévi-Strauss

Nascimento
28 de novembro de 1908Bruxelas, Bélgica
Morte
31 de outubro de 2009 (100 anos)Paris
Nacionalidade
Francesa
Ocupação
acadêmico, etnógrafo
Escola/tradição
Antropologia Estrutural(fundador), estruturalismo, sociologia francesa
Principais interesses
antropologia, sociologia, etnografia, linguística, metodologia, estética, epistemologia, mitologia
Idéias notáveis
Mitografia , Pensamento Selvagem, estruturas do parentesco
Influências
Rousseau, Kant, Karl Marx, Sigmund Freud, Roman Jakobson, Saussure, Durkheim, Marcel Mauss, Malinowski, Radcliff-Brown, Franz Boas, Merleau-Ponty, Sartre
Influenciados
Althusser, Bourdieu, Zizek, Lacan, Foucault, Derrida, Baudrillard, Sahlins, Jameson, Pêcheux, Umberto Eco, Jameson, Barthes
Claude Lévi-Strauss (Bruxelas, 28 de novembro de 1908Paris, 31 de outubro de 2009) foi um antropólogo, professor e filósofo francês, considerado o fundador da Antropologia Estruturalista, em meados da década de 1950, e um dos grandes intelectuais do século XX.
Índice[esconder]
1 Biografia
2 Lévi-Strauss no Brasil
3 Citações
4 Premiações
4.1 Condecorações
4.2 Doutor Honorário
5 Bibliografia
6 Ligações externas
7 Referências
//
[editar] Biografia
Claude Lévi-Strauss nasceu em Bruxelas. Iniciou seus estudos em Direito e Filosofia na Sorbonne (Paris). Não completou os estudos em Direito, conseguindo a licenciatura em Filosofia. Durante este período, Lévi-Strauss conduziu seu primeiro trabalho etnográfico.
Seu livro As estruturas elementares do parentesco foi publicado no ano seguinte e, instantaneamente, consagrou-se como um dos mais importantes estudos de família já publicados. O título faz uma brincadeira com o título do livro de Émile Durkheim, As formas elementares da vida religiosa. No final da década de 1940 e começo da década seguinte, Lévi-Strauss continuou a publicar e experimentou considerável sucesso profissional. Em seu retorno à França ele se envolveu com a administração do CNRS e do Musée de l'Homme, até ocupar uma cadeira na quinta seção da École Pratique des Hautes Études, aquela de 'Ciências Religiosas' que havia pertencido previamente a Marcel Mauss e que Lévi-Strauss renomeou para "Religião Comparada de Povos Não-Letrados".
Apesar de bem conhecido em círculos acadêmicos, foi apenas em 1955 que Lévi-Strauss se tornou um dos intelectuais franceses mais conhecidos ao publicar Tristes Trópicos, livro autobiográfico acerca de seu exílio na década de 1930.
Morreu em 31 de outubro de 2009[1][2]. Foi o primeiro membro da Academia Francesa a atingir os 100 anos de idade.
Em 1959 Lévi-Strauss foi nomeado para a cadeira de Antropologia social do Collège de France. Por volta desse período publicou Antropologia estrutural, uma coleção de ensaios em que oferece tanto exemplos como manifestos programáticos do estruturalismo. Começou a organizar uma série de instituições e confrontos entre as visões existencialista e estruturalista que iria eventualmente inspirar autores como Pierre Bourdieu. É doutor honoris causa de diversas universidades pelo mundo. Apesar de aposentado, Lévi-Strauss continuava a publicar ocasionalmente volumes de meditações sobre artes, música e poesia, bem como reminiscências de seu passado.
[editar] Lévi-Strauss no Brasil
Na década de 30, mais precisamente de 1935 a 1939, Lévi-Strauss lecionou sociologia na recém-criada Universidade de São Paulo, juntamente com uma leva de professores franceses, entre eles: sua mulher Dina Lévi-Strauss, Fernand Braudel, Jean Maugüé e Pierre Monbeig.Junto com Dina, Strauss também excursionou por regiões centrais do Brasil, como Goiás, Mato Grosso e Paraná. Publicou o registro dessas expedições no livro Tristes Trópicos(1955), neste livro ele conta inclusive como sua vocação de antropólogo nasceu nessas viagens.Em uma de suas primeiras viagens, no norte do Paraná, Lévi teve seu esperado primeiro contato com os índios, no rio Tibagi, porém ficou decepcionado, ao ver que "os índios Tibagi não eram nem 'verdadeiros índios', nem 'selvagens'" (Lévi-Strauss 1957:160-161). Porém ao final do primeiro ano escolar (1935/1936), ao visitar os Kadiveu na fronteira com o Paraguai e os Bororo no Mato Grosso Central, lhe rendeu sua primeira exposição em Paris nas férias de (1936/1937), o que foi fundamental para entrada de Lévi-Strauss no meio etnológico francês. Em 1938 foi realizada uma expedição até os Nambikwara no Mato Grosso, porém, terminada antes do tempo devido a rumores políticos entre o patrocinador da expedição e o Gorverno Brasileiro, já que o mesmo era ligado ao Partido Socialista Francês. Essa missão também visitou os Bororo e os últimos representantes dos Tupi-Kaguahib do rio Machado, considerados desaparecidos, relata Lévi em Tristes Trópicos.
Após três anos no Brasil, Strauss voltou a França com o reconhecimento de etnólogo do meio, provando assim que o seu período no Brasil, foi uma peça fundamental na sua carreira e no seu crescimento profissional. Diz ele: "Um ano depois da visita aos Bororo, todas as condições para fazer de mim um etnógrafo estavam satisfeitas;"(Lévi-Strauss 1957:261).
[editar] Citações
“O antropólogo é o astrônomo das ciências sociais: ele está encarregado de descobrir um sentido para as configurações muito diferentes, por sua ordem de grandeza e seu afastamento, das que estão imediatamente próximas do observador.” Antropologia Estrutural, 1967.
[editar] Premiações
[editar] Condecorações
Grã-cruz da Ordem Nacional da Legião de Honra da França
Ordem Nacional do Mérito da França
Palmas Académicas da França
Ordem Artes e Letras da França
Ordem da Coroa da Bélgica
Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul do Brasil
Ordem do Sol Nascente do Japão
Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico do Brasil
Membro da Academia Francesa
Membro estrangeiro da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos
Membro da Academia Britânica
Memmro da Academia Real de Artes e Ciências dos Países Baixos
Membro da Academia Norueguesa de Ciências e Letras
[editar] Doutor Honorário
Universidade Livre de Bruxelas - (Bélgica)
Universidade de Chicago - (Estados Unidos)
Universidade de Columbia - (Estados Unidos)
Universidade de Harvard - (Estados Unidos)
Universidade Johns Hopkins - (Estados Unidos)
Universidade Laval - (Canadá)
Universidade Nacional Autônoma do México - (México)
Universidade de Montreal - (Canadá)
Universidade de Oxford - (Inglaterra)
Universidade de São Paulo - (Brasil)
Universidade de Stirling - (Escócia)
Universidade de Uppsala - (Suécia)
Universidade Visva Bharati - (Índia)
Universidade de Yale - (Estados Unidos)
Universidade Nacional do Zaire - (Zaire)
[editar] Bibliografia
Família e vida social dos índios Nambikwara (La vie familiale et sociale des indiens Nambikwara) - 1948
As estruturas elementares do parentesco - 1949
Raça e História - 1952
Tristes Trópicos - 1955
Antropologia Estrutural - 1963 e 1973 (2 volumes)
Toteísmo hoje - 1962
Pensamento selvagem - 1962
Mitológicas de I a IV
O cru e o cozido - 1964
Do mel às cinzas - 1966
A origem das maneiras à mesa - 1968
O Homem Nu - 1971
O Caminho das Máscaras - 1972
Ver a distância - 1983
Antropologia e Mito: Palestras - 1984
Veja, ouça, leia - 1993


Estruturalismo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa
O estruturalismo é uma corrente de pensamento nas ciências humanas que se inspirou do modelo da linguística e que apreende a realidade social como um conjunto formal de relações.
Índice[esconder]
1 Origem
2 O Curso de Saussure
3 Estruturalismo na Linguística
4 Estruturalismo na Antropologia
5 Estruturalismo na Filosofia da Matemática
6 Estruturalismo no pós-Guerra
7 Estruturalismo na Psicologia
8 Reações ao Estruturalismo
9 Representantes
10 Ligações externas
//
[editar] Origem
O termo estruturalismo tem origem no Cours de linguistique générale de Ferdinand de Saussure (1916), que se propunha a abordar qualquer língua como um sistema no qual cada um dos elementos só pode ser definido pelas relações de equivalência ou de oposição que mantém com os demais elementos. Esse conjunto de relações forma a estrutura.
O estruturalismo é uma abordagem que veio a se tornar um dos métodos mais extensamente utilizados para analisar a língua, a cultura, a filosofia da matemática e a sociedade na segunda metade do século XX. Entretanto, "estruturalismo" não se refere a uma "escola" claramente definida de autores, embora o trabalho de Ferdinand de Saussure seja geralmente considerado um ponto de partida. O estruturalismo é melhor visto como uma abordagem geral com muitas variações diferentes. Como em qualquer movimento cultural, as influências e os desenvolvimentos são complexos.
De um modo geral, o estruturalismo procura explorar as inter-relações (as "estruturas") através das quais o significado é produzido dentro de uma cultura. Um uso secundário do estruturalismo tem sido visto recentemente na filosofia da matemática. De acordo com a teoria estrutural, os significados dentro de uma cultura são produzidos e reproduzidos através de várias práticas, fenômenos e atividades que servem como sistemas de significação. Um estruturalista estuda atividades tão diversas como rituais de preparação e do servir de alimentos, rituais religiosos, jogos, textos literários e não-literários e outras formas de entretenimento para descobrir as profundas estruturas pelas quais o significado é produzido e reproduzido em uma cultura. Por exemplo, um antigo e proeminente praticante do estruturalismo, o antropólogo e etnógrafo Claude Lévi-Strauss analisou fenômenos culturais incluindo mitologia, relações de família e preparação de alimentos.
Lévi-Strauss explicou que os antônimos estão na base da estrutura sócio-cultural. Em seus primeiros trabalhos demonstrou que os grupos familiares tribais eram geralmente encontrados em pares, ou em grupos emparelhados nos quais ambos se opunham e se necessitavam ao mesmo tempo. Na Bacia Amazônica, por exemplo, duas grandes famílias construíam suas casas em dois semi-círculos frente-a-frente, formando um grande círculo. Também mostrou que os mapas cognitivos, as maneiras que os povos categorizavam animais, árvores, e assim por diante, eram baseados em séries de antônimos. Mais tarde em seu trabalho mais popular "O Cru e o Cozido", descreveu contos populares amplamente dispersos da América do Sul tribal como inter-relacionados através de uma série de transformações - como um antônimo aqui transformava-se em outro antônimo ali. Por exemplo, como o título indica, Cru torna-se seu oposto, Cozido. Esses antônimos em particular (Cru/Cozido) são simbólicos da própria cultura humana que, por meio do pensamento e do trabalho, transforma matérias-primas em roupas, alimento, armas, arte, idéias. Cultura, explicou Lévi-Strauss, é um processo dialético: tese, antítese, síntese.
Ao fazer estudos em literatura, um crítico estruturalista examinará a relação subjacente dos elementos ('a estrutura') em, por exemplo, uma história, ao invés de focalizar em seu conteúdo. Um exemplo básico são as similaridades entre 'Amor Sublime Amor' e 'Romeu e Julieta' . Mesmo que as duas peças ocorram em épocas e lugares diferentes, um estruturalista argumentaria que são a mesma história devido à estrutura similar - em ambos os casos, uma garota e um garoto se apaixonam (ou, como podemos dizer, são +AMOR) apesar de pertencerem a dois grupos que se odeiam (-AMOR), um conflito que é resolvido por suas mortes. Considere agora a história de duas famílias amigas (+AMOR) que fazem um casamento arranjado entre seus filhos apesar deles se odiarem (-AMOR), e que os filhos resolvem este conflito cometendo suicídio para escapar da união. Um estruturalista argumentaria que esta segunda história é uma 'inversão' da primeira, porque o relacionamento entre os valores do amor e dos dois grupos envolvidos foi invertido. Adicionalmente, um estruturalista argumentaria que o 'significado' de uma história se encontra em descobrir esta estrutura ao invés de, por exemplo, descobrir a intenção do autor que a escreveu.
[editar] O Curso de Saussure
Ferdinand de Saussure é geralmente visto como o iniciador do estruturalismo, especificamente em seu livro de 1916 'Curso de Linguística Geral'. Ainda que Saussure fosse, assim como seus contemporâneos, interessado em linguísticas históricas, desenvolveu no Curso uma teoria mais geral de semiologia (estudo dos signos). Essa abordagem se concentrava em examinar como os elementos da linguagem se relacionavam no presente ('sincronicamente' ao invés de 'diacronicamente'). Assim ele focou não no uso da linguagem (o falar, ou a parole), mas no sistema subjacente de linguagem (idioma, ou a langue) do qual qualquer expressão particular era manifestação. Enfim, ele argumentou que sinais linguísticos eram compostos por duas partes, um 'significante' (o padrão sonoro da palavra, seja sua projeção mental - como quando silenciosamente recitamos linhas de um poema para nós mesmos - ou sua realização física como parte do ato de falar) e um 'significado' (o conceito ou o que aquela palavra quer dizer). Era totalmente diferente das abordagens anteriores à linguagem, que se focavam no relacionamento entre palavras e as coisas que elas denominavam no mundo. Concentrando-se na constituição interna dos sinais ao invés da sua relação com os objetos no mundo, Saussure fez da anatomia, estrutura da linguagem, algo que pode ser analisado e estudado.
[editar] Estruturalismo na Linguística
O Curso de Saussure influenciou muitos linguistas no período entre aa I e a II Grandes Guerras. Nos EUA, por exemplo, Leonard Bloomfield desenvolveu sua própria versão de linguística estrutural, assim como fez Louis Hjelmslev na Escandinávia. Na França, Antoine Meillet e Émile Benveniste continuariam o programa de Saussure. No entanto, ainda mais importante, membros da Escola de Linguística de Praga como Roman Jakobson e Nikolai Trubetzkoy conduziram pesquisas que seriam muito influentes.
O mais nítido e mais importante exemplo do estruturalismo da Escola de Praga encontra-se na fonética (estudo dos fonemas). Ao invés de simplesmente compilar uma lista dos sons que ocorrem num idioma, a Escola de Praga procurou examinar como elas se relacionavam. Determinaram que o catálogo de sons em um idioma poderia ser analisado em termos de uma série de contrastes.
Por exemplo, em inglês as palavras 'pat' e 'bat' são diferenciadas devido ao contraste de sons do /p/ e do /b/. A diferença entre eles é que as cordas vocais vibram enquanto se diz um /b/ e não vibram quando se diz um /p/. Também no inglês existe um contraste entre consoantes pronunciadas e não-pronunciadas. Analisar sons em termos de características contrastantes também abre um espaço comparativo - deixa claro, por exemplo, que a dificuldade que falantes japoneses têm em diferenciar o /r/ do /l/ no inglês deve-se ao fato de esses dois sons não serem contrastantes em japonês. Enquanto essa abordagem é agora padrão em linguística, foi revolucionária na época. A fonologia viria a tornar-se a base paradigmática para o estruturalismo num diferente número de formas.
[editar] Estruturalismo na Antropologia
Claude Lévi-Strauss é o expoente da corrente estruturalista na Antropologia. Para fundá-la, Lévi-Strauss buscou elementos das ciências que, no seu entender, haviam feito avanços significativos no desenvolvimento de um pensamento propriamente objetivo. Sua maior inspiração foi a Lingüística estruturalista da qual faz constante referência, por exemplo, a Jakobson.
Ao apropriar-se do pensamento estruturalista para aplicá-lo à Antropologia, Lévi-Strauss pretende chegar ao modus operandi do espírito humano. Deve haver, no seu entender, elementos universais na atividade do espírito humano entendidos como partes irredutíveis e suspensas em relação ao tempo que perpassariam todo o modo de pensar dos seres humanos.
Nesta linha de pensamento, Lévi-Strauss chega ao par de oposições como elemento fundamental do espírito: todo pensamento humano opera através de pares de oposição. Para defender essa tese, Lévi-Strauss analisa milhares de mitos nas mais variadas sociedades humanas, encontrando modos de construção análogos em todas.
[editar] Estruturalismo na Filosofia da Matemática
Estruturalismo na matemática é o estudo de que estruturas dizem o que um objeto matemático é, e como a ontologia (estudo do Ser) dessas estruturas deveria ser entendida. É uma filosofia crescente dentro da matemática que não deixa de ter sua porção de críticos. Em 1965, Paul Benacerraf escreveu um ensaio intitulado: "O Que os Números Não Poderiam Ser." É um artigo seminal em estruturalismo matemático, num estranho modo de dizer: ele iniciou o movimento pela resposta que gerou. Benacerraf endereçou uma noção em matemática para tratar enunciados matemáticos em valor nominal, e nesse caso estamos comprometidos a uma abstrata e eterna esfera de objetos matemáticos. O dilema de Bernacerraf é como nós viemos a saber desses objetos se não nos encontramos em relação casual com os mesmos. Esses objetos são considerados casualmente inertes ao mundo. Outro problema levantado por Bernacerraf são as múltiplas teorias de grupos que existem através da redução de teoria elementar dos números para teoria de grupos. Decidir qual das teorias é verdadeira não foi praticável. Benacerraf concluiu em 1965 que números não são objetos.
A resposta às reivindicações negativas de Benacerraf é como o estruturalismo tornou-se um programa filosoficamente viável dentro da matemática. O estruturalismo responde a essas reivindicações negativas que a essência dos objetos matemáticos são relações em que os objetos sejam pacientes com as estruturas. Estruturas são exemplificadas em sistemas abstratos em termos de relações que contêm a verdade para aquele sistema.
[editar] Estruturalismo no pós-Guerra
Após a II Guerra Mundial, e particularmente nos anos 60, o estruturalismo emergiu à proeminência na França e foi a popularidade inicial do estruturalismo nesse país que o levou a se expandir pelo globo.
Durante as décadas de 40 e 50, o existencialismo como era praticado por Jean-Paul Sartre era o modo dominante. O estruturalismo rejeitava a noção existencialista de liberdade humana radical e, ao invés disso, concentrava-se na maneira que o comportamento humano é determinado por estruturas culturais, sociais e psicológicas. O mais importante trabalho nesse sentido foi o volume de 1949 de 'As Estruturas Elementares do Parentesco' de Claude Lévi-Strauss. Lévi-Strauss havia conhecido Jakobson durante sua estada em Nova Iorque durante a II Guerra Mundial e foi influenciado tanto pelo estruturalismo de Jakobson quanto pela tradição antropológica americana. Em 'Estruturas Elementares' ele examinou os sistemas de relações de parentesco de um ponto de vista estrutural e demonstrou o quanto organizações sociais aparentemente diferentes eram de fato permutações de algumas poucas estruturas de parentesco. No final dos anos 50 ele publicou 'Antropologia Estrutural', uma coleção de ensaios que delineavam seu programa para o estruturalismo.
No início dos anos 60 o estruturalismo como movimento começava a andar com suas próprias pernas e alguns acreditavam que isso ofereceu uma singular abordagem unificada da vida humana que poderia abraçar todas as disciplinas. Roland Barthes e Jacques Derrida se concentraram em como o estruturalismo poderia ser aplicado à literatura. Jacques Lacan (e, de outro modo, Jean Piaget) aplicaram o estruturalismo ao estudo da psicologia, combinando Freud e Saussure. O livro de Michel Foucault 'A Ordem do Discurso' examinou a história da ciência para estudar como estruturas de epistemologia (teoria da ciência) davam forma a como as pessoas imaginavam o conhecimento e o saber (apesar de que Foucault, mais tarde, negaria explicitamente uma pretensa afiliação com o movimento estruturalista). Louis Althusser combinou Marxismo com estruturalismo para criar seu próprio tipo de análise social. Outros autores na França e no exterior têm desde então estendido a análise estrutural a praticamente toda disciplina.
A definição de 'estruturalismo' também mudou como resultado de sua popularidade. Como sua popularidade como movimento passava por altos e baixos, alguns autores se consideravam 'estruturalistas' e logo depois abandonavam o rótulo. Adicionalmente, o termo teve significados levemente diferentes em inglês e em francês. Nos EUA, por exemplo, Derrida é considerado o paradigma do pós-estruturalismo enquanto na França é rotulado como estruturalista. Enfim, alguns autores escreveram em vários estilos diferentes. Barthes, por exemplo, escreveu livros claramente estruturalistas e outros que claramente não o eram.
[editar] Estruturalismo na Psicologia
O estruturalismo define a psicologia como ciência da consciência ou da mente, definição herdada de Wundt. Mostra-nos que a mente seria a soma dos processos mentais. Edward Titchener afirmava que cada totalidade psicológica compõe-se de elementos. O objetivo da psicologia seria a tarefa de descobrir quais são os elementos mentais, o conteúdo e a maneira pela qual se estrutura. Três parâmetros estão em relação ao objeto: "o que é?" - através da análise se chega aos componentes da vida mental; "o como?" - a síntese mostra como os elementos estão associados e estruturados e que leis determinam essas associações; e "o por quê?" - investiga a causa dos fenômenos. Titchener afirma que, embora o sistema nervoso não seja a causa da mente, pode ser usado para explicá-la.
Titchener considera que os elementos ou as unidades que compõem o conteúdo da mente são as sensações, as imagens, as afeições e os sentimentos. Usa-se a introspecção para chegar a eles, através de uma observação treinada e preparada para garantir os dois pontos essenciais de toda a observação: a atenção e o registro do fenômeno.
[editar] Reações ao Estruturalismo
Hoje o estruturalismo tem sido substituído por abordagens como o pós-estruturalismo e desconstrutivismo. Há muitas razões para isso. O estruturalismo tem sido frequentemente criticado por ser não histórico e por favorecer forças estruturais determinísticas em detrimento à habilidade de pessoas individuais de atuar. Enquanto a turbulência política dos anos 60 e 70 (e particularmente os levantes estudantis de maio de 68) começou a afetar a academia, questões de poder e briga política tornaram-se o centro das atenções da população. Nos anos 80, o desconstrutivismo e sua ênfase na ambiguidade fundamental da língua - ao invés de sua estrutura cristalina lógica - tornou-se popular. No final do século o estruturalismo era visto historicamente como uma importante escola de pensamento, mas eram os movimentos que ele gerou, e não o próprio estruturalismo, que detinham a atenção.

Decapitações executadas por jihadistas do Estado Islâmico


Um verdadeiro horror! Um estado de demência e crueldade, que nos conduz ao absurdo, antes de nos agitar a repugnância e de nos levar à revolta. É o regresso à barbárie e a assumção da glorificação da Besta. Os vândalos, emergindo da escuridão das trevas, matam homens, como se matam os porcos, num espetáculo degradante, grotesco, sórdido e macabro, exibido intencionalmente, a fim de provocar o medo e espalhar o terror.
Não pode haver lugar neste mundo, para quem promove, apoia e executa estas monstruosidades.

terça-feira, 3 de março de 2015

Cada um de nós tem um Kafka dentro de si


Só, como Franz Kafka
Kafka é o nome de um enigma que o próprio levou a vida inteira a tentar decifrar, tendo encontrado apenas “um mundo tremendo” dentro da sua cabeça, que ele legou como herança ao século que fez do “kafkiano” um lugar-comum.
Proferiu a pergunta a que um exército de exegetas irá tentar responder: “‘Quem sou eu, afinal?’”. Esta pergunta teve respostas diferentes, nunca faltou Kafka para todos os gostos: o santo, o culpado, o funcionário renitente, o homem que tinha “um mundo tremendo na sua cabeça”.
António Guerreiro

***«» ***
 Cada um de nós tem um Kafka dentro de si

Em Kafka, tal como em Fernando Pessoa, a obra literária, muito densa, profunda e intimista, confunde-se com o seu criador.
Aliás, Kafka e Pessoa percorreram caminhos comuns, nas suas vidas. Ambos viveram a fase adulta, nas duas primeiras décadas do século XX, um período marcado pela Primeira Guerra Mundial e pelo aparecimento do movimento modernista, na literatura e nas artes. Ambos eram indivíduos solitários e tímidos, com uma grande dificuldade de se relacionar com as mulheres. Ambos assumiram uma visão decadentista do Homem, do mundo e da sociedade. Ambos morreram precocemente. Ambos construíram um mundo de pesadelos. Ambos deixaram muitos escritos por publicar ou inacabados. Ambos, sem qualquer premeditação ou intencionalidade, criaram o mito à volta da sua vida e da sua obra literária. Ambos desencadearam, posteriormente à sua morte, grandes polémicas em relação ao seu posicionamento político. Ambos, como mais nenhuns outros escritores, despertaram tanto interesse aos críticos e aos investigadores literários. Ambos alcançaram o estatuto de génios da literatura. 
E, depois disto tudo, chega-se à conclusão de que o mundo Kafkiano e o mundo pessoano ainda têm muito para descobrir.
AC