António Costa a transportar o leite da Alemanha |
Os dirigentes do PS não podem apenas culpar
António Costa. Têm também de se culpar a si próprios, pois continuam a pensar e
a agir como se fosse possível resolver a quadratura do círculo. Ou seja,
continuam a pensar que será possível, no plano mediático, e para o eleitor
consumir, manter o partido numa posição equidistante, em relação ao PSD, por um
lado, e ao PCP e ao BE, por outro. Esse equilibrismo político já não é
possível, pois o quadro social eleitoral alterou-se com a crise dos últimos
quatro anos.
O eleitorado tradicional do PS, principalmente o colocado mais à esquerda, e que se integra na classe média, uma classe social que foi severamente castigada com as medidas de austeridade, impostas pelo governo PSD/CDS, já não se contenta com os eloquentes discursos, feitos de lugares comuns, e que de substancial nada dizem, ou dizem pouco. Acusar o governo de ter empobrecido o país e, em contrapartida, não apresentar um projeto credível e objetivo para inverter a situação, não é suficientemente apelativo. Dizer que o PS vai fazer uma política diferente da do governo da coligação de direita, e omitir a questão do Tratado Orçamental e a magna questão da dívida pública, que é necessário e urgente renegociar e reestruturar, é entendido pela opinião pública como mais uma grande mentira.
O eleitorado tradicional do PS, principalmente o colocado mais à esquerda, e que se integra na classe média, uma classe social que foi severamente castigada com as medidas de austeridade, impostas pelo governo PSD/CDS, já não se contenta com os eloquentes discursos, feitos de lugares comuns, e que de substancial nada dizem, ou dizem pouco. Acusar o governo de ter empobrecido o país e, em contrapartida, não apresentar um projeto credível e objetivo para inverter a situação, não é suficientemente apelativo. Dizer que o PS vai fazer uma política diferente da do governo da coligação de direita, e omitir a questão do Tratado Orçamental e a magna questão da dívida pública, que é necessário e urgente renegociar e reestruturar, é entendido pela opinião pública como mais uma grande mentira.
Já se percebeu que António Costa não pretende
alterar a política atual, em relação às instâncias europeias. Ele é um
europeísta convicto, tal como o são António Seguro e Passos Coelho. Percebeu-se
que ele não tem nenhuma intenção de contrariar tudo aquilo que seja decidido em
Bruxelas e em Berlim. Mas as pessoas também já perceberam, até pelo tratamento
arrogante e ditatorial assumido pelos dirigentes europeus, em relação à Grécia,
que os donos políticos desta Europa não estão minimamente interessados em
alterar a sua política de austeridade e de empobrecimento. Parte do eleitorado
está mais informado sobre as questões económicas e políticas da Europa, e,
também, alarga-se o número de portugueses que já começam a perceber que estas
políticas de austeridade são inimigas do desenvolvimento económico e que não
levam a lado nenhum, pois a colossal dívida pública externa será impossível de pagar. Os eleitores, que já
percebem isto, não irão votar em António Costa. Os eleitores que anteriormente
votaram no PSD e que agora estão descontentes, não vislumbrarão vantagens em
votar no PS, recusando assim o ritual da alternância do voto, o chamado voto flutuante,
ao centro. Os eleitores do PS, mais à esquerda, e que pretendem uma efetiva
mudança política, que se afirme convictamente anti-austeritária, ou irão exilar-se na abstenção ou votarão em partidos da verdadeira esquerda. E é esta
quadratura do círculo que os dirigentes do PS e António Costa não conseguem
resolver, a não ser que ocorra uma revolução dentro deste partido, que conduza
a uma maior radicalização em relação à Europa e a uma aproximação sincera e
transparente ao PCP e ao BE, coisa em que eu não acredito.
1 comentário:
Pelo sonho acordado
é que vamos
Abraço
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