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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Quem dá aos pobres, empresta a deus...

Imagem retirada do Ponte Europa
... E o padre era pobre!...

Agradecimento


O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento ao ferranho, pela sua decisão de se inscrever como amigo/seguidor deste blogue.

FNAM: O Ministério da Saúde lança ofensiva demagógica e ilegal

FEDERAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS


O Ministério da Saúde lança ofensiva demagógica e ilegal
nos Centros de Saúde
Recentemente a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) tomou a iniciativa de desencadear medidas em vários agrupamentos de Centros de Saúde em torno daquilo a que chamou expurgar das listas dos médicos de família os utentes que há mais de 3 anos não tenham utilizado os respectivos serviços.
Para os lugares deixados aparentemente em aberto seriam inscritos novos utentes que não dispõem de médico de família.
Não se trata de uma iniciativa inédita, dado que há vários anos iniciativas similares têm vindo a ser pontualmente experimentadas sem que seja possível identificar resultados práticos significativos.
A questão que importa desde já destacar é que uma medida deste tipo é desencadeada de forma autocrática e sem qualquer sustentação técnica, o que implica estarmos perante uma mera atitude mediática de propaganda e cosmética política, por parte desta estrutura de nomeação ministerial.
Há largo tempo que a FNAM vem insistindo na necessidade de ser desenvolvido um programa nacional de registo e gestão dos utentes do SNS, de modo a serem corrigidos múltiplos casos de inscrições simultâneas no mesmo ou em vários Centros de Saúde, óbitos não assinalados, emigrantes, … etc.
Na era da “sociedade da informação e do conhecimento”, a manutenção desta situação de ausência de registos centralizados é já escandalosa.
Perante tais iniciativas da citada ARS e que, não temos dúvidas, serão rapidamente estendidas a nível nacional, a FNAM vem denunciar as seguintes questões:

1. A medida prioritária deveria ser a criação de uma base de dados em torno de um registo nacional dos utentes, o que não permitiria duplicações de inscrições e a não actualização dos óbitos.
Expurgar utentes das listas pela não utilização dos serviços ao fim de 3 anos não tem qualquer justificação.
A lista de utentes tem esta definição bem precisa: tratam-se de listas de utentes e não de doentes.
A resolução desta situação arcaica ao nível da gestão das bases de dados na globalidade dos Centros de Saúde coloca como necessidade inadiável uma intervenção estrutural no sistema de informação.

2. Nesta acção de expurgar os não utilizadores, a citada ARS estabelece que o “expurgado” ficaria afecto ao mesmo médico em cuja lista estava inscrito, podendo a todo o momento activar a sua anterior inserção na respectiva lista quando voltasse a marcar consulta.
Ora, este aspecto é, desde logo, revelador dos reais objectivos desta medida.
Aquilo que está a ser implementado é um aumento ilegal e indiscriminado das listas de utentes dos médicos de família, para daqui a umas semanas o Governo vir dizer que diminuiu em algumas centenas de milhar os cidadãos sem médico de família.

3. São conhecidas as crónicas carências de médicos de família nos Centros de Saúde que nos últimos 2 anos foram substancialmente agravadas com a aposentação prematura de largas centenas de médicos de família em todo o país.
Mesmo com este quadro deficitário agravado, o Ministério da Saúde e as suas ARSs continuam a não abrir concursos para colocar os especialistas mais jovens que continuam a ser preteridos e a estarem em condições contratuais e salariais deploráveis.

4. Simultaneamente, e apesar das recomendações da Troika, que até são tão invocadas pelo Governo para aquilo que lhe convém, continua a ser obstruída de forma deliberada a criação de mais USF (Unidades de Saúde Familiares).

5. A estas acções da ARS LVT importa acrescentar que há cerca de uma semana e meia decidiu impor o aumento ilegal e indiscriminado do número de utentes inscritos nas listas dos médicos de família.
Nesta situação concreta estamos já no domínio da ilegalidade, tendo em conta que o enquadramento laboral dos médicos de família estipula limites máximos para as listas.

Perante as situações denunciadas, a FNAM alerta a opinião pública para a mistificação em curso que está a destruir toda a medicina familiar e o papel central dos Centros de Saúde na promoção da saúde e na prevenção da doença.
Ao contrário do que possa parecer seria instalado o caos nos Centros de Saúde e tornado o acesso aos cuidados de saúde ainda mais limitado.
Quanto às ilegalidades em curso, a FNAM desencadeará todas as medidas judiciais de responsabilização dos nomeados políticos ministeriais

Lisboa, 28/2/2012
A Comissão Executiva da FNAM

Por imposição da Troika, o governo vai emitir um novo cartão.

Imagem retirada do blogue Ponte Europa
O novo cartão não serve para fazer levantamentos nem pagamentos nas caixas Multibanco.

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à Margarida Afonso, pela sua decisão de se inscrever como amiga/seguidora deste blogue.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Agrdecimento

É uma honra para mim aceitar a inscrição como seguidor do Alpendre da Lua do blogue DEMOCRACIA PARTICIPATIVA, por iniciativa do seu editor António Batista.
DEMOCRACIA PARTICIPATIVA, cuja leitura aconselho, é um blogue de elevada qualidade, cujas publicações abordam com rigor e clarividência temas ligados à política e à economia, sob um prisma que se encontra lapidarmente tipificado na sua legenda: "A DEMOCRACIA EXISTE QUANDO OS INTERESSES DO SEU POVO SÃO DEFENDIDOS E RESPEITADOS".

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Agradecimento


O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento ao Miro, pela sua decisão de se inscrever como amigo/seguidor deste blogue.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Notas do meu rodapé: A falsidade do paradigma neoliberal

O dinheiro à grande e à portuguesa [Inteiro]

Vídeo retirado do blogue Democracia Participativa
*
Um filme incontornável, extremamente didático e apoiado numa argumentação coesa e insofismável. Compreender a composição do dinheiro, que, da sua original função utilitária, como medida de valor e como meio de troca, se transformou numa perversa mercadoria virtual, a sustentar um poder fático totalitário, é essencial para perceber a atual desordem financeira, provocada pela dívida, e a natureza fascista do capitalismo financeiro internacional, que tem como objetivo único, a nível planetário, promover a transferência da riqueza dos países pobres ou menos ricos para os centros financeiros dos países mais ricos, e, em cada país, através de governos cúmplices e servis, transferir os rendimentos do trabalho para os rendimentos do capital.
Do texto do filme, destaco aquela parte que se refere à natureza do atual paradigma da ordem financeira mundial, que, devido, ao seu exorbitante poder, acaba por ser determinante na formatação do modelo político e económico:
"Eis o poder de alguns paradigmas: O pior efeito de alguns paradigmas é quando um modelo de um comportamento, aparentemente inquestionável nos limita a maneira de pensar e de viver. E de todos os paradigmas que hoje nos formatam o quotidiano, o que está associado ao dinheiro é talvez aquele que mais nos molda e, ao mesmo tempo, aquele que mais nos torna alienados".
E, na realidade, o homem contemporâneo, que se julgava livre, como a democracia exige, transformou-se num escravo, como qualquer totalitarismo impõe. Vive-se um tempo de pensamento único, que até permitiu o atrevimento de alguém proclamar "o fim da História", como se, para além deste pensamento, todas as ideias não concordantes não passassem de afloramentos estéreis de alguns mentecaptos. O paradigma posto em prática a partir do último quartel do século passado transformou-se numa nova religião, endeusando o mercado, o lucro especulativo, o consumo desmedido e o dinheiro. Todas as máquinas de propaganda, que os novos meios técnicos proporcionam, quer direta ou indiretamente, quer objetivamente ou subliminarmente, quer através de uma informação distorcida ou das mensagens veiculadas pelo entretenimento alienante, trabalharam para esse fim, tentando transformar o cidadão num agente passivo, que apenas reagisse pavloviamente aos estímulos, constantemente produzidos.
Mas como o paradigma está errado, o sistema começa a abrir brechas, que os seus engenheiros não conseguem reparar. O sistema está no fim, mas na sua lenta agonia vai arrastar milhões de pessoas para  tragédia. Como ensina a História, dos escombros nascerá uma Nova Ordem. Esperamos que mais justa.
AC

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Óbvio!...



João Proença disse à ‘troika’ que Portugal não é a Grécia e ‘troika’ disse a João Proença que já sabe disso, pois os gregos lutam contra as medidas da ‘troika’.
A ‘troika’ reuniu-se com Seguro e Proença (toma, Poul Thomsen, após 6 horas com estes dois tipos que têm o carisma de uma lata de sangacho de atum, já sabes o que os portugueses sofrem!).

Proença disse que o encontro da UGT e ‘troika’ serviu “para nos ouvirmos mutuamente”, mas não disse que deve ter acabado como as reuniões com o governo e CIP “fazendo o que a ‘troika’ quer“. Proença avisou que “Portugal não é a Grécia“, tendo Thomsen dito que “sei disso, se estivesse reunido com um sindicalista grego, já tinha um tiro no meio da testa!“. Já o líder da CGTP reuniu-se com Miguel Relvas, que o olhava aterrado, como se falasse com o Hannibal Lecter! Relvas tem razão para ter medo, Arménio é muito pior que Carvalho da Silva. Arménio Carlos é homem para abandonar uma Concertação Social, mesmo que esta seja feita num quarto de hotel, sendo a representante da CIP a Helena Coelho e a representante do governo a Luísa Beirão! AM
O Inimigo Público
http://inimigo.publico.pt/Noticia/Detail/1535085

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Carta de um amigo, acompanhada por uma dissertação sobre História - Gertudes da Silva

Amigo Castro

Atrasei-me um pouco, eu sei, na resposta àquela tua mensagem em que me remetias para o teu blogue e a propósito do vídeo que para ti reencaminhei sobre uma hipotética III Guerra Mundial lá para Julho/Agosto deste ano.
Logo de imediato comecei a teclar um comentário ao que tu ali formulavas, para te dar os parabéns e etc. e tal, mas apercebi-me que às tantas, onde é que já ia os espaço razoável para um local como é um blogue.
E então resolvi, e suponho que bem, com um pouco mais de vagar tecer mais algumas desenvolvidas considerações, que a qualidade do teu comentário bem merecia e pedia da parte de quem, não sendo praticante, andou lá pelos caminhos da História.
Fi-lo em jeito de provocação, que tenho a certeza vais tomar no melhor dos sentidos.
E, na passada, vou aproveitar, e vai ser já a seguir, para enviar este meu pequeno(grande de mais, dirás tu) a outros amigos, alguns dos quais até são comuns, e a outros que não o sendo (comuns) são companheiros fieis do 25 de Abril
E um abraço
Diamantino
***
EM JEITO DE PROVOCAÇÃO

Que é como eu gosto: assim, em jeito de provocação. E esta vai direitinha para um amigo com quem falo – é mesmo falo, do verbo falar –, infelizmente, nem tudo são virtudes, quase só através das vias de comunicação da Net.
Esse meu amigo tem um blogue – sim, é rico – para onde ele remete uma ou outra “tolice” que de vez em quando me sai da cabeça e com ele me atrevo a partilhar, trabalho não pago, mas altamente remunerador sempre que ele ali publicamente me identifica como amigo, coisa que muito me honra, como escritor, ora vejam!, coronel reformado e capitão de Abril – e deste último título é que gosto mais –, e até me admira que àqueles não acrescente o de doutor ou de licenciado, por em tempos idos me ter metido na aventura de frequentar com algum sucesso o Curso de História na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Estão a ver no que dão estas vaidades pessoais. Por causa disso até já me esquecia de vos deixar o endereço do tal blogue do meu amigo, e então aí vai ele, http://alpendredalua.blogspot.com e que se chama Alexandre Castro, um tipo “às esquerdas”, logo verão quando o conhecerem melhor.
E vem tudo isto a propósito – não, disto não me esquecia – de um comentário muito bem desenvolvido e fundamentado que ele lançou no seu blogue acerca de um vídeo que anda por aí no YouTube e mais por onde calha com o intrigante título de “A III Guerra mundial começará em Julho ou Agosto de 2012”, coincidência ou não, no mesmo ano em que uns adventistas e ou apocalipticistas – que agora a coisa ficou outra vez para os milenaristas – que andam por aí a anunciar aos quatro ventos, mais e mais uma vez, que o mundo vai acabar.
Vai acabando, vai, para alguns dos nossos mais queridos amigos, como aconteceu ainda há poucos dias com o grande companheiro Mário Brandão Rodrigues dos Santos (sim, tio do jornalista/escritor José Rodrigues dos Santos), um genuíno capitão de Abril, sempre e até ao fim dos seus dias neste mundo, e a quem quero deixar aqui a minha modesta mas pública homenagem. Acompanhei-o até àquela que dizem ser a última morada que nem por isso é dada de graça, é preciso comprá-la como quase tudo, isto se não quisermos ir para a vala comum de todos os indigentes deste mundo. Como vai acabando para muitos e muitos milhares de seres humanos em cada hora de cada dia por esse mundo fora por muitas e variadas razões – que a morte, de tão envolvida em mistério, carece sempre de uma explicação –, e ainda vá que não vá quando são invocadas razões naturais, não cabendo nestas as resultantes de guerras, as provocadas pelas iníquas desigualdades sociais, nem as calamidades que advêm das criminosas agressões da Natureza levadas a cabo pela ganância dos homens, que tendo aparecido aqui há uns poucos minutos, já se sentem os senhores, se não, até, os criadores e donos do mundo.
Mas, afinal, do que é que eu vinha a falar? Ah!, já sei: do meu amigo Alexandre, o tal que tem um blogue, onde incluiu o tal vídeo sobre uma hipotética 3ª Guerra mundial e acerca do qual teceu um interessantíssimo comentário. E é tal a evidência dos argumentos por ele para ali carreados que, assim, logo à primeira vista, se afiguram absolutamente inatacáveis. Que é o que normalmente acontece quando trazemos para a análise dos factos da actualidade o peso e o “respeito” – alto aí!... – dos acontecimentos passados.
Só que a História, menos ainda que outras disciplinas ditas científicas não se pode vangloriar de intocável objectividade, pelo que todo o cuidado é pouco quando com ela lidamos.
Por isso, e pelo já referido peso argumentativo e de convencimento é que ela é tantas e tantas vezes reescrita, e até virada do avesso, conforme os interesses dos regimes políticos, sempre a lançarem mão de cronistas e historiadores de serviço, não custa nada, o que lá vai lá vai, a história faz-se com base em vestígios e documentos que estão ali, quietos e calados, à espera de quem os estude e faça a sua interpretação, tarefa esta, é preciso disso termos a noção, se nos deixamos ir na onda dos interesses, muito semelhante à hermenêutica de qualquer advogado, que tanto lhe dá para salvar da prisão um inocente indiciado como inocentar o criminoso mais encartado, tudo muito justo, lindo e civilizado, princípio bom, o da presunção da inocência até ao trânsito em julgado, quando o que está em jogo é o montante da maquia, não importando donde vem o dinheiro – como diria a Madre Teresa – e que, se pensarmos um pouco no que vamos vendo por aí, só serve verdadeiramente para os afortunados.
E tudo isto para quê? Pois, no que à história diz respeito, para legitimar o poder emergente ou já instalad; e não nos esqueçamos que o poder – não será tão simples assim, eu sei – é a chave fundamental para a interpretação de quase tudo o que aconteceu e vai acontecendo tanto a nível mundial, como nacional como, até, no interior das nossas próprias casas.
Soa a provocação, não é? E é mesmo. Um exercício, aliás, que pratico mesmo que o meu interlocutor seja um livro ou uma simples folha de jornal. Ainda há dias, sem sequer pensar ainda que viria para aqui “refilar” com o meu amigo, ao ler um pequeno artigo do historiador Paulo Varela Gomes, com o título “Oito e meio” no P2 do “Público” de 4 de Fevereiro, no qual procura apresentar as raízes históricas dos comportamentos e idiossincrasias de alguns povos mais nossos conhecidos, como obedecendo a um impulso, logo escrevinhei na margem da folha do dito jornal o seguinte comentário, que também serve para aquilo de que venho aqui falando: «Percebe-se bem onde quer chegar. Mas, no que respeita aos argumentos históricos utilizados, deixa ficar muitas dúvidas», o que não tem mal nenhum, pois para o conhecimento só as dúvidas é que são frutuosas.
E era isto, mais ou menos, o que queria dizer ao meu amigo Alexandre. Em jeito de provocação, como logo no início avisei. Quem me conhece sabe bem que tenho uma intrínseca tendência para me pôr no lugar “do contra” ou, se quiserem, de fazer de advogado do diabo.
A história, suponho eu, não nos ensina. A história, quando muito, e aí já faz mais que Deus, dá-nos umas dicas e uma ou outra orientação, e só por isso já é uma grande ajuda. Nem nos permite fazer prognósticos para o futuro. Razão tinha o mestre João Pinto quando afirmava com toda a convicção que, prognósticos, só no final do jogo.
Mas nada disto diminui a sua importância. E nas suas fraquezas não está sozinha. Veja-se o que se passa com outras ciências tidas por bem mais exactas, mas, porque humanas, como é o caso da economia, mesmo socorrendo-se em maior medida das matemáticas, traça cenários e faz previsões para, logo a seguir, entrar num corrupio de revisões, em alta, em baixa, conforme calha ou dá mais jeito a quem fez a encomenda do serviço.
Dicas e orientações que, mesmo assim, devem ser aproveitadas, delas sabendo tirar o devido partido os sábios e os verdadeiros lideres – dos falsos está cheia não o inferno mas a União Europeia –, ao contrário dos néscios que põem os destinos do mundo nas mãos de cientistas e de tecnocratas seus apaniguados, esquecendo-se, ou não sabendo mesmo, que os verdadeiros agentes e motores da história continuam a ser os povos que habitam, labutam, gozam, sofrem e morrem neste lindo planeta azul, que é assim que a ele se referem os que já tiveram a fortuna de o poderem observar longe de todos os ruídos e demais poluições de todo o género, lá das siderais alturas.
E para provocação, hoje suponho que já basta.

Viseu, 09/02/12

Gertrudes da Silva
***
Obrigado, amigo Diamantino, pelo elogio, e também pela provocação, que eu entendo mais como uma brilhante dissertação sobre a falibilidade da interpretação dos factos históricos, que, quando se repetem, ou são uma tragédia ou uma comédia.
Um abraço
Alexandre

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

NOVO CARRO ELÉCTRICO PORTUGUÊS - Reportagem sobre o VEP da Escola Superior de Tecnologia de Viseu

Vídeo da TVI, enviado pelo João Fráguas.
***
Nas universidades portuguesas, os investigadores, cada vez mais, descobrem soluções inovadoras nos mais diversos campos das ciências e das tecnologias. Os empresários e os industriais portugueses, avessos ao risco e canhestros no empreendedorismo, de que tanto se fala, não pegam nas ideias. Preferem investir o seu dinheiro nas atividades de lucro fácil, imediato e garantido. Não tenho qualquer dúvida que aqueles jovens estudantes de Viseu, que conceberam um eficiente motor elétrico para automóveis, irão vender o seu talento e o seu trabalho a um país mais avançado, que saiba aproveitar as suas elevadas competências técnicas e desevolver o seu projeto, potencialmente exequível, no plano industrial, e garantindo, a nível económico, um grande valor acrescentado. E andam-nos a vender a ideia de que Portugal vai no bom caminho, quando se perdem, impunemente, oportunidades destas!

Imaginando o futuro em 1954

*
Acertaram quase em tudo. No entanto, enganaram-se no formato dos botões dos televisores do futuro, na máqina de lavar a louça, sem água e sabão, e, acima de tudo, esqueceram-se do computador Magalhães.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O Latim também é uma língua traiçoeira!...


'ADEMUS AD MONTEM FODERE PUTAS
CUM PORRIBUS NOSTRUS'

Tradução:
'VAMOS À MONTANHA PLANTAR BATATAS
COM AS NOSSAS ENXADAS'

Mulher-pêra desfilou completamente nua

Suéllen Rocha desfilou em São Paulo -DN
Não usou plumas, nem máscara, nem sequer um fio dental: a brasileira Suéllen Rocha, conhecida como a Mulher-Pêra, desfilou na primeira noite de Carnaval em São Paulo apenas com o corpo pintado e uma fina corrente de ouro na cintura.
O próximo passo vai ser ver o seu nome no Guiness como a "menor fantasia" de sempre: "Vai ser uma glória", comentou ao site do Globo a modelo e cantora de 25 anos que foi convidada a desfilar no sambódromo pelo estilista Denis Moraes, que concebeu o "fato".
Suéllen Rocha desfilou com a escola Águia de Ouro. "Primeiro fiquei um pouco receosa de sair assim, sem nada. Depois eu pensei no assunto e achei muito legal. Agora estou adorando. Dançar com roupa machuca, às vezes aperta." E conclui: "Eu adoro dançar pelada. Estou linda, leve e solta."
Diário de Notícias
***&***
Eu apenas quero comer a pêra...

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Opinião: A trapeira do Job - por António Barreiros, advogado

Mário Soares a assinar a adesão de Portugal à CEE
Isto que eu vou dizer vai parecer ridículo a muita gente. Mas houve um tempo em que as pessoas se lembravam, ainda, da época da infância, da primeira caneta de tinta-permanente, da primeira bicicleta, da idade adulta, das vezes em que se comia fora, do primeiro frigorífico e do primeiro televisor, do primeiro rádio, de quando tinham ido ao estrangeiro. Houve um tempo em que, nos lares, se aproveitava para a refeição seguinte o sobejante da refeição anterior, em que, com ovos mexidos e a carne ou peixe restante, se fazia "roupa velha". Tempos em que as camisas iam a mudar o colarinho e os punhos do avesso, assim como os casacos, e se tingia a roupa usada, tempos em que se punham meias-solas com protectores. Tempos em que ao mudar-se de sala se apagava a luz, tempos em que se guardava o "fatinho de ver a Deus e à sua Joana". E não era só no Portugal da mesquinhez salazarista. Na Inglaterra dos Lordes, na França dos Luíses, a regra era esta. Em 1945 passava-se fome na Europa, a guerra matara milhões e arrasara tudo quanto a selvajaria humana pode arrasar. Houve tempos em que se produzia o que se comia e se exportava. Em que o País tinha uma frota de marinha mercante, fábricas, vinhas, searas. Veio depois o admirável mundo novo do crédito. Os novos pais tinham como filhos uns pivetes tiranos, exigindo malcriadamente o último modelo de mil e um gadgets e seus consumíveis, porque os filhos dos outros também tinham. Pais que se enforcavam por carrões de brutal cilindrada para os encravarem no lodo do trânsito e mostrarem que tinham aquela extensão motorizada da sua potência genital. Passou a ser tempo de gente em que era questão de pedigree viver no condomínio fechado, e sobretudo dizê-lo, em que luxuosas revistas instigavam em couché os feios a serem bonitos, à conta de spas e de marcas, assim se visse a etiqueta, em que a beautiful people era o símbolo de status como a língua nos cães para a sua raça. Foram anos em que o Campo se tornou num imenso ressort de Turismo de Habitação, as cidades uma festa permanente, entre o coktail party e a rave. Houve quem pensasse até que um dia os Serviços seriam o único emprego futuro ou com futuro. O país que produzia o que comíamos ficou para os labregos dos pais e primos parolos, de quem os citadinos se envergonhavam, salvo quando regressavam à cidade dos fins de semana com a mala do carro atulhada do que não lhes custara a cavar e às vezes nem obrigado. O país que produzia o que se podia transaccionar, esse, ficou com o operariado da ferrugem, empacotados como gado em dormitórios, e que os víamos chegar mortos de sono logo à hora de acordarem, as casas verdadeiras bombas-relógio de raiva contida, descarregada nos cônjuges, nos filhos, na idiotização que a TV tornou negócio. Sob o oásis dos edifícios em vidro, miragem de cristal, vivia o mundo subterrâneo de quantos aguentaram isto enquanto puderam, a sub-gente. Os intelectuais burgueses teorizavam, ganzados de alucinação, que o conceito de classes sociais tinha desaparecido. A teoria geral dos sistemas supunha que o real era apenas uma noção, a teoria da informação substituía os cavalos-força da maquinaria pelos megabytes de RAM da computação universal. Um dia os computadores tudo fariam, o Ser-Humano tornava-se um acidente no barro de um oleiro velho e tresloucado que, caído do Céu, morrera pregado a dois paus, e que julgava chamar-se Deus, confundindo-se com o seu filho e mais uma trinitária pomba. Às tantas, os da cidade começaram a notar que não havia portugueses a servir à mesa, porque estávamos a importar brasileiros, que não havia portugueses nas obras, porque estávamos a importar negros e eslavos. A chegada das lojas-dos-trezentos já era alarme de que se estava a viver de pexibeque, mas a folia continuava. A essas sucedeu a vaga das lojas chinesas, porque já só havia para comprar «balato». Mas o festim prosseguia e à sexta-feira as filas de trânsito em Lisboa eram o caos e até ao dia quinze os táxis não tinham mãos a medir. Fora disto, os ricos, os muito ricos, viram chegar os novos ricos. O ganhão alentejano viu sumir o velho latifundário absentista pelo novo turista absentista com o mesmo monte mais a piscina e seus amigos, intelectuais, claro, e sempre pela reforma agrária, e vai um uísque de malte, sempre ao lado do povo, e já leu o New Yorker? A agiotagem financeira, essa, ululava. Viviam do tempo, exploravam o tempo, do tempo que só ao tal Deus pertencia, mas, esse, Nietzsche encontrara-o morto em Auschwitz. Veio o crédito ao consumo, a Conta-Ordenado, veio tudo quanto pudesse ser o ter sem pagar. Porque nenhum Banco quer que lhe devolvam o capital mutuado, quer é esticar ao máximo o lucro que esse capital rende. Aguilhoando pela publicidade enganosa os bois que somos nós todos, os Bancos instigavam à compra, ao leasing, ao renting, ao seja como for desde que tenha e já, ao cartão, ao descoberto-autorizado. Tudo quanto era vedeta deu a cara, sendo actor, as pernas, sendo futebolista, ou o que vocês sabem, sendo o que vocês adivinham, para aconselhar-nos a ir àquele Balcão bancário buscar dinheiro, vendermos-nos ao dinheiro, enforcarmos-nos na figueira infernal do dinheiro. Satanás ria. O Inferno começava na terra. Claro que os da política do poder, que vivem no pau de sebo perpétuo do fazer arrear, puxando-os pelos fundilhos, quantos treparam para o poder, querem a canalha contente. E o circo do consumo, a palhaçada do crédito servia-os. Com isso comprávamos os plasmas mamutes onde eles vendiam à noite propaganda governamental e, nos intervalos, imbelicidades e telefofocadas, que entre a oligofrenia e a debilidade mental a diferença é nula. E, contentes, cretinamente contentinhos, os portugueses tinham como tema de conversa a telenovela da noite, o jogo de futebol do dia e da noite e os comentários políticos dos "analistas" que poupavam os nossos miolos de pensarem, pensando por nós. Estamos nisto. Este fim-de-semana a Grécia pode cair. Com ela a Europa. ( Ainda não foi desta! ) Que interessa? O Império Romano já caiu também e o mundo não acabou. Nessa altura, em Bizâncio, discutia-se o sexo dos anjos. Talvez porque Deus se tivesse distraído com a questão teológica, talvez porque o Diabo tenha ganho aos dados a alma do pobre Job na sua trapeira. O Job que somos grande parte de nós.
António Barreiros, advogado
Amabilidade do João Fráguas, que enviou este texto.
***&***
Este é o outro lado da crise. Ou melhor, o seu dramático complemento, inserido, ao nível das mentalidades e dos comportamentos, num contexto sociológico e psicológico complexo. Durante trinta anos, a sociedade portuguesa viveu a sublimar recalcamentos antigos, que a pobreza e o subdesenvolvimento engendraram. Tudo parecia demasiadamente fácil. E foi! Só que não houve o bom senso de perceber que ninguém dá nada de graça a ninguém. Tudo se paga, excepto o ar que se respira e o sol que nos aquece. Ainda me lembro, quando da adesão formal à então CEE, da euforia da corrida à compra das chapas das matrículas para os automóveis, com as doze estrelinhas amarelas em círculo, que só eram exigidas para os veículos novos, comportamento anedótico a marcar a nossa proverbial pacovice saloia.  E de um momento para outro acordámos, incrédulos, com um enorme pesadelo. À depressão coletiva, que a medicina caseira não conseguiu curar, poderá seguir-se a loucura esquizofrénica, pois o tratamento com doses cavalares, administradas pela troika, está a produzir efeitos contrários aos anunciados. Oxalá que a loucura não resvale para o suicídio.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

o meu gineceu - por Cristina Ruivo


Almada Negreiros
Vivi uma infância matriarcal, acalentada não só pelas minhas avós, como por outras mulheres da família cuja ternura e dedicação eram, sem qualquer distinção, igualmente de segundas-mães. Tornei-me mulher. Uma (ainda pequenina) mulher amadurecida ao sol de cada personalidade, de cada vontade e credo, por cada uma daquelas cinco vidas.
A primeira a falecer não me surpreendeu dada a condição de saúde. Despedi-me dela, semanas antes, com fortes apertos nas já muito frágeis mãos. Lembro-me de, ao sair da salinha, voltar-me para fixar o seu rosto. Um rosto que não o dela. Fui de férias. Morreu-me a 600 Km.
Há uns meses voltei a perder uma dessas mulheres. Dessa vez, sussurrou-me um aviso que fingi não ter percebido bem. Apesar de tudo, despedi-me, no hospital, com um soluçado "Até já!" que golpeou-me o peito semanas a fio. As manhãs na praia, as suas amigas na esplanadas, o corneto de chocolate, o cheiro da praça, o Senhor das Chagas, o pão do Gá, a sopa de peixe, "a minha menina". Faz-me falta aquela Sesimbra.
O primeiro dia de 2012 chegou marcado por mais uma perda no meu gineceu. Depois de uma noite pouco dormida e com uma dor de estômago herdada do excesso de comida e álcool, deparei-me com a morte daquela a quem não me cheguei a despedir. Confesso, era uma mulher de uma bravura tão peculiar que sempre a julguei imortal. Vê-la imóvel e transparente numa enregelada capelinha, afligiu-me bastante.
Só ontem entrei no seu luto e percebi que poderei não ter oportunidade para me despedir das velhinhas que me restam. Por que razão sentirei tamanha necessidade em fixar um último momento e dizer-lhes um derradeiro adeus?
Temo bastante que estas mortes tenham sido um estágio, um alerta, para a possibilidade da perda das minhas avós biológicas.

Agradecimento

Agradeço à Cristina Ruivo, uma jovem e promissora arquiteta, que conheci esta tarde num antiquário, quando regressava de uma manifestação de protesto, junto ao Parlamento, a sua decisão de se inscrever como amiga/seguidora do Alpendre da Lua.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Falar Global - FaceBook é pior do que CIA - GLOBAL NET - Rubricas

Amabilidade do João Grazina
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O Facebook, na sua arquitetura, recorre a uma série de artifícios para dificultar ao utilizador o acesso ao efetivo controle dos seus dados. Nomenclaturas confusas, não explicadas, definições de funções pouco claras, opções operacionais irreversíveis são os ingredientes utilizados para evitar que o utilizador reduza o grau da sua exposição pública. Agora, com este vídeo, ficámos a saber que, nos seus arquivos centrais, o Facebook conserva toda a atividade e a identificação completa dos seus utilizadores, mesmo que estes tenham procedido à sua eliminação total ou parcial. Até a Google utiliza a mesma metodologia. Há dias, ao ler o documento das Novas Políticas de Segurança e Privacidade daquela companhia, descobri, estupefacto, que toda a atividade dos utilizadores, desenvolvida através da utilização do telemóvel, cujo número seja previamente transmitido, para efeitos da recuperação da senha, também fica definitivamente arquivada.
Por mais útil e gratificante que seja o recurso aos serviços daqueles dois gigantes da internet, o que é certo é que a privacidade a que têm direito os respetivos utilizadores não é completamente assegurada.

Agradecimento


O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento ao Carlos Teixeira, pela sua decisão de se inscrever como amigo/seguidor deste blogue.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

54% dos portugueses fazem sexo duas vezes por semana

Mais de metade dos portugueses dizem fazer sexo pelo menos duas vezes por semana, um pouco acima da média mundial, apesar de 40% desconfiar que o parceiro usa desculpas para não ter relações, revela um estudo internacional.
Um total de 54% dos inquiridos portugueses dizem ter sexo pelo menos duas vezes por semana, 15% acima da média global que se situa nos 39%, indica o Inquérito Global sobre Disfunção Eréctil que entrevistou 1001 portugueses.
Diário de Notícias
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Não admira. As "quecas" ainda não pagam imposto!...
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=2303353

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à Isabel Soares, pela sua decisão de se inscrever como amiga/seguidora deste blogue.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Citação de Victor Hugo

Amabilidade da Dalia Faceira

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento ao Nocas, pela sua decisão de se inscrever como amigo/seguidor deste blogue.
Nota: Por o achar interessante, transcrevo o perfil do Nocas, que ele colocou na internet:
"Nasci em Lisboa mais precisamente em Alcantara na Rua da Cruz há quase 54 anos, tenho tres filhos tres netos e dois gatos. Em Alfama desde 97, no Beco da Cardosa que dizem ter sido amante do Bispo de Lisboa. Gosto de ler um pouco de tudo romances e poesia são o que mais gosto. Gosto de cinema e da noite, de dançar e vaguear pelas ruas da cidade ao por do sol e lavar o meu coração olhando o Tejo do miradouro de Santa Luzia".
O Nocas é o que se chama um verdadeiro alfacinha

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Deus e o Diabo...

Deus e o Diabo
No quadro da mitologia judaico-cristã, em que existe uma assanhada luta entre deus e o diabo pela conquista das almas, eu nunca percebi lá muito bem quem é que, na realidade, fundou o inferno e criou o diabo. Julgo ter sido deus, já que ele é apresentado nos textos bíblicos como o criador de todo o universo e de todas as coisas. Porque diabo, agora, anda deus a queixar-se que o diabo não deixa de querer roubar-lhe as almas dos homens?!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Jovens devem “concentrar energias” em encontrar soluções e não em “lamentar-se”, diz secretário de Estado


O secretário de Estado do Empreendedorismo defendeu hoje a necessidade de alterar o paradigma segundo o qual cabe ao Estado criar emprego e pediu aos jovens que “concentrem energias” em encontrar soluções para o país e não em “lamentar-se”.
Temos que perceber que não cabe ao Estado criar emprego. Quem cria emprego são as empresas”, afirmou o secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, Carlos Oliveira, na conferência “Emprego jovem, perspectiva e horizonte”, que decorreu hoje no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), em Lisboa.
PÚBLICO
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O secretário de Estado do Empreendedorismo é uma figura alienígena. Aterrou no Terreiro do Paço, vindo de um outro planeta. É evidente que são as empresas que criam empregos, mas compete ao Estado propiciar condições para fomentar o crescimento económico, que é aquilo que não está a ser feito. Ou melhor: está a ser feito o contrário, ao destruir-se o aparelho produtivo e de serviços, vocacionados para o mercado interno.
Julgo que este insignificante vendedor de ilusões, que, possivelmente, tirou um curso de empreendedorismo em 10 lições, através da revista Reader Digest, está prestes a atingir o princípio de Peter, e, se não lhe calam a boca, amanhã ainda vem dizer que cada português tem de ser patrão de si mesmo, pelo que deverá passar recibos verdes a si próprio. Brilhante!...

Tribunal condena apoiantes de Putin por terem reunido manifestantes a mais

O Tribunal do Bairro Dorogomilovski condenou hoje os organizadores da “manifestação anti-laranja” ao pagamento de uma multa de mil rublos (25 euros) por terem juntado num comício de apoio a Vladimir Putin um número maior de pessoas do que o anunciado.O comício de apoio ao primeiro-ministro e candidato a Presidente da Rússia decorreu no passado 04 de fevereiro na capital russa. Os organizadores tinham pedido autorização à polícia para juntar até 15 pessoas, mas, segundo declarou Putin, no comício estiveram cerca de 190 mil pessoas.
A fim de evitar o pagamento de novas multas, os apoiantes de Putin pediram autorização para a realização de um comício de apoio ao seu candidato com a participação de 200 mil pessoas no dia 23 de fevereiro.
Blogue "Da Rússia"
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Na próxima manifestação, o partido de Putin vai ser multado por juntar manifestantes a menos.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

"Esqueçam a Grécia. É Portugal que vai destruir o euro"

"Esqueçam a Grécia. É Portugal que vai destruir o euro
Um "default" é acidente. Dois já é uma crise sistémica. Quem o diz é Matthew Lynn, colunista da Bloomberg News, sublinhando que Portugal voltará a ter um importante papel no palco mundial. Mas pela negativa. Matthew Lynn, colunista da Bloomberg News e responsável pela “newsletter” da área financeira desta agência, traça um cenário sombrio para a Zona Euro. E diz que Portugal será o responsável pela queda do euro.
No seu mais recente artigo de opinião, Lynn começa por relembrar a importância do País para a história mundial, com a assinatura do Tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo não europeu entre Espanha e Portugal em 1494. E salienta que 2012 pode ser o ano em que Portugal volta ao centro do palco mundial. Como? “Fazendo o euro ir ao ar”, responde.
“A Grécia já estoirou – e o seu incumprimento está já descontado pelo mercado. Mas Portugal está precisamente na mesma posição (…). Está também a resvalar para um inevitável ‘default’ das suas dívidas – e quando isso acontecer, vai ter um efeito devastador para a moeda única e infligir danos ao sistema bancário europeu, que poderão revelar-se catastróficos”, escreve o comentador da Bloomberg.
O analista compara a situação de Atenas e de Lisboa, destacando que “Portugal - um dos países mais pobres da União Europeia, com um PIB per capita de apenas 21.000 dólares, significativamente abaixo dos 26.000 dólares da Grécia – fixou metas de redução do seu défice de 4,5% em 2012 e de 3% em 2013”.
“Então e como está a sair-se?”, questiona-se. E responde: “Quase tão bem como a Grécia – ou seja, nada bem. Prevê-se que a economia grega registe uma contracção de 6% este ano e Portugal não fica muito atrás – o Citigroup estima que a economia ‘encolha’ 5,7% em 2012 e mais 3% em 2013”.
Matthew Lynn recorda o estudo da Universidade do Porto, divulgado na semana passada, que diz que a economia paralela aumentou 2,5% no ano passado e que representa agora cerca de 25% da actividade económica em Portugal. “E não há qualquer expectativa de que isso vá mudar em breve. As empresas portuguesas simplesmente não conseguem sobreviver a pagar as taxas de imposto que lhes foram impostas”, refere o especialista.
“O resultado qual será?”, pergunta. E volta a responder: “Os objectivos de redução do défice não vão ser cumpridos. No início deste mês, o governo reviu em alta a previsão do défice, de 4,5% para 5,9% do PIB este ano. Se a experiência grega for válida, esta meta continuará a ser revista em alta. A economia encolhe, cada vez mais pessoas transitarão para a economia subterrânea para sobreviverem e o défice continuará a crescer”.
“Em resposta, a União Europeia exige mais e mais austeridade – o que significa, muito simplesmente, que a economia continuará a contrair-se ainda mais. É um círculo vicioso. Se alguém souber como sair dele, então está a guardar o segredo para si próprio”, comenta Lynn.
Juros da dívida a escalarem
O comentador da Bloomberg recorda o corte do “rating” da dívida soberana de longo prazo de Portugal, para nível de “lixo”, por parte da Standard & Poor’s. Das três principais agências, só faltava a S&P para a dívida pública de Portugal ser colocada na categoria “especulativa” – ou seja, não é considerada “digna” de investimento, atendendo aos riscos que os investidores correm de não serem reembolsados.
Segundo Matthew Lynn, haverá mais “downgrades”. “Os juros da dívida estão a disparar. Na semana passada, as ‘yields’ das obrigações a 10 anos superaram os 14%. E deverão subir ainda mais”, prognostica. O analista relembra que a maturidade a 10 anos da dívida soberana grega já está com juros de 33% e diz que “não há qualquer razão para as ‘yields’ da República Portuguesa não atingirem os mesmos níveis”.
“E isso é importante”, sublinha. Isto porque, adianta, a crise grega poderia até ser vista como um caso especial. “Mas não a de Portugal. Não houve ‘manipulação’ nos números [Portugal] não registou défices excessivos – com efeito, quando caminhávamos para a crise de 2008, o País apresentava défices de menos de 3% do PIB, bem dentro das regras impostas pela Zona Euro. Não era irresponsável. O problema, muito simplesmente, é que Portugal não conseguiu competir no seio de uma moeda única com economias muito mais fortes. Agora, o País está a mergulhar numa depressão em toda a escala – tão má como o que se testemunhou nos anos 30 [Grande Depressão] – devido à união monetária”.
“Vai ser tão grave como na Grécia. E talvez até pior”, vaticina.
Lynn refere igualmente que os bancos europeus estão mais expostos a Portugal do que à Grécia. “No total, os bancos têm uma exposição de 244 mil milhões de dólares a Portugal, contra 204 mil milhões de dívida grega”, segundo os dados do Banco de Pagamentos Internacionais citados pelo analista da Bloomberg.
“O grosso da dívida portuguesa é detido pela Alemanha e pela França. Mas estes são os dados oficiais. É bem provável que grande parte da dívida privada, que é mais substancial do que a dívida pública, seja detida por bancos espanhóis. E estes já estão frágeis. Conseguirão assumir as perdas? Talvez, mas não apostaria a minha última garrafa de vinho do Porto nisso”, comenta Matthew Lynn.
Em seguida, diz o colunista da Bloomberg, esta situação também irá repercutir-se na moeda única. “Se um país entrar em incumprimento, dentro de uma união monetária, isso pode ser visto como um acidente infeliz. Todas as famílias têm uma ovelha negra. Mas quando um segundo país cai, o caso fica muito mais sério. A ideia de que isto é culpa de alguns governos irresponsáveis vai deixar de ser sustentável. A explicação alternativa – a de que o euro é uma moeda disfuncional – vai ganhar mais peso”.
Segundo Lynn, “um incumprimento da dívida soberana por parte de Portugal desencadeará uma retirada da Zona Euro – e neste momento, parece que esse poderá ser o motor que desencadeará o colapso do sistema”. “Foram cinco séculos de espera. Mas agora Portugal poderá estar prestes a desempenhar de novo um papel central na economia global”, conclui o especialista da área financeira.
Texto recebido por email, sem identificação do autor
25 Janeiro 2012

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Governante francesa aconselha sem-abrigo a “evitarem saídas” por causa do frio


Sensibilidade de Nora Berra comparada à de Maria Antonieta
A vaga de frio que está a assolar a Europa levou a secretária de Estado francesa da Saúde a redigir, no passado fim-de-semana, alguns conselhos para os seus concidadãos. Mas o que deveria ser uma iniciativa salutar passou a ser motivo para ridicularizar a autora. É que Nora Berra sugeriu aos “mais vulneráveis”, incluindo os sem-abrigo, que evitassem sair de casa.
O texto original é citado pelo Libération, uma vez que a governante francesa o editou depois de a polémica estalar. Quando o insólito conselho chegou aos olhos do “povo”, a fotografia de Nora Berra começou a ser partilhada nas redes sociais com uma imagem de Maria Antonieta ao lado, comparando a frase da actual governante à famosa declaração da rainha consorte de Luís XVI: “Se não têm pão, que comam brioches" (em português, às vezes, não se lê o "i" *).
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A vida seria mais insípida se não existissem políticos. Como é que eu me divertiria?
* Nota do editor do blogue.

Carta aberta dos militares ao ministro


A contestação ao ministro da Defesa sobe de tom. A Associação dos Oficiais das Forças Armadas distribuiu aos seus membros uma carta aberta em que ataca Aguiar-Branco. Leia na íntegra:
Diário de Notícias
http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=2291370&page=1

CARTA ABERTA A SUA EXª O MINISTRO DA DEFESA NACIONAL

Entendeu Sua Ex.ª o Sr. Ministro da Defesa Nacional (MDN), em almoço/debate promovido pela Revista Segurança e Defesa, fazer afirmações que, consideramos, desprestigiam os militares e a própria Instituição Militar.

Entretanto, em troca de impressões com vários oficiais dos três Ramos das Forças Armadas, constatei que existe um sentimento generalizado de desagrado pelo teor das afirmações proferidas por Sua Ex.ª, razão que levou a que fosse incumbido de lhe dirigir esta carta aberta.

As Forças Armadas são insustentáveis, Sr. MDN?

Não são! Estão!

Porque entre respeitar os militares e a Instituição que se honram de servir ou dar continuidade a muitas desconsiderações que os seus antecessores cometeram, o Sr. Ministro escolheu trilhar o mesmo caminho destes, como repetidamente temos vindo a afirmar:

1. Em manifesta e aberta desconsideração pela condição de quem é militar, deu-se seguimento ao congelamento das promoções, situação que, conjugada com a redução de efectivos e a persistente suborçamentação, desde logo considerámos constituírem ingredientes propositadamente aplicados e que objectivamente contribuem para a descaracterização e desarticulação das Forças Armadas.

Isto sim, Sr. Ministro, é insustentável!

2. Em nome da convergência com os restantes subsistemas de saúde públicos foi materializado um dos maiores atentados à condição militar, em resultado da qual os militares viram significativamente agravadas as condições sanitárias (comparticipações, desconto obrigatório de 1,5%, pagamento de taxas moderadoras pelos familiares, extensão aos reformados das regras aplicadas aos restantes militares, nomeadamente no que respeita às comparticipações, com as gravosas consequências que daí advêm para inúmeros camaradas a braços com um estado de saúde mais e mais exigente em matéria de gastos na farmácia, frequentemente, para os ex-combatentes, devido a sequelas da Guerra, etc.).

Isto sim, Sr. Ministro, é insustentável!

3. Como se tal não bastasse, o OE2012 prevê uma redução de 30% nas verbas para a saúde no corrente ano, sabendo-se que está prevista a redução de mais 20% em 2013 e outras reduções até 2016, visando o autofinanciamento do subsistema de saúde militar, numa postura de manifesto desrespeito pela Lei de Bases Gerais da Condição Militar (Lei nº 11/89, de 01 de Junho).

Isto sim, Sr. Ministro, é insustentável.

4. As Forças Armadas aproximam-se da paralisia por falta de recursos que lhes permitam suportar as despesas de funcionamento e de manutenção. O nível de instrução está abaixo do que é minimamente exigível por iguais motivos.

Isto sim, Sr. Ministro, é insustentável!

5. A óbvia desmotivação, insegurança e falta de confiança reinantes entre os militares, constituem claros sinais, cuja natureza deveria ser motivo de preocupação de qualquer responsável pela Defesa Nacional, mas que o Sr. Ministro parece não levar em conta.

Isto, sim, Sr. Ministro, é insustentável!

6. Mais do que qualquer outra Instituição, as Forças Armadas são aquela que maior número de reestruturações sofreu desde 1974, a última das quais se verificou em 2009. Sem que, de uma vez por todas, o poder político decida e defina qual deverá ser a estrutura que permita às Forças Armadas exercer capazmente a sua competência constitucional de defesa militar da República.

Isto sim, Sr. Ministro, é insustentável!

7. Depois da redução das remunerações em 2011, da aplicação de uma taxa extraordinária ainda em 2011, dos cortes nos subsídios de férias e Natal em 2012 e 2013, dois anos passados sobre a transição para a Tabela Remuneratória Única, entendeu o Sr. Ministro penalizar ainda mais a remuneração de cerca de 4.000 militares, numa lógica que mais se assemelha a punição colectiva.

Isto sim, Sr. Ministro, é insustentável!

8. Afirmar que os militares não são funcionários públicos (pelos quais nutrimos, aliás, o maior respeito), e tecer-lhes outros encómios mas, na prática, reduzir gradualmente a condição militar em termos de direitos e regalias, equiparando-os, deste modo, ao funcionalismo público em geral, continuando contudo a sujeitá-los à totalidade de especiais deveres (incluindo a permanente disponibilidade para o serviço e o sacrifício da própria vida), sem que existam contrapartidas morais e materiais adequadamente justas, consubstancia uma atitude muito pouco séria.

Isto sim, Sr. Ministro, é insustentável!

9. Entendeu o Sr. Ministro discorrer acerca das Associações Profissionais de Militares (APM), com uma insanável contradição subjacente ao que disse: se, por um lado, reconhece existirem razões de descontentamento entre os militares, depois, quando as APM, que, procuram, como V. Exa. sabe, privilegiar o diálogo e exercer as competências estabelecidas na Lei Orgânica nº 3/2001, de 29 de Agosto, tentando contribuir para as necessárias soluções, vêem o Sr. Ministro ignorar esse quadro legal.

Isto sim, Sr. Ministro, é insustentável!

10. Confrontados com tudo o que lhes vai acontecendo, os militares, por se fecharem as portas do diálogo e da concertação, utilizam, com toda a dignidade, os seus direitos, nomeadamente os de reunião e manifestação constantes na Lei da Defesa Nacional, para darem pública conta dos problemas com que são confrontados.

As APM deveriam ser auscultadas ou envolvidas em matérias do seu âmbito, situação que não acontece porque o Sr. Ministro não cumpre a referida Lei.

Isto sim, Sr. Ministro, é insustentável!

Importa, no entanto, sermos claros Sr. Ministro. A Associação de Oficiais das Forças Armadas, se e quando auscultada ou envolvida em matérias do seu âmbito, situação que não acontece simplesmente porque não é atendido o quadro legal que obriga o Sr. Ministro a fazê-lo, dará nota das suas posições de modo frontal e com toda a lealdade. No entanto, só concordará com aquilo que merecer a sua concordância e nunca com medidas que ponham em causa o sentir profundo dos oficiais, contrariamente ao que parece ser o desejo do Sr. Ministro.

11. E diz mais, o Sr. Ministro; que as APM"s fazem política, até partidária.

Como assim, Sr. Ministro?

Denunciar perante a opinião pública as medidas lesivas e, consideramos nós, carregadas de falta de respeito pela dignidade de quem jurou e serve abnegadamente (sem se servir) a Pátria, é fazer política?

12. Porque, na realidade, sendo verdade que os militares estão sujeitos a severos deveres e restrições de vária ordem, nada os obriga a serem submissos, acomodados (pelos vistos, daria jeito ao poder político que assim fosse), ignorantes e apolíticos, alheados do que vai acontecendo no País e, concretamente, com o que de uma forma mais directa interfere com a sua condição militar e com as Forças Armadas.

13. Tudo nos leva a crer que o Sr. Ministro anda mal informado, pois senão saberia das conversas que correm em Messes, nos corredores das U/E/O e na NET, sobre as situações que ocorrem e que provocam a indignação da maioria dos oficiais. Conversas que têm como tema, não só as notícias que surgem nos órgãos de comunicação social, como, até, as situações descritas no livro "Como o Estado gasta o nosso dinheiro", cujo autor, o Juiz Jubilado do Tribunal de Contas, Carlos Moreno, o ofereceu à AOFA com uma amável dedicatória, onde constam palavras como "respeito", "consideração" e "estima".

14. Será, portanto, política alertar para situações de que poderão decorrer a penalização dos militares e das Forças Armadas, dando a conhecer, a título de exemplo, a forma como, nessas conversas, os oficiais vêem o modo como tem vindo a ser tratado o "dossier" BPN, obrigando uma significativa parcela do orçamento a ser desviada para dar cobertura, tudo leva a crer, às consequências de criminosos desmandos?

Será que é política ter consciência, formada nessas conversas dos oficiais (neste caso, graças aos dados insuspeitos trazidos para a opinião pública pelo analista económico Gomes Ferreira, no dia 24 de Janeiro passado, no programa da SIC Notícias iniciado às 22H00) de que o "dossier" das PPP"s, com as astronómicas verbas envolvidas, deveria constituir-se como primeira prioridade, de modo a fazer reverter para o interesse de todos, as milionárias verbas de que alguns beneficiaram a coberto de leoninos contratos celebrados?

A rápida eliminação destas situações, permitiria, por exemplo, entre outras, criar condições para evitar onerar da forma como o estão a ser, os militares e as Forças Armadas.

Não consideramos política e, muito menos, política partidária, tal postura.

Trata-se, isso sim, do uso de um direito que a própria cidadania impõe.

15. "...se algum destes homens não sente a vocação, está no sítio errado"; "... Se algum destes homens não sente a vocação, antes de protestos, manifestações ou conferências de imprensa, precisa de mudar de carreira", disse o Sr. Ministro.

Sr. Ministro: nunca lhe ocorreu que falava de gente honrada, de cidadãos que, sendo militares, aprenderam a amar a sua Pátria, muitos deles louvados e condecorados pela forma exemplar como vêm cumprindo ou cumpriram o seu Juramento de Honra?

Sr. Ministro: nunca lhe ocorreu que, nessa condição, é legítimo pronunciarem-se (acerca das questões que, em seu entender e no quadro que a Lei lhes permite), sobre matérias que consideram colocar em causa um dos principais pilares do que sobra da Soberania desta nossa Terra?

16. O Sr. Ministro, bem poderia, ponderando de outra forma o pensamento, ter evitado pronunciar o que pronunciou, respeitando quem o merece, porque, ao contrário de outros que se servem da coisa pública e dos cargos que ocupam, para vultuosos proveitos privados, os militares são cidadãos de uniforme, investidos da responsabilidade maior de defender a sua Pátria, se necessário com o sacrifício da própria vida, e que, por esse e outros motivos que a sua condição lhes impõe, consideram consubstanciar uma falta de consideração a forma e os termos como se lhes dirigiu.

17. Parafraseando Martin Luter King, um cidadão do mundo atento às injustiças a que assistia, "O que mais preocupa, não é o jeito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem carácter, nem dos sem ética. O que mais preocupa, é o silêncio dos bons!"

Sem qualquer presunção, procuramos fazer parte do grupo daqueles para quem o silêncio, a passividade e o conformismo não são modos de estar na vida, seja na condição de cidadãos e, por maioria de razão, como militares que somos, na forma e com a alma, e esta, Sr. Ministro, não há vocação, como a entende, que a substitua!

18. Bem gostaríamos que o Sr. Ministro olhasse de outro modo para o que vai acontecendo aos militares e à Instituição Militar.

Pode crer, Sr. Ministro: os militares compreendem como ninguém o sentido de reformas, desde que colocadas ao serviço da Nação a que pertencem e cuja perenidade se deve à forma como se bateram ao longo dos séculos e não merecem, longe disso, as palavras que proferiu.

Face ao que precede, pela acção, mas fundamentalmente pela inacção relativamente ao que vai acontecendo aos militares e à Instituição Militar, mas também dando voz ao descontentamento de muitos que se sentiram humilhados com as palavras proferidas, nos termos em que o fez, entendemos que o cargo de que V. Ex.ª , Sr. Ministro, é responsável, bem mereceria outra clarividência ao serviço de uma causa maior: a da Pátria a que pertencemos.

Tudo isto, Sr. Ministro, é insustentável!

7 de Fevereiro de 2012

Assinatura

Manuel Martins Pereira Cracel
Coronel
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O 25 de Abril começou por uma reivindicação corporativa dos militares e acabou numa revolução triunfante, que encheu as praças e as ruas das cidades do país. Historicamente, as Forças Armadas sempre reagiram naquelas situações de crise profunda, quando os políticos, enredados nas suas contradições, não conseguiram acertar com o rumo certo. Atualmente, Portugal vive uma crise económica e financeira que ameaça eternizar-se, o que, além de poder provocar um verdadeiro terramoto social, irá colocar em perigo a sua independência. Qualquer observador atento da realidade portuguesa poderá, justamente, interrogar-se se os partidos, que subscreveram o documento da troika e que aceitaram aplicar, com toda a brutalidade, uma irracional política de austeridade, estão ao serviço do bem comum do povo português ou ao serviço dos interesses do grande capital financeiro, o nacional e o internacional. É uma realidade que a política económica do país já está a ser imposta do exterior. Até a senhora Merkel já se preocupa com o buraco financeiro da Madeira, e nada nos garante que, no futuro próximo, não comece também a transmitir instruções, como já fez em relação à Grécia, quando, confrontada com a ideia de um referendo popular e democrático, provocou a demissão de um primeiro-ministro e a mudança de todas as altas chefias militares.
Espero que a senhora Merkel não chegue a ler esta carta aberta do dirigente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas. 

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Notas do meu rodapé: Os jovens portugueses são egoístas?

Legenda da página do Facebook de uma leitora do Alpendre da Lua.
Optei por esta elucidativa ilustração para melhor poder exprimir a minha perplexidade perante uma recente notícia, vinda nos jornais, e que dava conta das conclusões de um estudo do Instituto de Ciências Sociais (ICS). A conclusão principal não poderia ser mais desanimadora. São os jovens, aqueles que mais evidenciaram uma maior indiferença em relação ao fenómeno da pobreza. Embora não tivesse ficado surpreendido, confesso que fiquei alarmado. Não fiquei surpreendido, pois reconheço os malefícios de uma sociedade que estimula o facilitismo em vez do rigor e que valoriza o oportunismo e o nepotismo em vez do mérito e da transparência. Fiquei alarmado, pois temo a ameaça permanente que este sentimento de indiferença pela pobreza pode induzir.   
A vertente cívica do modelo de educação das escolas, o desleixo das famílias e a filosofia social e política agregada ao paradigma do neoliberalismo não podiam conduzir a outro resultado. Como o estudo revela, os jovens portugueses são individualistas e egoístas. E se Portugal já enfrenta um grave problema de coesão económica, vai também de ter de enfrentar o problema da coesão social, que esta geração de jovens parece querer desvalorizar, o que será dramático. Ainda tento acreditar que os investigadores do ICS se tivessem enganado.
Nota: O leitor já compreendeu que a ilustração escolhida encerra um sério aviso para todos os destintários.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Notas do meu rodapé: Em 2014, metade dos trabalhadores da Função Pública poderá ser despedida


Passos diz que situação grega não põe em causa o plano de troika em Portugal
O primeiro-ministro afirmou hoje que “o cumprimento do programa” de assistência a Portugal “não está em causa”, independentemente das negociações na Grécia, dizendo esperar que Atenas consiga “acertar” um segundo plano que “dê estabilidade” à Europa.
Passos reconheceu que o mundo é “interdependente” e que “não há países imunes ao que se passa no exterior”, mas sublinhou o que considerou serem as diferenças entre Portugal e a Grécia: “Nós não temos uma situação parecida com a da Grécia, temos uma situação muito mais próxima à da Irlanda, que começou o seu programa há mais tempo, o nosso começou há cerca de oito meses”.
PÚBLICO
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São um puro exercício de ilusionismo, temperado com uma manhosa dose de demagogia, estas afirmações do primeiro-ministro. O nosso percurso está a ser o da Grécia e não o da Irlanda, de quem ninguém fala. E da Grécia, Portugal está separado apenas por um ano. O que está a passar-se em Portugal é uma reprise da situação grega. Na segunda metade de 2013, coincidindo com o final do programa de assistência, Passos Coelho não tem soluções para garantir em 2014 o valor do défice orçamental exigido pela Pacto de Estabilidade e Crescimento da União Europeia, já que, nessa altura, não terá as almofadas de mais fundos de pensões, e, também, tal como se comprometeu, terá de repor o pagamento  do subsídio de férias e do 13º mês aos funcionários públicos e aos pensionistas. Em 2011, o défice orçamental cumpriu o objetivo da troika, graças à injeção dos dinheiros do Fundo de Pensões dos bancários. Em 2012 e 2013, vai funcionar o recurso ao esbulho de um sétimo dos rendimentos anuais aos funcionáros públicos e aos reformados. Trata-se, como é evidente, de almofadas temporárias que não vão consolidar o défice orçamental do Estado, como seria desejável. Como nesse ano, segundo o otimismo governamental, Portugal já deverá regressar aos mercados para se financiar (o que eu não acredito), os credores e as agências de rating voltarão novamente à carga, pondo em dúvida a capacidade do país de poder pagar as suas dívidas. Sendo assim, onde é que, em 2014, Passos Coelho (ou um seu sucessor) vai cortar na despesa do Estado, já que as receitas dos impostos (IVA, IRS e IRC) vão diminuir em virtude da recessão económica provocada pelas brutais medidas dde austeridade? É esta a pergunta pertinente que alguns atentos economistas, não comprometidos com o sistema, já andam a fazer, depois de terem feito as contas, ao mesmo tempo que afirmam que já estará a fermentar no Ministério das Finanças a ideia de despedir metade dos trabalhadores da Função Pública para se conseguir a normalização do défice orçamental, em 2014, que é o que os gregos são obrigados a fazer já neste ano e no próximo.  
Como se pode ver, Portugal está a seguir as pisadas da Grécia e não as da Irlanda, como quer Passos Coelho. E ele já sabe isto, o que o leva a querer fazer passar a ideia de que os funcionários públicos trabalham pouco.
Nota: Nas declaraçõs proferidas hoje, e reproduzidas na notícia do Público que serviu de suporte a esta nota de rodapé (ver hiperligação), Passos Coelho terá dito: "Reafirmo que esse programa é fazível e cumprível". O vocábulo "cumprível" não existe na Língua Portuguesa. É triste ter um primeiro-ministro que, além de incompetente, é também ignorante.

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à Paula Machado (ver última página do respetivo quadro do registo), pela sua decisão de se inscrever como amiga/seguidora deste blogue.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Notas do meu rodape: Numa guerra não há vitórias antecipadas, tal como num desafio de futebol

Amabilidade do Diamantino Silva, que enviou este vídeo.
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As guerras não são pré-anunciadas. Mas a História demonstra que são previamente preparadas. Só que alguns não dão conta. E já não subsistem dúvidas que os Estados Unidos e as potências europeias estão a preparar, desde o final da última década do século passado, uma guerra global, que subjugue aos seus interesses a China e a Rússia, as únicas potências que ainda lhe poderão opor alguma resistência. A guerra do Iraque, a invasão da Líbia e as recentes provocações ao Irão inserem-se nessa estratégia. Percebendo que lhes escapa, a curto prazo, o poderio económico, que está a ser construído pela China, o ocidente procura manter, através de uma guerra, a supremacia militar e o controle total sobre as principais jazidas de petróleo, na Península Arábica.
Mas a História, principalmente a do século XX, também demonstrou que as guerras, concebidas para serem breves e vitoriosas, nunca acabam nos prazos previstos e que o grau de destruição que provocam acaba sempre por se multiplicar numa incontrolável espiral de horrores inarráveis. Antes de deflagar a Primeira Guerra Mundial, os generais franceses e alemães, medindo-se arrogantemente entre si e confrontando as suas respetivas forças militares, julgavam que eliminavam o inimigo numa questão de dois ou três meses. A guerra durou quatro anos, deixando atrás de si milhões de mortos e um rasto de destruição. Hitler, antecipadamente, pensava que a União Soviética não resistiria às suas divisões. Os americanos nunca admitiram nos seus cálculos a humilhante derrota infligida pelos guerrilheiros maltrapilhos do Vietnam do Norte. Tal como num desafio de futebol, numa guerra não há vitórias antecipadas, embora haja favoritos. E nem sempre são as equipas favoritas a ganhar. Além disto, numa guerra não existe árbitro, simplesmente porque não há regras para matar e para destruir.