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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Isaltino Morais detido

Isaltino Morais começa a experimentar as delícias da prisão
O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, foi detido esta tarde por agentes da PSP em sua casa e  encontra-se agora preso no estabelecimento prisional anexo à directoria nacional da Polícia Judiciária em Lisboa.
O autarca deveria ter comparecido às 20h de hoje na inauguração de um monumento evocativo dos 250 anos do município, que se estão a celebrar, mas a cerimónia foi cancelada à última hora.
Isaltino tinha sido condenado na primeira instância a sete anos de prisão efectiva pelos crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção passiva e ainda ao pagamento de uma indemnização de 463 mil euros ao Estado.
Posteriormente, o Tribunal da Relação de Lisboa reduziu a pena de prisão efectiva para dois anos, considerando provados apenas os crimes de branqueamento de capitais e fraude fiscal e baixando ao mesmo tempo o valor da indemnização para 197 mil euros.
Numa terceira fase, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a pena de dois anos de prisão, mas mandou repetir o julgamento — que ainda está para ser marcado — relativamente aos crimes de corrupção passiva de que o arguido vinha acusado. Ao mesmo tempo, repôs a indemnização ao Estado no valor inicialmente fixado pela primeira instância.
Isaltino Morais aguardava neste momento resposta aos dois recursos que tinha interposto para o Tribunal Constitucional, contestando as decisões do STJ. Terá sido a decisão do Constitucional, que ainda não foi tornada pública, a determinar a execução da pena a que o autarca estava condenado.
O advogado de Isaltino, Elói Ferreira, vai requerer amanhã um pedido de habeas corpus no sentido de evitar que o autarca passe o fim-de-semana na cadeia. A defesa alega que o autarca foi detido ilegalmente, por a juíza que ordenou a detenção ter ignorado a existência de recursos ainda pendentes e que, por isso, suspendem a decisão do Supremo Tribunal de Justiça.
PÚBLICO
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COMENTÁRIO
Isaltino Morais exerceu o cargo de presidente da Câmara Municipal de Oeiras durante vários mandatos. Ficou célebre naquelas eleições locais, em que ele e mais dois autarcas, Avelino Ferreira Torres e Fátima Felgueiras, para espanto e indignação do país, conseguiram a reeleição nos seus cargos, apesar de já se encontrarem na situação de arguidos por suspeita de crimes de corrupção e branqueamento de capitais, entre outros. Além disso, Isaltino Morais, uma figura emblemática do PSD, tinha sido ministro do Ambiente no governo mais patético que Portugal teve, o de Santana Lopes. E recordo aqui o que ele me disse numa entrevista para o jornal A Capital sobre este enfant terrible do PSD, a propósito das suas constantes diatribes contra as várias lideranças do seu próprio partido. "Enquanto não o deixarem ser primeiro-ministro, ele (Santana Lopes) não os vai deixar em paz", confidenciou-me Isaltino Morais.
Tratando-se do concelho mais rico do país, medido pelo rendimento per capita dos munícipes, e beneficiando da proximidade de Lisboa, não foi difícil a Isaltino Morais lançar uma obra urbanística de grande envergadura, a tal ponto que todas as aldeias do concelho, com o seu casario rústico, ficaram cercadas pelo cimento e pelo tijolo, com algumas a serem engolidas pela voragem da construção. E foi no cimento e no tijolo que Isaltino Morais sujou as mãos. Quando foi descoberta a sua conta na Suíça, ele tentou justificar-se que o dinheiro era de um seu sobrinho, que lhe tinha pedido para ser o respectivo titular, o que este negou. Foi a partir daí que, em Portugal, começou na política a guerra entre tios e sobrinhos, pois, poucos anos depois, também o tio de José Sócrates desmentiu publicamente o seu sobrinho, no célebre caso do Freeport. Perante tantas fidelidades familiares traídas, os políticos portugueses passaram a renegar os seus tios e os seus sobrinhos, não fosse o diabo tecê-las. 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O impacto de um asteróide

Amplie a imagem para a tela inteira (canto inferior direito)
Amabilidade do João Fráguas
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Será a próxima brincadeira de deus. Ele vai fartar-se de gozar!...
A realização deste filme é notável, quer em termos cinematográficos, quer em termos científicos. Os geólogos e os vulcanólogos, devido aos avanços da Ciência, já conseguem fazer uma previsão muito precisa, do que aconteceria, se um desatre destes ocorresse. Nã há certezas, mas julga-se que há 60 milhões de anos, um asteróide colidiu com a Terra, na zona onde se situa hoje o golfo do México, tendo sido esta a causa do desaparecimento repentino dos dinossauros, cuja cadeia alimentar foi quebrada, devido à enorme camada de cinzas que cobriu o planeta.

A resposta merecida...

Retirado do blogue 5DIAS.net

Ministério cancelou prémios de 500 euros a dias de entregá-los aos melhores alunos do país


O prémio de mérito no valor de 500 euros, que distingue os melhores alunos dos vários cursos do ensino secundário de cada uma das escolas do país, foi suspenso pelo actual Governo.
A notícia apanhou ontem de surpresa todos os directores das escolas das regiões Norte e de Lisboa e Vale do Tejo, que já tinham comunicado aos vencedores que depois de amanhã, no "Dia do Diploma", receberiam o cheque, numa cerimónia aberta às comunidades. Representantes dos directores e dos pais dizem-se "chocados" e classificam a medida como "frustrante e desmotivadora" para os alunos.
PÚBLICO
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Andam a enganar as criancinhas. Qualquer dia, comem-nas, para não darem despesa.

O símbolo @ (arroba)

Durante a Idade Média os livros eram escritos à mão pelos copistas. Precursores dos taquígrafos, os copistas simplificavam seu trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o que não faltava, naquela época!). O motivo era de ordem econômica: tinta e papel eram valiosíssimos. Assim, surgiu o til (~), para substituir o m ou n que nasalizava a vogal anterior. Se reparar bem, você verá que o til é um enezinho sobre a letra. O nome espanhol Francisco, também grafado Phrancisco, foi abreviado para Phco e Pco – o que explica, em Espanhol, o apelido Paco, comum a quase todo Francisco. Ao citarem os santos, os copistas os identificavam por algum detalhe significativo de suas vidas. O nome de São José, por exemplo, aparecia seguido de Jesus Christi Pater Putativus, ou seja, o pai putativo (suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde, os copistas passaram a adotar a abreviatura JHS PP, e depois, simplesmente, PP. A pronúncia dessas letras em sequência explica por que José, em Espanhol, tem o apelido de Pepe. Já para substituir a palavra latina et (e), eles criaram um símbolo que resulta do entrelaçamento dessas duas letras: o &, popularmente conhecido como e comercial em Português, e ampersand, em Inglês, junção de and (e, em Inglês), per se (por si, em Latim) e and. E foi com esse mesmo recurso de entrelaçamento de letras que os copistas criaram o símbolo @, para substituir a preposição latina ad, que tinha, entre outros, o sentido de casa de. Foram-se os copistas, veio a imprensa - mas os símbolos @ e & continuaram firmes nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço. Por exemplo: o registro contábil 10@£3 significava 10 unidades ao preço de 3 libras cada uma. Nessa época, o símbolo @ significava, em Inglês, at (a ou em). No século XIX, na Catalunha (nordeste da Espanha), o comércio e a indústria procuravam imitar as práticas comerciais e contábeis dos ingleses. E, como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses davam ao símbolo @ (a ou em), acharam que o símbolo devia ser uma unidade de peso. Para isso contribuíram duas coincidências: 1 - A unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba, cuja inicial lembra a forma do símbolo;2 - Os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em fardos de uma arroba. Por isso, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registro de 10@£3 assim: dez arrobas custando 3 libras cada uma. Então, o símbolo @ passou a ser usado por eles para designar a arroba. O termo arroba vem da palavra árabe ar-ruba, que significa a quarta parte: uma arroba ( 15 kg , em números redondos) correspondia a ¼ de outra medida de origem árabe, o quintar, que originou o vocábulo português quintal, medida de peso que equivale a 58,75 kg . As máquinas de escrever, que começaram a ser comercializadas na sua forma definitiva há dois séculos, mais precisamente em 1874, nos Estados Unidos (Mark Twain foi o primeiro autor a apresentar seus originais datilografados), trouxeram em seu teclado o símbolo @, mantido no de seu sucessor - o computador. Então, em 1972, ao criar o programa de correio eletrônico (o e-mail), Roy Tomlinson usou o símbolo @ (at), disponível no teclado dessa máquina, entre o nome do usuário e o nome do provedor. E foi assim que Fulano@Provedor X ficou significando Fulano no provedor X. Na maioria dos idiomas, o símbolo @ recebeu o nome de alguma coisa parecida com sua forma: em Italiano, chiocciola (caracol); em Sueco, snabel (tromba de elefante); em Holandês, apestaart (rabo de macaco). Em alguns, tem o nome de certo doce de forma circular: shtrudel, em iídisch; strudel, em alemão; pretzel, em vários outros idiomas europeus. No nosso, manteve sua denominação original: arroba.
Amabilidade do amigo Campos de Sousa

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Agradecimento


O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à Margarida Jorge, pela sua decisão de se inscrever como amiga deste blogue.

domingo, 25 de setembro de 2011

Notas do meu rodapé: É impossível federar a Europa, nem essa seria a solução para os países mais pobres.


O que George Soros está a propor (ler o texto do post anterior) é uma solução federalista para União Europeia, à semelhança da existente no ordenamento político dos EUA. Em abstracto, essa solução seria ideal, mas os arreigados nacionalismos não podem ser ultrapassados por decreto nem pelos tratados entre os vários governos. Razões de ordem histórica e as diferenciações culturais e linguísticas, e até a própria geografia, constituem-se em obstáculos intransponíveis a esse projecto unificador. Todas as tentativas de unificar a Europa fracassaram. De Carlos Magno a Hitler, e passando por Napoleão, ninguém conseguiu domar o apego dos povos europeus à sua independência e à sua identidade.
Oe líderes fundadores da então CEE bem pensaram nisso, mas, prudentemente, arrepiaram caminho, preferindo seguir um caminho integrador por etapas. Ainda estavam bem vivas as feridas da II Guerra Mundial, para colocar de pé a ideia de formar os Estados Unidos da Europa. E, nos tempos actuais, também não existem condições para concretizar tal desiderato. Isto não quer dizer que o objectivo não possa ser alcançado por uma via camuflada, sem os povos perceberem, aproveitando a crise das dívidas soberanas, talvez, até, provocada intencionalmente. George Soros não é o primeiro a preconizar a centralização da política orçamental de todos os países do euro num organismo da UE, que também, em exclusividade, teria o poder de emitir títulos de dívida (os eurobonds), que se destinariam a financiar as necessidades dos estados membros. Fica por demonstrar se esta iniciativa, uma vez institucionalizada, iria ser bem aceite pelos agentes dos mercados de capitais, que não deixariam, certamente, de a considerar artificial e enganadora. O que se sabe, com toda a certeza, é que uma qualquer medida federalizadora, que retire a competência orçamental aos estados membros, não é vantajosa para os países com economias mais débeis (Portugal e Grécia). Seria um erro a somar a outro erro, o da adesão à moeda única, cuja criação obedeceu essencialmente aos interesses da Alemanha, que assim conseguiu atrair capitais, com que financiou a sua economia, tendo, ao mesmo tempo, criado uma enorme reserva para poder emprestar aos países do sul da Europa. Para Portugal, uma moeda de câmbio elevado, revelou-se uma opção desastrosa, embora as forças do establishment omitam, por conveniência, tal juízo de valor. A subida constante do endividamento de Portugal (o do Estado e o dos bancos) e a acumulação dos défices orçamentais iniciaram-se precisamente a partir da adesão ao euro. A competitividade da economia diminuiu e as exportações não cresceram ao ritmo desejado. Como as importações aumentaram, Portugal somou ao défice orçamental, o défice comercial e o défice da balança de pagamentos. A economia ficou de tal modo fragilizada, que não aguentou o impacto da crise de 2008. O país ficou mais pobre, e mais pobre irá ficar se as cruéis medidas de austeridade prosseguirem. Com a taxa de produtividade baixa (é o verdadeiro calcanhar de Aquiles da economia portuguesa), os dirigentes europeus e os nacionais apostam no aumento da competitividade, através da diminuição do valor dos salários reais. Mas por esta via, o crescimento da economia através do aumento das exportações será muito lento e exíguo, o que vai obrigar a contrair, durante muito tempo, novos empréstimos para pagar os actuais. E mesmo que a ideia dos eurobonds avance, Portugal não poderá esperar complacentes benevolências da Alemanha e dos outros países ricos europeus. Eles saberão, tal como os actuais credores, aproveitar a oportunidade de cobrar juros altos e compensadores, Não nos esqueçamos que todo o sistema financeiro internacional foi concebido para operar a transferência da riqueza dos países mais pobres para os países mais ricos, e, dentro de cada país, para efectuar essa transferência do mundo do trabalho para o mundo do capital.

George Soros: "A crise europeia é mais perigosa que a de 2008"

O investidor George Soros acredita que "a crise europeia é mais perigosa que a de 2008", porque nesse ano a comunidade internacional dispunha dos instrumentos e das autoridades necessárias para resolver os problemas. Já nesta crise, "a Zona Euro ainda está a construir" as suas instituições.Poru
Num seminário organizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a crise na Zona Euro, Soros a disse que a União Monetária precisa de um Ministério das Finanças comum com capacidade de endividamento. Na sua visão é preciso uma instituição que, por um lado, garanta, com credibilidade, que tem capacidade de acudir a países em dificuldades e de ter dinheiro e legitimidade política para comandar um combate à crise. Por outro, precisa de resolver o problema de várias dívidas públicas e uma só moeda.
No seu entender o “Fundo Europeu de Estabilidade Europeia é um embrião desse ministério das finanças” europeu, defendendo que se por acaso o FEEF ganhar o poder para se endividar no mercado então estarão lançadas de forma indirecta as polémicas obrigações europeias (eurobonds).
Soros deu um sinal de esperança na resolução da crise imediata – até porque a quebra do euro implicaria o colapso do sistema financeiro internacional - mas traçou um cenário negro para o futuro de médio e longo prazo.
“A crise europeia poderá acabar por ser controlada, mas temo que se siga uma contracção de grande dimensão do crédito e dos orçamentos”, frisou o presidente da "Soros Fund Management".
O seminário sobre a crise na Zona Euro contou, ainda, com Gao Xiqing, o presidente do fundo soberano chinês, Olli Rehn, comissário europeu, Nemat Shafik directora-geral adjunta do FMI e Vítor Gaspar, ministro das Finanças português.
Dinheiro Vivo

sábado, 24 de setembro de 2011

Marinho Pinto diz que não vai "perdoar nem um centavo" ao Estado

Bastonário da Ordem dos Advogados- Marinho Pinto
Ordem dos Advogados toma posição sobre dívidas aos advogados oficiosos
O bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, afirmou este sábado que vai tomar "acções judiciais contra o Estado" e que "não vai perdoar nem um centavo dos juros da dívida [cerca de 30 milhões de euros] que o Estado tem para com os advogados oficiosos".
Correio da Manhã
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No regime esclavagista, o escravo trabalhava sem receber uma remuneração, derivada de um contrato individual, livremente aceite por ambas as partes. O seu proprietário apenas lhe garantia o mínimo da sua subsistência. Os advogados oficiosos portugueses nem a isso têm direito. São autênticos escravos do Estado. E ainda queremos ser designados como um país moderno e civilizado. A barbárie já está instalada.

Parlamento chumba taxa à banca, bens de luxo e mais-valias


Diplomas tinham sido apresentados pelo PCP na Assembleia da República, mas não convenceram a maioria de direita.
O Parlamento chumbou esta sexta-feira várias iniciativas do PCP sobre a taxação extraordinária da banca, maiores empresas, bens de luxo e mais-valias mobiliárias.
Os comunistas pretendiam uma taxação adicional em 25 por cento do IRC no sector bancário, financeiro e grandes grupos económicos, mas o projecto-de-lei foi rejeitado por todas as restantes bancadas parlamentares.
Também chumbado foi o diploma do PCP que veiculava uma tributação adicional sobre a aquisição e detenção de automóveis de luxo, iates e aeronaves. Neste caso, os votos favoráveis dos comunistas, Bloco de Esquerda e PS não foram suficientes, pois a maioria PSD/CDS chumbou a iniciativa.
A tributação das mais-valias mobiliárias realizadas por Sociedades Gestoras de Participações Sociais (SGPS), Sociedades Gestoras de Capitais de Risco e diversos fundos de investimentos. Este diploma foi chumbado pela maioria de direita.
Os comunistas também pretendiam criar uma nova taxa aplicável às transacções financeiras realizadas em bolsa, mas viram chumbada esta pretensão pela oposição parlamentar.
Foram também rejeitados pelos partidos, os projectos comunistas que previam a criação de uma sobretaxa extraordinária em sede de IRC; a fixação em 21,5 por cento de uma taxa às mais-valias mobiliárias, em sede de IRS; a criação de um novo escalão para rendimentos colectáveis acima dos 175 mil euros, incluindo juros e dividendos de capital; a tributação adicional do património de luxo com uma alteração no Imposto sobre as Transacções Onerosas e o Código do Imposto sobre Imóveis;
Também o Bloco de Esquerda viu dois projectos-de-lei sobre matéria fiscal serem rejeitados pelo Parlamento. Os diplomas pretendiam a inclusão das mais-valias em IRS e a sua tributação a empresas.
Agência Financeira
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A direita e o Partido Socialista estiveram à altura da sua missão histórica: a de defenderem os interesses do grande capital. Ficaram desmascarados com esta iniciativa do PCP. Amanhã, não venham os seus dirigentes dizer que são defensores indefectíveis dos trabalhadores. Afinal, o que os separa do soba da Madeira é apenas uma questão de estilo. Na hipocrisia são iguais.

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à Hevelyne, pela sua decisão de se inscrever como amiga deste blogue.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O encerramento da urgência psiquiátrica do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, gera protestos dos médicos.


Sindicato dos Médicos da Zona Sul/FNAM
NOTA À IMPRENSA

O encerramento da urgência psiquiátrica do Hospital Curry Cabral
e as suas consequências para os doentes.

Em consequência do programado encerramento da urgência do Hospital Curry Cabral no próximo mês de Outubro, a urgência de Psiquiatria do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL) a funcionar nesta unidade hospitalar, passará para a urgência do Hospital de Santa Maria, funcionando de forma conjunta com a actual urgência psiquiátrica deste hospital.

Assim, importa sublinhar as seguintes questões fundamentais:

1- De forma precipitada, associa-se o atendimento de uma população de cerca de dois milhões de habitantes, actualmente servidos pela urgência de psiquiatria a funcionar no Hospital Curry Cabral, ao atendimento de cerca de 350 mil, realizado no Hospital de Santa Maria.

2- Na urgência de psiquiatria do Hospital Curry Cabral dispunha-se de uma equipa constituída por 2 psiquiatras e 2 enfermeiros com prática de urgência psiquiátrica por turno, e de instalações adequadas, constituídas por 2 gabinetes para observação de doentes, 9 camas de SO (serviço de observação), onde se procurava estabilizar os doentes antes do transporte para o CHPL. Era frequente as camas de SO encherem ao longo das 12h diurnas de urgência, condicionando o transporte dos doentes do HCC para o CHPL após devidamente estabilizados.

3- O que nos é agora proposto é a ausência de uma sala de observações (porque o Hospital de Santa Maria nunca a teve) e a diminuição no número e na qualificação do pessoal de enfermagem (1 enfermeiro não especializado/turno), o que significa um marcado retrocesso no desenvolvimento da qualidade do atendimento aos doentes psiquiátricos.

4- Para a concretização desta urgência alargada e conjunta de Psiquiatria, está prevista a escala de um médico do CHPL e de um médico do Hospital de Santa Maria em cada doze horas, quando até aqui se encontravam escalados três médicos – dois no Hosp. Curry Cabral e um no Hosp. Stª Maria/12h.

5- A urgência de Psiquiatria do Hosp. Curry Cabral atende doentes da área de responsabilidade do CHPL, cobrindo ainda o atendimento dos doentes da região sul do Tejo, onde não existe urgência de Psiquiatria (Beja). Constitui, ainda, recurso para outras regiões onde o escasso número de médicos psiquiatras impossibilita o funcionamento permanente do serviço de urgência (Faro, Portimão, Almada, Portalegre, Setúbal) ou quando o número de camas hospitalares de psiquiatria se torna insuficiente para a cobertura à população.

6- A urgência de Psiquiatria do Hosp. Curry Cabral atende uma média de 30 doentes psiquiátricos/dia e uma média anual entre os 11.000 a 12.000 doentes. Interna uma média de 243 doentes/mês (8,1/dia) e realiza o maior nº de Internamentos Compulsivos, ao abrigo da Lei de Saúde Mental (30,4/mês).

7- De forma precipitada determina-se o funcionamento da nova urgência psiquiátrica em contentores, sem sala de observações (SO) e sem enfermagem psiquiátrica.

8- A especificidade dos doentes psiquiátricos de urgência, muitos deles agitados e agressivos, recusando internamento voluntário, determina a necessidade de ambientes tranquilos e adequados (segundo normas internacionalmente estabelecidas) e de equipas técnicas com formação, de forma a controlar as situações que podem oferecer risco para o doente e/ ou para terceiros. A prática do Hosp. Stª Maria, onde os doentes psiquiátricos permanecem nas mesmas salas de observação com doentes com outros tipos de patologia física, mostra claramente a falta de condições adequadas para servir os doentes psiquiátricos de urgência criando, ainda, um risco adicional de segurança para todos.

9- Como apoiar o elevado número de doentes que esta junção de urgências determina, sem apoio de uma equipa de enfermagem especializada e com prática de urgência psiquiátrica? Quem administra a prescrição das terapêuticas psiquiátricas, sobretudo em situações de agitação? O recurso às figuras de autoridade naquilo que é a prática clínica psiquiátrica, não deve ser generalizado e vulgarizado, só devendo ser usado em situações limite. A prática da psiquiatria de urgência deve ser garantida através do funcionamento de uma equipa médica e de enfermagem coesa e em condições físicas apropriadas ao seu funcionamento, de acordo com regras internacionais.

10- Questionamo-nos sobre onde vão permanecer os doentes em observação psiquiátrica até à estabilização clínica e aqueles que aguardam resultados de métodos complementares de diagnóstico ou de avaliação do foro médico. Como vamos garantir que os doentes estão psiquiatricamente capazes de serem transferidos? Como garantir a segurança do transporte para o CHPL?

11- Esta forma precipitada de associar duas urgências, ignora ainda que a grande maioria dos doentes observados na urgência de Psiquiatria do Hosp. Curry Cabral apresentam como hospital de referência para cuidados médicos/cirúrgicos gerais, o Hosp. de S. José e não o Hosp. de Stª Maria, o que irá determinar o transporte através da cidade de Lisboa de doentes psiquiátricos que necessitem, em simultâneo, de cuidados médicos ou cirúrgicos, pois é previsível que os médicos internistas e de outras especialidades não possam observar doentes fora de área de atendimento.

Está claramente em causa a qualidade de cuidados prestados, criando-se um retrocesso nas condições de funcionamento do serviço de urgência psiquiátrica, com a ausência de condições físicas/humanas adequadas.
É exigido aos médicos psiquiatras que façam urgência em condições que irão levar à má prática médica e ao desrespeito pelos direitos fundamentais dos doentes mentais.
Como tal, há que denunciar a leviandade desta decisão, que não atende aos pressupostos mínimos de garantia de qualidade de cuidados prestados, não garante a humanização do serviço nem a segurança de doentes/ terceiros, o que constitui um retrocesso ao século XIX na forma como os cuidados em Psiquiatria e Saúde Mental são encarados.
Os médicos psiquiatras não podem assumir qualquer responsabilidade decorrente da falta de condições deste serviço, no que respeita à má prática médica que daqui poderá decorrer, nem por qualquer acontecimento que possa colocar em risco a integridade dos doentes ou terceiros.
O Sindicato dos Médicos da Zona Sul/FNAM desenvolverá todos os esforços para que tais medidas gravosas não sejam implementadas e se desencadeie um processo de reflexão célere sobre as soluções mais adequadas às necessidades de prestação de cuidados numa área tão delicada como a psiquiatria.
Simultaneamente, serão adoptadas firmes iniciativas de denúncia pública de medidas deste tipo que são atentatórias dos direitos dos cidadãos.

Lisboa, 22/9/2011

A Direcção do Sindicato dos Médicos da Zona Sul/FNAM
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NOTA: Tijolo a tijolo, o governo, ao serviço da troika, vai desmantelando cirurgicamente o Serviço Nacional de Saúde. Os cortes são feitos às cegas, numa visão estritamente financeira, e não acautelando a qualidade dos serviços médicos e de enfermagem. O acesso dos utentes aos centros de saúde e aos serviços hospitalares já está a transformar-se num pesadelo social. Muitos doentes irão morrer precocemente por falta de assistência médica atempada. Os portugueses estão a ser confrontados com a sonegação de um direito básico, consignado pela Constituição - o direito à Saúde - que, presumo, ainda está em vigor. O Ministério da Saúde está a implementar uma política assassina e cruel, em obediência aos interesses do capitalismo financeiro.

JENNIFER RUSH - 'THE POWER OF LOVE' 1984

Agradecimento


O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à TS, pela sua decisão de se inscrever como amiga deste blogue.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

RUINAS DE CONIMBRIGA



Conimbriga: uma reconstituição virtual


Amabilidade do João Fráguas
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A cidade romana de Conimbriga, perto de Condeixa-a-Nova, pertencia à província romana da Lusitânia. As suas ruínas são as mais importantes de todo o território português, quer pela informação arqueológica disponibilizada, quer pelo seu tamanho e monumentalidade, e quer, ainda, pelo seu razoável estado de conservação.
A ocupação romana ocorreu no ano 139 a.C., durante as campanhas militares comandadas pelo general e político Décimo Junio Bruto.
Durante o século primeiro da nossa era, construíram-se as grandes termas e o Forum. A muralha perimetral, com uma extensão de um kilómetro e meio, data do século IV, época em começou a verificar-se o declínio do império romano.
Entre os anos 465 e 468, a cidade sofre vários ataques dos povos bárbaros, tendo caído nas mãos dos suevos, que a saquearam.

sábado, 17 de setembro de 2011

O Beijo do Sol - de Pedro Osório

***
Do meu amigo Diamantino Silva, e a acompanhar este vídeo, recebi a seguinte comunicação:

Como talvez saibam, o Pedro Osório está muito doente.Peço que lhe prestem esta pequena homenagem.
Isto é uma autêntica preciosidade Recuso-me é a chamar-lhe relíquia.
Obrigado

DE : Pedro Osório [mailto:pedroosorio@netcabo.pt[1]]

ENVOYé : dimanche 11 septembre 2011 19:58

OBJET : O meu primeiro video

Caros amigos,
Acabei de me estrear a fazer e montar um video. É um video-clip
sobre uma música de um disco meu que está para sair.
Coloquei-o no Youtube e, como sabem, só acima de um certo
número de visionamentos é que ele aparece nos motores de busca.
Peço-vos então que visitem este endereço
Talvez não se aborreçam e, se tal acontecer, por favor passem
aos vossos amigos.
Aqui fica desde já o meu agradecimento.
Pedro Osório

I miei abbracci..​.

Amabilidade da Dalia Faceira
***
O simples abraço que pode mudar o mundo por breves instantes. É um abraço emocionante, ao qual ninguém pode ficar indiferente.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Tribo na Papua Nova Guiné encontra o homem branco pela primeira vez (1976)

Amabilidade do Campos de Sousa, que enviou este vídeo.
***
Um registo raro do encontro da actual civilização com a sua ancestralidade genealógica. O momento mágico da descoberta, onde se misturou o medo e o espanto perante a novidade nunca vista. Foi preciso usar as mãos para desfazer as dúvidas daquilo que o olhar via. Foi preciso tactear os músculos dos braços e apalpar o cabelo, para reconhecer identidades gémeas. E, depois, foi a alegria da descoberta das maravilhas, nunca suspeitadas. Foi difícil aceitar a imagem do rosto, devolvida pelo espelho, que mais parecia um feitiço, e que, por isso, espalhava o terror . Foi difícil apurar o paladar para a comida exótica. Os gestos eram toscos e descoordenados no manuseamento dos objectos esquisitos. Batiam com o punho na cabeça para exprimirem alegria e satisfação. Ficaram a saber que o mundo se estendia muito para além do território da sua vivência de recolectores e caçadores. A História, para eles, tinha parado no tempo.  

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à Gardenia Lopes Guimarães, pela sua decisão de se inscrever como amiga deste blogue.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Fábulas para as Nações Jovens - EU, O DOUTOR - Fernando Pessoa


EU, O DOUTOR

Entrei uma tarde numa camisaria de onde gastava com o fim imaginado de comprar uma gravata. O caixeiro que estava livre de freguês, e que há muito me conhecia, cumprimentou-me alegremente: «Boa tarde, senhor doutor».
«Não sou doutor» disse-lhe, e era (a) verdade. «Porque é que me julga doutor?»
«Ah, eu realmente julgava...» respondeu ele limpidamente.
Pedi gravatas, escolhi a que preferi, paguei. Nesta altura o outro caixeiro, que também de há muito me conhecia, veio para ao pé do colega.
«Boa tarde», disse eu a ambos.
Os dois caixeiros inclinaram-se amáveis e sincrónicos, e, como um só, disseram:
«Boa tarde, senhor doutor, e muito obrigado».

Moralidade.
Quando a opinião nos faz doutores, doutores temos que ser. Na vida social, somos o que os outros nos julgam, e não o que até fingidamente somos. A nossa personalidade social, para todos, ou histórica, para os célebres, é uma ideia de nós que nada tem de nós. O estadista que saiba saber isto tem a chave do domínio do mundo. Pode, é claro, faltar-lhe a porta; isso, porém, é já destino.

31-1-1932
Pessoa Inédito. Fernando Pessoa. (Orientação, coordenação e prefácio de Teresa Rita Lopes). Lisboa: Livros Horizonte, 1993.
- 269.
«Fábulas para as Nações Jovens».

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Grécia e Portugal com novos recordes de risco de bancarrota


Juros continuam subida

A acompanhar este incêndio no mercado dos cds, as yields (juros implícitos) dos títulos do Tesouro dos "periféricos" continuaram a tendência altista no mercado secundário.
Os juros dos títulos gregos a 12 meses estão acima de 117%; no caso dos juros a 2 anos fecharam em 69,55%, segundo dados da Bloomberg.
Os juros das obrigações do Tesouro português estão em alta em todas as maturidades, bem como nos títulos irlandeses.
Os juros das obrigações espanholas (OE) e dos títulos do Tesouro italiano (BTP) a 10 anos continuam a subir acima de 5%: fecharam em 5,33% para as OE e 5,57% para os BTP. A ter havido hoje intervenção do Banco Central Europeu (BCE) no mercado secundário - como alegam muitos analistas -, o seu impacto não obteve a inversão da tendência altista.
De 8 de agosto até 9 de setembro, o BCE já comprou €70,21 mil milhões em títulos soberanos de países membros no mercado secundário.
Em total contraponto, os juros dos Bunds, os títulos alemães, a 10 anos fixaram um novo mínimo histórico, em 1,74%.
EXPRESSO
***
A UE já não governa a partir de Bruxelas. Todas as decisões emanam unilateralmente de Berlim. Está a nascer, na Alemanha, um novo tipo de fascismo, o fascismo financeiro. Angela Merkel quer fazer com o compressor do euro aquilo que Hitler não fez com os tanques e canhões.
http://clix.expresso.pt/grecia-e-portugal-com-novos-recordes-de-risco-de-bancarrota=f673345

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Marselha ainda é francesa?!

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         O PROBLEMA DA INVASÃO ISLÃMICA EM FRANÇA E EM OUTROS PAISES ´
EUROPEUS NÃO PARECE TER SOLUÇÃO E OS GOVERNOS DENTRO
DE ALGUNS ANOS SERÃO TAMBEM ISLÃMICOS.

Quer as políticas de assimilação, praticadas em França, quer a política de integração, posta em prática na Grã-Bretanha e em mais alguns países nórdicos, em relação aos imigrantes, revelaram-se um autêntico fracasso. A religião de origem da maioria destes imigrantes, a religião muçulmana, teve mais força do que as políticas dos estados e a complacência da sociedade autóctone. Os muçulmanos recusam a assimilação ou a integração e alimentam o sonho, tal como se assistiu nas ruidosas e ameaçadoras manifestações em Londres e em Paris, de fazer um ajuste de contas com o Ocidente. Esta postura é surdamente alimentada pelos sacerdotes, que, silenciosamente, trabalham no grande desígnio de um dia, pela força da demografia, imporem o islão aos europeus.
As violentas manifestações dos jovens descendentes dos abnegados imigrantes, em Paris, em 2007, e, este ano, em Londres, confrontaram as respectivas sociedades com os monstros que estavam a ser fabricados no eu seio. Mas os políticos depressa deixaram cair a discussão no esquecimento, já que se trata de uma questão melindrosa, que poderá vir a causar mais tumultos e violência, adoptando aquela atitude conformista de que quem vier atrás, que feche a porta.
Mas não são apenas causas religiosas e culturais a inquinarem as políticas de assimilação e as de integração. Os filhos dos imigrantes não querem ocupar os empregos dos pais. Como estudaram, fazendo a escolaridade obrigatória, por vezes aos tropeções, anseiam empregos mais qualificados, que a sociedade lhes nega. O gueto e a marginalidade são a solução. Solução enganadora, que irá no futuro rebentar na boca dos europeus.
Fotografias enviadas pelo João Fráguas

domingo, 11 de setembro de 2011

Por que razão a Islândia deveria estar nas notícias, mas não está? - por Deena Stryker


Os povos que já se encontram sob ataque do FMI devem olhar para a Islândia. Recusando curvar-se perante os interesses estrangeiros, este pequeno país afirmou, alto e a bom som, que o povo é soberano.
É por isso que já não aparece nas notícias.

A história que um programa de rádio italiano conta acerca da revolução que decorre na Islândia é um exemplo impressionante de quão pouco os media nos dizem sobre o que se passa no resto do mundo. Os norte-americanos lembrar-se-ão de que no início da crise financeira de 2008, a Islândia caiu literalmente na bancarrota. As razões foram mencionadas apenas de passagem e, desde então, este membro pouco conhecido da União Europeia caiu de novo no esquecimento.
Há medida que um país europeu atrás do outro atinge ou fica próximo de atingir a bancarrota, pondo em perigo o Euro e com repercussões para o mundo inteiro, a última coisa que os poderes em questão querem é que a Islândia se torne um exemplo. Eis a razão:
Cinco anos de um regime puramente neo-liberal fizeram da Islândia (população de 320 000 habitantes, sem exército) um dos mais ricos países do mundo. Em 2003 todos os bancos do país foram privatizados e, num esforço para atrair o investimento estrangeiro, passaram a oferecer serviços on-line, cujos custos reduzidos lhes permitiram oferecer taxas internas de rendibilidade relativamente elevadas. Estas contas, designadas “IceSave”, atraíram muitos pequenos investidores ingleses e holandeses. Mas, à medida que os investimentos cresciam, também a dívida externa dos bancos aumentava. Em 2003, a dívida islandesa equivalia a 200 vezes o seu PIB e, em 2007, era de 900%. A crise financeira de 2008 foi o golpe de misericórdia. Os três principais bancos islandeses, o Landbanki, o Kapthing e o Glitnir caíram e foram nacionalizados, enquanto o Kroner perdeu 85% do seu valor em relação ao Euro. No final do ano, a Islândia declarou a bancarrota.
Ao contrário do que se poderia esperar, da crise resultou que os islandeses recuperaram os seus direitos soberanos, através de um processo de democracia participativa directa, que acabou por conduzir a uma nova Constituição. Mas só depois de muito sofrimento.
Geir Haarde, primeiro-ministro de um governo de coligação social-democrata, negociou um empréstimo de dois milhões e cem mil dólares, ao qual os países nórdicos acrescentaram mais dois milhões e meio. Mas a comunidade financeira internacional pressionou a Islândia a impor medidas drásticas. O FMI e a União Europeia quiseram apoderar-se da sua dívida, alegando que este era o único caminho para que o país pudesse pagar à Holanda e ao Reino Unido, que haviam prometido reembolsar os seus cidadãos.
Os protestos e as revoltas continuaram, acabando por forçar o governo a demitir-se. As eleições foram antecipadas para Abril de 2009, resultando numa coligação de esquerda, que condenou o sistema económico neoliberal, mas logo cedeu às exigências daquele, de acordo com as quais a Islândia deveria pagar um total de três milhões e meio de Euros. Isto exigia que cada cidadão islandês pagasse 100 euros por mês (cerca de US $ 130) por quinze anos, a juros de 5,5%, para pagar uma dívida contraída por particulares perante particulares. Foi a gota de água que fez transbordar o copo.
O que aconteceu depois foi extraordinário. A crença de que os cidadãos tinham que pagar pelos erros de um monopólio financeiro, que uma nação inteira deveria ser tributada para pagar dívidas privadas caiu por terra, transformando a relação entre os cidadãos e suas instituições políticas, e acabando por trazer os líderes da Islândia para o mesmo lado dos seus eleitores. O Chefe de Estado, Olafur Ragnar Grímsson, recusou-se a ratificar a lei que teria feito os cidadãos da Islândia responsáveis pelas dívidas seus banqueiros, e aceitou o repto para um referendo.
É claro que isto apenas fez com que a comunidade internacional aumentasse a pressão sobre a Islândia. O Reino Unido e a Holanda ameaçaram com represálias terríveis, que isolariam o país. Quando os islandeses foram a votos, os banqueiros estrangeiros ameaçaram bloquear qualquer ajuda do FMI. O governo britânico ameaçou congelar poupanças islandesas e contas correntes. Como afirmou Grimsson: “Foi-nos dito que, se recusássemos as condições da comunidade internacional, nos tornaríamos na Cuba do Norte. Mas, se tivéssemos aceitado, ter-nos-íamos tornado antes no Haiti do Norte.” (Quantas vezes escrevi que quando os cubanos olham para os problemas do seu vizinho, o Haiti, consideram que têm sorte.)
No referendo de Março de 2010, 93% dos islandeses votou contra o pagamento da dívida. O FMI imediatamente congelou o seu empréstimo. Mas a revolução (apesar de não ter sido transmitida nos EUA), não se deixaria intimidar. Com o apoio de uma cidadania em fúria, o governo colocou sob investigações civis e penais os responsáveis pela crise financeira. A Interpol lançou um mandado internacional de captura para o ex-presidente do Kaupthing, Sigurdur Einarsson, à medida que outros banqueiros envolvidos no crash fugiram do país.
Mas os islandeses não pararam por aí: decidiram elaborar uma nova constituição que iria libertar o país do poder exagerado da finança internacional e do dinheiro virtual. (A que vigorava havia sido escrita quando a Islândia ganhou sua independência à Dinamarca, em 1918, sendo que a única diferença relativamente à Constituição Dinamarquesa a de que a palavra “presidente” a palavra substituiu a palavra “rei”.)
Para escrever a nova constituição, o povo da Islândia elegeu 25 cidadãos, de entre 522 adultos que não pertenciam a nenhum partido político, mas recomendados por pelo menos trinta cidadãos. Este documento não foi obra de um punhado de políticos, mas foi escrito na Internet. Reuniões da Constituinte são transmitidas on-line, e os cidadãos podem enviar os seus comentários e sugestões, vendo o documento tomar forma. A Constituição que resultará deste processo participativo e democrático será submetida ao Parlamento para aprovação depois das próximas eleições.
Alguns leitores lembrar-se-ão de que a crise agrícola da Islândia do século IX foi tratada no livro de Jared Diamond que tem esse nome. Hoje, esse país está a recuperar do colapso financeiro de forma exactamente oposta àquela geralmente considerada inevitável, como foi confirmado ontem pela nova presidente do FMI, Christine Lagarde, a Fareed Zakaria. Foi dito ao povo da Grécia que a privatização de seu sector público é a única solução. Os povos da Itália, da Espanha e de Portugal enfrentam a mesma ameaça.
Estes povos devem olhar para a Islândia. Recusando curvar-se perante os interesses estrangeiros, este pequeno país afirmou, alto e a bom som, que o povo é soberano.
É por isso que já não aparece nas notícias.

Traduzido por André Rodrigues P. Silva
In ODiario.info

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Notas do meu rodapé: A armadilha da dívida

Imagem enviada por João Fráguas
Pode dizer-se que a dívida pública é tão velha como a moeda, que surgiu revolucionariamente no sec. VI a.c numa ilha jónica e se expandiu rapidamente pelo mundo de então, facilitando e dinamizando as trocas comerciais . Nem os monarcas dos grandes impérios prescindiram de contrair empréstimos para sustentar, na maior parte das vezes, os gastos perdulários a que se entregavam. O imperador Carlos V, da casa dos Hasburgos, soberano de Espanha, dos Países-Baixos e do Novo Mundo, foi largamente financiado pelo alemão Jacob Fugger, o maior banqueiro do séc. XVI.
Para lançar as infra-estruturas de desenvolvimento, os estados necessitaram sempre de contrair dívida, quer internamente, quer no exterior, já que as receitas provenientes dos impostos eram insuficientes. Em Portugal, na segunda metade do sec. XIX, assistiu-se a um dos períodos de maior endividamento, até então contraído, que foi utilizado essencialmente na construção dos caminhos de ferro, obra considerada essencial para desenhar um mercado uniforme, alargado a todo o território nacional, e que sustentasse a base da industrialização do país, que ainda se encontrava praticamente no estado em que a deixou o grande visionário e estadista, o Marquês do Pombal, um dos maiores governantes que Portugal teve na sua longa História. E foi esse endividamento colossal, que os governos da monarquia não conseguiram enquadrar, que precipitou a bancarrota e a suspensão do pagamento da dívida externa, em 1892, no que foi a maior crise financeira do país, nos tempos modernos, mas da qual se saiu, adoptando novas políticas orçamentais, que vieram novamente reanimar a economia. O estado de incumprimento não foi nenhum drama, assim como não seria um drama, tal como o professor de economia, Luciano Amaral, demonstrou recentemente, se na actual crise, que ainda vai ser mais grave do que aquela ocorrida em finais do sec. XIX, Portugal abandonasse a moeda única e exigisse a renegociação da dívida.
A natureza das dívidas soberanas actuais tem uma matriz  diferente da do período da industrialização. Por um lado, deixou de haver uma prudente contenção por parte dos estados, que começaram a recorrer ao endividamento para pagar despesas que deveriam ser suportadas, apenas pelos respectivos orçamentos. Por outro lado, a profunda financeirização das economias do mundo desenvolvido, possibilitada pela globalização e pela aplicação das doutrinas neoliberais, colocou a dívida no patamar das primeiras opções, para os estados, para as empresas e para as famílias, o que só foi possível com a reorganização do capitalismo financeiro internacional, que estruturou em rede os bancos de investimento e os bancos comerciais e promoveu a ascenção de uma classe política amestrada. Os bancos, aproveitando um longo período de taxas de juro baixas, estimularam e forçaram aquele endividamento e derivaram a sua actividade para as operações especulativas. Os resultados estão à vista. O colapso do sistema finaceiro só foi evitado com a recapitalização promovida pelos estados, com o dinheiro de contribuintes. Os accionistas dos bancos, que, anteriormente, já tinham acumulado fortunas, esfregaram as mãos de contentamento, pois alguém iria assumir o ónus, em vez deles.
A criação da moeda única também se inseriu nessa estratégia, cujo resultado final acaba invariavelmente por promover a transferência de riqueza dos países mais pobres para os países mais ricos, e, dentro de cada país, a tranferência de rendimentos oriundos do trabalho para os rendimentos do capital. As próprias ajudas comunitárias, concedidas com aparente altruísmo aos países aderentes, também vieram inculcar o "vício" da dívida, além de alcançarem o objectivo de construir novos mercados para o escoamento da produção dos países europeus mais industrializados. Como essas ajudas não cobriam a totalidade dos custos de cada projecto, os estados recorriam à dívida para o poderem executar. Não é pois, por acaso, que setenta por cento das exportações da Alemanha tem por destino o espaço europeu. Também não é por acaso que são os bancos alemães os grandes financiadores dos bancos e dos estados periféricos. Agora também já se percebe que é a Alemanha a grande beneficiária da crise orçamental dos países mais devedores. Com as taxas de juro a entrarem em estado paranóico, em pouco tempo, os valores cobrados pelos juros irão igualar o capital em dívida. Perante este quadro, atrevo-me a dizer que estamos perante um fascismo europeu de novo tipo, o fascismo financeiro alemão, que pretende subjugar a Europa com a ditadura do euro. Competirá aos povos e aos movimentos revolucionários libertarem-se da canga e da armadilha da dívida, não a pagando, ou, em alternativa, exigir a sua renegociação e o estabelecimento de um alargamento do prazo para a consolidação orçamental.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Agradecimento


O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à `Maria de Lurdes Cardoso "Milú", pela sua decisão de se inscrever como amiga deste blogue.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Agradecimento


O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento ao Helder Barros, pela sua decisão de se inscrever como amigo deste blogue.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

MY SWEET LORD

Amabilidade do amigo João Fráguas

Elenco
Na guitarra acústica Eric Clapton,
na guitarra elétrica o filho de George Harrison,
ao piano Paul McCartney,
na primera bateria Ringo Star,
na segunda bateria Phill Collins, e
na segunda guitarra elétrica Tom Petty,
ao órgão e interpretando a primeira voz o incrível Billy Preston.
Entre as vocalistas do coro esta Linda Eastman, esposa de Paul McCartney.

Também estiveram presentes nesse concerto:
Bob Dylan,
Ravi Shankar,
Jethro Tulle um número enorme de amigos e colegas dos Beatles, assim como
todo grupo 'The Cream' de Eric Clapton. Todos um pouco gordos e enrugados, mas encarnando o melhor
o melhor, representativo dos anos 70.
Billy Preston chegou a ser conhecido como o quinto Beatle; foi ele que sempre tocou o piano e o órgão em todas as gravações dos Beatles.

Alegria na EDP !!

Amabilidade do amigo João Fráguas


EDP já festeja o aumento dos preços da energia (+ 4,7%)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Saiba onde os portugueses "escondem" as suas poupanças


Numa altura em que se discute a forma de os ricos ajudarem a combater a crise orçamental, vale a pena saber quais são os destinos escolhidos pelos portugueses para resguardarem as suas poupanças do fisco.
Jornal de Negócios
***
É impressionante a quantidade de dinheiro que sai de Portugal para os off shores, num movimento contínuo inserido na grande manobra do capital financeiro internacional, que promove, por esta via, a transferência da riqueza dos países pobres para os países mais ricos. Uma vez colocado nesses paraísos fiscais, esse dinheiro é investido nos mais diversos fundos de investimento, constituídos nas bolsas de valores dos países mais desenvolvidos. Mas esse dinheiro não fica parado. Circula à velocidade da luz, na vertigem da especulação bolsista, e também é investido nos empréstimos internacionais aos bancos comerciais e aos governos dos diferentes países. Por isso, é provável que nos empréstimos concedidos a Portugal, com juros elevadíssimos, parte desses capitais envolvidos tenha tido origem em Portugal.
O dinheiro que vai para os off shore não é, de certeza, oriundo dos rendimentos da grande maioria dos trabalhadores portugueses. Os biliões de euros exportados por Portugal provêm dos rendimentos dos grandes accionistas dos bancos e das grandes empresas, que, por um lado, procuram fugir aos impostos do próprio país, e, por outro lado, obter maiores rentabilidades nos mercados bolsistas. Não se discutindo a legalidade do processo, embora se ponha em causa a respectiva legitimidade moral, nem negando os respectivos direitos sobre a sua titularidade, não se pode ignorar, contudo, que esse dinheiro resulta do esforço colectivo do mundo do trabalho. Ao sair para o exterior, esse dinheiro deixa de produzir efeitos na riqueza do país, onde poderia ser orientado para o investimento, para a poupança ou para o consumo de bens e serviços. É por isso que eu digo que a sacralização do mercado, baseada na trilogia (santíssima trindade do neoliberalismo) da liberdade de circulação de capitais, de mercadorias e de pessoas é uma autêntica farsa, e que apenas serve os interesses do grande capital financeiro. É um verdadeiro saque, organizado à escala global.
Ver infografia:  
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=503467

Os novos carros patrulha da PSP

Apesar da crise e das recomendações do memorando de entendimento (eu não entendi nada) da troika, a PSP está a fazer um grande esforço para modernizar o seu parque de viaturas, promovendo assim uma maior agilidade e mobilidade na execução das suas missões de patrulhamento, tal como este governo prometeu.
Imagem enviada por Luís Sales