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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A guerra surda do petróleo entre os EUA e a Arábia Saudita...


A guerra surda do petróleo entre os EUA e a Arábia Saudita

A história contada neste vídeo, sobre as causas que estão a pressionar a queda de preços do petróleo, está mal contada. Às justificações apresentadas falta acrescentar uma outra, que é inédita, mas que se perfila, neste momento, como a mais importante, e que vem a ser a guerra surda que se estabeleceu entre os EUA e a Arábia Saudita (velhos aliados), à volta do petróleo.
Os EUA sempre foram o principal cliente da Arábia Saudita, nas compras do petróleo, mas, nos últimos tempos, as encomendas dos americanos têm diminuído na mesma proporção do aumento da sua própria produção de petróleo, proveniente do gás de xisto (um processo altamente poluente). A Arábia Saudita não gostou desta mudança, como é natural, e tudo está fazer para complicar, neste aspecto, a auto suficiência dos EUA, que já produzem todo o petróleo de que necessitam.
Sabendo que a rentabilidade da produção de petróleo, a partir do gás de xisto, só é possível com o preço do barril acima dos cinquenta dólares, aumentaram em força a sua produção para a além da procura, provocando assim uma queda abrupta do preços, que passaram dos cerca de cem euros o barril para os actuais quarenta e cinco euros. E o preço poderá cair muito mais, por vontade da Arábia Saudita, cujo limite mínimo da sua produção, para garantir rentabilidade, poderá ir até aos dez euros o barril, uma vez que os seus poços têm têm pouca profundida, diminuindo assim os custos de produção.
Pressionados pelos EUA, os membros da OPEP pretendiam diminuir a produção, para que os preços subissem, mas a Arábia Saudita vetou esta proposta, que regimentalmente teria de ser aprovada por unanimidade, para que fosse aplicada.
É certo que os outros argumentos, tal como a quebra de produção na China e nos países emergentes (atenção à crise que aí vem) também tem de ser considerada nesta equação, mas a principal é esta, que possivelmente poderá trazer graves problemas futuros. As alianças e as promessas de eterna amizade não são eternas, e não me custa nada a crer que, se o regime sírio cair (os países ocidentais estã a fazer tudo para isso, os EUA transformarão rapidamente o rei da Arábia Saudita num ainda mais perigos Sadam Hussein, do Iraque.

Maria Luís mandou esconder contas da Parvalorem para reduzir prejuízos, avança Antena 1


Maria Luís mandou esconder contas da Parvalorem para reduzir prejuízos, avança Antena 1

A administradora da Parvalorem Paula Poças, admite à Antena 1 o pedido da actual ministra das Finanças para 'maquilhar' os números.

O Governo terá mandado alterar as contas da Parvalorem para que os prejuízos fossem menores que do aquilo que eram na realidade, baixando em 150 milhões de euros, revela hoje a Antena 1.
Numa investigação, a rádio estatal avança que a ministra das Finanças, Maria Luis Albuquerque, enquanto secretária de Estado do Tesouro, pediu para a administração da Parvalorem, empresa pública que ficou a gerir os activos de má qualidade do ex-Banco Português de Negócios (BPN), que mexesse nas contas de forma a que estas revelassem um cenário de perdas mais optimista do que o real, reduzindo os prejuízos reconhecidos em 2012.
Revela a investigação da Antena 1 que, quando Maria Luís Albuquerque soube, em Fevereiro de 2013, que as contas da Parvalorem apresentavam perdas de 577 milhões de euros com créditos em riscos de incumprimento, o que iria engordar o défice orçamental, fez o pedido à administração da empresa pública.
Tal pedido é admitido à Antena 1 pela administradora da Parvalorem Paula Poças, recordando a pergunta da então secretária de Estado: "qual é melhor expectativa quanto à informação que tínhamos às garantias no momento. Nós considerámos que não fazia sentido estar a agravar no momento as imparidades".
No entanto, e de acordo com declarações à Antena 1 de uma fonte que refez o relatório da Parvalorem, a empresa pública fez uma operação contabilística para baixar os prejuízos em 150 milhões de euros, sendo o impacto adiado para exercícios futuros.
Para responder positivamente a Maria Luis Albuquerque, a administração da Parvalorem mudou as contas já auditadas, entregando-as três dias depois após o pedido, adianta a Antena 1.
"Foi uma martelada que demos nas contas, eu nem questionei, as ordens vinham de cima, para recalcular as imparidades de forma a baixar o valor, atuámos dentro da margem que tínhamos", revela à Antena 1 uma das fontes que refez o relatório.
Segundo um documento enviado à tutela, a Parvalorem anuncia: "após o trabalho cirúrgico conseguimos reduzir o valor das imparidades de 577 milhões de euros para 420 milhões de euros".
De acordo com a investigação, no mesmo dia, a empresa recebeu um agradecimento de Maria Luís Albuquerque, referindo que queria uma redução ainda superior, mas a admitir que talvez "não fosse possível melhor".
Na sua peça, a Antena 1 diz que pediu segundo-feira esclarecimentos à ministra das Finanças sobre esta questão, mas ainda não recebem.

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Sabe-se já que, para a Parvalorem esconder os prejuízos do BPN, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, quando ainda era secretária de Estado do Tesouro, pediu à Volkswagen aquele software malicioso, que já estava a ser aplicado nos automóveis, com bons resultados.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Bruxelas diz que ainda há espaço para aumentar impostos em Portugal


Bruxelas diz que ainda há espaço para aumentar impostos em Portugal

País ainda pode recorrer a "impostos distorcivos" e mais "amigos do crescimento", como impostos sobre o consumo ou ambientais.

A menos de uma semana das eleições legislativas, a Comissão Europeia revela um relatório de 2015 sobre reformas fiscais nos Estados-membros onde defende que os Estados-membros que têm uma carga tributária relativamente baixa (grupo no qual inclui Portugal), podem recorrer a um aumento dos impostos sobre o consumo ou impostos ambientais.
Bruxelas considera que o País já tem uma "carga fiscal relativamente elevada" sobre o trabalho, pelo que deve transferir parte desse "fardo" para impostos "menos distorcivos", exemplificando com impostos sobre o consumo, impostos recorrentes sobre propriedade e taxas ambientais.
Recorde-se que os contribuintes sentiram o "enorme aumentos de impostos" em 2013, em que os escalões de IRS foram significativamente alterados, o que fez aumentar a carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho. Este ano entrou em vigor a reforma do IRS, que vem privilegiar sobretudo as famílias com filhos. No entanto, os escalões mantiveram-se inalterados.
Por outro lado, foi também implementada a chamada fiscalidade verde, com um aumento dos impostos ambientais e a criação da taxa do carbono ou sobre os sacos de plástico, por exemplo.
Além disso, Portugal foi identificado como um caso de "potencial necessidade de reduzir a carga fiscal" para o elemento do casal que menos vencimento retira do seu trabalho. Segundo o relatório, o vencimento do membro do casal que mais ganha está em linha com o salário médio auferido no país, enquanto o elemento que menos ganha aufere apenas 67% da média nacional.
Além de Portugal, há mais de uma dezena de países que o relatório coloca em pé de igualdade com o País, entre os quais Alemanha, França, Itália, Holanda, Bélgica, Finlândia ou Suécia.

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Digam lá para Bruxelas que eu não tenho mais espaço, pois a minha casa apenas tem três assoalhadas, e as paredes já estão cheias com as marcas da austeridade...
Essa dos impostos "distorcivos" é moda nova na linguagem cifrada, sofisticada e esquizofrénica, usada pelos tecnocratas de Bruxelas. Depois de dar muitas voltas ao toutiço, julgo que já percebi o que eles querem dizer. Então é assim: Se um trabalhador pagar num ano um certo valor em impostos sobre o consumo, fica-lhe mais barato do que se pagar o mesmo valor no IRS. Na tabuada de Bruxelas, que é que conta, dois mais dois não são quatro. São três. O Governo tem de fazer rapidamente uma lei de convergência da tabuada, para acertar o passo com a bitola de Bruxelas. É que, se assim não for, os portugueses ficam cada vez mais "distorcidos". Já perceberam o significado da nova palavra tecnocrática? Depois de publicada a lei de convergência das tabuadas, passaremos a dizer: Vão-se distorcer!...

Nota: Este post foi publicado às 15 horas de hoje, dia 29 de Setembro, tendo sido também publicado na minha página do Facebook no dia anterior, às 23 horas.

 Nota: Comecei a estudar a questão, no ponto de vista lexical e epistemológico, e cheguei à conclusão que a expressão "impostos distorcivos", que os tecnocratas de Bruxelas estão agora a querer impor, através do seu discurso político, deriva, em linha recta, do conceito "software distorcivo", criado na Alemanha pela Volkswagen. Está tudo explicado.

sábado, 26 de setembro de 2015

PLANO DE ACÇÃO PARA SÓCRATES IR VOTAR...


PLANO DE ACÇÃO PARA SÓCRATES IR VOTAR...

É o problema do costume. Obcecados com os códigos e com as normas jurídicas, os polícias e os juízes demonstram uma flagrante falta de imaginação, perante o improviso [Ver aqui]. O meu esquema, para esta situação, a de Sócrates pretender ir votar para as eleições da Assembleia da República, é muito simples e não transgride a lei eleitoral, que proíbe a presença de força armada num raio de 100 metros, em redor do local onde funciona a assembleia eleitoral, excepto se o respectivo presidente da Mesa a convocar, em face da ocorrência de graves distúrbios. Ora, na minha ideia (eu não sou idiota, atenção!), é isso mesmo que eu proponho.
Combinado previamente com a polícia, o presidente da Mesa organiza uma grande zaragata com uns tipos recrutados no bairro da Cova da Moura, pagos para o efeito com verbas da campanha do PàF (onde será fácil, depois, inventar uma rubrica contabilística para justificar a saída do dinheiro, num processo muito parecido com o do défice virtual do OE 2014, devido ao dinheiro do Estado enfiado no Fundo de Resolução, por causa do Novo Banco). Perante isto, o presidente da Mesa telefona para a polícia, que já se encontra escondida nas imediações, num carro não descaracterizado e com o Sócrates preso e com um saco de serapilheira enfiado na cabeça. Saem do carro e levam o Sócrates, que, naturalmente, ninguém poderá reconhecer, até à assembleia de voto, onde ele, já sem o saco na cabeça, exercerá o seu direito de voto. Neste momento, já os meliantes da Cova da Moura deram à sola para uma determinada rua das redondezas, com muito pouco movimento, onde ficam à espera que alguém lhes vá pagar o dinheirinho combinado, pelo frete.
Depois de Sócrates votar, ele é rapidamente algemado (e um polícia simula uma ferida na testa com tinta vermelha, ao mesmo tempo que oculta o saco de serapilheira num saco de plástico, podendo mesmo ser um saco de plástico do Pingo Doce) e arrastam-no, assim algemado, para o carro da polícia, sob a acusação de que foi ele o responsável pelos distúrbios na assembleia de voto. Entretanto, à chegada da rua onde ficou estacionado o carro da polícia, já se encontram as câmaras da televisões, avisadas sigilosamente por um funcionário judicial anónimo, às ordens do juiz Carlos Alexandre e do procurador Rosário Teixeira.
Se este projecto se concretizar (já enviei a proposta para a Direcção Geral da PSP), vou ter um ataque de riso, quando o advogado de Sócrates, João Araújo, aparecer no telejornal, com aquele ar zangado, a esbracejar e a empurrar as chatas das jornalistas, que lhe irão perguntar, certamente, se o saco era mesmo de serapilheira e se irá fazer mais algum recurso…

Opinião sobre os grandes temas dos quatro líderes dos partidos parlamentares...


O que eles pensam dos grandes temas (1)

O drama dos refugiados, os desafios da Europa e os problemas do desemprego foram já analisados pelos líderes nas semanas anteriores. Desta vez, pronunciam-se sobre a baixa da natalidade e explicam de que forma pretendem combater esta tendência. Um tema decisivo para o nosso futuro coletivo


PERGUNTA DESTA SEMANA: A tendência para a baixa natalidade está patente em todas as estatatísticas. Em 1960 nasciam 24 bebés por mil habitantes, em 2014 foram 7,9. Como se inverte esta tendência?

Pedro Passos Coelho
Inverter o declínio demográfico que se regista há mais de três décadas é, claramente, um dos desafios mais relevantes que a sociedade portuguesa tem perante si. E a sua resolução exige uma verdadeira mobilização nacional, traduzida em políticas que resultem de um amplo consenso social e político. O diagnóstico da situação está feito e não deixa dúvidas quanto à urgência de contrariar uma situação que, se nada de relevante for feito, terá apenas tendência a agudizar-se. Temos, assim, de ser capazes de encontrar soluções concretas, tendo em conta que os estudos demonstram que os portugueses gostariam de ter mais filhos, mas sentem muitas dificuldades à concretização desse desejo.
Recentemente, e na sequência de um amplo debate em redor das questões da natalidade, promovemos um conjunto de medidas legislativas, de que podem destacar-se o quociente familiar em sede de IRS, cuja reforma visou torná-lo mais amigo das famílias e sensível à dimensão do agregado familiar, o alargamento e diversificação dos cuidados formais na primeira infância ou a ampliação do plano de vacinação. O nosso objetivo é claro: queremos um Estado mais amigo das famílias e que se oriente pela preocupação de remover os obstáculos à natalidade, levando à prática medidas adicionais que favoreçam a harmonização entre a vida profissional e a vida familiar, que permitam uma participação efetiva dos pais na vida dos filhos, nomeadamente no que toca ao acompanhamento do seu percurso escolar, que melhorem os apoios à primeira infância, que favoreçam um envolvimento da família mais alargada, como sejam os avós, ou que considerem a questão da habitação.
De acordo com essa linha de orientação, e entre muitas outras medidas que constam do nosso programa eleitoral, propomos o aprofundamento do quociente familiar no IRS, de modo a que a ponderação por filho cresça para 0,4 em 2016 e para 0,5 em 2017 e que o limite máximo do benefício passe para 2.250 euros em 2016 e 2.500 euros em 2017, a reposição, na próxima legislatura, do 4.º e do 5.º escalões do abono de família (que foram abolidos pelo governo socialista), em conjugação com o processo de recuperação da estabilidade financeira do País e da recuperação dos níveis de emprego, ou a continuação do alargamento da cobertura da rede de creches, através da rede social e solidária, para o que iremos aumentar a contratualização com estas entidades, bem como com outras, quer públicas, quer privadas.
Além disso, e atingindo-se, no ano letivo 2016/2017, a universalização da oferta da educação pré-escolar desde os 4 anos, no decorrer da próxima legislatura, queremos preparar o alargamento da oferta aos ?3 anos, promovendo, em colaboração com as autarquias, a mobilização dos setores público, social e privado, com e sem fins lucrativos, para a prossecução deste objetivo. 

António Costa
Inverter a tendência de declínio demográfico, que pode comprometer seriamente o desenvolvimento económico e a sustentabilidade social do País, é um desafio complexo que não se resolve com um passo de mágica, antes exige um conjunto estruturado de medidas e de políticas públicas que possam, a curto e a médio prazo, reverter esta tendência. Antes de mais, é necessário promover o emprego e devolver confiança às famílias, fortemente abalada pelas políticas recessivas dos últimos anos, que para além dos obstáculos à natalidade, forçaram milhares de jovens em idade fértil a sair do País, agravando, ainda mais, a recessão demográfica.
Esta tendência pode ser revertida, a curto prazo, através de políticas de atração de imigração legal, de eliminação de obstáculos ao regresso dos nossos emigrantes e de remoção de um conjunto de obstáculos legais à parentalidade (por ex.: justificação de faltas por tratamentos no âmbito da reprodução medicamente assistida, assegurar que as medidas de apoio à parentalidade se destinam a pais e a mães, independentemente do seu estado civil ou nacionalidade, alargar aos avôs e às avós os mecanismos legais de redução ou adaptação de horários ou justificação de faltas para assistência a netos).
Por outro lado, temos de criar condições para o exercício de uma parentalidade responsável, o que passa por um conjunto de medidas que promovam a estabilidade do emprego e do rendimento das famílias, a conciliação entre trabalho e vida familiar e a igualdade de género. Neste domínio, o PS propõe uma série de medidas, das quais se destacam as seguintes: funcionamento da escola pública a tempo inteiro até aos 14 anos, de forma a conciliar a permanência na escola com os horários de trabalho dos pais, alargar a rede pública de creches, reduzir o horário da função pública para as 35 horas e promover junto do setor público e privado uma cultura de conciliação entre família e trabalho (adaptabilidade dos horários de trabalho, utilização de licenças parentais partilhadas, teletrabalho, etc.) e de promoção da igualdade de género. 

Jerónimo de Sousa
Os diversos estudos revelam que a grande maioria dos jovens gostariam de ter mais filhos contudo Portugal era, em 2013, o país da UE com um índice sintético de fecundidade mais baixo.
O adiamento do nascimento do primeiro filho e a redução do número de crianças por mulheres são a consequência direta da política de direita: desemprego, precariedade laboral, brutal redução do rendimento das famílias, aumento do horário de trabalho e do número de trabalhadoras que trabalham por turnos; discriminação das jovens trabalhadoras em função da maternidade, pelas crescentes dificuldades com que os pais se confrontam para assegurar um adequado acompanhamento dos seus filhos e para lhes proporcionar as condições adequadas ao seu crescimento, desenvolvimento e bem-estar. Uma política que obriga milhares de jovens a emigrar e que é responsável pelo aumento da pobreza infantil.
É necessário e urgente inverter esta situação o que impõe a rutura com a política de direita derrotando os seus diversos protagonistas - PS, PSD e CDS-PP.
O incentivo à natalidade exige a adoção de novas políticas públicas ancoradas nos valores, princípios e direitos conquistados com a Revolução de Abril e na Constituição da República, das quais destacamos:
A concretização dos direitos das mulheres, na lei e na vida; a elevação das condições de vida (designadamente o aumento dos salários e a estabilidade no emprego) que assegurem a independência económica e social das famílias; um efetivo apoio à maternidade e à paternidade (do abono pré-natal à garantia de pagamento integral do subsídio com base na remuneração de referência); a reposição da universalidade do abono de família com a valorização dos seus montantes, a garantia de uma rede pública de equipamentos de apoio com acesso a creches a todas as crianças com menos e 3 anos de idade e aos jardins de infância a partir desta idade.

Catarina Martins
Portugal é um país a encolher. O que aconteceu nos últimos três anos no nosso país não encontra paralelo na Europa. De 2011 a 2014, a taxa de natalidade caiu mais do que em toda a década anterior, baixando de 100 mil nascimentos por ano para cerca de 85 mil.
Para lá das estatísticas, estamos a falar de pessoas de carne e osso. Pessoas que, tendo vontade, não podem ter filhos. Seja porque não têm emprego, as suas vidas profissionais são cada vez mais precárias ou as expetativas de futuro que têm não lhes permite dar esse passo. E não podem porque, com salários a descer, não encontram uma creche que não lhes cobre menos de 30% do salário médio para colocar o filho.
Todos sabemos, e todos os dados o indicam, que a forma brusca como se acentuou a queda da natalidade está associada à crise social e económica, bem como à inexistência de creches públicas ou a preços acessíveis. Sobre isso, a coligação de direita (que tanto gosta de falar das famílias) nem uma linha diz ou propõe. É como se as pessoas deixassem de ter filhos, de um dia para o outro, porque sim.
As políticas que são seguidas, o estado da economia, a desregulação do mercado laboral e a pressão crescente das empresas para as mulheres não exercerem os seus direitos tem os seus custos.
É, por isso, urgente proteger o emprego das mulheres grávidas e em licença de maternidade, proibindo o despedimento em todo o tipo de contratos. Promover a igualdade, para combater a discriminação na contratação. Penalizar a sério os empregadores que não respeitam os direitos dos pais e mães, transformando o abuso laboral em contra ordenação muito grave.
Em Portugal a mensalidade das creches é mais alta dos que as propinas da universidade e não há oferta pública. ?É preciso apoiar as autarquias para a criação dessa oferta, e, em vez de acabar como quer o governo, aumentar a oferta de amas da segurança social.
VISÃO

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O consumo mau e o consumo bom...


Voltou o dinheiro fácil
O consumo das famílias está a aumentar e, com ele, o crédito. Taxas de juro mais baixas têm atraído os portugueses, que voltaram a comprar casas, carros e eletrodomésticos. Quais as consequências para a economia?
os primeiros sinais de alívio, as famílias caem de novo nos braços do crédito. Querem comprar casas, carros e eletrodomésticos, computadores e tabletes. Os portugueses não resistem. Mas estarão preparados para estas fúrias consumistas? Os economistas saúdam o crescimento económico alavancado no consumo mas alertam contra o aumento das importações. Eis alguns números que marcam esta nova onda consumista:

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O consumo interno em Portugal tem vindo a aumentar desde meados de 2012, devendo no fim deste ano ficar apenas a cerca de mil milhões de euros do valor atingido em 2010. O fenómeno não seria preocupante se este aumento se ancorasse predominantemente no aumento dos rendimentos das classes médias, o que não aconteceu. O aumento deveu-se essencialmente às baixas taxas de juros praticadas pelos bancos nos créditos às famílias para o consumo, o que é potencialmente perigoso para muitas dessa famílias, na eventualidade das taxas começarem a subir exponencialmente. Este aumento das taxas de juro está muito dependente da evolução das principais economias do mundo e da correspondente decisão da Reserva Federal Americana, em relação à economia dos EUA. Portugal, ao adoptar a moeda única, perdeu a capacidade de estabelecer as suas próprias taxas de juro, pois teve de abdicar do seu poder monetário e cambial. 
Mas, e isto também é preocupante, pois é mau para a economia portuguesa, o aumento do consumo interno foi muito impulsionado pela compra de produtos importados (automóveis, telemóveis, computadores e consumíveis de informática), cujo elevado valor veio diminuir o impacto positivo das exportações na balança comercial, que continua deficitária. É certo que o Estado, por esta via, também aumentou a receita de impostos, principalmente a do IVA, mas esta melhoria, que é acidental e dependente de factores externos à acção governativa (não é, pois, mérito do governo) não compensa a referida fragilidade da balança comercial. Cria-se uma riqueza artificial em Portugal, que não está sustentada no aumento de rendimentos das classes média, para contribuir para a riqueza real dos países fornecedores. Este perfil de consumo é o consumo mau.
O consumo bom seria aquele que se sustentasse nas estruturas de bens e serviços nacionais, já instaladas, e naquelas que viessem a ser criadas para substituir importações de alguns produtos, e, também, para exportar outros, o que, além de aumentar a riqueza nacional, iria impulsionar a criação de empregos. Mas não é este caminho que os partidos que juraram fidelidade à troika estão a seguir, nem prometem vir a seguir. Esta seria a principal vantagem se Portugal tivesse uma moeda própria, pois automaticamente, através de políticas cambiais, as importações subiriam em ritmo rápido e consolidado e as importações diminuíram. É por esta razão que eu sou adepto da saída de Portugal da moeda única.

CAÑONES EN EL CONCIERTO La famosa obertura 1812 de Tchaikowsky.





Reprodução parcial

Verdadeiramente empolgante, a combinação harmónica dos acordes de todos os grupos instrumentais, a elevarem-se aos céus, como as agulhas das torres das catedrais góticas, e a crescerem numa marcha triunfal alucinante, ao som dos sinos e dos tiros dos canhões, para saudarem a vitória dos exércitos.

[Publicação inspirada num álbum de fotografias de Tchaikowsky, enviada pelo meu amigo João Fráguas)

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Nações Unidas recomendam a reestruturação da dívida sem esquecer a democracia

Thomas Piketty (à esquerda) e Yanis Varoufakis (à direita)
foram dois dos subscritores mais ativos

Nações Unidas recomendam a reestruturação da dívida sem esquecer a democracia

Contra a vontade da Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos e da própria União Europeia a assembleia da ONU aprovou nove princípios democráticos que devem sobrepor-se à voracidade dos credores

Contra a vontade de alguns dos maiores credores mundiais - Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos - e da própria União Europeia, que se absteve, a assembleia das Nações Unidas aprovou, na quinta-feira, 10, um conjunto de nove princípios democráticos que devem sobrepor-se à voracidade dos credores sempre que um país tenha de reestruturar a dívida. Em sua defesa, além dos 136 membros que votaram a favor, estiveram 19 conhecidos economistas, entre os quais Yanis Varoufakis, ex-ministro grego das Finanças, e Thomas Piketty, autor do livro-sensação O Capital no século XXI.
Para evitar novas Argentinas (ainda em litígio contra os fundos-abutre) ou novas Grécias, as Nações Unidas recomendam que as partes negociadoras não se esqueçam de incluir, nas suas contas, o respeito por princípios universais como a soberania, boa fé, transparência, imparcialidade, igualdade de tratamento, imunidade soberana, legitimidade, sustentabilidade e que qualquer reestruturação de dívida deve ser sempre aprovada por maioria. Assim, quem empresta deve cooperar com quem pede emprestado, reconhecendo a legitimidade de um país soberano orientar a sua política macroeconómica no sentido do crescimento, desde que os direitos dos credores não sejam postos em causa. A despolitização do sistema financeiro e a ausência de alternativas às políticas de austeridade são também referidas no documento.
No manifesto assinado pelos 19 economistas, a situação recente da Grécia está bastante presente. "A crise grega tornou claro que os países que agem isoladamente não conseguem negociar condições razoáveis para a reestruturação da sua dívida." E terminavam apelando à União Europeia que votasse favoravelmente a resolução.
A Argentina, forçada pelos credores a aceitar uma dura renegociação da dívida em 2002, foi um dos países mais empenhados na aprovação da recomendação. O ministro dos Estrangeiros, Héctor Timerman, declarou, perante a assembleia das Nações Unidas: "Esta é uma resolução a favor da estabilidade económica e social, da paz e do desenvolvimento. A dívida é hoje responsável pela violência, pela desigualdade e pelas situações em que os poderosos ficam em vantagem perante o países menos desenvolvidos que precisam de capital."
Os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia (enquanto bloco de países, incluindo a Grécia...) alegaram a vontade de preservar o papel de árbitro do Fundo Monetário Internacional (FMI), no que respeita aos planos de reestruturação de dívida soberana, para justificar as suas posições.

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O Mundo inteiro, através dos Chefes de Estado e de Governo, representados na Assembleia Geral da ONU, condenaram inequivocamente a voracidade dos credores das dívidas públicas sobre os países devedores, ao mesmo tempo que, indirectamente, desmascararam a hipocrisia do comportamento da União Europeia - ali presente como representante de um bloco de países – em relação à Grécia. Envergonhadamente, a UE absteve-se, enquanto os Estados Unidos e o Reino Unido votaram contra.
O imperialismo financeiro foi derrotado no maior areópago internacional.

Euro, para que te quero?!...


O que Garcia Pereira afirmou no último sábado, num comício do MRPP, na Voz do Operário, tenho eu andado a escrever, recorrentemente, aqui e no meu blogue, desde a chegada da troika a Portugal, utilizando esta frase: "A Hitler de saias está a conseguir fazer com o euro aquilo que o Hitler do bigodinho não fez com os tanques e os canhões", ou seja, o domínio da Europa. Também tenho afirmado que a saída do euro implicaria a adopção de uma nova moeda nacional, com menor valor cambial, cerca de uns trinta a quarenta por cento, o que, durante uns três ou quatro anos, tal como aconteceu no nosso país com a bancarrota ocorrida na grande crise financeira e económica de 1892-93, criaria dificuldades a todos os portugueses e não apenas aos que dependem dos rendimentos do trabalho e das pensões. E não se julgue que os sacrifícios a ter de suportar, agora por “todos”, seriam mais gravosos do que aqueles que foram suportados apenas pelos trabalhadores, pensionistas e pequenos empresários, nos últimos quatro anos. Se Portugal tivesse saído do euro em 2011, a situação, hoje, era mais risonha e confortável.
Com a moeda desvalorizada, as importações caíam a pique, mas as exportações subiriam em flecha, o que permitiria, ao fim daquele período de tempo, obter saldos crescentemente positivos na balança comercial e na balança de pagamentos. Tal como estão as coisas, mantendo-se Portugal no euro, e estando sujeito a apertadas regras orçamentais, impostas pelos directórios da Europa, Portugal de ano para ano, e durante muitos anos, ficará sujeito, cada vez mais, a novas políticas de austeridade, até à sua exaustão. 
Mas o grande problema que se coloca, é como Portugal, um pequeno país, vai encontrar forças para desafiar a Alemanha, que, por ter neste processo da armadilha da dívida um meio expedito de aumentar a sua riqueza, não vai abrir mão das insensatas e injustas políticas de austeridade. 
É claro, que esta situação dramática, que é uma verdadeira quadratura do círculo, mais tarde ou mais cedo tem de rebentar. Se não for por baixo, será por cima ou pelos lados. Na História tudo tem um limite. E, na maior parte das vezes, o caminho para esse limite não é nada pacífico.
Muitas coisas, a que não estamos habituados, irão acontecer. Todas as estradas têm curvas, algumas bem perigosas.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Maria José Morgado A VERDADE SEM MEDOS

Amabilidade da minha irmã, Maria Helena.

Apenas três apontamentos, muito curtos, sobre as eleições de hoje, na martirizada Grécia:


Apenas três apontamentos, muito curtos, sobre as eleições de hoje, na martirizada Grécia:

1º - O povo grego, ao contrário do povo português, já identificou bem os seus inimigos, os dois partidos que, ao longo dos últimos quinze anos, conduziram o seu país à catástrofe, o partido Nova Democracia, o primo direito do PSD e do CDS, e o PASOK, o irmão gémeo do PS.

2º - Ingenuamente, ao votarem no actual Syrisa, de Alexis Tsipras, os gregos - em face do actual contexto da agiotagem da totalitária e imperial Alemanha, que é quem mais ordena na UE - continuam a pensar que é possível permanecer na zona euro e, ao mesmo tempo, não aceitar as assassinas políticas de austeridade, que vão agarradas como lapas ao terceiro resgate. Daqui por um ano, vão deixar de acreditar, mas talvez já seja tarde demais para evitar uma nova catástrofe. Mas não poderão queixar-se.

3ª - A Grécia foi um ponto cintilante de luz na nossa esperança de derrotar a arrogância da Europa. Hoje, é o mar de escuridão da nossa desilusão, desilusão que é necessário vencer para que novas luzes de esperança possam acender-se.

domingo, 20 de setembro de 2015

A Europa, os refugiados e a imigração...


 A Europa, os refugiados e a imigração...

Na realidade, não podemos confundir razões humanitárias, caso queiramos continuar a ser "civilizados", com as razões geo-estratégicas. E digo isto assim, porque ontem os portugueses (e, possivelmente, muitos europeus) acordaram sobressaltados com a divulgação de um vídeo, em que um radical líder religioso muçulmano, numa mesquita em Jerusalém, proferiu um discurso incendiário, de incontido ódio, a incitar os refugiados sírios a "procriarem com os europeus", a fim de alcançar-se uma maioria muçulmana na Europa, que conduziria à sua islamização, tal "como ordena o Profeta".
O discurso não é novo, pois já o antigo dirigente líbio, Kadafi, disse o mesmo no início deste século. Também se sabe que esta peregrina ideia de querer islamizar a Europa, através da demografia, anima as cabecinhas alucinadas de muitos líderes religiosos e políticos muçulmanos. Mas, neste momento delicado, aparecer uma "declaração de guerra" deste tipo, só vem acicatar os ânimos. Trata-se, pois, de um vídeo que pode tornar-se viral e que poderá potenciar sentimentos xenófobos em relação aos refugiados sírios, que outra coisa não querem, senão reorganizar as suas vidas destruídas pela guerra.
É certo que a islamização da Europa virá a ser uma realidade, mas que não será incontornável nem alarmante se esta mesma Europa mudar atempadamente a sua política e o seu paradigma ideológico e abdicar de promover políticas de empobrecimento, que têm um impacto muito negativo na natalidade.
Só existem dois processos para evitar uma maioria islâmica na Europa, maioria essa que eu não desejo: o aumento da natalidade e uma reformulação justa e equilibrada das políticas de imigração, que permitam acolher quem vem com a intenção de encontrar trabalho e vier por bem (os jihadistas seriam recusados, e, no caso de já se encontrarem radicados na Europa, seriam expulsos) e, também, todos aqueles que são vítimas das guerras e das perseguições políticas nos seus países de origem.
Por outro lado, esta Europa, que se autoproclama pacifista e não belicista, não pode continuar a apoiar, directa ou indirectamente, a política de permanente agressão, levada a cabo pelos EUA contra os países do Médio Oriente, e que têm por único objectivo o de vir a exercer um domínio absoluto sobre a região. Onde há guerras, há refugiados, e, no caso do Médio Oriente, é a Europa que está a colher as tempestades dos ventos que os EUA andam a semear.

Quem é afinal Alexis Tsipras?


Este homem perdeu-se ou achou-se?.... Não sei bem. No entanto tive um sobressalto, quando ele capitulou perante o Eurogrupo, aceitando um acordo com condições muito mais gravosas do que aquelas que foram sujeitas a referendo e que os gregos rejeitaram categoricamente. Justificou-se então que não tinha tido alternativa, pois o Eurogrupo, peremptoriamente, deu-lhe a escolher: ou aceitava o novo acordo ou a Grécia sairia do euro, última imposição esta que não está prevista nos Tratados, o que retirava legitimidade à ameaça e à sua concretização.Os Tratados apenas prevêem a expulsão da União Europeia. E a não aceitação de um acordo, que é uma decisão dos governos de cada país, não constitui motivo para uma expulsão. Nesse caso, a Grã-Bretanha já tinha sido expulsa há muito tempo.
Agora, vejo Alexis Tsipras a adoptar, no seu discurso, o figurino dos dirigentes dos partidos europeístas, assumindo os seus tiques eleitoralistas, tal como este, em que declara que o seu governo "vai dar luta, não só na Europa, como dentro do país".
E formulo aqui a intrigante pergunta que durante este tempo todo tem andado a bailar na minha cabeça: Quem é afinal Alexis Tsipras?

sábado, 19 de setembro de 2015

The European Refugee Crisis and Syria Explained


Os refugiados sírios não são uma ameaça para a Europa. Podem ser uma oportunidade. A generosidade humanitária em os acolher, neste momento dramático, poderá ser, no futuro próximo, amplamente compensada pelo fortalecimento da economia europeia e pelo rejuvenescimento da sua população, que está a envelhecer. Os sírios que arriscaram a vida a passar o seu cabo das Tormentas - o Mar Mediterrâneo - não são maltrapilhos nem muçulmanos fanáticos. Trata-se, no ponto de vista cultural, da população mais ocidentalizada do Médio Oriente. Por outro lado, a maioria deles regressará ao seu país, mal a paz seja restabelecida e a situação normalizada.
Não há nenhuma razão para ter medo...

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Nuclear Energy Explained: How does it work? 1/3


Nota: Este vídeo foi colocado por engano, o que me leva a pedir desculpa aos leitores. O vídeo pretendido, assim como o texto aqui publicado poderão ser vistos no post seguinte.


Os refugiados sírios não são uma ameaça para a Europa. Podem ser uma oportunidade. A generosidade humanitária em os acolher, neste momento dramático, poderá ser, no futuro próximo, amplamente compensada pelo fortalecimento da economia europeia e pelo rejuvenescimento da sua população, que está a envelhecer. Os sírios que arriscaram a vida a passar o seu cabo das Tormentas - o Mar Mediterrâneo - não são maltrapilhos nem muçulmanos fanáticos. Trata-se, no ponto de vista cultural, da população mais ocidentalizada do Médio Oriente. Por outro lado, a maioria deles regressará ao seu país, mal a paz seja restabelecida e a situação normalizada.
Não há nenhuma razão para ter medo...

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Notas do meu rodapé: Se houver paz não haverá refugiados...


Eu compreendo que a Alemanha, assim como todos os outros países da UE, que estão a sofrer o impacto directo da onda migratória dos refugiados sírios e iraquianos, se debatam com graves problemas logísticos, para receber tanta gente. Por outro lado, a Alemanha foi dos países que mais se disponibilizou para receber esses refugiados de guerra, embora essa boa vontade manifestada não tivesse sido inocente, pois, se eles não excederem o número previamente calculado, até darão jeito à sua economia, que ali teria uma enorme reserva de mão de obra barata, ao mesmo tempo que contribuiria para a desvalorização salarial das áreas da economia que recrutam mão de obra menos qualificada.
Mas este grave problema, que se apresenta dramaticamente em termos humanitários - o que não pode ser ignorado, em nome dos apregoados valores da civilização ocidental e sob pena, se esses valores não forem respeitados, de regressarmos à barbárie - tem de ser analisado na perspectiva da História recente. E a primeira questão que se coloca diz respeito à pergunta incómoda de saber quem é que andou (e ainda anda) a provocar guerras, desde há vinte anos, no Médio Oriente, em obediência a um agressivo plano geo-estratégico, centrado no objectivo de dominar totalmente os países ricos em petróleo.
Os EUA, a Grã-Bretanha e a França (a Alemanha não se meteu nisso, mas solidarizou-se com esta estratégia, por omissão, assim como todos os outros países da UE) desencadearam guerras no Afeganistão, no Iraque, na Líbia e, agora, indirectamente, através do Estado Islâmico, na Síria. Esses países ficaram totalmente destruídos, nas suas infra-estruturas, na sua economia e a nível social, pois nunca mais tiveram paz. As populações, que o puderam fazer, fugiram àquela violência bárbara e criminosa. É um dever da Europa e dos outros países do mundo prestarem a sua ajuda desinteressada.
Mas, o tiro da agrssão saiu pela culatra à Europa, que está agora a braços com uma grave crise migratória e humanitária. Os EUA semearam ventos e a Europa está a colher as tempestades. Por isso, só há um caminho. Em primeiro lugar, acolher esses refugiados, até ao momento que possam regressar em paz aos seus países. Em segundo lugar, acabar com os conflitos militares no Médio Oriente e desistir de querer liquidar o regime sírio, objectivo que os EUA perseguem.
Se houver paz não haverá refugiados. 

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

É caricato reduzir a discussão sobre a Europa a uma simples metáfora…


É caricato reduzir a discussão sobre a Europa a uma simples metáfora…

Se o PS perder as eleições (e, possivelmente, a coligação PSD/CDS vai ganhá-las tangencialmente), os dirigentes, militantes e simpatizantes socialistas não poderão admirar-se. E o motivo é só um: num período de crise económica e social e com um futuro carregado de incertezas, o PS não conseguiu fazer a diferença programática em relação aos partidos de direita. Nas questões estruturantes e importantes, como seja o posicionamento perante a Europa, ambos convergem, o que nos leva a dizer que os dois partidos (PS e PSD) são as duas faces da mesma moeda, que aqui até pode ser o euro. Ambos, europeístas convictos, por crença ou por oportunismo, quer Costa quer Coelho nunca falaram da dívida, da sua eventual reestruturação e de como ela vai ser paga. A dívida e tudo que respeitasse à Europa foi assunto tabu. E isto, discutir a relação com a Europa, é que é verdadeiramente importante para os portugueses. Costa ainda veio com aquela esfarrapada metáfora da toalha da mesa de jantar, que os países ricos puxam para o seu lado, roubando a comida aos países pobres, para afirmar, depois, que os países pobres também têm de puxar a toalha para o seu lado. Mas não passou disto. É caricato reduzir a discussão sobre a Europa, que tem na mão todos os cordelinhos do poder, a uma simples metáfora Assim, o PS não consegue ganhar eleições Arrisca-se até a obter um resultado humilhante, tal como o PSOE e o PASOK.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Kenneth Rogoff: "Grécia e Portugal nunca deviam ter entrado no euro"


O economista norte-americano Kenneth Rogoff afirmou hoje [23 de Setembrode 2011] que "Portugal e a Grécia nunca deviam ter sido admitidos na zona euro", considerando inevitável uma reestruturação da dívida grega, e também da portuguesa, em entrevista ao Frankfurter Allgemeine.
"Acho que a Grécia e Portugal nunca deviam ter sido admitidos na zona euro, isso foi um hybris (exagero), tal como foi um exagero admitir a Eslováquia e a Letónia", disse o ex-chefe do gabinete de estudos do FMI.
***«»***
Kenneth Rogoff é o economista que, juntamente com a economista Carmen Reinhart, elaborou o célebre estudo - entretanto contestado por o programa de Excel utilizado conter erros de cálculo que, eventualmente, comprometeriam a credibilidade dos seus resultados - em que se pretendia demonstrar que uma dívida soberana acima dos noventa por cento do PIB comprometia o crescimento económico,  conclusão que serviu de referência para as políticas de austeridade que os países europeus estão a aplicar cegamente.
Entretanto, e isto é uma originalidade no campo dos economistas neoliberais, Rogoff admitiu que Portugal e a Grécia nunca deveriam ter entrado na zona euro, dando assim razão à minha metáfora da criança que veste o casaco do pai. 
Para ser coerente, faltam duas coisas no pensamento de Rogoff. A primeira é que as políticas de austeridade também não conduzem ao crescimento sustentado para poder pagar a dívida pública, como os indicadores macro-económicos de Portugal e da Grécia estão a demonstrar, o que obriga os respectivos governos a recorrer a mais privatizações (por este caminho, Portugal ainda terá de privatizar o mar). A segunda, é que, se Portugal e a Grécia não deveriam ter entrado na zona euro, a única medida que se impõe, para evitar o descalabro e a tragédia, será promover, de modo pacífico, a sua saída.
Pouco a pouco, a realidade vai demonstrando que é a Economia a ter de ir à frente das Finanças, e não o contrário. E, nesta perspectiva, não é o défice orçamental que é importante, embora não possa ser totalmente ignorado. O importante é promover a desvalorização de uma nova moeda nacional, para que os produtos portugueses sejam competitivos nos mercados internacionais, e por esta via se criem excedentes e se aumente de forma vigorosa e sustentada o PIB. Se Portugal não optar por esta política, que contrarie a emigração dos jovens, o progressivo envelhecimento da sua população e o alastramento da pobreza à classe média, o futuro será irredutivelmente muito sombrio. 

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Agradecimento


Agradeço à Leonidia Marinho, ao Luís Tavares e ao João Matos a amabilidade de terem aderido ao Alpendre da Lua

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Notas do meu rodapé: A Al-Qaeda e o Estado Islâmico serão uma grande burla histórica?...


A história da Al-Qaeda e a do Estado Islâmico ainda está por descobrir e por contar. Para já, começam a surgir algumas peças de um complexo puzzle de cumplicidades políticas várias, que nos levam a acreditar que estamos perante uma grande burla histórica de grandes proporções, nunca antes ensaiada, e destinada, através da intoxicação mediática, a instalar o medo nas opiniões públicas, que assim ficam preparadas para aprovar as guerras de punição contra falsos e inventados inimigos, guerras estas que, entretanto, e secretamente, são consideradas estratégicas para os governos dos países que querem dominar o mundo, começando, em primeiro lugar, por tentar exercer o domínio exclusivo sobre as principais fontes de petróleo. Não esqueçamos que a instabilidade política e ou a instabilidade militar estão instaladas - através de sofisticados meios artificiais, que passam pelo financiamento, apoio e mobilização de oposições minoritárias - nos países que possuem grandes reservas de petróleo no seu subsolo (países do Médio Oriente e do norte de África, aos quais se junta a Venezuela), ou na sua Zona Económica Exclusiva (ZEE), como é o caso da Grécia, e, no futuro, provavelmente, será o caso de Portugal. 
O que se sabe, até aqui, é que Bush e Blair escavacaram um país, o Iraque, porque confundiram as caixas de fósforos, que os iraquianos traziam nos bolsos para acender cigarros, com armas secretas e perigosas, de destruição maciça. Já antes, a destruição das Torres Gémeas deu o pretexto (falso, segundo algumas teorias de conspiração, que denunciam uma grande intimidade e cumplicidade entre a CIA e Bin Laden), para lançar uma impiedosa guerra contra os talibãs e a Al-Qaeda, no Afeganistão, um país que faz fronteira com a China, e que, por isso, é ideal para lá instalar rampas de lançamento de mísseis para domesticar o único país que poderá vir fazer frente às ambições hegemónicas dos EUA. Na Líbia, o rebelde Kadafi ousou, tal como Saddam Hussein, no Iraque, quebrar a regra da exclusividade do dólar, como meio de pagamento do petróleo vendido, começando também a aceitar outras moedas, principalmente o euro, e, por isso, viu o seu país invadido por mercenários do Qatar, treinados e armados pela CIA e disfarçados de opositores ao regime, e que foram transportados para o cenário de guerra por barcos da Marinha francesa. Saddam e Kadafi pagaram com a vida a ousadia, embora tivessem tido o privilégio de serem televisionados nos momentos das suas execuções. Nada melhor para cortar qualquer devaneio insurrecional aos dirigentes políticos renitentes.
A Síria, cujo governo dos Assad (do pai e do filho) tem sido o opositor mais coerente ao regime sionista de Israel, que lhe anexou os Montes Golã, é o último obstáculo para que os EUA exerçam um total domínio do Médio Oriente, já que fica desimpedida a via terrestre que liga a Turkia à Arábia Saudita e aos emiratos árabes. Não estranhemos, pois, a assassina, hedionda e avassaladora onda invasora das forças do Estado Islâmico contra a Síria, forças estas que estão a praticar um autêntico genocídio, destruindo tudo por onde passam, lançando o pânico e provocando o maior êxodo da História Contemporânea.
Deixo, finalmente algumas perguntas, que só no futuro, quando se reescrever a História, terão a devida resposta:
Primeira: Por que razão o governo dos EUA e os das potências europeias foram tão lestos a desencadear uma guerra de punição no Iraque, por causa das tais caixas de fósforos dos iraquianos (repare-se que as tais armas de destruição massiva nunca apareceram e nunca mais se falou delas), e não se mobilizaram para destruir o grupo terrorista do Estado Islâmico (uma autêntica aberração nos tempos modernos)?
Segunda: Quem é que financia e promove, com grande facilidade, a aquisição de sofisticadas armas de guerra por parte do Estado Islâmico?
Terceira: Como é que foi possível aos agentes do Estado Islâmico (ou seriam os agentes de uma outra coisa qualquer?) fazerem um recrutamento massivo de jovens árabes radicados na Europa para as suas fileiras no Médio Oriente, mesmo nas barbas das eficientes polícias secretas europeias?
Quarta: Por que razão a Alemanha já lançou a bisca exploratória de pretender uma gestão integrada, centralizada na comissão europeia, de todos os mares que banham a Europa e de querer constituir um Exército europeu? Será que nos planos secretos dos verdadeiros patrocinadores do Estado Islâmico, escondidos na sombra, a invasão da Península Ibérica está mesmo prevista e caucionada, para depois fazer nascer um estado totalmente colaborante com o imperialismo alemão e com o imperialismo americano, após o extermínio e o êxodo da população autóctone? É que pelas costas dos outros podemos ver as nossas e, por outro lado, na política internacional não há amigos, mas apenas interesses hegemónicos. E, no caso de Portugal, esses interesses estão concentrados na rapina das potenciais riquezas da maior ZEE do mundo
Quinta: Porque será que Bin Laden está vivo e em liberdade, a acreditar na notícia da Hispan.TV (ver aqui), com base na informação do insuspeito Snowden?

Dois poemas s/ título _ por Maria Gomes


Dois poemas s/ título _ por Maria Gomes

Não quero mais do que uma réstia de sol
tenho a promessa das acácias
nas manhãs pagãs
a memória dos teus olhos
infindos
a tua mão clara cor do trigo.


______________mariagomes


***«***


Que a minha sepultura seja uma flor lapidar
cabendo nela a recusa...
Que ali pernoite o amor
e os olhos da inclinação do vazio, e as aves,
e uma espada, uma espada que cruze o mar.


______________mariagomes