Voltou o
dinheiro fácil
O consumo das famílias está a aumentar e, com
ele, o crédito. Taxas de juro mais baixas têm atraído os portugueses, que
voltaram a comprar casas, carros e eletrodomésticos. Quais as consequências
para a economia?
os primeiros sinais de alívio, as famílias caem
de novo nos braços do crédito. Querem comprar casas, carros e eletrodomésticos,
computadores e tabletes. Os portugueses não resistem. Mas estarão preparados
para estas fúrias consumistas? Os economistas saúdam o crescimento económico
alavancado no consumo mas alertam contra o aumento das importações. Eis alguns
números que marcam esta nova onda consumista:
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O consumo interno em Portugal tem vindo a
aumentar desde meados de 2012, devendo no fim deste ano ficar apenas a cerca de
mil milhões de euros do valor atingido em 2010. O fenómeno não seria
preocupante se este aumento se ancorasse predominantemente no aumento dos
rendimentos das classes médias, o que não aconteceu. O aumento deveu-se
essencialmente às baixas taxas de juros praticadas pelos bancos nos créditos às
famílias para o consumo, o que é potencialmente perigoso para muitas dessa famílias, na
eventualidade das taxas começarem a subir exponencialmente. Este aumento das taxas de juro está
muito dependente da evolução das principais economias do mundo e da
correspondente decisão da Reserva Federal Americana, em relação à economia dos
EUA. Portugal, ao adoptar a moeda única, perdeu a capacidade de estabelecer as suas próprias taxas de juro, pois teve de abdicar do seu poder monetário e cambial.
Mas, e isto também é preocupante, pois é mau
para a economia portuguesa, o aumento do consumo interno foi muito impulsionado
pela compra de produtos importados (automóveis, telemóveis, computadores e
consumíveis de informática), cujo elevado valor veio diminuir o impacto positivo
das exportações na balança comercial, que continua deficitária. É certo que o
Estado, por esta via, também aumentou a receita de impostos, principalmente a do
IVA, mas esta melhoria, que é acidental e dependente de factores externos à acção governativa (não
é, pois, mérito do governo) não compensa a referida fragilidade da balança comercial.
Cria-se uma riqueza artificial em Portugal, que não está sustentada no aumento de rendimentos das classes média, para contribuir para a riqueza real dos
países fornecedores. Este perfil de consumo é o consumo mau.
O consumo bom seria aquele que se sustentasse nas
estruturas de bens e serviços nacionais, já instaladas, e naquelas que viessem
a ser criadas para substituir importações de alguns produtos, e,
também, para exportar outros, o que, além de aumentar a riqueza nacional, iria
impulsionar a criação de empregos. Mas não é este caminho que os partidos que
juraram fidelidade à troika estão a
seguir, nem prometem vir a seguir. Esta seria a principal vantagem se Portugal tivesse uma moeda própria, pois automaticamente, através de políticas cambiais, as importações subiriam em ritmo rápido e consolidado e as importações diminuíram. É por esta razão que eu sou adepto da saída de Portugal da moeda única.
2 comentários:
Está-se novamente a cair no crime do crédito. E, infelizmente, quem cai nestas malhas são as pessoas menos informadas e que se iludem que vão pagar pouco. O Problema é quando se virar o feitiço contra o feiticeiro.....caem novamente na miséria e na entrega dos seus bens. E esta subida de consumo de mérito deste miserável governo nada tem.Mas, o problema é que muitas pessoas não entendem, e lá estão eles em época de eleições a tentarem dar a volta ao ignorante....~
E estou a ver que isto está a ficar feio...o povo aparenta mais uma vez deixar-se embair....
Ana: Compreender a complexidade dos mecanismos do dinheiro e o lado oculto da Política e a respectiva interdependência entre si, são das coisas mais difíceis para a grande maioria das pessoas, mesmo as mais instruídas.
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