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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Deixem-se de guerras inúteis. Exijam mais camas de cuidados paliativos…


Eutanásia: Ministro não acredita que profissionais de saúde não cumpram a lei

Bastonária dos Enfermeiros afirmou este sábado que há médicos que sugerem a eutanásia a alguns doentes.
O ministro da Saúde disse hoje não acreditar que os profissionais de saúde não cumpram a lei no caso da eutanásia e sublinhou que a bastonária da Ordem dos Enfermeiros terá oportunidade de explicar melhor as suas palavras.
"Solicitei Inspetora-geral das Atividades em Saúde que tomasse uma primeira iniciativa para esclarecer eventuais dúvidas que possam existir. Não acreditamos que os profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) não façam aquilo que a lei determina, que a sua consciência exige e que os princípios da ética e rigor profissional exigem, por isso vamos ter serenidade", disse.

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Deixem-se de guerras inúteis! A Ordem dos Enfermeiros e a Ordem dos Médicos faziam melhor em juntar esforços para denunciarem o facto de, no país, existirem apenas 250 camas de cuidados paliativos, o que é um escândalo. 
O direito de optar pela morte assistida, a fim de evitar um prolongado e inútil sofrimento, quando manifestada, previamente, na posse do pleno uso de todas as faculdades mentais, deve ser concedido a todo o cidadão, devendo também vincular deontologicamente, como agentes activos, todos os médicos e enfermeiros. Os argumentos de cariz religioso não podem, nesta matéria, violar a vontade livre de qualquer cidadão. A mim, pouco me importa que o Papa, o bispo, o padre e a catequista considerem a eutanásia um crime. Pelo contrário, o verdadeiro crime consiste em, por omissão, submeter à mais brutal tortura um doente crónico em fase terminal.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A natureza perversa da dívida...


 A natureza perversa da dívida...

Perde-se a paciência em tentar explicar às pessoas a natureza perversa desta dívida, que Portugal se viu obrigado a contrair. Respondem-me que o senso comum diz que quem deve tem de pagar, como se as dívidas entre particulares fossem de natureza idêntica à natureza das dívidas públicas. Não percebem que a dívida imposta a Portugal teve como objectivo principal transferir para o Estado a dívida colossal dos bancos portugueses para com os bancos credores da Alemanha, França e Espanha, que, deste modo,  e, indirectamente, através das posteriores recapitalizações dos respectivos Estados, ficaram com a garantia de que iriam receber parte do seu dinheiro, através das receitas obtidas com a aplicação das políticas de austeridade e com os resultados da privatização do sector público empresarial (CTT, TAP, etc). Trata-se de uma dívida ilegítima, pois tratou-se de uma manobra manhosa e de grande alcance estratégico, que pôs os cidadãos portugueses a pagar a dívida dos bancos, bancos estes que, entretanto, já tinham recebido os lucros dos empréstimos feitos anteriormente às famílias, naquele período áureo, em que, para estimular a compra de casa própria e assim alargar a área de negócio, o sistema financeiro, intencionalmente, manteve os juros artificialmente baixos. Foi um presente envenenado. Os banqueiros e os seus accionistas ficaram mais ricos e a maioria dos portugueses ficou mais pobre.
AC

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Governador do Banco de Portugal não se demite


Governador do Banco de Portugal não se demite

O governador do Banco de Portugal (BdP) não se vai demitir apesar das pressões do governo e do Partido Socialista (PS).
Carlos Costa está decidido a resistir às críticas e acusações de que tem sido alvo, tanto por parte do primeiro-ministro como de Carlos César, líder do grupo parlamentar do PS, diz o “Diário de Notícias”.
O conflito ameaça chegar ao Banco Central Europeu (BCE) e Mário Draghi pode intervir se estiver em causa o estatuto de independência do governador, refere o “Jornal de Negócios”.

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No auge do tempo do fascismo salazarista, existia uma palavra de ordem que era ensinada aos lusitos da Mocidade Portuguesa, e que era assim:
Quem Manda? Salazar... Salazar... Salazar... 
Hoje, a palavra de ordem poderia ser:
Quem manda? Europa... Europa... Europa...

Para redimir o conflito, que estalou entre os dois Costas, o António, primeiro ministro, e o Carlos, governador do Banco de Portugal, não serão chamados a intervir nem a Assembleia da República, nem o Presidente da República, nem os tribunais portugueses, porque neste caso (e em outros, também) estes órgãos de soberania já não mandam nada. Em última instância, ao que ao Banco de Portugal diz respeito, quem manda é o BCE (Banco Central Europeu). É o senhor Mario Draghi quem pode "botar faladura" e proferir a decisão final e definitiva.
Julgo que a isto se chama "perda de soberania". Ou não será assim?

Fausto - Lembra-me um Sonho Lindo




Lembra-me um sonho lindo
que seja um bálsamo para a minha dor...

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Uma União Europeia "à la carte"...


Ao ter conseguido um estatuto especial para o Reino Unido, por parte do Conselho Europeu, Cameron, o primeiro ministro britânico (ver aqui), infligiu uma humilhante derrota à União Europeia, ao fazer vingar as suas leoninas condições, que assumiram, arrogantemente, um tom de um verdadeiro ultimato. Com o enganador intuito de querer salvar a União Europeia, os seus responsáveis políticos mais não fizeram do que começar a abrir a cova onde a irão enterrar. Esta fuga para a frente vai dar muita força às forças fascizantes do leste europeu e à Frente Nacional de Marine Le Pen.
E Portugal? Portugal continua a viver na paz podre dos cemitérios, com o inferno à vista, sem voz audível e sem iniciativas próprias, em defesa dos interesses do país. Teria sido uma boa altura para António Costa confrontar os seus pares em relação à desigualdade de tratamento a que sujeitam Portugal e a Grécia,  impondo aos seus governos as mais duras medidas da ortodoxia financeira e não cedendo quanto à necessidade de reestruturar as respectivas dívidas públicas.
Mas, para Cameron a vida também não vai ser fácil. Os eurocépticos do seu partido, que são muitos, já começaram a arreganhar a dentuça, afirmando que se tratou de uma vitória de Pirro. Querem mais, embora todos nós saibamos que o que eles querem é ver a Europa unida pelas costas. E muitos analistas britânicos vão dizendo que, com este acordo, o referendo de Junho vai ditar a saída do Reino Unido da UE.
Para os fanáticos dirigentes europeus, defensores acérrimos de uma Europa cada vez mais integrada (leia-se federada), as coisas também vão complicar-se. A partir de agora, qualquer Estado europeu (excepto Portugal, que teima pacoviamente em ser um bom aluno) achar-se-à no direito de também reivindicar para si privilégios especiais ou, até, um estatuto especial, que o liberte de certas obrigações e deveres.

Agradecimento...


Agradeço a LIZ AO QUADRO a amabilidade de ter aderido ao Alpendre da Lua.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

COMUNICADO DO SINDICATO DOS MÉDICOS DA ZONA SUL [A situação caótica e indigna do Hospital Júlio de Matos]

 

Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa: 
o caos e a chocante impunidade política!!!

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul/FNAM face à enorme gravidade da situação que se vive neste centro hospitalar considera imperioso fazer as seguintes denúncias:

1 - Este centro hospitalar tem vindo a ser confrontado nos últimos anos com uma gestão política caótica sem paralelo em toda a sua história institucional.
Em Outubro de 2013 foi anunciada uma reestruturação dos seus serviços.
Apesar de representar uma orientação positiva, esta reestruturação não foi acompanhada das adaptações logísticas e de técnicos passiveis de a levar a cabo. O Conselho de Administração limitou-se a fazer uma reorganização superficial e de fachada no internamento, adoptou decisões estruturais e deslocação de médicos e outros técnicos à margem dos directores dos serviços, sem o seu prévio conhecimento e à revelia de qualquer participação na implementação das medidas.
Dois anos mais tarde, à revelia dos diretores e coordenadores de serviço, o Conselho de Administração (CA), tomou decisões com prioridades programáticas diferentes das suas próprias orientações de 2013, impedindo a correta prossecução do anterior projeto de reestruturação, resultando no caos institucional, onde ninguém sabe qual a orientação do CHPL, nem os seus planos de ação.
Numa atitude de arrogância e desrespeito pela autonomia clinica e técnica, é a presidente do CA (não-médica) quem, com a anuidade do diretor clinico, coloca os médicos onde bem lhe apetece, sem qualquer diálogo com o corpo clínico, e sem respeitar sequer as anteriores decisões do orgão de gestão ao qual preside.
Desta forma não foram alcançados os objetivos definidos para a referida reestruturação, nem os mesmos se têm traduzido em resultados positivos para o desempenho global da instituição nem para responder aos problemas há muito detectados.

2 - A nível dos recursos humanos, a gestão praticada assenta num clima persecutório generalizado, com a instauração de múltiplos processos disciplinares, a demissão de chefias médicas que são rotuladas como incómodas, ou a sua  colocação debaixo das ordens de um psicopedadogo, múltiplas ilegalidades laborais quer a nível dos médicos especialistas quer na aplicação das disposições relativas ao enquadramento dos médicos mais jovens a efectuarem a sua formação na especialidade, com intromissão da presidente do CA nos planos de atividades dos médicos internos (escala de bancos, local e tempos de consulta etc).
Assiste-se a um deficite crescente de profissionais de várias áreas fundamentais para a execução de programas de especialização clínica, essenciais à boa prática psiquiátrica (médicos especialistas e enfermeiros optam por abandonar a instituição; é gritante a falta de enfermeiros, psicólogos, assistentes operacionais, fisioterapeutas/técnicos de psicomotridade).

A deterioração contínua dos meios logísticos, humanos e organizacionais é uma realidade inquestionável que coloca aquela unidade de saúde à beira da sua implosão institucional.
Existem serviços, como é o caso do Serviço de Neuropsiquiatria e Demências, que não dispõe de um médico psiquiatra a tempo inteiro.
Esta situação generalizada coloca em causa o adequado trabalho clínico a nível das enfermarias, o acompanhamento dos doentes, a execução de meios complementares de diagnóstico e terapêutica e a capacidade de controlo das visitas.

3 – Falta material indispensável ao atendimento dos doentes com a qualidade e a humanização mais elementares numa instituição com as delicadas particularidades desta.
Em determinados Serviços a falta de espaço (salas de trabalho e de observação dos doentes) é dramática e o número (e antiguidade) dos computadores frequentemente impeditivo do correto trabalho clínico.
Falta folhas A4 para os registos, falta papel higiénico, falta roupa apropriada para os doentes se vestirem e no período do inverno nem sequer existem roupões.
A qualidade alimentar das refeições destinadas aos doentes tem registado uma deterioração chocante, acrescida da supressão de apoios alimentares complementares como chá ou bolachas a meio da tarde ou pão extra ao pequeno-almoço.
Diversos tipo de doentes (idosos) e determinados esquemas terapêuticos exigem um adequado grau de hidratação dos doentes e um maior cuidado alimentar ao longo do dia.
A frota de ambulâncias não foi atempadamente planificada, sendo frequente não haver transporte para os doentes, com a necessidade do recurso à contratação externa.

4 – A presidente da administração, tem adoptado um reiterado comportamento de intromissão nos aspectos clínicos, sujeitos a sigilo profissional médico, tem acedido aos diários clínicos e feito comentários sobre o seu conteúdo, desrespeitado os programas de formação médica.
É ela própria quem elabora as escalas de urgência médica, perante a passividade cúmplice do próprio director clínico.

5 – Estes aspectos sinteticamente enumerados permitem, no entanto, avaliar com clareza a gravidade da situação que está criada nesta unidade hospitalar.
Aquilo que constitui um factor escandaloso acrescido é que tudo isto se tem desenrolado na mais completa e gritante impunidade política por parte da anterior equipa ministerial e, para já, por parte também da actual.
Apesar das insistentes acções de intervenção sindical para exigir a reposição da legalidade laboral, para denunciar o clima indigno de perseguições pessoais e políticas por parte da administração e para impedir a degradação institucional enunciada, assiste-se a uma ausência de medidas de responsabilização por actos de gestão atentatórios da missão de um serviço público de saúde.
Exigimos à actual equipa ministerial que passe das palavras aos actos e que não mantenha a mesma postura de indiferença e de impunidade perante graves situações como esta.
Desenvolveremos todos os nossos esforços para impedir que situações deste tipo continuem a existir!!!

Lisboa, 11 de Fevereiro 2016

A Direcção do Sindicato dos Médicos da Zona Sul

                                            

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Universidade de Coimbra _ 725 anos _ Uma História de Luz _ Coimbra 2015




Julgo que está a nascer uma nova forma de Arte, sustentada num suporte virtual e baseada nas novas tecnologias. Será a marca artística da civilização tecnológica, que irá ver surgir novas abordagens conceptuais e formais. Bastará emergir um génio criador, que a imortalize e que saiba seduzir e inspirar as novas gerações de artistas e de públicos.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Com Humberto Delgado, há 58 anos...


Eu estive aqui... Era uma tarde do mês de Maio, de 1958. Humberto Delgado, o general sem medo, fez uma paragem em Lamego, quando se deslocava para a cidade de Viseu, onde, à noite, se realizaria um comício, integrado na campanha eleitoral da sua candidatura à Presidência da República. Foi entusiasticamente saudado pelos populares que, vencendo o medo, acorreram ao Rossio para o ver e aclamar. Impressionou-me a sua pose altiva e desenvolta, e o seu caminhar seguro, decidido e determinado, próprio dos homens que, na realidade, não têm medo. Ele tinha a plena consciência de que estava a escrever História, ao ter desafiado Salazar com aquela frase incisiva e desassombrada [Obviamente, demito-o], que acertou em cheio no coração empedernido do ditador, e através da qual ele levantou o país, ganhando o apoio incondicional da maioria dos portugueses. 
Eu não fiquei na fotografia, pois encontrava-me do lado, de onde o fotógrafo captou esta imagem, imagem que faz parte da minha memória. Eu tinha, apenas, catorze anos, e, nessa tarde, tive, ao vivo, a primeira aula prática de política (as aulas teóricas eram em casa). Também eu, de braço erguido e punho cerrado, dei vivas ao General Humberto Delgado, e, desse grito, ainda hoje consigo ouvir o seu eco, que o tempo não abafou.