Ao ter conseguido um estatuto especial para o
Reino Unido, por parte do Conselho Europeu, Cameron, o primeiro ministro
britânico (ver aqui), infligiu uma humilhante derrota à União Europeia, ao fazer vingar as
suas leoninas condições, que assumiram, arrogantemente, um tom de um verdadeiro ultimato. Com o
enganador intuito de querer salvar a União Europeia, os seus responsáveis
políticos mais não fizeram do que começar a abrir a cova onde a irão enterrar.
Esta fuga para a frente vai dar muita força às forças fascizantes do leste
europeu e à Frente Nacional de Marine Le Pen.
E Portugal? Portugal continua a viver na paz
podre dos cemitérios, com o inferno à vista, sem voz audível e sem iniciativas
próprias, em defesa dos interesses do país. Teria sido uma boa altura para
António Costa confrontar os seus pares em relação à desigualdade de tratamento
a que sujeitam Portugal e a Grécia, impondo aos seus governos as mais duras medidas da ortodoxia financeira e não cedendo quanto à necessidade de reestruturar as respectivas dívidas públicas.
Mas, para Cameron a vida também não vai ser fácil. Os
eurocépticos do seu partido, que são muitos, já começaram a arreganhar a
dentuça, afirmando que se tratou de uma vitória de Pirro. Querem mais, embora
todos nós saibamos que o que eles querem é ver a Europa unida pelas costas. E
muitos analistas britânicos vão dizendo que, com este acordo, o referendo de
Junho vai ditar a saída do Reino Unido da UE.
Para os fanáticos dirigentes europeus,
defensores acérrimos de uma Europa cada vez mais integrada (leia-se federada),
as coisas também vão complicar-se. A partir de agora, qualquer Estado europeu
(excepto Portugal, que teima pacoviamente em ser um bom aluno) achar-se-à no
direito de também reivindicar para si privilégios especiais ou, até, um
estatuto especial, que o liberte de certas obrigações e deveres.
1 comentário:
«Com o enganador intuito de querer salvar a União Europeia, os seus responsáveis políticos mais não fizeram do que começar a abrir a cova onde a irão enterrar. Esta fuga para a frente vai dar muita força às forças fascizantes do leste europeu e à Frente Nacional de Marine Le Pen.»
Isso!
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