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sábado, 23 de dezembro de 2017

A estafada teoria do partido mais votado


Em resposta à proposta de diálogo emitida por Puigdemont, desde Bruxelas, onde está exilado, Rajoy disse que apenas está disposto a conversar com quem venceu as eleições na Catalunha "que é a senhora [Inés] Arrimadas", a cabeça de lista do partido anti-independência Cuidadanos que garantiu mais deputados no parlamento catalão.
Diário de Notícias

A estafada teoria do partido mais votado

Perante os resultados das eleições da Catalunha - em que, politicamente, e segundo o jornal PÚBLICO, o grande vencedor foi  Carles Puigdemont (ver aqui) - a declaração do primeiro-ministro de Espanha, Mariano Rajoy, parece querer reeditar a teoria conspirativa de Passos Coelho, sobre o partido mais votado, teoria que não se enquadra nas leis eleitorais dos dois respectivos países ibéricos e que os partidos que lideram aprovaram há meio século, consagrando o sistema proporcional, no apuramento dos resultados.
Quando os resultados não lhes são favoráveis, recorrem à batota do falacioso argumento do número de votos.
É certo que, aritmeticamente, o partido Cidadanos (anti-independência) obteve mais votos  (25,3%) e elegeu mais deputados (37), resultados estes muito pouco superiores aos obtidos pela coligação “Juntos pela Catalunha”, de Puigdemont (21,6% de votos e 32 deputados.
Mas o que realmente importa, para formar um governo, é encontrar o partido que consiga uma maioria estável no parlamento, negociando o apoio de outros partidos com identidades políticas próximas. E, no rescaldo destas eleições da Catalunha, é a formação política de Puigemont que está em melhores condições de alcançar este desiderato. Ao aglutinar o apoio da Esquerda Republicana Catalã e do CUP, Puigdemont assegura uma maioria parlamentar, com 70 deputados. Por sua vez, os partidos anti-independência apenas podem contar com 65 deputados. Por isso, foi  Puigdemont o vencedor destas eleições.
Alexandre de Castro
2017 12 22 

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Eva devia ter sido mais ou menos assim...


Eva devia ter sido mais ou menos assim...

Eva deveria ter sido mais ou menos assim, não sendo, pois, de admirar que Adão resvalasse para a tentação da carne, tentação esta representada pudicamente no texto bíblico por uma maçã. Só não sei por que razão Deus se terá arrependido de criar a criatura e de não ter tido o divino atrevimento de a eliminar da face da Terra, construindo assim um mundo muito mais desinteressante, mais a seu gosto.
Alexandre de Castro
2007 Julho

domingo, 17 de dezembro de 2017

Carta particular

Caros camaradas:

Estou a proceder, no meu blogue, Alpendre da Lua, à publicação de muitos poemas meus. Devido aos processo de cooptação automática, eles vão directamente para o Abril de Novo Magazine, processo que não posso controlar. 
Assim, peço que os eliminem, uma vez que o Abril de Novo Magazine é um espaço de informação política e não de divulgação de poesia. No entanto, se houver interesse, pelo tema abordado, em publicar alguns, têm o meu acordo.
Em Janeiro, regressarei à escrita de textos de índole política e económica.
Saudações,
Alexandre de Castro

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Jerusalém deveria ser uma cidade internacional, administrada pela ONU


Jerusalém deveria ser uma cidade internacional, administrada pela ONU

Mexer em Jerusalém, é mexer numa ferida que ainda sangra. Ela pertence ao mundo do imaginário das três grandes religiões monoteístas, e não pode ser reivindicada, em exclusividade, como capital de um qualquer Estado, cujos fundamentos assentem numa das doutrinas dos Livros Sagrados (Antigo Testamento, Evangelhos e Alcorão).

Jerusalém deveria ter um estatuto único, universal e independente, sob a administração da ONU, que garantiria a liberdade de culto e o acesso dos crentes aos seus lugares sagrados.
...
Vai fazer um século, que a Palestina, pela Declaração de Balfour, sofreu um rude golpe, ao permitir que o sionismo internacional lançasse a primeira pedra do seu plano, de longo prazo, de recuperar para os judeus o Estado e o território que perderam há dois mil anos, em consequência da sua integração no Império Romano. Se o mundo todo começasse a reivindicar direitos históricos milenares, o caos, a desordem e a guerra surgiriam por todo o lado.

Quem poderá invocar o direito histórico, em relação à Palestina, será o povo palestiniano, um povo que resultou da natural evolução demográfica da região, depois da época do Império Romano, e que foi traído, em 1948, pela comunidade internacional, quando esta aprovou, na ONU, e ainda sob o efeito emocional dos crimes do nazismo alemão sobre os judeus, a constituição do Estado de Israel, naquele território, entretanto islamizado, ao longo de sete séculos. Foi a mesma coisa que lançar gasolina para o meio do fogo. E a gasolina foi oferecida pelo poderoso lobie sionista, que os grandes banqueiros judeus, dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, sustentam, alimentam e estimulam.
Alexandre de Castro
2017 12 08

domingo, 3 de dezembro de 2017

Aristóteles dixit... (*)

(*) CANAL TOP 10+
2017 12 03

Costa quer mudar a Europa, a começar pelo euro


Costa quer mudar a Europa, a começar pelo euro

Numa altura em que se discute a eleição de presidente do Eurogrupo, o primeiro-ministro defendeu, em frente a socialistas europeus, que tem de haver uma reforma da união económica e monetária para que deixe de haver “uma moeda do Sul e outra do Norte”.
***«»***

Se Costa acredita no que disse, é um ingénuo. Se não acredita, é um malabarista.
Inclino-me para a segunda hipótese, em que se debita o discurso que Angela Merkel vai gostar de ouvir. Mais Europa, até ao sufoco total, mais integração, até à perda de soberania, e mais dependência em relação ao imperialismo financeiro europeu, que tem as suas agências políticas em Bruxelas, em Berlim e em Paris.
Em relação ao euro, tenho de contar ao Costa aquela minha história da criança que vestiu o casaco do pai, Era grande demais, o que lhe dificultava os movimentos.
É dos livros de economia e de finanças: o valor cambial da moeda da economia de um país deve seguir em linha com o nível da produtividade, bem como com o nível do seu PIB per capita. E estes dois indicadores económicos são muito baixos, em Portugal, o que o coloca no último grupo dos países europeus, onde apenas se encontram os países de Leste.
Não nos contem a história do Capuchinho Vermelho, porque o lobo mau está ali, ao dobrar a esquina.
Alexandre de Castro
2017 12 03

sábado, 2 de dezembro de 2017

Ideal monárquico está a seduzir simpatizantes do Bloco e do PCP - diz o Diário de Notícias


Ideal monárquico está a seduzir simpatizantes do Bloco e do PCP – diz o Diário de Notícias

O feriado de hoje traz uma novidade: há muitos militantes de esquerda dos principais partidos a frequentar as academias de formação monárquica e deputados que defendem a família real no protocolo de Estado.
...
Não é preciso investigar muito para confirmar que os ideais monárquicos sempre seduziram bastante os que em Portugal votam CDS, ligeiramente menos os do PSD e um pouco os do PS, mas o que surpreende é que atualmente militantes de esquerda se interessem pelos ideais monárquicos: do PCP e do Bloco de Esquerda, por exemplo.
João Céu e Silva
Diário de Notícias 
2017 12 01
***«»***

O jornalista João Céu e Silva não obedeceu ao princípio do contraditório, um princípio sagrado no jornalismo, e que consiste em recolher os depoimentos de todas as partes visadas pelos interlocutores entrevistados. A peça centra-se apenas em depoimentos de pessoas ligadas à Causa Monárquica, não tendo havido a preocupação de ouvir os tais militantes e simpatizantes comunistas e bloquistas, que frequentam as tais academias de formação monárquica, ou a opinião das respectivas direcções partidárias. Faltou, pois, a nível deontológico, a isenção necessária e obrigatória, que sustentasse a credibilidade da notícia, o que só envergonha o seu autor, assim como o próprio jornal.

Julgo que o PCP e o Bloco de Esquerda não irão deixar passar em claro esta aleivosia e este rasteiro e ignóbil estratagema.

Por outro lado, a extensão do texto, manifestamente exagerada para o seu relativo interesse mediático, e o seu tom, a resvalar, embora indirectamente, para um discurso apologético, levantam outras suspeitas, que prefiro não referir. E esta minha reserva mental surgiu, logo no início da leitura do texto, quando João Céu e Silva opina [trata-se de uma opinião pessoal, pois não é identificado nem referido nenhum interlocutor, e, numa reportagem, o jornalista não pode emitir nenhuma opinião nem quaisquer juízos de valor] o seguinte: "O que se passa com os ideais republicanos e o que ganham os defensores da monarquia com a descrença dos portugueses num sistema político democrático em que os escândalos surgem em catadupa no Portugal"...

A não ser que ignore a História, João Céu e Silva omitiu, na sua comparação entre os dois regimes, os grandes escândalos da monarquia, em que se destaca a questão dos Adiantamentos à Casa Real, o que, então, enfureceu os republicanos.
Alexandre de Castro
2017 12 01

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Portugal, o bom aluno da troika: trabalhar e empobrecer?





Portugal, o bom aluno da troika:
trabalhar e empobrecer? (*)

Ouvindo os nossos políticos e os comentadores encartados, até nos parece que tubo corre bem, entre os carris que nos ligam Europa. Mas não é bem assim. Portugal será sempre um país de baixos salários e de empregos precários, porque isso interessa muito à economia da Alemanha, que assim aumenta a competitividade para os produtos das suas multinacionais, que instalaram no nosso país as respectivas estruturas fabris, e que, não satisfeitas com a competitividade elevada, que os baixos salários dos trabalhadores portugueses proporcionam, ainda recorrem ao outsourcing, para aumentá-la ainda mais.
Este vídeo foi feito por um canal televisivo da Alemanha, que aborda com muita clareza e seriedade os efeitos devastadores do governo da troika. Por isso, não admira que Passos Coelho, enquanto primeiro-ministro, tivesse visitado várias vezes a sede da Bosch. Não foi, de certeza, para ouvir os trabalhadores.

(*) Vídeo enviado pela minha amiga Helena Viegas.

Alexandre de Castro
2017 11 24


Um Dilúvio: água e lama e muitos mortos...


Um Dilúvio: água e lama e muitos mortos...

Cheias de 1967. Foi uma das grandes tragédias do país, que veio juntar-se à de Alcácer Quibir e à do grande terramoto de Lisboa, e que, posteriormente, já nos tempos actuais, teve uma nova manifestação nos grandes incêndios florestais do centro do país.

Em 1967, houve mortos, cerca de setecentos, houve heróis, os estudantes universitários de Lisboa, que se mobilizaram solidariamente, para irem auxiliar as vítimas, e os bombeiros voluntários das regiões afectadas, que, por iniciativa própria, e com parcos meios operacionais, retiraram os mortos da lama. Mas também houve canalhas, os próceres do regime de então, com Salazar à cabeça, que tentaram ocultar a tragédia, para que o mundo não viesse a conhecer as condições de miséria em que a maioria dos portugueses vivia e que, também, de forma criminosa, negaram qualquer apoio às populações atingidas, que mais pobres ficaram.

Leiam este texto da página da Rádio Renascença e ouçam a versão áudio. Muitos portugueses, entre os que têm menos de cinquenta anos, desconhecem esta tragédia e as suas consequências.
Alexandre de Castro
2017 11 22

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A Bomba Atómica demográfica


A Bomba Atómica demográfica

Não sei!... Não sei se vai ser possível agradar a Gregos e a Troianos, ou seja, às instâncias europeias e ao projecto da nossa Geringonça.

Portugal, para pagar a dívida, necessitaria de crescer cinco por cento por ano, até 2036, cálculo este que é de 2014, E esse crescimento não se verificou em 2015, em 2016, em 2017, nem vai ocorrer em 2018, segundo o OE. Assim, já se perderam quatro anos, o que quer dizer que a fatia do pagamento da dívida terá de aumentar nos anos seguintes.

O crescimento de 2017 deveu-se muito ao Turismo, mas esse crescimento não é infinito. Há um ponto de saturação que, segundo os especialistas, já foi atingido. E, nos outros sectores da economia, o investimento está a ser colocado em sectores de baixo valor acrescentado e de oferta de emprego mal remunerado, tal com ainda ontem um gabinete da comissão europeia alertou (eles atá são nossos amigos). Com esta ambição rasteira, o crescimento será mínimo.

Mas há um problema super estrutural, de longo prazo, que não está a ser considerado, pois o governo é obrigado, pela conjuntura actual, a governar a curto e a médio prazo, e sempre com um olho no burro e outro no cigano (adivinhe o leitor quem é o burro e quem é o cigano). Trate-se do alarmante défice demográfico, que, tal como um cancro, vai minando a estrutura etária da população portuguesa. Nos próximos dez anos, a natalidade vai sofrer um grande rombo, porque a actual geração de jovens não teve, não tem, nem vai ter condições de vida, que lhe permita ter filhos. Este problema, que estava circunscrito ao mundo rural, por efeito da emigração, passa a ser também um problema das cidades. E com uma demografia adversa, não há economia real que resista. Se repararmos, este pilar, essencial para o desenvolvimento, não está ser considerado. E os nossos governantes, a Merkel e a Comissão Europeia sabem isto, mas assobiam para o lado e metem o lixo debaixo do tapete, e fazem o seguinte raciocínio, quem vier atrás que feche a porta.

A continuar esta situação de impasse, a bomba atómica acabará mesmo por rebentar.
Alexandre de Castro
2017 11 14

Debate sobre o Serviço Nacional de Saúde


Debate sobre o Serviço Nacional de Saúde

Ouça o debate, para ficar mais informado sobre o estado do SNS, assim como sobre as grandes ameaças, que está a enfrentar.
Depois, não venha dizer que não sabia.

Apenas duas notas, sendo uma delas, a primeira, em estilo metafórico:
.
1ª Numa oficina de automóveis, há mecânicos e electricistas-auto. A trabalhar num automóvel, o mecânico não vai fazer intervenções na área eléctrica, nem o electricista-auto se vai meter na parte da mecânica.

Também no futebol, o guarda redes não vai marcar penaltis contra a equipa adversária, nem o avançado de centro vai para a baliza, defender um penalti, contra a sua equipa.
Sobre as chamadas transição ou transferência de competências profissionais, no sector da saúde, estamos conversados.

2ª Como disse o médico Mário Jorge, Presidente da Federação Nacional dos Médicos, o actual governo nada fez, nestes dois anos, nas áreas dos Cuidados Primários (Centros de Saúde), na introdução de novos métodos de gestão hospitalar e nos Cuidados Continuados. O respectivo ministro, que em nada se diferencia do ministro do anterior governo, parece estar mais interessado em construir hospitais e centros de saúde para entregar a agentes de saúde privados, através das manhosas PPP, para que, daqui por cinco ou dez anos, sejam totalmente privatizadas.

Não sei se o ministro já foi convidado, tal como o anterior, para alguma reunião do Grupo Bilderberg. Se não foi, então, tirou o curso por correspondência.
Alexandre de Castro
2017 11 14

Veja aqui o vídeo:

domingo, 19 de novembro de 2017

Angola: Ruptura ou mudança na continuidade?


Angola: Ruptura ou mudança na continuidade?

Angola é um dos poucos países do mundo, em que o casamento da política com os negócios se realizou sob o regime de comunhão de bens. Eduardo dos Santos, depois de consolidar a sua posição política no seio do MPLA, depressa percebeu que poderia construir um império financeiro, se transformasse o seu governo numa S.A. E foi o que fez, fazendo-se rodear por outros dirigentes do partido, que depressa se transformaram em dinâmicos empresários.

E só assim, com todas estas cumplicidades, é que se percebe a razão por que Isabel dos Santos, a filha que lhe herdou a calculada astúcia, acabou por brilhar no universo dos negócios, negócios que até se alargaram a Portugal.

A máquina publicitária fez dela um génio, o que não é verdade, pois génios, nos negócios, são aqueles empresários que descobrem oportunidades que os outros empresários e outros candidatos a empresários não enxergam. Pelo contrário, Isabel dos Santos foi ganhando oportunidades, nos terrenos clássicos do actual sistema económico-financeiro, porque o dinheiro seguia sempre à frente da inteligência, que, aliás, se lhe reconhece.

O mundo está expectante sobre as mudanças que o novo presidente pretende realizar, depois da audácia que revelou em "humilhar" Eduardo dos Santos, demitindo a sua filha da Sonangol. Mas, em África, tudo pode acontecer, e no melhor pano cai a nódoa. Será que João Lourenço vai virar do avesso o sentido da política em Angola, em prol do desenvolvimento do país e de uma melhor distribuição da riqueza? Ou pretende construir o seu próprio império, sobre os escombros do império de Eduardo dos Santos? Para já, dou-lhe o benefício da dúvida, ao mesmo tempo que rejubilo com as corajosas e auspiciosas medidas que já tomou.

No entanto, Eduardo dos Santos ainda não morreu politicamente e também não se sabe até que ponto a sua saúde física vai permitir que faça um contra-ataque, estribando-se no importante lugar que reservou para si, o de Presidente do MPLA. Por outro lado, parece que começa a haver deserções dos seus companheiros mais próximos, que, silenciosamente, estão a dar sinais de querer arranjar um cómodo e favorável lugar na carruagem da frente, do comboio que João Lourenço já pôs em andamento.

Alexandre de Castro
2017 11 18

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A síndrome do olho direito - Poema de Maria Azenha...



A síndrome do olho direito


hoje ao sair de casa encontrei algumas pessoas
com um tremor miudinho nas pálpebras
nas lojas onde entravam empregados e outros entes
sofriam da mesma tremura
reparei que o fenómeno estava instalado no olho direito
o que é intrigante é que alguns comentadores políticos
repetiam o charme da tremura do mesmo lado
quando olhavam para a câmara era uma tremedeira.
pensei que era até uma herança da troika
o caso agravou-se porém quando foi dado nota que um 
                                                                                     [homem
para deixar de tremer instalou na cabeça uma gaiola.
sob o efeito da notícia o país começou a escrever
em escrita automática.

hoje quando regresso ao trabalho a primeira coisa que 
                                                                                          [faço
é esconder o olho direito com uma pala.


maria azenha

***«»***

O meu comentário:

Um genial poema caricatural, certeiro e arrasador na forma e no tema, e que elege o lado mais ridículo e mais caricato do cenário político português (e sem esquecer os tempos negros da troika).
A “tremedeira nacional do olho direito”, que a “poeta” sinalizou no título como “A síndrome do olho direito” é uma metáfora riquíssima e talentosa, pela mordacidade que transporta e pelos vários significados políticos que contém. Significados que a “poeta” não necessitou de especificar, pois todos eles se inferem, logo numa primeira leitura. E para engalanar o círculo poético da sátira corrosiva, a “poeta” agrega ao poema o aparecimento de uma nova e inesperada epidemia nacional, que alastrou a um determinado segmento da população portuguesa, que o leitor também rapidamente identifica, e que tem um grau de perigosidade idêntico ao da peste negra, na Idade Média.
Este poema é incisivamente cáustico e demolidor para os traficantes das ilusões saídas em série das fábricas dos sonhos e transformadas em promessas de curta duração, que nunca se cumprem.
E isto é de tal modo verdade, que eu já vi pessoas com gaiolas na cabeça e comentadores dos jornais “a escrever em escrita automática”.
Alexandre de Castro
2017 11 13

A Geringonça no seu esplendor!...

Publicada por Deolinda Marques_ In Músicas de Intervenção e Debate Político

domingo, 12 de novembro de 2017

Como português, eu também sou catalão…


Como português, eu também sou catalão…

Ontem, emocionei-me ao ouvir a "Grândola Vila Morena", a ser entoada, com fervor patriótico, pelos catalães que desfilavam pela Carrer de la Marina, em Barcelona, numa gigantesca manifestação (750 mil manifestantes), a exigir a libertação dos dirigentes políticos (eleitos), que foram presos, por ordem do poder central fascizante e pós-franquista de Madrid. E emocionei-me, porque a canção do Zeca Afonso, que se canta com o coração cheio, traduziu, simbolicamente e com oportunidade, o meu profundo envolvimento emocional com a árdua e persistente luta dos catalães, pela sua independência política, envolvimento emocional este que não é de agora, mas que remonta até ao início dos ano setenta, do século passado. E fui repescar um texto que escrevi no meu blogue, em Novembro de 2014, e que deixo aqui, a propósito da grande vitória dos independentistas no referendo simbólico sobre a independência da Catalunha, então realizado, em que 80,76%, dos 2,3 milhões de pessoas que votaram, apoiaram a opção de que a Catalunha fosse um Estado independente.
E, nesta luta, e como português, eu também sou catalão.
Alexandre de Castro
2017 11 12

sábado, 11 de novembro de 2017

Pôr do Sol _ Fotografia de Milú Cardoso

Pôr do Sol _ Fotografia de Milú Cardoso

Uma belíssima fotografia de Milú Cardoso.
Um feliz instante, em que a tonalidade da cor do ouro une e abraça o Céu, o Mar e a Terra.
Alexandre de Castro

2017 11 11

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Интернационал (The Internationale - Russian lyrics)



Desiludam-se os que acreditaram e acreditam na profecia apologética de Francis Fukuyama, ao anunciar o Fim da História, cuja última etapa do processo histórico seria a do actual regime da democracia capitalista liberal, que garantiria a liberdade e a igualdade para todos, garantia esta que a realidade dramaticamente desmente.
A grande Revolução de Outubro ficou incompleta, é certo, mas ela irá reerguer-se vitoriosamente das cinzas do capitalismo, cujas contradições são cada vez mais evidentes.
Alexandre de Castro
2017 11 07

domingo, 5 de novembro de 2017

Pedrogão: O território da desolação e do desconforto!...



Pedrogão: O território da desolação e do desconforto!...

Na voragem destruidora dos incêndios, e para a memória futura dos homens, ficou a solitária placa toponímica, como registo.
Alexandre de Castro
2017 11 05

Petição sobre a Revisão da Lei de Bases da Saúde


Se ainda não assinou esta petição, ainda está a tempo de defender o seu direito à Saúde. Assine. A Saúde não pode ser prejudicada pelo défice e pelo monstro da dívida. Se o Estado teve dinheiro para salvar os bancos, deixando os seus accionistas em paz, a gozar dos rendimentos obtidos, através dos fabulosos lucros do tempo das vacas gordas e do crédito intencionalmente fácil, também tem de ter dinheiro para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Não se esqueça que os cortes no SNS e no Estado Social continuam na mira da Comissão Europeia.
Alexandre de Castro

2017 11 05

sábado, 4 de novembro de 2017

Agradecimento...

Alpendre da Lua

Agradeço a adesão ao Alpendre da Lua dos seguintes novos seguidores:

- Boavida Robalo
- Campos
- Leoilia Sousa
- José
- Teresa Mrujo.

Alexandre de Castro
2017 11 04

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Os banqueiros europeus mais bem pagos

Clicar na imagem para ampliar a fotografia

Com rendimentos tão baixos, e inferiores aos dos seus congéneres da Grécia e de Chipre, não admira que os banqueiros portugueses tivessem levado à falência os seus bancos.
Alexandre de Castro
2017 11 01

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Agradecimento


Agradeço a amabilidade, por terem aderido ao Alpendre da Lua, dos seguintes novos seguidores:

- José Manuel Moreira Ferreira
- Isabel Bairrão
- Glória Fernandes
- António Reis
- Victor Brito
- actriz
- Bia Capewel
- Vânia Perciani
- Luís Vieira
- Marabuto
- Regineka

Alexandre de Castro
2017 10 31

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Marcelo, o campeão dos abraços e dos beijinhos


Isto já não é, apenas, o charme presidencial, a distribuir beijinhos e abraços, para colher afectos. É mais alguma coisa!…
Por esta andar, Marcelo é muito bem capaz de vir a apear do pódio Mário Soares, que conseguiu montar uma tartaruga gigante, nas Seychelles.

Alexandre de Castro
Sobre uma fotografia, retirada da internet
2017 10 29

Nota: Um leitor bem formado, que viu esta publicação num site, onde colaboro, escreveu-me, todo escandalizado, a criticar-me por eu estar a publicar “coisas”, de cariz sexual, e envolvendo altas figuras do Estado.
Respondi-lhe, educadamente, que estava equivocado, pois eu, nesta publicação, estava, indirectamente, a referir-me a fenómenos do Entroncamento.

domingo, 29 de outubro de 2017

NOTA DO GABINETE DE IMPRENSA DO PCP _ Sobre a Catalunha...


NOTA DO GABINETE DE IMPRENSA DO PCP

Sobre a Catalunha
e os desenvolvimentos relativos
à questão nacional em Espanha

28 Outubro 2017

O PCP sublinha que a questão nacional em Espanha tem de ser considerada com a complexidade que a história e a actual realidade daquele País encerram.
A resposta a esta questão, designadamente na Catalunha, deve ser encontrada no quadro do respeito pela vontade dos povos de Espanha e, consequentemente, do povo catalão.
São profundamente criticáveis as atitudes do Governo espanhol, na base da intolerância, do autoritarismo, da coacção e da repressão.
O PCP considera preocupante, incerta e perigosa uma escalada de factos consumados, que abra espaço ao inaceitável e condenável procedimento que o Governo espanhol protagoniza, e não só face a esta situação, como em aspectos gerais de que é exemplo a «Lei da mordaça», que ataca liberdades políticas e democráticas fundamentais.
É evidente que, a coberto da actual situação, se promovem valores nacionalistas reaccionários e tomam alento sectores fascistas franquistas, que durante dezenas de anos oprimiram os povos de Espanha.
O PCP alerta para manobras de certos sectores que visam iludir as suas responsabilidades numa política de classe contra direitos laborais e sociais por via da instrumentalização de sentimentos nacionais.
A realidade está a demonstrar que a solução para a questão nacional em Espanha deverá ser encontrada no plano de uma solução política, que a integre no quadro de uma resposta mais geral que assegure os direitos sociais e outros direitos democráticos dos trabalhadores e dos povos de Espanha, incluindo do povo catalão.
Esta é a posição do PCP, cujo conteúdo se diferencia das posições do Governo português e do Presidente da República, designadamente face à sua omissão quanto ao respeito da vontade dos povos nesta situação.
Sobre as formas usadas para a afirmação dos sentimentos nacionais na Catalunha, designadamente a declaração de independência produzida, o PCP não se pronuncia especificamente, adiantando como elemento de carácter geral a ideia que considera preocupante uma escalada de factos consumados.

***«»***

De nada vale reclamar a legalidade constitucional, quando essa legalidade não é aceite pelo povo. E o povo catalão não quer ser espanhol.

Também o golpe militar do 25 de Abril era ilegal, à luz da Constituição do regime fascista de Salazar/Caetano e, no entanto,essa legalidade sucumbiu, perante a euforia do povo de Lisboa, que se juntou aos militares revoltosos.

As manifestações em Espanha, contra a independência da Catalunha, mostraram que o movimento fascista/franquista está a levantar a cabeça, e os partidos ditos democráticos, os da direita e o PSOE (socialista), convivem alegremente com esses partidos e movimentos, que se reclamam herdeiros do pensamento de Franco.

Há um direito histórico na Catalunha que legitima a declaração unilateral de independência, independência essa que foi usurpada pela guerra e pela consequente ocupação.

Alexandre de Castro
2017 10 29

Primeiro-ministro distraído…

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Amabilidade de Leila Gomes, que fez a monragem do cartoon
2017 10 29

sábado, 28 de outubro de 2017

Não há nenhuma ilegalidade na luta pela liberdade de ser independente


Não há nenhuma ilegalidade na luta pela liberdade de ser independente

Não foi através de um Estado de Direito que a Catalunha foi anexada pela Espanha, em 1714, através de uma guerra atroz e violenta. Portanto, há na Catalunha um direito histórico, de temporalidade próxima, que é necessário respeitar. E, por outro lado, a Catalunha nunca teve afinidades políticas, sociais, culturais e linguísticas com Espanha. E não me venham falar da ilegalidade deste forte movimento independentista, pois as lutas dos povos, pela sua liberdade e independência, têm de ser sempre contra a legalidade instituída, pelo ocupante. E é por isto que as revoluções não vão a votos, pois, caso contrário, nenhuma revolução se realizaria.

E é escandaloso que os países europeus, incluindo Portugal (ver aqui), neguem injustamente aos catalães, de uma forma cínica e hipócrita, aquilo, que - e também injustamente, para o povo palestiniano - concederam a Israel, reconhecendo a sua condição de Estado, pelo facto da Palestina ter sido o território do Reino Judaico, Reino este que se desmembrou com a ocupação dos romanos, há dois mil anos, existindo pois, aqui, uma temporalidade muito remota, que invalida o argumento histórico invocado pelos sionistas.
Alexandre de Castro
2017 10 28

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Passos Coelho não pede desculpa...

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2017 10 23

Afinal, as bruxas existem mesmo

Os caceteiros miguelistas

Afinal, as bruxas existem mesmo

Ontem, passei por dois depoimentos, que me deixaram em estado de alerta. O primeiro, que também aparece referenciado num texto (muito bem escrito) de Armando Leal Rosa, no jornal O RIBATEJO (ver aqui), referia-se à simultaneidade das ignições dos vários fogos recentes, no centro do país, o que é muito estranho. O segundo, talvez menos verosímil, lido no Facebook, chamava a atenção para a coincidência entre a ocorrência dos fogos e o aparecimento das armas  roubadas nos paióis de Tancos.

A subversão traiçoeira e trauliteira é uma marca idiossincrática da direita portuguesa, que só se apresenta civilizada e bem comportadinha, quando está no poder ou perto dele. É uma reminiscência dos caceteiros miguelistas, dos meados do século XIX. A presença activa do PCP, a dar substância ao acordo de legislatura com o PS, através do qual conseguiu reverter parte da austeridade e ver satisfeitas muitas das suas reivindicações, algumas delas históricas, provoca a essa direita muita comichão.

Por outro lado, por um momento semelhante ao que se vive em Portugal, a CIA já promoveu o derrube de governos em países recalcitrantes. Estou a recordar-me do Chile, do socialista (dos verdadeiros) Salvador Allende.

Assim, Portugal poderá vir a ser um mau exemplo para uma Europa que parece estar a entrar em ebulição, com os jovens a evidenciar um premonitório inconformismo, torna-se necessário, às agências do imperialismo, criar um tenso de insegurança, que anule a influência política do PCP, por menor que seja, na área da governação.

Dito isto, não me custa mesmo nada em aceitar o diagnóstico do articulista Armando Leal Rosa.

No entanto, ainda estamos ao nível das conjecturas, Falta-nos "os finalmente".
Alexandre de Castro
2017 10 21