A Bomba
Atómica demográfica
Não sei!... Não sei se vai ser
possível agradar a Gregos e a Troianos, ou seja, às instâncias europeias e ao
projecto da nossa Geringonça.
Portugal, para pagar a dívida, necessitaria de
crescer cinco por cento por ano, até 2036, cálculo este que é de 2014, E esse
crescimento não se verificou em 2015, em 2016, em 2017, nem vai ocorrer em
2018, segundo o OE. Assim, já se perderam quatro anos, o que quer dizer que a
fatia do pagamento da dívida terá de aumentar nos anos seguintes.
O crescimento de 2017 deveu-se muito ao Turismo,
mas esse crescimento não é infinito. Há um ponto de saturação que, segundo os
especialistas, já foi atingido. E, nos outros sectores da economia, o investimento
está a ser colocado em sectores de baixo valor acrescentado e de oferta de
emprego mal remunerado, tal com ainda ontem um gabinete da comissão europeia
alertou (eles atá são nossos amigos). Com esta ambição rasteira, o crescimento
será mínimo.
Mas há um problema super estrutural, de longo
prazo, que não está a ser considerado, pois o governo é obrigado, pela
conjuntura actual, a governar a curto e a médio prazo, e sempre com um olho no
burro e outro no cigano (adivinhe o leitor quem é o burro e quem é o cigano).
Trate-se do alarmante défice demográfico, que, tal como um cancro, vai minando
a estrutura etária da população portuguesa. Nos próximos dez anos, a natalidade
vai sofrer um grande rombo, porque a actual geração de jovens não teve, não
tem, nem vai ter condições de vida, que lhe permita ter filhos. Este problema,
que estava circunscrito ao mundo rural, por efeito da emigração, passa a ser
também um problema das cidades. E com uma demografia adversa, não há economia
real que resista. Se repararmos, este pilar, essencial para o desenvolvimento,
não está ser considerado. E os nossos governantes, a Merkel e a Comissão
Europeia sabem isto, mas assobiam para o lado e metem o lixo debaixo do tapete,
e fazem o seguinte raciocínio, quem vier atrás que feche a porta.
A continuar esta situação de impasse, a bomba
atómica acabará mesmo por rebentar.
Alexandre
de Castro
2017 11 14