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sábado, 31 de dezembro de 2011

Editorial: Um postal não ilustrado de votos para o Ano Novo...

Amália Rodrigues - Povo Que Lavas No Rio
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Não irei, desta vez, perante os leitores e amigos do Alpendre da Lua, recorrer à formalização de um voto a desejar-lhes um bom e feliz Ano Novo. Nem vou enfeitar um qualquer raquítico pinheiro com luminárias mais ou menos psicadélicas. Prefiro, antes, perante os graves perigos que Portugal enfrenta no momento presente, provocados pelos iníquos ataques de açuladas matilhas, as domésticas e as de lá de fora, que pretendem morder-lhe as canelas, recordar este fado de Amália Rodrigues, cuja letra é da autoria do poeta Pedro Homem de Mello.
Não sou muito apreciador do fado, pois enfastiei-me com as intragáveis versões do Fado Malandro e do Fado Marialva, e nem sequer suporto o fado choradinho, onde se cantam os lancinantes dramas amorosos de faca e alguidar. Mas não o desdenho, nem o despromovo para a prateleira das inutilidades, pois reconheço-lhe a natureza identitária do povo português, ao traduzir-lhe a tristeza e a melancolia endémicas, traços marcantes da sua idiossincrasia, e ao mesmo tempo que sobreleva o destino fatalista dos tempos da desgraça, do sofrimento e da miserável resignação, sentimentos estes contra os quais é necessário lutar, para os ultrapassar.
 E se escolhi este fado cantado por Amália Rodrigues, um fado que sempre me emocionou, é porque o poema fala do povo, do meu povo, do povo a que eu pertenço por inteiro, e que irá talhar as tábuas do meu caixão, imagem que se encaixa no pensamento premonitório da morte dantesca do meu país, que neste momento já não tem mar nem caravelas para novas terras descobrir. 
E agora, antes que os caixões estejam prontos, ao povo português, apenas restam duas alternativas: ou lutar, como lutou em Aljubarrota, ou fugir e chorar, como aconteceu em Alcácer Quibir. E ao ouvir este "Povo que lavas no rio", eu já estou a chorar...

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O Homem não é uma mercadoria...

Permitir que o mecanismo de mercado seja o único dirigente do destino dos seres humanos e do seu ambiente natural, e até mesmo o árbitro da quantidade e do uso do poder de compra, resultaria no desmoronamento da sociedade. Esta suposta mercadoria, “a força de trabalho”, não pode ser impelida, usada indiscriminadamente, ou até mesmo não-utilizada, sem afectar o individuo que é o portador dessa mercadoria peculiar. Ao dispor da força de trabalho de um homem, o sistema disporia também, incidentalmente, da entidade física, psicológica e moral do “homem” ligado a essa etiqueta.
Karl Polanyi, A Grande Transformação, 1944.
In blogue Ladrões de Bicicletas

Passos Coelho: Grande Mentiroso!...

Montagem da autoria de Ricardo Santos do blogue "Aventar" e reproduzidas pelo blogue "Ladrões de Bicicletas"
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Espanto-me como ainda não caíram os dentes ao primeiro-ministro, Passos Coelho. Já afirmei aqui, várias vezes, que a arte da mentira é a melhor arma táctica dos políticos do Arco da Traição, utilizada ao serviço de uma perversa estratégia de alcançar o poder a qualquer preço. O que fica, depois do visionamento deste vídeo, é o vómito! A democracia não pode degradar-se mais! Chegou-se ao limite da repugnância!  

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Agradecimento

É com grande prazer e imensa alegria que saúdo a chegada ao Alpendre da Lua da Teresa Queirós, uma minha amiga e colega da empresa Sandoz, onde ambos trabalhámos vários anos. É uma visita que me honra, particularmente. Seja bem vinda, Teresa.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Passos promete reformas para “democratização” da economia


O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, aproveitou o espaço televisivo da mensagem de Natal para olhar para o próximo ano e garantir que “2012 será um ano de grandes mudanças e transformações”, as quais “incidirão com profundidade nas nossas estruturas económicas”, com o objectivo de conseguir o que entende pela “democratização” economia.
PÚBLICO
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Quando li o título desta notícia do PÚBLICO, deduzi que o primeiro-ministro, Passos Coelho, iria, em 2012, submeter a economia a votos. Mas, enganei-me. Não era isso que ele queria dizer. Passos Coelho, com o ar mais cândido do mundo, veio repetir, de uma forma mais burilada, mas que não deixa de ser hipócrita, a lenga-lenga de António Guterres que também recorreu ao estafado tema de centrar as preocupações do seu governo nos problemas das pessoas. Foi o que se viu. De tanto se preocupar com as pessoas, Guterres fugiu, demitindo-se de primeiro-ministro, não sem dizer aos portugueses que a situação era caótica. De Passos Coelho, estes curtos cinco meses de governo já deram para entender o caminho que resolveu percorrer, optando por infernizar a vida das pessoas, que ele agora diz querer motivar. Cinicamente, e simulando um falso desconforto com a situação, centra o seu discurso naqueles temas que mais escandalizam os portugueses, como são os privilégios de certas castas sociais, a começar pelos banqueiros e pelos altos funcionários do Estado, que não foram (nem serão) minimamente beliscados pelas medidas de austeridade. Os bancos, como se sabe, tiveram da parte do governo uma valiosa prenda natalícia, que deixou os seus administradores e accionistas a cantar o Papá Noel. A transferêcia do fundo de pensões dos bancários para o Estado constitui mais um esbulho para os cofres da Segurança Social, que apenas vai receber uma parte insignificante do valor daquele fundo, mas terá que pagar, a partir de agora, as pensões dos reformados daquele sector profissional, os actuais e os que vierem a reformar-se no futuro. Grande parte do dinheiro daquele fundo nem saiu dos bancos, pois ficou nos seus cofres, a título de pagamento das dívidas do Estado,  de que são credores. Tratou-se de uma maneira criativa de transferir a factura da dívida, que deveria sair do Orçamento de Estado, para os beneficiários da Segurança Social, que, perante o aumento de encargos, virá dizer, daqui por uns anos, não ter dinheiro para pagar as pensões e os diferentes subsídios sociais, optando-se por mais cortes naquelas prestações. Neste esforço para pagar esta dívida, ficaram mais uma vez de fora os rendimentos do capital, cujos detentores são, na realidade, as únicas pessoas que interessam a Passos Coelho e ao seu partido.  

domingo, 25 de dezembro de 2011

Será que o Estado Social Falhou? - por Américo M. S. Carvalho Mendes


Um professor de uma distinta escola de Economia deste país que tem aparecido com frequência nos canais de televisão a falar sobre assuntos relacionados com a actual crise económica disse há dias o seguinte, num programa a que assisti (como não gravei, estas podem não ser exactamente as suas palavras, mas a ideia é a mesma): “O Estado Social falhou! Falhou porque, se os problemas que motivaram a sua criação tivessem sido resolvidos, as despesas sociais em vez de estarem a aumentar, estariam a diminuir”.

O raciocínio parece claro e convincente, mas está errado. Pior do que isso, pode levar a decisões com consequências muito graves para o futuro do estado da nossa coesão social. Ora como parece um raciocínio claro e convincente, facilmente será aceite por muita gente, incluindo alguma que tenha, ou possa vir a ter responsabilidades de decisão nesta matéria. Temos, por isso, aqui um problema que é combater uma ideia errada que parece uma evidência e que, por isso, facilmente se pode espalhar e que pode levar a decisões com consequências graves para o futuro da nossa sociedade.

De uma forma que tem que ser aqui muito sintética, vejamos qual é o tal problema que motivou a criação do Estado Social. Esse problema é um tipo de exclusão social que a economia de mercado necessariamente gera. Do lado dos consumidores, o mercado inclui os que dispuserem de um rendimento monetário, de um património em bens, ou de uma capacidade de prestação de serviços que lhes permita obter em troca destes recursos os bens e serviços de que necessitam para satisfazer as suas necessidades básicas, ou ir além disso, se puderem. São excluídos os consumidores que não estiverem nestas condições. Do lado das empresas a economia de mercado inclui as que forem capazes de produzir bens ou serviços com características e a preços para os quais haja potenciais compradores dispostos a adquiri-los. São excluídas as que não estiverem nestas condições. Portanto, é da própria natureza da economia de mercado gerar, em permanência, este tipo de exclusão social. Ela só acabaria se o mercado acabasse e, mesmo nesse caso, seria para ser substituída por outras formas de exclusão, uma vez que os vários modos de organização social que a Humanidade já conheceu, mesmo os mais comunitários, todos tiveram as suas formas próprias de exclusão social.

Do que se acabou de dizer conclui-se que seria errado esperar que o Estado Social acabasse com o problema que esteve na sua génese. Sobre a questão do Estado Social ser ou não eficaz na forma como lida com esse problema, relembro aqui as estatísticas que saem todos os anos para os países da UE e para outras partes do mundo sobre as taxas de pobreza. Esses dados mostram, sem sombra de dúvida, que em Portugal e nos outros países onde existe um Estado Social que se veja, as taxas de pobreza seriam muito mais elevadas do que sem ele. Para já, basta sobre as questões da existência, permanência e eficácia do Estado Social.

Vamos agora à questão do crescimento das despesas sociais. Se não se deve dizer que o Estado Social falhou no sentido em que o professor de Economia que motivou esta crítica o disse, já se pode dizer que o Estado Social tem falhas, quer em termos de eficiência económica, quer em termos de justiça social. Por isso, subjacente a parte do crescimento atrás referido podem estar essas falhas que é preciso analisar com rigor e corrigir. No entanto, não são só, ou melhor, não são tanto essas falhas que explicam esse crescimento. Sem pretender ser exaustivo, vou referir aqui quatro factores muito poderosos que contribuem nesse sentido.

Nos países onde o Estado Social surgiu mais tardiamente, como é o caso de Portugal, parte desse crescimento não é mais do que o crescimento próprio da “fase de instalação” desse Estado. Boa parte do crescimento das despesas sociais em Portugal a seguir ao 25 de Abril tem que ver com isto.
Depois, tanto em Portugal como nos outros países onde o Estado Social existe há mais tempo há o que decorre da tendência de envelhecimento da população e da “feminização” da população activa.

Finalmente, também contribui para o aumento das despesas sociais, ou, pelo menos, para o aumento do seu peso relativo no PIB um fenómeno chamado “enfermidade de Baumol”. Nos serviços sociais que são actividades intensivas em mão de obra, uma mão-de-obra que é cada vez mais qualificada, a produtividade do trabalho não pode crescer a taxas iguais ou superiores às do resto da economia dada a tecnologia próprias dessas actividades. No entanto, por motivos óbvios, as remunerações dos trabalhadores desses serviços não podem evoluir de forma muito desfasada das do resto da economia. Sendo assim, há uma tendência para o encarecimento relativo dos serviços sociais, o que contribuiu para o aumento do seu peso relativo no PIB, isto mesmo que não houvesse desperdício, oportunismo, corrupção e outras ineficiências e inequidades na gestão desses serviços.

Havendo, assim factores muito poderosos que contribuem para o aumento das despesas sociais, coloca-se a questão de saber se temos economia que consiga pagar o Estado Social de que precisamos. Sobre esta questão é preciso dizer que, contrariamente ao que alguns, às vezes, nos querem fazer crer, o Estado Social não é o principal culpado dos males de que enferma a economia portuguesa. Vejamos alguns. Já cá tínhamos antes de existir um Estado Social de jeito e continuamos a ter uma Administração Pública muito centralizada, com processos de decisão pouco transparentes, que prefere instrumentos de política do tipo “comando e controlo” em vez de incentivos que confiem na iniciativa privada e fomentem mudanças de comportamentos desta iniciativa no sentido do desenvolvimento do país. Ainda neste capítulo temos um regime democrático que vai cuidando dos agentes da sua componente representativa, mas que pouco se interessa pela democracia participativa.

Há uns anos atrás não tínhamos tanto e agora temos, mas não por culpa do desenvolvimento do Estado Social, um processo de transformação da estrutura da nossa economia que a possibilidade de desvalorização do escudo adiou, mas que agora se está a fazer por ajustamentos reais. Um destes é o desemprego de duração cada vez mais longa. Mau será se não houver aqui um Estado Social para acudir a esta situação.

Também já tínhamos antes do Estado Social e continuamos a ter níveis elevados de evasão fiscal e outras injustiças no nosso sistema fiscal. O que acabei de referir e outras coisas que não decorrem do Estado Social e para as quais não há aqui espaço pesam muito no deficit do sector público e na insuficiência da poupança interna para financiar esse deficit e o investimento do sector privado gerando, depois, o endividamento externo que tanto está a pesar sobre o nosso país.

Dito isto, é, com certeza, preciso discutir com detalhe e rigor onde é que o nosso Estado Social pode estar a falhar em termos de eficiência económica e de justiça social e, como, ou até onde é que a economia que temos o poderá pagar. Isto não é bem a mesma coisa que dizer que o Estado Social falhou redondamente no propósito que presidiu à sua criação e que é preciso encontrar um substituto para ele que não se sabe muito bem qual é.
Dizer “não se sabe” talvez não seja apropriado aqui. Veja-se o que acontece nos países onde a economia de mercado se tem expandido, sem o desenvolvimento complementar de um Estado Social. Aí ou são poucos os que cuidam dos excluídos, ou então, surgem ditadores que tomam o poder em nome da causa de cuidar desses excluídos, ou ainda, tomam conta deles organizações religiosas dominadas por correntes fundamentalistas. Não é este o futuro que desejo para o meu país e não devo ser o único a pensar assim.

Vamos, pois, discutir com detalhe, rigor científico e conhecimento do que se passa no terreno o que pode e deve ser corrigido no Estado Social que temos, em termos de eficiência económica e de justiça social. Sem receios e sem chavões, vamos discutir quer questões que toquem em pedras fundamentais desse Estado Social, quer noutras de menor peso, mas que também podem ser importantes.

Já me resta pouco espaço, mas aqui vão alguns exemplos de questões relevantes a discutir. Vamos discutir o problema da manutenção de um sistema de pensões baseado no princípio da repartição, quando a evolução demográfica lhe é adversa. Vamos discutir se as componentes de capitalização que já lhe foram acrescentadas estão bem assim, ou se podem e devem ser modificadas.

Num país com um tecido denso de IPSSs e doutras organizações de economia social, vamos discutir se o Estado deve ou não expandir a sua actividade de prestador directo de serviços sociais, ou se deve antes exercer bem uma função de financiador e de regulador dessa iniciativa privada. Vamos discutir se o que já faz no plano do financiamento o faz de modo a promover a eficiência económica e a justiça social. Vamos discutir se o que já faz no plano da regulação é mais do tipo de “comando e controlo” centralista da iniciativa privada, ou do tipo de incentivo dessa iniciativa para ser mais eficiente e socialmente mais justa.
Numa democracia representativa, este debate é dominado pelos partidos políticos que tendem a caricaturar as posições dos adversários e a ir pelo caminho do que pode render mais votos. Isto não ajuda ao esclarecimento das questões e à tomada de boas decisões. Por isso, tem que ser muito grande o esforço de pedagogia cívica por parte de todos os que têm obrigação de contribuir nesse sentido. Foi só isto que motivou esta crónica. Espero que possa ajudar nessa causa.
Américo M. S. Carvalho Mendes
PÚBLICO - 22 de Outubro de 2010

sábado, 24 de dezembro de 2011

Boas Festas

Amabilidade da amiga Dalia Faceira
Acabei de enviar este cartão ao Presidente da República e ao actual governo, a desejar-lhes as Boas Festas. Espero que os leitores, a quem desejo sinceramente que usufruam, com a alegria possível, o espírito desta quadra festiva, se associem a este meu sentimento.
O governo precisa destes estímulos, para continuar a infernizar a vida dos portugueses.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O politico que representa realmente a opinião da população... :-)

Amabilidade da Dalia Faceira
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Políticos ignorantes, incompetentes, estúpidos, falhados e vigaristas, afirmou o deputado britânico, Godfrrey Bloom, no Parlamento Europeu, referindo-se aos políticos dos países altamente endividados. Estes apropriados epítetos também se aplicam aos dirigentes políticos portugueses, pertencentes aos partidos do arco do poder, os quais eu comecei a designar por partidos do arco da traição. É perverso, injusto e imoral que sejam os contribuintes a ter de pagar os desmandos dos governantes e a avidez insaciável dos bancos. As políticas de austeridade não são mais do que a infame legalização do assalto aos rendimentos de quem trabalha e trabalhou. Tal como o senhor Bloom, também eu me interrogo por que razão o dinheiro da minha de reforma está a ser desviado para o Estado, em nome de uma dívida, que não contraí e de um défice orçamental para o qual não contribuí? O dinheiro roubado ao Estado, através da corrupção e do nepotismo, pelas mafias e pelos lobies que gravitam à volta dos ministérios, ultrapassa o valor da dívida e seria suficiente para corrigir o défice orçamental.

Peter Sarstedt - Take Off Your Clothes (Original Version)

Amabilidade do João Fráguas
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Se o filme tivesse sido realizado a cores, os tipos teriam travado às quatro rodas, no meio de uma nuvem de poeira, e dado boleia às raparigas. Agora, a preto e branco, era mais difícil convencer alguém...

Agradecimento

O João Grazina (Graza) é um amigo especial e um companheiro dedicado, que tem contribuído, com o seu saber, para a resolução de alguns problemas técnicos do Alpendre da Lua. Foi o primeiro leitor a deixar o seu testemunho, através de um comentário, na primeira publicação deste blogue, em meados de Maio de 2009. Por isso, saúda-se a formalização da sua adesão ao respectivo grupo de amigos/seguidores, que já tem algum peso numérico.
O João Grazina também é um blogueiro, mantendo em actividade o Arroios, cujo link se deixa aqui, e onde o leitor poderá encontrar textos muito interessantes e, principalmente, poder admirar as suas fotografias, autênticas pérolas de luz, cor, forma e perspectiva. 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Negociação directa de banco de horas nas empresas em 2012

As empresas vão poder negociar um banco de horas directamente com os trabalhadores já a partir do próximo ano, o que permitirá cortar custos com remunerações complementares ou horas extraordinárias. Esta figura, que a lei hoje reserva à contratação colectiva, permite considerar o tempo de trabalho em termos médios, alargando-o até 12 horas diárias em tempos de picos, e reduzindo-o em alturas de menor trabalho.
Jornal de Negócios
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Com a especulação bolsista, estou mesmo a ver que a hora vai passar a ter 120 minutos em tempos de alta e 30 minutos em tempo de baixa. Só falta criar um off shore para as horas.
Ainda dizem que os portuguesses não são criativos!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Europarlamento

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Desengane-se o leitor mais distraído. Não é o primeiro-ministro de Portugal que está a falar, nem nenhum dos dirigentes políticos do arco da traição. Aos dirigentes políticos do PSD, do PS (com honrosas excepções) e do raquítico CDS falta-lhes a dignidade de quem tem a coluna vertebral erecta. São os herdeiros legítimos do Miguel de Vasconcelos, de 1640. Quem está a falar é um corajoso e lúcido eurodeputado, que declarou alto e bom som, não querer uma Europa governada, de forma antidemocrática, pela senhora Angela Merkel. A ditadura financeira, que está a ser imposta aos países do Sul da Europa, alguns já a serem governados por governos não eleitos, não pode sobrepor-se à liberdade e à democracia dos povos, nem colocar em perigo a independência dos países.

Vai ser mais rápido e mais fácil despedir

O Conselho de Ministros reuniu para reflectir sobre as
reformas que se seguem. Decorreu em pose
descontraída e traje informal. Nem uma gravata
se via no grupo de 11 ministros e dois
secretários de Estado (Correio da Manhã)
Reforma da lei laboral considerada essencial facilita despedimentos.
Correio da Manhã
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Sem gravata, estes homens são um perigo, pois perdem a capacidade de saber pensar. Até aquela ministra, perfeitamente horrorizada, deitou as mãos à cabeça, o que não admira, pois teve o azar de ter de posar ao lado de Passos Coelho e de Paulo Portas, ficando entalada entre ambos, sensação que não deve ser nada agradável.
Diz-se para aí que nesta reunião do Conselho de Ministros se decidiu finalmente desertificar o país, para melhorar as estatísticas. Exportam-se os professores desempregados para a África e acelera-se a morte dos reformados por asfixia financeira e por falta de cuidados de saúde. É a única maneira de aumentar o PIB per capita e de reduzir o défice orçamental e a taxa de desemprego. Sempre são, a menos, uns dois milhões de bocas a comer.

sábado, 17 de dezembro de 2011

“Tal como as dívidas são para pagar, os acordos são para cumprir”, diz Passos Coelho

O primeiro-ministro defende que o futuro do euro passa pela união orçamental e que Portugal deve, tal como os outros países, cumprir as conclusões do Conselho Europeu da semana passada, como a transposição para o direito primário das normas de disciplina orçamental.
Na abertura do debate quinzenal desta manhã, Pedro Passos Coelho afirmou que “tal como as dívidas são para pagar, os acordos são para cumprir”.
PÚBLICO
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E as promessas eleitorais também! A falta de dignidade dos sucessivos primeiros-ministros, incluindo a de Passos Coelho, está bem patente na quebra dos compromissos eleitorais em relação ao não aumento dos impostos. A primeira medida que assumem, logo que tomam posse, é precisamente procederem ao agravamento da carga fiscal. E isto aconteceu com Durão Barroso, José Sócrates, e com o actual faxina de serviço da imperatriz da Europa, Angela Merkel, que já se comporta como se Portugal fosse um protectorado da Alemanha.

Esta merda tem de acabar - Jacques Fresco

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento ao Luís Ribeiro, pela sua decisão de se inscrever como amigo deste blogue.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Islândia triplicará seu crescimento em 2012 após a prisão de políticos e banqueiros

Islândia conseguiu acabar com um governo corrupto e parasita. Prendeu os responsáveis pela crise financeira, mandando para a prisão. Começou a redigir uma nova Constituição feita por eles e para eles. E hoje, graças à mobilização, será o país mais próspero de um ocidente submetido a uma tenaz crise de dívida.
É a cidadania islandesa, cuja revolta em 2008 foi silenciada na Europa por temor a que muitos percebessem. Mas conseguiram, graças à força de toda uma nação, o que começou sendo crise se converteu em oportunidade. Uma oportunidade que os movimentos altermundistas observaram com atenção e o colocaram como modelo realista a seguir.
Consideramos que a história da Islândia é uma das melhores noticias dos tempos atuais. Sobretudo depois de saber que segundo as previsões da Comissão Europeia, este país do norte atlântico, fechará 2011 com um crescimento de 2,1% e que em 2012, este crescimento será de 1,5%, uma cifra que supera o triplo dos países da zona euro. A tendência ao crescimento aumentará inclusive em 2013, quando está previsto que alcance 2,7%. Os analistas asseveram que a economia islandesa segue mostrando sintomas de desequilíbrio. E que a incerteza segue presente nos mercados. Porém, voltou a gerar emprego e a dívida pública foi diminuindo de forma palpável.
Este pequeno país do periférico ártico recusou resgatar os bancos. Os deixou cair e aplicou a justiça sobre aqueles que tinham provocado certos descalabros e desmandes financeiros. Os matizes da história islandesa dos últimos anos são múltiplos. Apesar de transcender parte dos resultados que todo o movimento social conseguiu, pouco foi falado do esforço que este povo realizou. Do limite que alcançaram com a crise e das múltiplas batalhas que ainda estão por se resolver.
Porém, o que é digno de menção é a história que fala de um povo capaz de começar a escrever seu próprio futuro, sem ficar a mercê do que se decida em despachos distantes da realidade cidadã. E embora continuem existindo buracos para preencher e escuros por iluminar.
A revolta islandesa não causou outras vítimas que os políticos e os homens de finanças costumam divulgar. Não derramou nenhuma gota de sangue. Não houve a tão famosa "Primavera Árabe". Nem sequer teve rastro mediático, pois os meios passaram por cima na ponta dos pés. Mesmo assim, conseguiram seus objetivos de forma limpa e exemplar.
Hoje, seu caso bem pode ser o caminho ilustrativo dos indignados espanhóis, dos movimentos Occupy Wall Street e daqueles que exigirem justiça social e justiça econômica em todo o mundo.
Tradução de Lurdes Rodrigues 

Original: http://forner179.blogspot.com/2011/12/islandia-triplicara-su-crecimiento-en.html
Fonte: http://maestroviejo.wordpress.com/2011/12/06/islandia-triplicara-su-crecimiento-en-2012gracias-a-las-revueltas-sociales/

Daí a prova de que a população unida e organizada consegue se livrar dos banqueiros canalhas. Embora devamos reconhecer que fazer uma revolução dessas na Islândia é mais fácil devido a fatores como o povo ser mais culto, politizado e educado, além de ser pequeno em comparação a outros países como o Brasil.
Para fazer isso é necessário uma consciência da situação real de toda a população e que ela mesma se organize para resolver, colocando a politicagem corrupta e banqueiros sionistas na latrina.
Lurdes Rodrigues 

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

VOU SER ROUBADO!


Decidi escrever este texto com duas intenções claras: a primeira, de desabafo, a segunda, de protesto. Estou farto de ouvir nas notícias que vou ser roubado. Até hoje nunca fui roubado. Esta vai ser a primeira vez. Felizmente nunca tive a necessidade de recorrer à polícia por um crime desse tipo. Agora, pela primeira vez na minha vida, sei com grande antecedência que vou ser roubado. Vão-me roubar muito dinheiro, o dinheiro dos subsídios de férias e de natal que conquistei com grande esforço, para o qual trabalho e ao qual acho que tenho direito. Não fiz nada para merecer este roubo. Sempre cumpri com as minhas obrigações, nomeadamente com as minhas obrigações fiscais, nunca deixei de cumprir com os meus compromissos financeiros, nunca deixei de pagar tudo aquilo que devia, nunca na minha vida roubei. Agora dizem-me que tenho que aceitar ser roubado por culpa dos erros de outros. Dizem-me também que aos responsáveis pelo facto de ter que ser roubado nada irá acontecer. Esses sim, aqueles que geriram mal os dinheiros públicos, aqueles que são os responsáveis pelas políticas que conduziram o nosso país à situação em que está, aqueles que gastaram dinheiros públicos muito para além das suas possibilidades,… foram eles que contribuíram para a situação em que se encontra o meu país. Não me recordo de ter tido algum comportamento ou ter feito algo que contribuísse para esta situação. Mas afinal, porque é que eu tenho que me deixar roubar e contribuir para pagar os erros de outros? Será que um dia também existirá o risco de me mandarem para a prisão por crimes que outros cometeram? Será que o meu erro foi, após anos a recibos verdes e a contratos a prazo, ter lutado com unhas e dentes para entrar para a função pública onde eu esperava encontrar estabilidade e segurança para assegurar segurança à minha família? Será este roubo uma inevitabilidade? Não quero acreditar! Quero lutar contra isto!
Gostaria de manifestar a minha indignação e a minha profunda revolta com esta situação que me recuso a aceitar e pela qual estou disposto a lutar como nunca lutei tanto por algo na minha vida. Pretendo lutar de todas as formas democráticas e pacíficas que se encontram disponíveis ou que venham a ser disponibilizadas para poder lutar e tentar evitar ser roubado.
Desde já agradecia a todos os que leiam este documento que agora torno público, que o reencaminhassem ao maior número de pessoas possível, que o divulgassem e afixassem, e me indicassem, através do email que a seguir identifico, todas as formas de luta e de protesto a que poderei recorrer e aderir para tentar evitar ser roubado. Conto com a ajuda de todos! Estou disponível e muito interessado por enveredar por todas as formas de luta e de protesto que sejam legais, apesar de duvidar da legalidade daquilo que me querem fazer.
Desde já agradeço a vossa atenção,
Filipe José Queirós Gomes
Psicólogo e Funcionário Público

PS: espero nunca vir a sofrer nenhum tipo de retaliações por enveredar por esta ou qualquer outra forma de protesto pacífico para tentar lutar contra o roubo que me querem fazer, pois entendo que este é um direito que tenho, o direito de manifestar a minha mais profunda indignação com esta situação.
Amabilidade do Jorge Manuel Magalhães Ribeiro

Lisboa antes do terramoto de 1755

Amabilidade do João Fráguas

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

É o tempo dos ladrões de colarinho branco!...

Amabilidade de Mário Jorge Neves
Já tivemos primeiros-ministros corruptos, incompetentes e apalhaçados. Agora, ladrão?! É inédito!

Opinião: Alemanha "rainha das dívidas"


O historiador Albrecht Ritschl evoca hoje em entrevista ao site de Der Spiegel vários momentos na História do século XX em que a Alemanha equilibrou as suas contas à custa de generosas injecções de capital norte-americano ou do cancelamento de dívidas astronómicas, suportadas por grandes e pequenos países credores.
Ritschl começa por lembrar que a República de Weimar viveu entre 1924 e 1929 a pagar com empréstimos norte-americanos as reparações de guerra a que ficara condenada pelo Tratado de Versalhes, após a derrota sofrida na Primeira Grande Guerra. Como a crise de 1931, decorrente do crash bolsista de 1929, impediu o pagamento desses empréstimos, foram os EUA a arcar com os custos das reparações.

A Guerra Fria cancela a dívida alemã
Depois da Segunda Guerra Mundial, os EUA anteciparam-se e impediram que fossem exigidas à Alemanha reparações de guerra tão avultadas como o foram em Versalhes. Quase tudo ficou adiado até ao dia de uma eventual reunificação alemã. E, lembra Ritschl, isso significou que os trabalhadores escravizados pelo nazismo não foram compensados e que a maioria dos países europeus se viu obrigada a renunciar às indemnizações que lhe correspondiam devido à ocupação alemã.
No caso da Grécia, essa renúncia foi imposta por uma sangrenta guerra civil, ganha pelas forças pró-ocidentais já no contexto da Guerra Fria. Por muito que a Alemanha de Konrad Adenauer e Ludwig Ehrard tivesse recusado pagar indemnizações à Grécia, teria sempre à perna a reivindicação desse pagamento se não fosse por a esquerda grega ficar silenciada na sequência da guerra civil.
À pergunta do entrevistador, pressupondo a importância da primeira ajuda à Grécia, no valor de 110 mil milhões de euros, e da segunda, em valor semelhante, contrapõe Ritschl a perspectiva histórica: essas somas são peanuts ao lado do incumprimento alemão dos anos 30, apenas comparável aos custos que teve para os EUA a crise do subprime em 2008. A gravidade da crise grega, acrescenta o especialista em História económica, não reside tanto no volume da ajuda requerida pelo pequeno país, como no risco de contágio a outros países europeus.

Tiram-nos tudo - "até a camisa"
Ritschl lembra também que em 1953 os próprios EUA cancelaram uma parte substancial da dívida alemã - um haircut, segundo a moderna expressão, que reduziu a abundante cabeleira "afro" da potência devedora a uma reluzente careca. E o resultado paradoxal foi exonerar a Alemanha dos custos da guerra que tinha causado, e deixá-los aos países vítimas da ocupação.
E, finalmente, também em 1990 a Alemanha passou um calote aos seus credores, quando o chanceler Helmut Kohl decidiu ignorar o tal acordo que remetia para o dia da reunificação alemã os pagamentos devidos pela guerra. É que isso era fácil de prometer enquanto a reunificação parecia música de um futuro distante, mas difícil de cumprir quando chegasse o dia. E tinha chegado.
Ritschl conclui aconselhando os bancos alemães credores da Grécia a moderarem a sua sofreguidão cobradora, não só porque a Alemanha vive de exportações e uma crise contagiosa a arrastaria igualmente para a ruína, mas também porque o calote da Segunda Guerra Mundial, afirma, vive na memória colectiva do povo grego. Uma atitude de cobrança implacável das dívidas actuais não deixaria, segundo o historiador, de reanimar em retaliação as velhas reivindicações congeladas, da Grécia e doutros países e, nesse caso, "despojar-nos-ão de tudo, até da camisa".
Amabilidade da Dalia Faceira

sábado, 10 de dezembro de 2011

Notações: (transumância, a volta) - por Sérgio Faria

Fotografia de Paulo Vaz Henriques (foto&legenda)
Apesar de tudo é a portugal que voltamos, para ouvirmos as magistraturas da pátria e pastarmos nas pedras. Estamos no caminho bom, só falta começarmos a rir da morte para nos levarem a sério. Somos flâneurs, alguém esqueceu o cão lá atrás. Habitualmente não fazemos fila junto ao balcão, passamos em regime passing by, não tiramos senha. Uma de nós tem a mania que é do benfica ou da vanguarda, não sabemos do quê ao certo, só conhecemos o sinal. Voltamos para irmos brincar para a praia. Talvez um dia consigamos ver os tubarões sem termos que molhar as patas ou a lã. Os tubarões existem, não é?
Sérgio Faria
In foto&legenda

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Já abriu a corrida a centenas de 'tachos' no Estado

'Troika' exige concursos públicos, mas o Governo ignora regra. Saúde e Segurança Social são os sectores que têm mais vagas para oferecer.
Segundo o Correio da Manhã, a disputa pelo Hospital de Aveiro é a última polémica.
Diário de Notícias
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Já lhe é reconhecida a vocação para as fidelidades caninas, como se pode observar pelo seu seguidismo em relação a Angela Merkel, que, possivelmente, até já lhe ofereceu, como prémio pelos seus bons serviços, o cargo de futuro presidente da Comissão Europeia, em substituição de Durão Barroso, que a Kaiser de saias não suporta. Agora vem à tona a sua alma de camaleão, ao fazer o contrário daquilo que prometeu, antes das eleições. Passos Coelho, o falso moralista, invoca o carácter sagrado do documento da troika para aplicar o brutal programa de austeridade aos portugueses, mas ignora que as  disposições daquele mesmo documento determinam a realização de concursos públicos para a nomeação de cargos de chefia e de direcção do Estado. Os boys do PSD já salivam abundantemente com a hipótese de irem ocupar os lugares bem remunerados que os boys do PS são obrigados a abandonar. Alguns já se instalaram. No Hospital de Abrantes, um engenheiro de uma fábrica de produção de tubos de plástico foi promovido para membro do conselho de administração daquele unidade de saúde. Presume-se que o homem vai mandar substituir os tubos digestivos dos doentes por canalizações de plástico, o que fica mais barato para o Serviço Nacional de Saúde, como quer a troika..   
Os ávidos candidatos só ainda não começaram a engalfinhar-se e a morderem-se uns aos outros, na disputa pelo melhores ossos. Mas isso só irá acontecer quando no canil anunciarem mais vagas.
Entretanto, Passos Coelho, cujo carácter está ao nível do cano de esgoto, continua a fazer orelhas moucas aos apelos dos fornecedores do Estado, que estão a arder com o seu dinheiro, mas, ao invés, invoca os valores morais para exigir o escrupuloso cumprimento dos compromissos assumidos por Portugal para com os credores internacionais e para com as instâncias políticas europeias. Tendo a coluna vertebral de um molusco, Passos Coelho arrisca-se a perder toda a credibilidade para ocupar o lugar de primeiro ministro.
http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=2172740

Notações: Os Pobres ( I ) - de Almeida Garrett - Viagens na Minha Terra


Os Pobres ( I )

" ... ó geração de vapor e de pó de pedra, macadamizai estradas, fazei caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro, para andar a qual mais depressa, essas horas contadas de uma vida toda material, massuda e grossa como tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente daquela que hoje vivemos. Andai, ganha-pães, andai : reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai - No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana ? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico ? [ ... ] cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis. "
Almeida Garrett, in " Viagens na Minha Terra ", ( 1843)
Amabilidade da Dalia Faceira
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Ontem como hoje, o problema é o mesmo: são os ricos que precisam dos pobres, pois de outro modo não poderia haver ricos. A média da distribuição da riqueza entra na proporção dos oitenta, vinte. Vinte por cento da população dispõe de oitenta por cento da riqueza. Às formas clássicas de exploração, (a escravatura, a troca desigual, o colonialismo, etc.), juntou-se agora uma outra mais refinada, derivada em linha recta da globalização e da especulação financeira, e que até já permite, imagine-se, e jogando forte com o peso da dívida, que a pobreza possa ser decretada a um povo inteiro, através de aviltrantes programas de austeridade, embora, falaciosamente, os farisaicos mandantes e os subservientes executantes desses programas prometam para um futuro indeterminado "os amanhãs que cantam".

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Estatística do blogue: Novembro de 2011

Nº de visitas mensais nos últimos 12 meses

 No mês de Novembro o Alpendre da Lua estabeleceu o número máximo de visitas às suas páginas, evidenciando-se assim o grande interesse que desperta entre os seus leitores, a quem desde já se agradece o empenho. Depois de uma enorme quebra, verificada nos meses de Junho e Julho - devido à suspensão da sua edição regular, durante mais de vinte dias, motivada por uma avaria no sistema informático, e, também, devido à irregularidade da assiduidade dos leitores, durante o mês de férias, em Agosto - ocorreu, nos três meses subsequentes, uma rápida recuperação, voltando a colocar-se a fasquia ao nível das seis mil visitas mensais, objectivo que já tinha sido alcançado, anteriormente.

NATAL NA ERA DIGITAL

Amabilidade do Diamantino Silva
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Tem piada! E o José Carpinteiro não percebeu que não era o pai da criança!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Por uma nova política económica ao serviço do Povo Português! - por António Garcia Pereira

Os mesmos economistas que ainda há um ou dois anos atrás defendiam, como solução de “sucesso”, o modelo económico de especulação financeira e da destruição da capacidade produtiva - que precisamente conduziu o nosso País, e não só, à crise e ao desastre, reaparecem agora, e sem qualquer pudor, a defender como inevitável o pagamento da dívida e o cumprimento do acordo com a tróica, e a defender como novas soluções de “sucesso” a aposta na facilitação dos despedimentos, no abaixamento dos salários e das contribuições patronais para a segurança social, na privatização e venda a preço de saldo dos poucos activos que ainda restam ao País, na diminuição brutal das garantias sociais, política esta que o Governo, sempre invocando o dito acordo da tróica, mas indo até e por diversas vezes além dele, está agora a tratar de executar a todo o transe.
Ora, e antes de mais, impõe-se referir que o Povo Português não deve aceitar pagar uma dívida que não foi ele que contraiu nem foi contraída em seu benefício e também que, antes e acima de tudo, se imporia fazer uma auditoria independente à mesma dívida, para assim determinar rigorosamente quanto se deve, a quem se deve e porque é que se deve.
Já todos compreendemos, todavia, que os dirigentes políticos e partidos que aceitam e apoiam o citado acordo com a tróica não querem que tal auditoria se realize, pois sabem perfeitamente que, uma vez que se conhecesse com precisão em que consiste e donde provém a propalada “dívida”, nenhum elemento do Povo Português aceitara dar mais um cêntimo que fosse para o respectivo pagamento.
Depois, a lógica do “facto consumado” e a imposição dum verdadeiro “estado de sítio” informal que se nos estão a pretender impor, com a suspensão “de facto” da Constituição e o silêncio cúmplice, entre outros, do próprio Tribunal Constitucional, e tudo isto sob a invocação de que estas medidas estão no referido “Acordo da tróica”, escamoteiam que tal “Acordo” será, quando muito, um Acordo ou Convenção Internacional, de grau hierárquico inferior à Constituição, que por isso não a pode suspender ou invalidar, e que se a contrariar, como sucede com grande parte do seu conteúdo, será inconstitucional e não poderá vigorar na Ordem Jurídica interna.
Por outro lado, é preciso não esquecer que foi precisamente o modelo defendido por estes “especialistas”, assente na lógica da destruição do essencial da nossa capacidade produtiva a troco dos milhões da UE, e da consequente transformação de Portugal num País praticamente sem Agricultura, (que seria para a França) sem Indústria (que seria para a Alemanha), sem Minas e sem Pescas (que seria para a Espanha) e com um sector terciário em larga medida de baixa qualificação, e também na lógica de uma pretensa competitividade decorrente do trabalho intensivo (muitas horas de trabalho), pouco qualificado e mal pago (com salários muito baixos), que conduziu o nosso País ao desastre, à destruição da produção nacional e à transformação de Portugal num País cada vez mais dependente do exterior e, logo, cada vez mais endividado.
Acresce que a tese da pretensa necessidade da “flexibilização”, leia-se da “desregulação”, para assim se atrair investimento estrangeiro, conduz em última instância ao resultado da ausência de qualquer regulação social, já que dentro dessa lógica – e tal como, aliás, as agências de rating, então muito elogiadas, sempre defenderam… – os destinos privilegiados dos investimentos serão sempre os “paraísos” da aniquilação e destruição dos mais básicos direitos humanos e sociais.
Por outro lado ainda, como a experiência dos últimos 30 anos na Europa bem mostra, mas os “economistas” e “especialistas” seus defensores procuram escamotear, não há nenhuma demonstração de que as politicas – que não têm novidade nenhuma e representam apenas o “recauchutamento” de velhas receitas do final dos anos 70 no resto da Europa e meados/finais dos anos 80 entre nós – de flexibilização e desregulação laboral e social tenham tido por resultado o aumento da produtividade ou, mais importante ainda, o aumento do emprego.
Não existe alternativa de desenvolvimento para o País que passe pela aceitação do pagamento da dívida pois, dada a dimensão e natureza da mesma, o resultado desde logo será que quanto a todas as medidas, por mais restritivas e violentas que sejam, adoptadas num mês, logo se vem dizer no mês seguinte que afinal não chegam e que é preciso ainda mais do mesmo, ou seja, aumento dos impostos sobre quem trabalha (nos grandes interesses económico-financeiros obviamente que se não toca, porque isso poderia “assustar os mercados” e “afastar o investimento externo”…), diminuição brutal dos salários (seja pelo seu corte directo, seja pela facilitação e embaratecimento dos despedimentos) e, sob a formula eufemística do “combate à despesa”, a restrição de acesso e o aumento do custo dos serviços essenciais dos cidadãos como a Saúde, a Educação, os Transportes, a Justiça, etc..
O caminho proposto pelos “doutores da ciência económica do regime” será, assim, o da venda dos poucos activos de que o País ainda dispõe e o empobrecimento e o lançamento da grande maioria da população, durante décadas, a níveis mais baixos do que os da governação de Salazar.
Mas, ao invés do que proclamam esses autênticos “doutores da desgraça” (só para o Povo, é claro!), a alternativa existe, sendo que Portugal tem enormes vantagens competitivas de partida, a começar pela sua inigualável localização geo-estratégica!
Para isso, precisamos dum governo democrático patriótico com um programa de desenvolvimento da economia, na linha mestra de tratar de produzir para não ter de importar, e assente num conjunto de criteriosos investimentos na Agricultura, nas Pescas (pois Portugal tem a maior zona económica de toda a UE, hoje absolutamente entregue às frotas pesqueiras estrangeiras, a começar pela espanhola), na Indústria (em particular nos sectores onde temos um enorme e prestigiado “know-how” acumulado, como a Construção e Reparação Naval e Metalurgia e Metalo-mecânica) e na Tecnologia.
Peça essencial desse plano de desenvolvimento da economia nacional, e também de combate ao desemprego, deverá ser o investimento estratégico na edificação de um conjunto de portos atlânticos devidamente modernizados e apetrechados (como já é hoje o caso de Sines, ponto crucial absolutamente estratégico de todo o tráfego marítimo internacional, sobretudo após a abertura, a partir de 2013, do Canal do Panamá à passagem dos maiores porta-contentores do Mundo, determinando assim que a melhor rota de e para Oriente, designadamente de e para a China, seja por Ocidente…) e uma rede de transporte ferroviário misto (passageiros e mercadoria), em bitola europeia, ligando esses portos entre si e fazendo uma ligação à Europa pela via mais directa, rápida e competitiva e que constitui o nosso “pipeline” natural, ou seja, Vilar Formoso – Salamanca – Irún (em vez do trajecto assente essencialmente na passagem pela centralidade de Madrid, como os espanhóis nos pretendem impôr).
E este rasgar de novos caminhos passa também pela aposta nos grandes factores de produtividade do século XXI (incorporação tecnológica, qualificação do trabalho e dos processos, capacidade de inovação, excelência de gestão, etc.), pelo combate sem tréguas à corrupção e à burocracia, pela imposição à Banca – que se especializou em longa medida na mera especulação financeira – do apoio às actividades produtivas e na modificação radical do sistema fiscal, actualmente perseguidor e penalizador dos “alvos fáceis” como os trabalhadores por conta de outrém e ao qual a grande riqueza se exime por completo.
A alternativa existe, pois, e é viável!
Do que o País necessita é, isso sim, duma nova política, democrática patriótica, e duma visão estratégica baseada nessa política, e não da lógica da venda do País a retalho e da definitiva transformação do nosso País numa espécie de “Malásia de 2ª” da União Europeia.
E, como creio que agora todos agora compreenderão – mas quando aqui já uns meses atrás alguns, poucos, o disseram, (quase) ninguém os quis ouvir… – era afinal toda esta problemática que deveria ter sido ampla e democraticamente discutida na última campanha eleitoral, em vez da autêntica fraude a que assistimos, consistente em nos procurarem convencer de que o “Acordo com a tróica” (sempre convenientemente escondido nas suas consequências essenciais e mais gravosas) tinha que ser cumprido e que só poderíamos escolher entre as forças políticas que alunos mais aplicados na sua execução se mostrassem.
Os resultados da aceitação dessa fraude – levada a cabo com a prestimosa colaboração de todo um cortejo de economistas, especialistas, comentadores, jornalistas e analistas – começa agora a estar à vista.
Há agora é que romper com essa lógica, cortar com a traição nacional em curso (porque é disso que verdadeiramente se trata) e impor um rumo novo ao País!
António Garcia Pereira
In Economia com Futuro

Nota do Editor: Imediatamente a seguir à assinatura do chamado Memorando de Entendimento com a troika, assinado pelo então primeiro-ministro, José Sócrates, pelos dirigentes do PSD e do CDS, respectivamente, Passos Coelho e Paulo Portas, e, ainda, pelo actual Governador do Banco de Portugal, Carlos Silva Costa, aqui no Alpendre da Lua, aquela humilhante capitulação em relação ao Fundo Monetário Internacional e à União Europeia foi classificada como crime de alta traição à Pátria. E é com regozijo que se verifica, cada vez com mais frequência, o surgimento de corajosas tomadas de posição a denunciar esta traição. 

Involução humana

Cartoon retirado da página do Facebook do José Madley
Um rasgo de humor bem conseguido.
Isto vai dar merda, e da grossa!...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O Quarto Reich: A guerra pode ter já recomeçado - por Filipe Luís - VISÃO

O Hitler de saias que planeia o "Holocausto" financeiro da Grécia e Portugal
A inflamada declaração de Angela Merkel, numa entrevista à televisão pública alemã, ARD, em que sugere a perda de soberania para os países incumpridores das metas orçamentais, bem como a revelação sobre o papel da célebre família alemã Quandt, durante o Terceiro Reich, ligam-se, como peças de puzzle, a uma cadeia de coincidências inquietantes. Gunther Quandt foi, nos anos 40, o patriarca de uma família que ainda hoje controla a BMW e gere uma fortuna de 20 mil milhões de euros. Compaghon de route de Hitler, filiado no partido Nazi, relacionado com Joseph Goebbels, Quandt beneficiou, como quase todos os barões da pesada indústria alemã, de mão-de-obra escrava, recrutada entre judeus, polacos, checos, húngaros, russos, mas também franceses e belgas. Depois da guerra, um seu filho, Herbert, também envolvido com Hitler, salvou a BMW da insolvência, tornando-se, no final dos anos 50, uma das grandes figuras do milagre económico alemão. Esta investigação, que iliba a BMW mas não o antigo chefe do clã Quandt, pode ser a abertura de uma verdadeira caixa de Pandora. Afinal, o poderio da indústria alemã assentaria diretamente num sistema bélico baseado na escravatura, na pilhagem e no massacre. E os seus beneficiários nunca teriam sido punidos, nem os seus empórios desmantelados.
As discussões do pós-Guerra, incluíam, para alguns estrategas, a desindustrialização pura e simples da Alemanha - algo que o Plano Marshal, as necessidades da Guerra Fria e os fundadores da Comunidade Económica Europeia evitaram. Assim, o poderio teutónico manteve-se como motor da Europa. Gunther e Herbert Quandt foram protagonistas deste desfecho.
Esta história invoca um romance recente de um jornalista e escritor de origem britânica, a viver na Hungria, intitulado "O protocolo Budapeste". No livro, Adam Lebor ficciona sobre um suposto diretório alemão, que teria como missão restabelecer o domínio da Alemanha, não pela força das armas, mas da economia. Um dos passos fulcrais seria o da criação de uma moeda única que obrigasse os países a submeterem-se a uma ditadura orçamental imposta desde Berlim. O outro, descapitalizar os Estados periféricos, provocar o seu endividamento, atacando-os, depois, pela asfixia dos juros da dívida, de forma a passar a controlar, por preços de saldo, empresas estatais estratégicas, através de privatizações forçadas. Para isso, o diretório faria eleger governos dóceis em toda a Europa, munindo-se de políticos-fantoche em cargos decisivos em Bruxelas - presidência da Comissão e, finalmente, presidência da União Europeia.
Adam Lebor não é português - nem a narração da sua trama se desenvolve cá. Mas os pontos de contacto com a realidade, tão eloquentemente avivada pelas declarações de Merkel, são irresistíveis. Aliás, "não é muito inteligente imaginar que numa casa tão apinhada como a Europa, uma comunidade de povos seja capaz de manter diferentes sistemas legais e diferentes conceitos legais durante muito tempo." Quem disse isto foi Adolf Hitler. A pax germânica seria o destino de "um continente em paz, livre das suas barreiras e obstáculos, onde a história e a geografia se encontram, finalmente, reconciliadas" - palavras de Giscard d'Estaing, redator do projeto de Constituição europeia.
É um facto que a Europa aparenta estar em paz. Mas a guerra pode ter já recomeçado.
Filipe Luís
VISÃO
5/10/2011
Amabilidade do João Fráguas e do João Grazina

domingo, 4 de dezembro de 2011

Passos retira culpas a Merkel e Sarkozy na crise portuguesa

O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho afirmou hoje, no Porto, que a crise portuguesa “não é culpa do senhor Sarkozy ou da senhora Merkel”, apoiando os dois líderes europeus na defesa de um reforço da liderança económica europeia.
“Quando os países são indisciplinados e colocam em risco outros, é natural que os que geriram bem as suas economias e emprestam dinheiro queiram receber garantias em como o que emprestam será bem utilizado. Esse governo económico que precisamos de construir na Europa é essencial para que a Europa possa ser solidária”, sustentou o primeiro-ministro, em declarações aos jornalistas.
PÚBLICO
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Com um primeiro-ministro destes, Portugal deixará de ser um país soberano e independente. Passará a ser um protectorado da Alemanha.
A mentira não é apenas o contrário da verdade. É também a intencional e tendiciosa distorção dessa mesma verdade, através da manipulação do seu sentido e desfocalização da sua centralidade. O problema não está em não querer pagar as dívidas, como pretende fazer crer o primeiro-ministro, sempre que se vê acossado pelas duras críticas à sua política suicida.. Ninguém colocou essa hipótese, embora na crise de 1891-93, o incumprimento tivesse sido declarado, sem que Portugal tivesse desaparecido do mapa. O problema situa-se ao nível da urgência imposta pela senhora Merkel para a correcção das contas públicas, através de um obtuso e irracional plano de austeridade, que vai arrasar a economia portuguesa, amarrando-a por uns largos anos  à estagnação. É uma mentira grosseira pretender fazer passar a ideia de que o crescimento poderá ocorrer com o aumento das exportações e a diminuição do consumo. Os ganhos de um dos factores são anulados pelas perdas do outro. Ninguém é capaz de apontar um exemplo de um país que tivesse crescido através de políticas recessivas, exceptuando o caso dos países exportadores de petróleo, o que não é o caso de Portugal.
Passos Coelho não entende este postulado axiomático das teorias keynesianas, que o pensamento neoliberal relegou para uma pasta de arquivo. Limita-se a papaguear o discurso da senhora Merkel, com visível subserviência e escandalosa subalternidade.       

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Aguaviva - Poetas andaluces (1975)

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Não posso deixar de me emocionar ao rever esta minha geração, carregada de ideais, de poesia e de sonhos, que cantava o alvorecer de novos tempos. As baladas traziam-nos as notícias da luta e da contestação. Os poemas eram doridos, mas ao mesmo tempo exaltantes. E os cantores, com a sua voz vibrante, mantinham acesa a luz da esperança.   

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Já se pode urinar e marcar pontos ao mesmo tempo

Em cima de cada urinol, um ecrã LCD de 30 centímetros,
que serve para os jogos correrem e serem visualizados
Empresa britânica criou um videojogo para urinóis e não é necessário inserir moedas para jogar. Só é preciso estar aflitinho.
A empresa britânica Captive Media considerou o tempo que os homens passam em frente ao urinol – uma média de 55 segundos – e deu-lhes algo para se distraírem (e competirem): urinóis com videojogos. Apesar de ainda não haver jogos de tiros, já se sabe quais são, nesta aplicação, as balas e a pistola.
PÚBLICO
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Protesto veementemente! É um jogo machista, pois as mulheres não o podem jogar.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à Evanir, pela sua decisão de se inscrever como amiga deste blogue.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Orçamento de Estado para 2012 - perguntas pertinentes

Amabilidade do José Camelo
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Já escrevi aqui que os políticos dos partidos da arco do poder entendem que a política é a arte de bem mentir. É por isso que a fábrica que produz os pinóquios nunca irá à falência.
Aqui está mais uma demonstração desta asserção, agora denunciada pelo deputado António Filipe, do Partido Comunista Português. 

domingo, 27 de novembro de 2011

Portugal está melhor hoje, dia seguinte à greve? - Diário Económico

Portugal viveu ontem um dia de greve, contra a austeridade e a reforma do Estado que vai, necessariamente, pôr fim a direitos e hábitos estabelecidos.
... Depois, externamente, fomos, por um dia, mais parecidos com a Grécia, isto é, as imagens que passaram no mundo foi de um País parado e, pior, incapaz de perceber o que está em causa. Também isto não corresponde, felizmente, à verdade. Mas cria, internacionalmente, junto dos mercados, junto da ‘troika', junto dos líderes europeus, a ideia de que os portugueses vivem ainda na ilusão. De que é possível continuar a viver à custa do dinheiro dos outros, e não do que produzimos. Não é.
Diário Económico
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Em forma de comentário, que teve de ser dividido em três partes, por limitação do número de caracteres, publiquei este texto no Diário Económico, em resposta ao artigo do seu director.

Este senhor António Costa, director do DE, é um pândego. Só contou metade da história. Ele afirma que Portugal não pode estar a viver com o dinheiro dos outros, mas esqueceu-se de dizer que Portugal não pode estar a ser governado pelos "outros", que é o que está a acontecer. O seu raciocínio viciado não consegue ultrapassar o patamar da inevitabilidade das medidas de austeridade, como se não houvesse políticas alternativas, apostadas no aumento da produção nacional, através do aumento do consumo interno. A própria Alemanha, que, actualmente, protagoniza a afirmação de um fascismo de novo tipo, o fascimo financeiro, através da ditadura do euro, viveu no século passado três grandes crises, que ultrapassou com o recurso ao défice orçamental e a uma gigantesca dívida externa, o que lhe permitiu desenvolver a economia e pagar aquela dívida. Antonio Costa não leu, ou se leu, não compreendeu, o que Joseph Stiglitz, prémio Nobel da Economia em 2001, tem afirmado sobre a irracionalidade de pretender resolver os problemas orçamentais dos países periféricos, apenas através da imposição de duros planos de austeridade, que vão atrofiar irremediavelmente o crescimento das respectivas economias. Idêntica opinião é a do economista Amartya Sen, outro nobilizado (1991), que além do exemplo da Alemanha, avança com o dos EUA, no tempo de Clinton. E será a altura de perguntar quem é que anda a viver com os dinheiros dos outros, e se não serão os EUA, com a sua capacidade em fabricar dólares a partir do ar e de se alimentar dos gigantescos défices, o orçamental, o comercial e o da balança de pagamentos, beneficiando da oportunidade de a sua moeda ter sido imposta como moeda de reserva internacional nos anos setenta do século passado. Esquece o senhor António Costa que o paradigma do actual sistema económico e financeiro é proceder à tranferência da riqueza dos países pobres para os países ricos e, em cada país, tranferir rendimentos do trabalho para os rendimentos do capital. Não queira o senhor António Costa fazer o papel de tartufo nesta grande comédia em que se transformou Portugal, comédia que vai acabar em tragédia.
http://economico.sapo.pt/noticias/portugal-esta-melhor-hoje-dia-seguinte-a-greve_132295.html

Vox Pop - A ignorância dos nossos universitários HD

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Isto é bem pior do que aquilo que eu julgava. Nem nos formandos do programa "Novas Oportunidades" se vê tanta asneira junta. Bem, mas eu já vi pior. Na década de oitenta, do século passado, alguém se lembrou de fazer um inquérito aos alunos do 1º ano da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, sobre as suas competências em Língua Portuguesa. Foi um desastre! Mas o país não se assustou, nem o governo da altura, entretido que estava com a contabilidade do alcatrão, se preocupou. Nem era preciso. Se, mesmo assim, o dinheiro continuava vir a jorros da Europa!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Joseph Stiglitz: "Austeridade é receita para suicídio económico"

Joseph Stiglitz (Prémio Nobel da Economia em 2001) - Fotografia DN
O prémio Nobel da Economia em 2001 e antigo vice-presidente do Banco Mundial, Joseph Stiglitz, afirmou na quinta-feira que as políticas de austeridade constituem uma receita para "menos crescimento e mais desemprego".
Stiglitz considerou que a adoção dessas políticas "correspondem a um suicídio" económico.
"É preciso perceber-se que a austeridade por si só não vai resolver os problemas porque não vai estimular o crescimento", afirmou Stiglitz, num encontro com jornalistas na Corunha, em Espanha, onde proferiu a conferência "Pode o capitalismo salvar-se de si mesmo?", noticia a Efe.
O economista sugeriu ao novo governo espanhol que vá "além da austeridade" e que proceda a uma reestruturação das despesas e da fiscalidade como medida básica para criar emprego.
Recomendou em particular uma fiscalidade progressiva e um apoio ao investimento das empresas.
"Temo que se centrem na austeridade, que é uma receita para um crescimento menor, para uma recessão e para mais desemprego. A austeridade é uma receita para o suicídio", afirmou.
Diário de Notícias
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Para acentuar a importância do aumento do consumo interno na economia - que os sucessivos PEC do Partido Socialista e a política económica do actual governo, estribado no memorando da troika, desvalorizaram, optando antes por colocar o acento tónico exclusivamente no crescimento das exportações - socorremo-nos muitas vezes das opiniões expressas por Joseph Stiglitz, assim como de um outro célebre economista nobilizado, Amartya Sen, o defensor da economia do bem-estar.
Stiglitz demonstrou que a única forma de arrancar as economias da recessão consiste em apostar no desenvolvimento económico, através do investimento público,  contraindo dívida, que atrairá, por sua vez, investimento privado, o que leva naturalmente à formação de défices orçamentais, que só serão  corrigidos, depois dessas economias criarem  um superavit contabilístico, tese que contraria a doutrina neoclássica (neoliberalismo), que se apoia na ideia da auto-regulaão dos mercados e na intenvenção monetarista, o que constitui uma falácia.
Stiglitz entrou em colisão com o FMI, onde exerceu o cargo de economista-chefe, acusando-o de actuar no interesse do capitalismo financeiro, actuação particularmente visível em África (e estamos a citá-lo de memória), onde os peritos daquela instituição internacional aconselhavam (pressionavam em troca de empréstimos) os governos a abrirem o espaço económico às multinacionais, sem se preocuparem com a fragilidade das instituições políticas, a maioria não democráticas, que pudessem defender os cidadãos indefesos dos abusos cometidos pela parte mais forte. É esta política suicida de aperto orçamental, com implicações graves no mercado de trabalho (mais desemprego e menos novos postos de trabalho) e no desenvolvimento da economia, que o FMI e a União Europeia, com a cumplicidade de um governo comprometido e subserviente, estão a impor a Portugal. Para nossa desgraça.