Páginas

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

A propósito da Festa do Avante


Quando surgiu a polémica, a propósito da decisão do PCP, de pretender organizar, este ano, em tempos de epidemia, a Festa do Avante (a maior manifestação política de Portugal), eu defini, apenas para mim mesmo, e com algumas dúvidas e hesitações, a minha posição. 
Não a divulguei imediatamente, neste espaço, pois preferi aguardar por outras opiniões, que inevitavelmente iriam surgir. E surgiram muitas, e muitas delas trazendo à ilharga um feroz anti-comunismo. É o costume.
E a minha posição é a que apresento a seguir, e que já publiquei noutro local.


Festa do Avante: Sim ou Não?

"Tudo vai bem, quando tudo corre bem. O pior será se o André Ventura infiltrar, no espaço do evento, uma vintena de contaminados (pagos), e, nos dias seguintes, emergir uma corrente de transmissão, entre pessoas, que estiveram na Festa do Avante. Aí, cai o Carmo e a Trindade.
É elevada a probabilidade de se gerarem várias cadeias de contaminação, num agregado de milhares de pessoas. E esta asserção, baseada nas probabilidades e nas estatísticas, deve sobrepor-se aos argumentos de ordem políticos e partidários, porque, em primeiro lugar, está em causa a defesa da Saúde Pública".

Declaração de interesses: Sou simpatizante do PCP, desde antes do 25 de Abril, votei no PCP em todas as eleições realizadas e fui candidato do PCP, à presidência da Câmara Municipal de Ourém, nas penúltimas eleições autárquicas.

Alexandre de Castro
Lisboa, Agosto de 2020

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Poema aos ventos dos céus





Poema aos ventos dos céus


Ah!... Como é dilacerante
a luta entre o Espírito e a carne
entre a Matéria e o Verbo
a Terra treme debaixo dos meus pés
quando amo
e todos os sonhos do mundo
cabem dentro de mim…

Não há paz no Universo
para meu sossego…

Procuro-te, oh deusa dos céus
dentro da minha visão lunática
que me leva ao princípio dos abismos…

Tudo se apaga à minha volta
e só consigo ver o luzeiro do céu estrelado
e o galope dos ventos cósmicos
que te fecundam…

Alexandre de Castro

Lisboa, Outubro de 2015


sábado, 15 de agosto de 2020

Dissertação para antecipar a velhice…



Dissertação para antecipar a velhice…

Tento sempre enganar a sombra
sobram-me desconfortos
quando já não encontro os sonhos
em que durmo
as palavras medem-me todos os dias
e teimam em ser iguais
quando as escrevo
porque já não tenho margens
para anotar tudo aquilo de que me esqueço…

Alexandre de Castro

Lisboa, Janeiro de 2008

sábado, 1 de agosto de 2020

Nos destroços da demência e da memória…





Nos destroços da demência e da memória…

E eu, no meio da minha cegueira,
entre as linhas que nos separam,
digo-te esta mentira, que reclamas:
“já me esqueci de ti...
Nunca te amei, desde que te vi.
Nem as feridas eram verdadeiras,
nem os beijos ardiam nos meus lábios,
nem os poemas, que te dediquei, eram meus.
Tudo era falso”.
E, agora, nos destroços da demência e da memória,
sofro com a verdade, porque sempre te amei…

Alexandre de Castro

Fevereiro de 2017