Páginas

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Um pensamento de Mark Twain (1835-1910)

Amabilidade do João Fráguas, que enviou a imagem.

"Estado fará tudo o que for necessário para ter défice de 4,6% em 2011"

O primeiro-ministro garantiu hoje que o "Estado fará tudo o que for necessário para cumprir os objectivos orçamentais de 2011", ou seja, alcançar um défice de 4,6%.
"Se a execução orçamental vier a revelar que são necessárias mais medidas, nós tomá-las-emos. Mas não é isso que mostra a execução orçamental de Janeiro", sublinhou José Sócrates, na conferência da Reuters e da TSF.
O ministro das Finanças tinha garantido esta manhã que o Executivo tudo fará para cumprir os objetivos orçamentais e que, caso seja necessário, poderão mesmo ser aplicadas medidas adicionais para atingir as metas.
Jornal de Negócios
***
Cada vez admiro mais a capacidade destes dois homens, determinadíssimos em reduzir os portugueses a pele e osso. Preparem-se para o que aí vem. A senhora Merkel já informou o que deve ser feito pelo governo português. Este discurso deve ser entendido como um pré-aviso de um novo PEC, a lançar brevemente. Foi o que os dois dirigentes deixaram nas entrelinhas das suas determinadas e incisivas declarações.

Governo criou 70 grupos de trabalho e comissões envolvendo 590 pessoas

O actual Governo de José Sócrates já criou 42 grupos de trabalho, 20 comissões, dois conselhos, dois grupos consultivos, uma coordenação nacional, um observatório e uma estrutura de missão desde que tomou posse no final de 2009. A pesquisa efectuada pelo PÚBLICO nos despachos publicados em Diário da República permitiu concluir que há grupos de trabalho que se sobrepõem a comissões, e comissões que se justapõem a outras e à actividade que deveria ser realizada por organismos e entidades já existentes na Administração Pública.
PÚBLICO
***
Só falta formar uma equipa de futebol!
Quando surge uma dúvida, o governo cria uma comissão. A comissão passa a mastigar as ideias, que vai produzindo. E quando as começa a ruminar, propõe ser necessário criar um grupo consultivo. E é de mastigação em mastigação e de ruminação em ruminação que o monstro vai crescendo e engordando, e sempre a pedir mais alimento. E no meio deste delírio surrealista, será melhor criar um observatório que avalie a utilidade das comissões e uma estrutura de missão que centralize todos os pareceres emitidos.
Quando se fala em racionalidade, em funcionalidade e na guerra ao desperdício, palavras recorrentes no discurso governamental, julgo que não é para se levar a sério. A realidade, que o jornalismo de investigação vai descobrindo, desmente a aplicação destes saudáveis princípios da boa gestão.

Porto: A cidade de ontem e de hoje (1)

Clicar para ampliar a imagem











Amabilidade do João Fráguas, que enviou as imagens

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Um Poema ao Acaso: Poemas que eu escrevi na areia - Alda Lara

*
Teresa Tarouca - Meu bergantim
Por posterior sugestão do João Grazina, que identificou
o poema na letra do fado de Teresa Tarouca
*
Poemas que eu escrevi na areia

I
Meu bergantim, onde vens,
que te não posso avistar?
Bergantim! Meu bergantim!
Quero partir, Poemas que eu escrevi na areia ao mar...
Tenho pressa! Tenho pressa!
Já vejo abutres voando
além, por cima de mim...
Tenho medo... Tenho medo
de não me chegar ao fim.
Meus braços estão torcidos.
Minha boca foi rasgada.
Mas os olhos, estão bem vivos,
e esperam, presos ao Céu...
Que haverá p'ra além da noite?
p'ra além da noite de breu?
Ah! Bergantim, como tardas...
Não vês meu corpo jazendo
na praia, do mar esquecido?...
Esse mar que eu quis viver,
e sacudir e beijar,
sem ondas mansas, cobrindo-o...
Quem dera viesses já...
que vai ficando bem tarde!
E eu não me quero acabar,
sem ver o que há para além
deste grande, imenso céu
e desta noite de breu...
Não quero morrer serena
em cada hora que passa
sem conseguir avistar-te...
Com meu olhar enxergando
apenas a noite escura,
e as aves negras, voando...
.
II
Meu bergantim foi-se ao mar...
Foi-se ao mar e não voltou,
que numa praia distante,
meu bergantim se afundou...
Meu bergantim foi-se ao mar!
levava beijos nas velas,
e nas arcas, ilusões,
que só a mim me ofereci...
Levava à popa, esculpido,
o perfil, leve e discreto,
daqueles que um dia perdi.
Levava mastros pintados,
bandeiras de todo o mundo,
e soldadinhos de chumbo
na coberta, perfilados.
Foi-se ao mar meu bergantim,
Foi-se ao mar...
nunca voltou!
E por sete luas cheias
No areal se chorou...
.
Alda Lara

Conto: Fábula - por Fernando Pessoa (Ficções)


FÁBULA
Num fabulário ainda por encontrar será um dia lida esta fábula:
A uma bordadora dum país longínquo foi encomendado pela sua rainha que bordasse, sobre seda ou cetim, entre folhas, uma rosa branca. A bordadora, como era muito jovem, foi procurar por toda a parte aquela rosa branca perfeitíssima, em cuja semelhança bordasse a sua. Mas sucedia que umas rosas eram menos belas do que lhe convinha, e que outras não eram brancas como deviam ser. Gastou dias sobre dias, chorosas horas, buscando a rosa que imitasse com seda, e, como nos países longínquos nunca deixa de haver pena de morte, ela sabia bem que, pelas leis dos contos como este, não podiam deixar de a matar se ela não bordasse a rosa branca.
Por fim, não tendo melhor remédio, bordou de memória a rosa que lhe haviam exigido. Depois de a bordar foi compará-la com as rosas brancas que existem realmente nas roseiras. Sucedeu que todas as rosas brancas se pareciam exactamente com a rosa que ela bordara, que cada uma delas era exactamente aquela.
Ela levou o trabalho ao palácio e é de supor que casasse com o príncipe.
No fabulário, onde vem, esta fábula não traz moralidade. Mesmo porque, na idade de ouro, as fábulas não tinham moralidade nenhuma .
Fernando Pessoa
1915Ficção e Teatro. Fernando Pessoa. (Introdução, organização e notas de António Quadros.) Mem Martins: Europa-América, 1986 - 69.1ª publ. in O Jornal , nº1. Lisboa: 4-4-1915

"A estátua e a sua sombra" - Fotografia de João Grazina

Clicar para ampliar a imagem
Retirada do blogue Arroios
*
Um surpreendente efeito de luz e sombra, a que a conseguida tonalidade sépia, aproveitando a luz solar do entardecer, imprime uma grande beleza estética.

Notas do meu rodapé: A Geração à Rasca à procura da sua identidade

João, Alexandre e Paula
Fotografia do PÚBLICO
Um desempregado, um bolseiro e uma estagiária inventaram o Protesto da Geração à Rasca
João, Paula e Alexandre formaram-se em Coimbra e passaram por associações de estudantes. Dois desencantaram-se com os partidos a que pertenciam.
Os jornais e as televisões acompanham o fenómeno. Em menos de três semanas, milhares fizeram saber que pretendem aderir ao Protesto da Geração à Rasca (ontem eram mais de 27 mil). Sem que tenha sido gasto um tostão para promovê-lo. "Acho que é uma coisa completamente nova o que está a acontecer", diz João. "Nós, desempregados, "quinhentos-euristas" e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal. Protestamos" - assim começa o manifesto colocado online.
PÚBLICO
***
Com o seu instinto de animal político, José Sócrates, talvez com os olhos postos no Egipto e na Tunísia, apercebeu-se rapidamente que a manifestação marcada par 12 de Março e promovida e mobilizada por três jovens, através da rede do Facebook, não poderia ser ignorada ao nível dos seus efeitos políticos, que prometem ser devastadores para a credebilidade do governo. Não podia seguir o caminho da afronta, não podia fabricar nenhum alibi sobre o acarinhado tema da perseguição pessoal, não podia dizer que tudo aquilo era obra dos jornalistas, que o perseguiam, não podia acusar de maniqueísmo os partidos da oposição, e não poderia vir a desvalorizar a manifestação, como costuma fazer em relação às manifestações da CGTP, se ela vier a constituir-se no grande acontecimento político do ano. Daí, ter avançado, na sessão quinzenal da Assembleia da República com o governo, com aquela tirada dos 50 mil estágios remunerados, ao mesmo tempo que atirava a cenoura, prometendo a integração desses estagiários na Segurança Social para efeitos contributivos e de contagem de tempo de serviço.
Tal como aconteceu com Mubarak, Khadafi e Ben Ali, José Sócrates não acordou a tempo para apagar o fogo que ele ateou no caldeirão da sociedade. Os jovens agradecem as migalhas, mas não vão deixar enganar-se com a desgastada demagogia de um primeiro-ministro, que, habituado, perante uma opinião pública acomodatícia, a transformar, com relativo êxito, os revezes em sucessos e as derrotas em vitórias, julgaria provocar um efeito desmobilizador com as suas promessas. Julgo que tiveram um efeito complatamente contrário. Os jovens, a maioria sem ideologia e sem convicções políticas, já perceberam que estão a lidar com um homem que não dá o que promete, que promete o que não pode dar e que por vezes a promessa conduz ao seu contrário.
Através do Facebook, os jovens perceberam que não estão sozinhos. Descobriram que a angústia e o desespero de não terem emprego ou ou apenas terem empregos precários, sem direitos, não era um problema isolado de cada um deles, mas que se alargava a toda uma geração, e que era estrutural. Foi o suficiente para cada um deles, isoladamente, ganhar força e confiança no movimento que está a nascer, e que, possivelmente, não irá esgotar-se ao final da tarde do dia 12 de Março.
Afinal de contas, o 25 de Abril também nasceu de um grupo de jovens, estes militares, que também não sabiam nada de política, mas que derrubaram um odioso regime, que se julgava eterno.

Fotografia: Distorções visuais (2)








Amabilidade do João Fráguas, que enviou as imagens.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Fotografia: Distorções visuais (1)










Amabilidade do João Fráguas, que enviou as imagens.

Catroga vai ser o coordenador do programa eleitoral do PSD

Independente e próximo de Cavaco Silva, o ex-ministro das Finanças aponta para transformações do Estado e incentivos à Economia. O programa tem o nome de código “Esperança”.
Em Dezembro, Eduardo Catroga travou, em nome do PSD, a dura batalha com Teixeira dos Santos para conseguir um acordo com o Governo em torno do Orçamento do Estado para este ano.
PÚBLICO
***
E Eduardo Catroga vai levar o telemóvel para tirar mais uma fotografia histórica?
http://publico.pt/Política/catroga-vai-ser-o-coordenador-do-programa-eleitoral-do-psd_1482197

Wikileaks: EUA dizem que Portugal compra “brinquedos caros e inúteis” por “orgulho”



Um telegrama divulgado pela WikiLeaks e enviado para Washington pelo então embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Thomas Stephenson, arrasa os negócios do Ministério da Defesa português.
“No que diz respeito a contratos de compras militares, as vontades e acções do Ministério da Defesa parecem ser guiadas pela pressão dos seus pares e pelo desejo de ter brinquedos caros. O ministério compra armamento por uma questão de orgulho, não importa se é útil ou não. Os exemplos mais óbvios são os seus dois submarinos (actualmente atrasados) e 39 caças de combate (apenas 12 em condições de voar)”, lê-se num pequeno parágrafo a meio do telegrama de seis páginas citado pelo Expresso.
O semanário anunciou esta semana que se juntou aos jornais mundiais que divulgam os documentos da WikiLeaks e vai, assim, analisar os 722 telegramas da Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa que integram o seu espólio.
PÚBLICO
***
O documento do embaixador, além de ser arrasador e caracterizar bem uma parte da realidade portuguesa, tem o mérito de evidenciar a forma caricatural como os países mais desenvolvidos vêem Portugal, um país guiado pelo desejo de ter "brinquedos caros". Em três penadas, o embaixador Thomas Stephenson põe a ridículo o novo-riquismo, a inoperância e a inutilidade das classes dirigentes, que não sabem reflectir e actuar sobre o país a que pertencem. Novo-riquismo, porque o submarino é um símbolo de ostentação militar; inoperância, porque o submarino não responde às necessidades imediatas mais importantes, a de controlar o narcotráfico e a imigração clandestina na costa portuguesa; e inutilidade, porque o submarino acaba por não servir para nada, apesar do seu custo representar 1,6 por cento do PIB.
Diverti-me com a leitura de um comentário do blogue Dar à Tramela, que aqui transcrevo: "Chove a cântaros e no Tejo anda um submarino em manobras. Começo a entender a necessidade dos submarinos na Armada Portuguesa:- Em caso de inundações severas passarão a ter meios de resgate submersíveis que permitam actuar em prol das populações afogadas".

Redução ao absurdo...



Amabilidade do João Fráguas, que enviou as imagens

Novos relatos dos ataques à porta das mesquitas em Trípoli:


Novos relatos dos ataques à porta das mesquitas em Trípoli: “Os disparos começaram quando ainda estávamos a rezar. E quando as pessoas começaram a sair, dispararam sobre elas. Muitos dos meus vizinhos morreram hoje. O meu irmão foi alvejado numa perna. A situação aqui é horrível. Há helicópteros no ar e chovem balas do céu. (...) A milícia e os apoiantes de Khadafi andam com armas pesadas e não deixam as pessoas juntar-se. Apenas disparam o tempo todo. Parece que estamos numa zona de guerra. E isto aqui é uma zona civil, as pessoas não estão armadas”, contou um residente à BBC.
BBC/PÚBLICO
***
Mesmo que o seu despótico regime pudesse sobreviver à enorme vaga de protesto de um povo inteiro, Khadafi nunca iria ter condições para continuar a governar a Líbia. Hoje, o povo líbio sabe que ele está apenas a ser apoiado pela sanguinária milícia comandada por um dos seus filhos, pelas suas brigadas revolucionárias (uma espécie de Legião Portuguesa do salazarismo), composta por militantes a quem o regime comprou a fidelidade, através de inúmeros benefícios, de que a maioria da população não beneficia, e pelos jovens mercenários, recrutados no Chade, jovens estes que foram enganados, pois tinha-lhes sido prometido um trabalho normal na Líbia. A maioria do exército regular já o abandonou e a Força Aérea recusa-se a fazer novos bombardeamentos sobre civis indefesos.
O ditador está reduzido a Tripoli, a capital, onde, no seu covil, ainda sonha manter o poder, à custa de muito sangue. Hoje, sexta feira, o dia sagrado para os muçulmanos, cometeu um erro capital, que irá ser-lhe fatal. Sabendo que a cidade iria ser invadida pelos revoltosos, no fim das orações da manhã, não teve qualquer escrúpulo de ordenar aos seus capangas para dispararem sobre os incautos fiéis, à saída das mesquitas da cidade, na tentativa de, pelo medo, desmobilizar o povo da sua intenção de marchar para a praça Verde. Se Khadafi não desistir de querer continuar a resistir à vontade do povo, não tenho dúvidas que irá acabar por ser enforcado na praça Verde. Ele, no seu demente desespero, só está a acumular ódios e vinganças.

Momento de humor

Clicar na imagem para a ampliar

Amabilidade do João Fráguas, que enviou as imagens

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Os cavalos também se abatem...

Pormenor do monólogo de Khadafi, em referência aos revoltosos: “São jovens, têm uns 17 anos. E dão-lhes comprimidos à noite, põem-lhes comprimidos nas bebidas, no leite deles, no café, no Nescafé”, precisava a agência noticiosa Reuters num excerto do discurso de cerca de meia hora feito esta tarde, por telefone, pelo líder líbio para a televisão estatal do país.
PÚBLICO
***
Quando um líder político, ao enfrentar uma rebelião popular, recorre a argumentos deste tipo, é porque já está em desespero de causa e pressente que o seu destino está a chegar ao fim.

J' accuse: Cumprimentos, abraços e beijinhos a Khadafi!...






Sócrates foi recebido na barraca!...
*
Estes dirigentes só agora é que descobriram que Khadafi era um ditador da pior espécie.
Perante a gigantesca rebelião, este homem tresloucado não hesitou em mandar a Força Aérea bombardear população indefesa.