Protesto da Geração "À Rasca"
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Acolhi com muita reserva a informação de um amigo, a dizer-me que, através do Facebook, circulava uma convocatória para duas grandes manifestações, a realizar simultâneamente em Lisboa e no Porto. Embora o quadro reivindicativo me parecesse justo, não pude deixar de criticar a ausência da indicação do respectivo remetente. Como os promotores de tal iniciativa não apareciam identificados, as minhas dúvidas sobre a justeza da iniciativa eram grandes, o que me levou a ignorar o assunto.
No entanto, o Expresso divulgou um vídeo, onde os promotores aparecem a dar a cara. A minha opinião mudou. A avaliar pelo seu discurso, trata-se de jovens bem formados, que representam uma geração a quem está a ser negado o futuro, e que já perderam a esperança nos partidos clássicos, à direita e à esquerda. Na realidade, o actual regime, já esclerosado, não consegue tirar o país da grande crise, que, os dois partidos, com responsabilidades governamentais, não conseguiram prever, não souberam resolver, nem serão capazes de ultrapassar, tais são as contradições a percorrer todo o sistema político, em que já só os políticos acreditam. O povo já não os ouve, e estes jovens resolverem avançar para uma manifestação, sem espartilhos partidários, embora honestamente confessem que não são contra os partidos.
É claro que não será esta manifestação que irá mudar imediatamente as coisas. Mas a sua importância reside no facto de darem a saber que o actual regime já não poderá contar com eles. Isto vem dar razão à minha tese do esgotamento do actual sistema político, que não irá sobreviver por muito tempo, tal como já referi neste espaço. E a ruptura vai ser feita por estes jovens deserdados e frustrados, que vão romper o ciclo geracional, que era indispensável para a sobrevivência do regime, e até, a do país.
Mas os jovens têm razão. Têm razão, porque foram enganados. Os partidos, os políticos e os governantes não podem queixar-se, nem poderão assobiar para o ar, e, muito menos, acusá-los de irresponsabilidade ou de divisionismo, e de outras coisas mais. O Médio Oriente está a demonstrar às sociedades ocidentais o que representa o descontentamento dos jovens. Alguma coisa vai mudar, embora ninguém saiba o quê. Há dias, num dos meus artigos, citei um sociólogo eminente, que afirmou, há uns anos atrás, que a revolução do futuro seria feita pelos jovens descontestes e marginalizados pelo sistema e não pelos partidos clássicos, nem pelas classes médias. Ele tinha razão.
No entanto, o Expresso divulgou um vídeo, onde os promotores aparecem a dar a cara. A minha opinião mudou. A avaliar pelo seu discurso, trata-se de jovens bem formados, que representam uma geração a quem está a ser negado o futuro, e que já perderam a esperança nos partidos clássicos, à direita e à esquerda. Na realidade, o actual regime, já esclerosado, não consegue tirar o país da grande crise, que, os dois partidos, com responsabilidades governamentais, não conseguiram prever, não souberam resolver, nem serão capazes de ultrapassar, tais são as contradições a percorrer todo o sistema político, em que já só os políticos acreditam. O povo já não os ouve, e estes jovens resolverem avançar para uma manifestação, sem espartilhos partidários, embora honestamente confessem que não são contra os partidos.
É claro que não será esta manifestação que irá mudar imediatamente as coisas. Mas a sua importância reside no facto de darem a saber que o actual regime já não poderá contar com eles. Isto vem dar razão à minha tese do esgotamento do actual sistema político, que não irá sobreviver por muito tempo, tal como já referi neste espaço. E a ruptura vai ser feita por estes jovens deserdados e frustrados, que vão romper o ciclo geracional, que era indispensável para a sobrevivência do regime, e até, a do país.
Mas os jovens têm razão. Têm razão, porque foram enganados. Os partidos, os políticos e os governantes não podem queixar-se, nem poderão assobiar para o ar, e, muito menos, acusá-los de irresponsabilidade ou de divisionismo, e de outras coisas mais. O Médio Oriente está a demonstrar às sociedades ocidentais o que representa o descontentamento dos jovens. Alguma coisa vai mudar, embora ninguém saiba o quê. Há dias, num dos meus artigos, citei um sociólogo eminente, que afirmou, há uns anos atrás, que a revolução do futuro seria feita pelos jovens descontestes e marginalizados pelo sistema e não pelos partidos clássicos, nem pelas classes médias. Ele tinha razão.
No próximo dia 12 de Março, o país vai assistir às primeiras manifestações de massas, organizadas fora do âmbito partidário ou sindical. Não é uma manifestação espontânea e avulsa. A organização é uma réplica das grandes manifestações do Egipto, que se serviu da rede do Facebook e conseguiu fazer cair um velho ditador. O eixo estruturante da mobilização é o apelo ao protesto dos jovens e de todos aqueles que o sistema está a excluir da sociedade. A manifestação não tem lugares marcados, nem obedece a nenhuma ritualização. É uma novidade. Se redundar num fracasso, fica sinalizado o secular sentimento de resignação do povo português, o que irá dar mais força ao obsoleto sistema político, que continuará a actuar com total impunidade e confiando na presunção que a História não os julgará. Se a manifestação arrastar multidões, a situação tornar-se-á imprevisível, como foram todas as situações que mudaram o rumo dos povos.
Em Portugal, alguma coisa irá acontecer nos próximos tempos. Oxalá que não seja uma coisa má.
Em Portugal, alguma coisa irá acontecer nos próximos tempos. Oxalá que não seja uma coisa má.
3 comentários:
Dia 12 de Março:
Professores em Lisboa;
Geração à rasca no Porto;
E os professores da geração à rasca, Coimbra? Braga? Faro?
Que dia tão bem escolhido!... :)
Caro Alexandre:
Quando as crises irrompem não falta quem apareça a botar faladura sobre o acontecido. É tipico. Talvez seja bom registar por aí algumas opiniões da nossa praça não vá algum ditador cair da cadeira e depois venham todos dizer: eu não disse, eu não disse!
Por mim, só sei que nada sei, mas com a maior das franquezas. Sou de facto um adepto de Revoluções, porque o raio das moscas parece que são atraidas pela falta delas, mas as minhas revoluções envolveriam mudança de mentalidades, não de actores apenas, por isso o meu ar expectante, ou expetante (!). Talvez seja por estar velho e não acreditar na juventude em que sempre disse que acreditava e que quem tinha razão eram sempre eles. Mas isso se calhar era quando eu era jovem que pensava assim.
É evidente que esta manifestação não vai fazer cair o regime, tal como aconteceu na Tunísia e no Egipto. O regime está fragilizado e podre, mas as corporações aguentam-no até ao limite. Mas para alguma coisa vai servir, e, a mais importante, é que os partidos ficarão a perceber que já perderam a juventude. E a juventude é o futuro, e mais tarde ou mais cedo mudam as coisas. Salazar e Marcelo também não perceberam que a juventude universitária já não os ouvia. E os jovens capitães, influenciados pelo caldo cultural dessa juventude, deram cabo do reinado dos generais caquéticos e inúteis.
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