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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Wikileaks: EUA dizem que Portugal compra “brinquedos caros e inúteis” por “orgulho”



Um telegrama divulgado pela WikiLeaks e enviado para Washington pelo então embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Thomas Stephenson, arrasa os negócios do Ministério da Defesa português.
“No que diz respeito a contratos de compras militares, as vontades e acções do Ministério da Defesa parecem ser guiadas pela pressão dos seus pares e pelo desejo de ter brinquedos caros. O ministério compra armamento por uma questão de orgulho, não importa se é útil ou não. Os exemplos mais óbvios são os seus dois submarinos (actualmente atrasados) e 39 caças de combate (apenas 12 em condições de voar)”, lê-se num pequeno parágrafo a meio do telegrama de seis páginas citado pelo Expresso.
O semanário anunciou esta semana que se juntou aos jornais mundiais que divulgam os documentos da WikiLeaks e vai, assim, analisar os 722 telegramas da Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa que integram o seu espólio.
PÚBLICO
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O documento do embaixador, além de ser arrasador e caracterizar bem uma parte da realidade portuguesa, tem o mérito de evidenciar a forma caricatural como os países mais desenvolvidos vêem Portugal, um país guiado pelo desejo de ter "brinquedos caros". Em três penadas, o embaixador Thomas Stephenson põe a ridículo o novo-riquismo, a inoperância e a inutilidade das classes dirigentes, que não sabem reflectir e actuar sobre o país a que pertencem. Novo-riquismo, porque o submarino é um símbolo de ostentação militar; inoperância, porque o submarino não responde às necessidades imediatas mais importantes, a de controlar o narcotráfico e a imigração clandestina na costa portuguesa; e inutilidade, porque o submarino acaba por não servir para nada, apesar do seu custo representar 1,6 por cento do PIB.
Diverti-me com a leitura de um comentário do blogue Dar à Tramela, que aqui transcrevo: "Chove a cântaros e no Tejo anda um submarino em manobras. Começo a entender a necessidade dos submarinos na Armada Portuguesa:- Em caso de inundações severas passarão a ter meios de resgate submersíveis que permitam actuar em prol das populações afogadas".