O Governo egípcio e membros da oposição acordaram a formação de um comité que vai preparar alterações à Constituição até à primeira semana de Março. A notícia foi avançada no final da reunião que colocou à mesma mesa o vice-presidente, Omar Suleiman, e a Irmandade Muçulmana.
PÚBLICO
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Com a constituição deste comité, entre o governo e as forças da oposição, com a missão de preparar alterações à Constituição, a liderança da actual situação política sai da rua, onde tem andado, e volta para os gabinetes dos políticos. A desmobilização dos manifestantes vai ser conseguida com este expediente, pois não fará sentido que as forças da oposição entrem com um pé em negociações com o governo e deixem o outro pé na praça Tahir.
A Irmandade Muçulmana, ao deixar cair a sua principal exigência, de só aceitar negociações, após a retirada da cena política de Mubarak, legitimou, de certa maneira, a liderança do recém-nomeado vice-presidente Omar Suleiman, naquela que é a sua primeira intervenção visível no exercício do seu cargo. Tal reunião seria impossível de realizar com Mubarak. Mas, por outro lado, a Irmandade Muçulmana também somou pontos ao ser reconhecida como parceiro na actual situação política. Ganhou visibilidade interna e externa. Para um movimento, que foi ferozmente perseguido pelo regime e que foi obrigado a transferir a sua intensa actividade política fundamentalista para a clandestinidade das mesquitas, onde a polícia não se atrevia a entrar, com receio de ser acusada de profanação, este reconhecimento e esta visibilidade vêm ao encontro dos desejos do seu actual líder, Mohamed Badie, que optou por uma estratégia discreta, que não despertasse muita atenção aos inimigos do Islão, ao mesmo tempo que poupava os seus militantes às perseguições policiais.
Omar Suleiman, que é visto como um homem duro, aparece junto dos seus concidadãos com uma imagem tolerante, a manifestar abertura, o que lhe será proveitoso para vir a ser o próximo chefe incontestado do regime.
Apena falta conhecer o destino de Mubarak e o comportamento dos manifestantes. Quer um, quer outros podem desfazer este equilíbrio.
http://publico.pt/Mundo/comite-devera-estudar-reformas-constitucionais_1478849
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