Islamistas jordanos recusam entrar no executivo
Os islamistas jordanos, a principal força de oposição no reino, recusaram integrar o novo Governo de unidade.
Face às manifestações das últimas semanas, o rei Abdullah II demitiu o primeiro-ministro, como exigia a rua, e nomeou um novo, encarregando-o de pôr em prática um programa de reformas políticas e económicas. Ambos se têm desdobrado em encontros com a oposição.A Frente de Acção Islâmica, que é a organização política da Irmandade Muçulmana jordana, criticou a escolha de Bakhit, mas aceitou, ainda assim, reunir-se com ele. “Ouvimos promessas de reformas, agora esperamos por factos”, explicou um responsável da Frente.
PÚBLICO
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Começa a ficar claro que a Irmandade Muçulmana egípcia, com ramificações no Magrebe e no Médio Oriente, soube organizar-se ao longo do tempo para poder intervir num movimento generalizado de contestação aos regimes árabes comprometidos com os países ocidentais e, principalmente, com os Estados Unidos, que, por culpa própria, se transformaram no seu inimigo número um. Foram muito profundas as feridas desferidas à nação árabe com a guerra do Iraque, exclusivamente desencadeada para controlar a região onde se concentram as maiores jazidas de petróleo. Escavacou-se um país inteiro numa guerra injusta, através de um pretexto inventado e pueril. A Irmandade Muçulmana registou e interiorizou no seu seio a humilhação sofrida e soube transmiti-la aos seus fiéis, aos seus militantes e aos seus guerrilheiros. O plano gizado está em marcha, para desespero dos tiranetes locais e dos dirigentes dos países ocidentais, que não vão conseguir acudir a todos os fogos, que vão incendiar o Magrebe e o Médio Oriente. E esta crise política, cuja extensão e profundidade ainda é difícil de avaliar, vem no momento em que os países ocidentais estão a tentar sair da crise estrutural mais profunda do sistema capitalista. Basta ocorrer uma mudança política radical num país árabe estratégico, que ponha em causa o abastecimento de petróleo, e uma nova guerra será desencadeada, agravando todas as dimensões da crise económica e financeira, que se declarou em 2008.
Tal como no Egipto, a Jordânia está a braços com os protestos da população, que viu no último ano os preços dos alimentos subirem em flecha, o que provocou o agravamento da pobreza. Entretanto, através da corrupção, a classe dirigente acumula cada vez mais riqueza, que é desviada para os bancos suíços. Os jovens, cada vez em maior número, vivem sem perspectivas para o seu futuro. É neste quadro, que se replica em todos os países do Magrebe e do Médio Oriente, que a contestação se desenvolve exponencialmente, ameaçando a estabilidade dos respectivos regimes políticos que, ou são ditaduras, ou são regimes democráticos travestidos.
Os fundamentalistas islâmicos esperam a sua vez para instaurarem as suas ditaduras teocráticas.
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