Páginas

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Dissertação sobre a ode à liberdade…




Dissertação sobre a ode à liberdade…


A todos os tarrafalistas
e aos que tombaram pela liberdade


Já só tenho muros à minha volta
grades nas janelas sem vidraças
para que as palavras arrefeçam lentamente
escrevo nas paredes
os nomes e os símbolos
daquilo em que acredito
e já não tenho medo do carcereiro
nem do degredo
levo as mãos para as algemas
e olhos e alma para chorar
mas serei amanhã um homem livre…

Alexandre de Castro

Lisboa, Novembro de 2007

sábado, 6 de abril de 2019

Brenda Fassie, a "Madona dos municípios"




Brenda Fassie, a "Madona dos municípios"


A "poeta" Maria Gomes homenageou, no Google+, Brenda Fassie, a cantora negra sul-africana, a quem a revista Time chamou a "Madona dos municípios", e que morreu precocemente em Maio de 2004. Era a voz dos marginalizados, escreve a "poeta", no seu texto. Era a voz da negritude, acrescentarei eu, num país que viveu a humilhação e o horror do apartheid.
Deixo aqui, a acompanhar o vídeo da malograda cantora, na sua interpretação de "Meneza", o texto e o belíssimo poema, que a "poeta" Maria Gomes lhe dedicou.
Alexandre de Castro

///

"A Madonna dos municípios" foi Brenda Fassie, cantora pop sul-africana. A sua voz foi a voz dos marginalizados do apartheid.
A sua voz leva-me aos difíceis anos 90, anos de guerra. Ressoava noite adentro, vindo algures das redondezas da minha casa... e eu ficava, muito quieta, entregue àqueles acordes e à noite, sentindo um
renascer da esperança. Brenda foi, também para mim, a luz da noite escura. 

Ainda é.
"A Madonna dos municípios" morreu aos 39 anos em Joanesburgo, a 9 de Maio de 2004, com uma overdose de cocaína. Seu colapso e consequente internamento no hospital Sunninghill foi notícia de primeira página na imprensa sul-africana. Nelson Mandela e Thabo Mbeki visitaram-na no hospital.

Poema

Imorredoura voz, mãe da serenidade aflorando
do abraço infinito em que regresso,
haverá um país talhado na cartografia do amor?
Ó fogo que arde, ó flor do tumulto,
dai-me uma ave imaginária, uma paisagem real,
para que eu viva um caudal de enlevo
e erga as cinzas do poema na obstinação e na candura.

__________mariagomes

//
2019 04 06