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domingo, 21 de fevereiro de 2016

Uma União Europeia "à la carte"...


Ao ter conseguido um estatuto especial para o Reino Unido, por parte do Conselho Europeu, Cameron, o primeiro ministro britânico (ver aqui), infligiu uma humilhante derrota à União Europeia, ao fazer vingar as suas leoninas condições, que assumiram, arrogantemente, um tom de um verdadeiro ultimato. Com o enganador intuito de querer salvar a União Europeia, os seus responsáveis políticos mais não fizeram do que começar a abrir a cova onde a irão enterrar. Esta fuga para a frente vai dar muita força às forças fascizantes do leste europeu e à Frente Nacional de Marine Le Pen.
E Portugal? Portugal continua a viver na paz podre dos cemitérios, com o inferno à vista, sem voz audível e sem iniciativas próprias, em defesa dos interesses do país. Teria sido uma boa altura para António Costa confrontar os seus pares em relação à desigualdade de tratamento a que sujeitam Portugal e a Grécia,  impondo aos seus governos as mais duras medidas da ortodoxia financeira e não cedendo quanto à necessidade de reestruturar as respectivas dívidas públicas.
Mas, para Cameron a vida também não vai ser fácil. Os eurocépticos do seu partido, que são muitos, já começaram a arreganhar a dentuça, afirmando que se tratou de uma vitória de Pirro. Querem mais, embora todos nós saibamos que o que eles querem é ver a Europa unida pelas costas. E muitos analistas britânicos vão dizendo que, com este acordo, o referendo de Junho vai ditar a saída do Reino Unido da UE.
Para os fanáticos dirigentes europeus, defensores acérrimos de uma Europa cada vez mais integrada (leia-se federada), as coisas também vão complicar-se. A partir de agora, qualquer Estado europeu (excepto Portugal, que teima pacoviamente em ser um bom aluno) achar-se-à no direito de também reivindicar para si privilégios especiais ou, até, um estatuto especial, que o liberte de certas obrigações e deveres.

1 comentário:

Rogério G.V. Pereira disse...

«Com o enganador intuito de querer salvar a União Europeia, os seus responsáveis políticos mais não fizeram do que começar a abrir a cova onde a irão enterrar. Esta fuga para a frente vai dar muita força às forças fascizantes do leste europeu e à Frente Nacional de Marine Le Pen.»

Isso!