A natureza
perversa da dívida...
Perde-se a paciência em tentar explicar às
pessoas a natureza perversa desta dívida, que Portugal se viu obrigado a
contrair. Respondem-me que o senso comum diz que quem deve tem de pagar, como
se as dívidas entre particulares fossem de natureza idêntica à natureza das
dívidas públicas. Não percebem que a dívida imposta a Portugal teve como
objectivo principal transferir para o Estado a dívida colossal dos bancos
portugueses para com os bancos credores da Alemanha, França e Espanha,
que, deste modo, e, indirectamente, através das posteriores
recapitalizações dos respectivos Estados, ficaram com a garantia de que
iriam receber parte do seu dinheiro, através das receitas obtidas com a
aplicação das políticas de austeridade e com os resultados da privatização do
sector público empresarial (CTT, TAP, etc). Trata-se de uma dívida ilegítima,
pois tratou-se de uma manobra manhosa e de grande alcance estratégico, que pôs
os cidadãos portugueses a pagar a dívida dos bancos, bancos estes que,
entretanto, já tinham recebido os lucros dos empréstimos feitos anteriormente
às famílias, naquele período áureo, em que, para estimular a compra de casa
própria e assim alargar a área de negócio, o sistema financeiro,
intencionalmente, manteve os juros artificialmente baixos. Foi um presente
envenenado. Os banqueiros e os seus accionistas ficaram mais ricos e a maioria
dos portugueses ficou mais pobre.
AC
2 comentários:
«Trata-se de uma dívida ilegítima, pois tratou-se de uma manobra manhosa e de grande alcance estratégico, que pôs os cidadãos portugueses a pagar a dívida dos bancos...»
Isso!
A canalha anda à solta
a custo zero
Abraço
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