A guerra surda do petróleo entre os EUA e a
Arábia Saudita
A história contada neste vídeo, sobre as causas que estão a pressionar a queda de preços do
petróleo, está mal contada. Às justificações apresentadas falta acrescentar uma
outra, que é inédita, mas que se perfila, neste momento, como a mais
importante, e que vem a ser a guerra surda que se estabeleceu entre os EUA e a
Arábia Saudita (velhos aliados), à volta do petróleo.
Os EUA sempre foram o principal cliente da
Arábia Saudita, nas compras do petróleo, mas, nos últimos tempos, as encomendas
dos americanos têm diminuído na mesma proporção do aumento da sua própria
produção de petróleo, proveniente do gás de xisto (um processo altamente
poluente). A Arábia Saudita não gostou desta mudança, como é natural, e tudo
está fazer para complicar, neste aspecto, a auto suficiência dos EUA, que já
produzem todo o petróleo de que necessitam.
Sabendo que a rentabilidade da produção de
petróleo, a partir do gás de xisto, só é possível com o preço do barril acima
dos cinquenta dólares, aumentaram em força a sua produção para a além da
procura, provocando assim uma queda abrupta do preços, que passaram dos cerca
de cem euros o barril para os actuais quarenta e cinco euros. E o preço poderá
cair muito mais, por vontade da Arábia Saudita, cujo limite mínimo da sua
produção, para garantir rentabilidade, poderá ir até aos dez euros o barril,
uma vez que os seus poços têm têm pouca profundida, diminuindo assim os custos
de produção.
Pressionados pelos EUA, os membros da OPEP
pretendiam diminuir a produção, para que os preços subissem, mas a Arábia
Saudita vetou esta proposta, que regimentalmente teria de ser aprovada por
unanimidade, para que fosse aplicada.
É certo que os outros argumentos, tal como a
quebra de produção na China e nos países emergentes (atenção à crise que aí vem)
também tem de ser considerada nesta equação, mas a principal é esta, que
possivelmente poderá trazer graves problemas futuros. As alianças e as
promessas de eterna amizade não são eternas, e não me custa nada a crer que, se
o regime sírio cair (os países ocidentais estã a fazer tudo para isso, os EUA
transformarão rapidamente o rei da Arábia Saudita num ainda mais perigos Sadam
Hussein, do Iraque.
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