Legenda da página do Facebook de uma leitora do Alpendre da Lua. |
Optei por esta elucidativa ilustração para melhor poder exprimir a minha perplexidade perante uma recente notícia, vinda nos jornais, e que dava conta das conclusões de um estudo do Instituto de Ciências Sociais (ICS). A conclusão principal não poderia ser mais desanimadora. São os jovens, aqueles que mais evidenciaram uma maior indiferença em relação ao fenómeno da pobreza. Embora não tivesse ficado surpreendido, confesso que fiquei alarmado. Não fiquei surpreendido, pois reconheço os malefícios de uma sociedade que estimula o facilitismo em vez do rigor e que valoriza o oportunismo e o nepotismo em vez do mérito e da transparência. Fiquei alarmado, pois temo a ameaça permanente que este sentimento de indiferença pela pobreza pode induzir.
A vertente cívica do modelo de educação das escolas, o desleixo das famílias e a filosofia social e política agregada ao paradigma do neoliberalismo não podiam conduzir a outro resultado. Como o estudo revela, os jovens portugueses são individualistas e egoístas. E se Portugal já enfrenta um grave problema de coesão económica, vai também de ter de enfrentar o problema da coesão social, que esta geração de jovens parece querer desvalorizar, o que será dramático. Ainda tento acreditar que os investigadores do ICS se tivessem enganado.
Nota: O leitor já compreendeu que a ilustração escolhida encerra um sério aviso para todos os destintários.
4 comentários:
Existe um velho proverbio que diz, "É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança".
Este seria um bom proverbio no tempo dos meus avós. Nos dias de hoje, coloco sérias dúvidas...
Estamos num nevoeiro cada vez mais cerrado!Esse resultado é a consequencia,como diz neste post,da instrução dos ultimos anos nesta europa e no mundo.Não há educação mas apenas endoutrinação para o sistema selvagem actual da sociedade já desumanizada.
Comentário inserto no Facebook, na página "Protesto da Geração à Rasca e o Dia Seguinte":
Helena Viegas
8 de Fevereiro de 2012 19:24
Penso q não são só os portugueses. Os jovens de hoje da Europa cresceram numa sociedade consumista, e esse consumismo começa logo na escola, onde se dá importância aos indicadores exteriores de riqueza (as roupas, os ténis, a mota, o carro ). A culpa será deles ou antes da educação dada pelos pais? Não serão eles um reflexo dos país novos-ricos? A minha avó uma vez disse-me um grande ditado :"Não dês a quem pediu e não sirvas a quem serviu" - E é uma grande verdade! Jovens q têm tudo (material) q os pais podem comprar e fazem questão, tb importa para a sua ascensão social! somos mais felizes e mais importantes Ricos do que pobres! Só é pena as pessoas esquecerem-se das suas raízes e tentam a todo o custo escondê-las! Mas Portugal é uma aldeia e felizmente sabemos sempre quem são os "Novos Ricos"...
Sónia:
Não conhecia esse provérbio, com o qual estou de acordo, pois cada um de nós é o produto do contexto social em que se formou. No caso de Portugal e de outros países, foi a aldeia que falhou e não a criança. A aldeia ou se desvitalizou ou se transformou numa aldeia global.
Se existem paradigmas que conseguem exprimir grandes verdades, são as que vêm associadas aos provérbios. Nunca falham. Resultam da acumulação milenar do conhecimento empírico do povo.
Hoje, perante a triste realidade a que chegámos, chego à conclusão que Portugal falhou. A recuperação vai demorar umas duas gerações.
Obrigado pelo seu comentário.
Bjs. Alexandre
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