"Os próximos tempos podem ser insuportáveis para alguns dos nossos concidadãos, em especial os reformados e os desempregados", avisou ontem Cavaco Silva em Carregal do Sal.
Jornal de Notícias
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Os desempregados e os reformados, por constituírem o segmento populacional mais fragilizado e indefeso, são sempre os primeiros alvos das medidas de austeridade. Foi assim, com os primeiros PEC de José Sócrates e a situação agravou-se com o actual governo de Passos Coelho.
Os desempregados, na sua maioria, e, principalmente, os que se encontrarem na meia idade, já não têm possibilidade de encontrar oportunidades de trabalho. Aos reformados, por sua vez, não lhes resta nenhuma alternativa, a não ser a de terem de sujeitar-se ao poder discricionário de governantes sem escrúpulos. Estes dois grupos não têm sindicatos que, especificamente, defendam os seus interesses. A greve, esse instrumento fundamental para fazer reivindicações, já não a podem exercer, uma vez que não se encontram integrados no processo laboral (é como saber nadar e a piscina não ter água). E a comunicação social, intencionalmente ou não, ignorou-os (veja-se que, a propósito dos cortes dos subsídios de Natal e de férias, apenas se fala dos funcionários públicos).
Existe, pois, uma grande falta de equidade e uma escandalosa assimetria na distribuição de sacrifícios na sociedade portuguesa, o que não abona a favor da tão proclamada justiça social, que não existe.
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