Fotografia por © Marcin Sacha (Poland) |
Jardins do medo_
Há
jardins do medo com flores diante do Diabo
E
as ratazanas insultam a vida do poema
Um
Rei morre em silêncio diante da sua amada
E
a sua amada é uma mulher madura que vive numa jaula
Coroada por ciprestes
Coroada por ciprestes
–
seus lábios são pombas feridas que habitam o cimento -
E
eu digo: a minha pátria é a minha amada
que
chora o veneno do poema
sobre
um ninho de excrementos.
© maria azenha
***«»***
E
a Pátria morre-nos no peito, a arder, no turbilhão da memória de um Alcácer
Kibir sem glória, onde um Rei morre num ninho de excrementos, e de onde nascerão
as flores dos jardins dos medos.
Este
poema de Maria Azenha eleva-nos à dimensão trágica do desastre coletivo, que a História marcou
no calendário do Tempo, onde as cinzas dormem.
Maria
Azenha é a grande inspiradora daquilo que, humildemente, eu vou escrevendo
sobre os seus poemas, poemas que esgotam o sentido das palavras, e que nos conduzem a um
profundo arrebatamento, a caminho da total sublimação.
Alexandre
de Castro
A "poeta" maria
azenha colabora regularmente no Alpendre da Lua.
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