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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Poema: Jardins do medo_ por maria azenha

Fotografia por © Marcin Sacha (Poland)

Jardins do medo_

Há jardins do medo com flores diante do Diabo
E as ratazanas insultam a vida do poema
Um Rei morre em silêncio diante da sua amada
E a sua amada é uma mulher madura que vive numa jaula
Coroada por ciprestes
– seus lábios são pombas feridas que habitam o cimento -
E eu digo: a minha pátria é a minha amada
que chora o veneno do poema
sobre um ninho de excrementos.

© maria azenha

***«»***
E a Pátria morre-nos no peito, a arder, no turbilhão da memória de um Alcácer Kibir sem glória, onde um Rei morre num ninho de excrementos, e de onde nascerão as flores dos jardins dos medos.
Este poema de Maria Azenha eleva-nos à dimensão trágica do desastre coletivo, que a História marcou no calendário do Tempo, onde as cinzas dormem.
Maria Azenha é a grande inspiradora daquilo que, humildemente, eu vou escrevendo sobre os seus poemas, poemas que esgotam o sentido das palavras, e que nos conduzem a um profundo arrebatamento, a caminho da total sublimação.
Alexandre de Castro

A "poeta" maria azenha colabora regularmente no Alpendre da Lua.

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