O primeiro-ministro José Sócrates, coadjuvado pela sua máquina de consultores de marketing, pagos pelo erário público, mas que, em caso algum, serve o interesse público, planeou ao milímetro esta complexa jogada sobre o PEC4. Era uma jogada de alto risco, que lhe exigia vários golpes de rins e uma apurada sensibilidade para explorar todas as oportunidades, que a evolução dos acontecimentos lhe apresentasse. Digamos que, em boa verdade, ele é um exímio mestre em iniciativas deste tipo, que não trazem nenhuma dignidade à política nem contribuem para a resolução dos problemas do país, antes pretendem suportar os seus interesses pessoais e os do seu grupo partidário.
Confrontado com a deterioração da execução orçamental, de que só publicita aquilo que lhe é favorável, e que exigia a difícil tarefa de pedir mais sacrifícios aos portugueses, quando antes afirmara que os anteriores seriam os últimos, obrigaram-no a arriscar tudo. O plano servia-lhe para fortalecer a sua posição política, quer viesse a manter-se vitoriosamente no governo, caso um PSD medroso vergasse a espinha, quer tivesse de sair e passar para a oposição. A sequência da argumentação utilizada foi sempre orientada para transferir a culpa da eclosão de uma eventual crise política para a oposição e, particularmente, para o PSD, e, por outro lado, utilizou o espantalho do FMI, tentando vender uma imagem de um patriotismo serôdio.
Mas, em todo este plano, havia uma contradição de raíz. José Sócrates, na última cimeira europeia, comprometeu-se, em definitivo e por escrito, com a aplicação de uma série de medidas políticas e económicas, o que revela uma intenção clara de não pretender negociá-las com a oposição. Confrontado com a intransigência de todos os partidos, que não lhe perdoaram a arrogância e o insulto e nem querem subescrever aquelas gravosas medidas, mudou a agulha para uma posição aparentemente concliadora, construindo um cenário de falsas negociações. Para lhe complicar mais a vida e o prestígio, José Sócrates foi apanhado em mais uma mentira, quando disse, contrariando a verdade de provas evidentes, que o documento apresentado em Bruxelas não não tinha carácter definitivo.
Na realidade, como disse o presidente da câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, o país não pode ser governado por um primeiro-ministro mentiroso.
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