Conhece a expressão "morrer na praia"? Esqueça. Portugal chegou à praia, viu lá um poço e atirou-se.
Os donos da praia, que tinham o posto de S.O.S em alerta, nem querem acreditar nos seus olhos. Em vez da maca para doentes, atiramo-nos para a cama de pregos dos faquires. Estas eleições não são um suicídio, são um homicídio. Estamos nisto desde Outubro, escapámos por um triz à entrada do FMI em Novembro, o BCE e a Comissão Europeia emprestaram-nos dinheiro e tolerância para ganharmos tempo e entrarmos já na nova forma de ajuda externa, menos intrusiva e cara do que a grega e irlandesa. E Portugal, depois de cinco meses de resistência, de negociação e de ajudas, chega à véspera da Cimeira Europeia e fica sem Governo. Na véspera! É inacreditável, é lamentável, é irresponsável. Salve Luía Amado o dissonante, o esclarecido, o isolado, que em Bruxelas, Frankfurt e Berlim conhece o sabor do pão que o diabo tantas vezes amassa. Desde que tomou posse que este Governo está a prazo. Por isso Sócrates constituiu um Executivo manso, por isso negou evidências, por isso faz jogos de palavras com uma notável capacidade de esquecer o que disse antes que faz de qualquer amnésico um homem sempre actualizado. Mas é este o Governo que está eleito pelos portugueses, é a este Governo que tem de cumprir a função de governar.Estas eleições são um crime porque acontecem no pior dia possível, ameaçando o sucesso da própria cimeira do euro que nos ia acudir. Estas eleições são um crime porque Portugal tem até Junho dez mil milhões de euros para pedir emprestados, porque a banca está em stress, porque as empresas públicas estão a ficar sem dinheiro. Estas eleições são um crime porque vão produzir meses de foguetório político para eventualmente chegar a minorias e inviabilidade negocial entre PS e PSD. Estas eleições são um crime porque são contra o interesse nacional, contra os portugueses, contra a sensatez.
Os donos da praia, que tinham o posto de S.O.S em alerta, nem querem acreditar nos seus olhos. Em vez da maca para doentes, atiramo-nos para a cama de pregos dos faquires. Estas eleições não são um suicídio, são um homicídio. Estamos nisto desde Outubro, escapámos por um triz à entrada do FMI em Novembro, o BCE e a Comissão Europeia emprestaram-nos dinheiro e tolerância para ganharmos tempo e entrarmos já na nova forma de ajuda externa, menos intrusiva e cara do que a grega e irlandesa. E Portugal, depois de cinco meses de resistência, de negociação e de ajudas, chega à véspera da Cimeira Europeia e fica sem Governo. Na véspera! É inacreditável, é lamentável, é irresponsável. Salve Luía Amado o dissonante, o esclarecido, o isolado, que em Bruxelas, Frankfurt e Berlim conhece o sabor do pão que o diabo tantas vezes amassa. Desde que tomou posse que este Governo está a prazo. Por isso Sócrates constituiu um Executivo manso, por isso negou evidências, por isso faz jogos de palavras com uma notável capacidade de esquecer o que disse antes que faz de qualquer amnésico um homem sempre actualizado. Mas é este o Governo que está eleito pelos portugueses, é a este Governo que tem de cumprir a função de governar.Estas eleições são um crime porque acontecem no pior dia possível, ameaçando o sucesso da própria cimeira do euro que nos ia acudir. Estas eleições são um crime porque Portugal tem até Junho dez mil milhões de euros para pedir emprestados, porque a banca está em stress, porque as empresas públicas estão a ficar sem dinheiro. Estas eleições são um crime porque vão produzir meses de foguetório político para eventualmente chegar a minorias e inviabilidade negocial entre PS e PSD. Estas eleições são um crime porque são contra o interesse nacional, contra os portugueses, contra a sensatez.
Pedro Santos Guerreiro
Jornal de Negócios
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Já não se trata apenas de uma crise de governo. Trata-se da crise do regime, que já não consegue mobilizar os portugueses. Falta à política portuguesa a honradez e a seriedade necessárias para que o país possa recuperar a confiança. Parafraseando Jerónimo de Sousa, espero que o peixe não salte da frigideira e não venha a cair no lume.
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