Quando comentei esta alteração de metodologia no cálculo da taxa de desemprego, dei como adquirido que o Instituto Nacional de Estatística (INE), paralelamente à realização dos inquéritos em 2010, teria testado o novo processo, através de entrevistas pelo telefone, numa amostra populacional mais pequena, mas com significado estatístico, a fim de sinalizar o respectivo desvio, que poderia servir, embora com alguma margem de erro, para comparar a evolução daquele prâmetro estatístico com os anos anteriores, evitando-se assim a sua quebra sequencial. Esse trabalho parece que foi feito, mas a presidente do INE, que ainda não sabe que as instituições do Estado não são uma coutada privada dos ministros e dos seus funcionários superiores, recusou-se a revelar os resultados, o que levantou justificadas suspeitas entre os especialistas da área económica.
Tudo leva a crer que as disparidades dos resultados estatísticos entre os dois processos tenham sido escandalosamente muito pronunciadas, ao ponto de os dirigentes as quererem esconder da opinião pública. As consequências deste comportamento são nefastas para a credibilidade do INE entre os agentes económicos (agências de rating incluídas). Os valores relativos ao emprego e ao desemprego são fundamentais para avaliar o estado da economia, pelo que, em nome do interesse nacional, se exige que a presidente do INE esclareça cabalmente a situação.
Nota: Com comportamentos destes, não admira que os mercados não acreditem no nosso país.
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