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domingo, 9 de janeiro de 2011

Cavaco não se livra da suspeita...

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Amabilidade do João Grazina, que enviou este documento
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Cavaco Silva não se sente à vontade quando tenta explicar o duvidoso negócio que manteve com o BPN (Banco Português de Negócios) e a holding que o controla, a SLN (Sociedade Lusa de Negócios). Uma valorização de 140 por cento nas acções que ele a filha compraram à SLN, e que, em dois anos, renderam mais valias no valor de 72 mil euros, abre a porta a justificadas suspeitas de favorecimento pessoal. É certo que o cidadão Cavaco Silva tem todo o direito de valorizar as suas poupanças e que o dinheiro que recebeu em mais valias era de particulares. Mas foi por causa dos muitos casos, iguais ou semelhantes a este e de outras manobras de contabilidade criativa, que o banco do seu amigo Oliveira e Costa foi à falência, o que levou o governo a nacionalizá-lo e a nele injectar milhões de euros. Deste modo, e legitimamente, cada contribuinte pode deduzir que uma parte do dinhero dos seus impostos serviu para pagar os 72 mil euros que Cavaco e a sua filha ganharam naquela transacção.
Como economista que é, ele deveria saber que aquela valorização era escandalosamente exorbitante, e como é um cidadão honesto, como diz ser, deveria ter tomado a prudente atitude de perguntar ao seu amigo se não teria havido engano, pois foi assim que eu, que não sou tão honesto como ele, procedi, quando o meu banco, por engano, creditou na minha conta 500 euros. É de temer que, se vier a ocorrer algum engano no processamento do seu vencimento de Presidente da República, e que lhe seja favorável, ele poderá ficar muito caladinho e dizer para a sua querida Maria, com ar de brincalhão, que lhe saiu a terminação na lotaria, e irem ambos para os copos, para celebrarem, e até comprarem bolo-rei, se aquele engano contabilístico vier a ocorrer na época do Natal.
Mas neste triste episódio, Cavaco Silva não foi transparente nas suas explicações. Da primeira vez que abordou em público o assunto, ele disse apenas uma meia verdade, afirmando que nunca tinha comprado acções ao BPN, ocultando, no entanto, que as comprara à SLN. Para ser ilibado de qualquer suspeita, deveria ter dito logo toda a verdade, indicando a quem comprou as acções e, depois, a quem as vendeu, ao mesmo tempo que deveria também disponibilizar toda a documentação em seu poder sobre este assunto. É assim que deveria ter procedido, em obdiência às boas práticas que se fazem lá fora, que todos os políticos dizem seguir.
Já não bastava termos um primeiro ministro sob suspeita permanente, aparece-nos agora um Presidente da República colado ao mesmo labéu.
É demais para um povo só.

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