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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Morreu Vítor Alves, o capitão "diplomata" do 25 de Abril


O antigo capitão de Abril Vítor Alves morreu esta madrugada, no Hospital Militar, em Lisboa, aos 75 anos, vítima de cancro.
PÚBLICO
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Morreu Vítor Alves. Sempre que morre um capitão de Abril, fica-nos aquela inquietação subterrânea de que é o próprio espírito da revolução dos cravos, que tanto emocionou o mundo, a esmorecer na sociedade portuguesa. Mas a História, que ainda irá escrever-se, vai repor na galeria das personalidades mais ilustres aqueles capitães que devolveram a liberdade e a dignidade ao povo português.
Vítor Alves foi o homem que redigiu a parte política do Programa do MFA. Impôs-se sempre pela sua inteligência e moderação, atributos que se revelaram muito úteis nos momentos mais conturbados do período revolucionário, principalmente quando as fracturas político-partidárias nas Forças Armadas ameaçavam a unidade do movimento militar.
Alexandre de Castro
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Vítor Manuel Alves nasceu em 30 de Setembro de 1935, em Mafra.
Participou activamente no movimento de protesto contra o “Congresso dos Combatentes”, entre Abril e Junho de 1973.
Embora ao corrente da evolução do Movimento dos Capitães só em Setembro de 1973 participa numa reunião.
Em 24 de Novembro de 1973 dirige pela primeira vez uma reunião do Movimento nas imediações da Colónia Balnear Infantil “O Século”.
A 1 de Dezembro de 1973, em Óbidos, foi eleito para a primeira Comissão Coordenadora e Executiva do Movimento, encarregada de preparar o que viria a ser o 25 de Abril.
A 5 de Dezembro de 1973, na Costa da Caparica, foi eleita a Direcção do Movimento formada por si próprio, Otelo e Vasco Gonçalves. Ficou encarregado da ligação com os outros Ramos das Forças Armadas e da coordenação da elaboração do Programa do MFA, isto é, da parte política.
Em 5 de Fevereiro e 5 de Março de 1974 dirige as reuniões em casa do coronel Marcelino Marques e em Cascais, respectivamente, que foram cruciais no aspecto político do Movimento.
Depois do “exílio” de Vasco Lourenço para os Açores em Março de 1974, passou a assegurar com Otelo a coordenação militar, ao mesmo tempo que continuava a encarregar-se da coordenação política do Movimento, designadamente a discussão e redacção do Programa e da Plataforma e sua negociação não só com os outros Ramos mas também com os Generais Spínola e Costa Gomes.
Para além do já referido, coube-lhe negociar adesões, garantir a neutralidade dos outros Ramos, negociar o ritmo garantindo que nada se faria sem um claro quadro positivo (Programa), coordenar a escolha de personalidades militares, para além dos Generais Costa Gomes e Spínola, coordenar a escolha de civis para cargos políticos e propor o exílio imediato e sem julgamento do Presidente da República, Presidente do Conselho de Ministros e outros membros do governo que os quisessem acompanhar.
No dia 25 de Abril de 1974 foi o responsável pelo comunicado à população divulgado pelo MFA e substituiu Otelo, a partir das 16 horas, no posto de comando da Pontinha, passando a coordenar o desenvolvimento da acção.
Na noite de 25 de Abril e madrugada de 26 renegociou o Programa do MFA com os membros da Junta de Salvação Nacional, a pedido destes.
Na manhã de 26 de Abril de 1974 apresentou, pela primeira vez a Portugal e ao mundo, o Programa do MFA.
Após o 25 de Abril foi porta-voz do MFA, integrou a primeira Comissão Coordenadora, foi membro do Conselho de Estado, do Conselho dos Vinte e do Conselho da Revolução.
Foi membro do Grupo dos Nove, um dos nove militares signatários do Documento dos Nove, em 1975.
Desde 29 de Junho de 1979, até final, foi porta-voz do Conselho da Revolução.
In HIST9ALFANDEGA

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