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queria que me acompanhasses
vida fora
como uma vela
que me descobrisse o mundo
mas situo-me no lado incerto
onde bate o vento
e só te posso ensinar
nomes de árvores
cujo fruto se colhe numa próxima estação
por onde os comboios estendem
silvos aflitos
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ana paula inácio
poetas sem qualidades
averno
2 comentários:
...e como saberei eu que frutos quero plantar, se não souber os nomes das árvores?
Por isso mesmo no lado incerto e até contra o vento permaneces junto pela vida fora.
(A interpretação que fiz deste poema, neste momento, nesta hora em que o li.)
Beijo
Sónia
Cada poema que se escreve é uma árvore que se planta. Tem nome e destinatário. Nasce vigorosamente da terra e floresce pela "vida fora" em todas as primaveras. O fruto amadurece, mesmo que o "vento" venha do lado incerto.
E foi assim que este poema floriu:
Dissertação sobre uma história de amor…
Foi no dia em que queimaste as bonecas
que me cruzei contigo
na rua onde então vivias
guardei o teu olhar no bolso do casaco
e comecei a comer ameixas
para não me esquecer dos teus lábios
da cor do carmim
mais tarde, encontrei o teu nome
num anúncio de um jornal
pedias a devolução do olhar
a quem o tivesse encontrado
levei também uma taça de ameixas
para tu provares.
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