Tendo promulgado o Orçamento do Estado e dado luz verde às medidas de austeridade, incluindo os cortes salariais na função pública, o Presidente e candidato promete agora vigilância. E dramatiza, ao máximo, as consequências de uma eventual segunda volta, que não deseja.
... Cavaco alertou para as consequências de uma segunda volta, que seria “desviar as atenções do essencial”. E “o “essencial” é que iria causar “uma contracção do crédito e uma subida das taxas de juros. Com as consequências para as “famílias, empresas e famílias”.
PÚBLICO
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Há uma diferença entre a demagogia de Cavaco Silva e a demagogia de José Sócrates, com ambos a personificar o lado negativo da política, ao pautarem a sua actuação em função das suas ambições pessoais e dos seus objectivos calendarizados, que assim se sobrepõem ao interesse público. José Sócrates utliza na sua demagogia uma argumentação positiva e pressupostamente mobilizadora. Cavaco Silva, pelo contrário, joga com o medo endémico das pessoas. Ambos, oportunisticamente, orientam o seu discurso para os ingénuos e os ignorantes.
Os financiadores da dívida soberana sabem perfeitamente que, em Portugal, o Presidente da República não tem funções executivas, que, constitucionalmente, estão cometidas ao primeiro ministro. Por isso, não será a ocorrência se uma segunda volta das eleições presidenciais, que vai influenciar a variação das taxas de juros nos empréstimos ao país.
Cavaco Silva sabe que, através de um reflexo pavloviano, as pessoas associam a dívida e os seus elevados juros à imposição de mais e maiores sacrifícios, e, sem quaisquer escrúpulos, ele agita fantasmas para que o medo se instale nos eleitores e projectem nele a esperança daquela protecção, que não têm.
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