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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Painel de Opinião


O Quinto Cavaleiro
Quem o garante é economista e professor de Economia, ex-catedrático e tudo e, se ele o garante, quem é o povo para duvidar?
Ora o que ele garante é que, se o povo não o eleger já no domingo, como é "essencial", abrir-se-ão os mares e desabará o céu. E pior acontecerá em terra: a sua não eleição à primeira volta provocará imediatamente, avisa ele, "uma contracção do crédito e uma subida das taxas de juros", com consequências apocalípticas para "empresas e famílias".
"Imaginem o que seria de Portugal, na situação económica e financeira complexa em que se encontra, se prolongássemos por mais algumas semanas esta campanha eleitoral", avisa de novo. O povo imagina e o que vê deixa-o petrificado de terror: ao lado da Morte, da Fome, da Peste e da Guerra, cavalga agora o Quinto Cavaleiro, o terrífico Mercado, e todos juntos precipitam-se a galope sobre "empresas e famílias".
Manuel António Pina
Jornal de Notícias

Menos um voto para Aníbal Cavaco Silva
Já levo alguns anos a empilhar colunas de jornais onde defendo o óbvio: os políticos que nos representam têm o dever ético de dar explicações sobre a lisura da sua conduta. Isto faz parte das regras básicas da democracia. Mas em Portugal, não nos bastava ter o primeiro-ministro com a maior cara-de-pau do hemisfério norte – agora temos um Presidente da República que, quando confrontado com perguntas incómodas, em vez de dar justificações claras prefere falar em campanhas e em "vil baixeza". Ora, eu já vi este filme, e não gosto nada do final. Não será o meu voto a contribuir para uma sequela.
João Miguel Tavares
Correio da Manhã

Corpos especiais
A situação que se vive na Justiça, nas Forças Armadas e nas Forças de Segurança é sintomática de uma das piores doenças que atravessam o regime: a degradação, por via política, dos outrora chamados corpos especiais do Estado.
Forças de Segurança como a PSP e a GNR estão a caminho de uma insustentável pauperização e a PJ tem sido alvo de sistemáticas tentativas de controlo político, bem patentes na forma como não lhe tem sido consentida uma política séria de renovação de quadros, condições de remuneração compatíveis com o risco do trabalho de investigação e uma real modernização das suas estruturas. Mesmo assim, os níveis operacionais são de recorte elevado e a independência da instituição e dos seus quadros à prova de bala. Assim tivéssemos mais cinquenta instituições com tamanho músculo e inteligência... O caminho do Governo, porém, não é esse, mas a eliminação pura e simples de tudo o que escape ao seu controlo.
Eduardo Dâmaso
Correio da Manhã

Grande negócio para quem?
As declarações políticas que celebraram, na semana passada, o facto de o Estado português ter conseguido fazer a sua primeira colocação de dívida no mercado em 2011 a uma taxa de juro inferior à da emissão anterior, são precipitadas. Primeiro, porque os problemas estruturais não estão resolvidos, nem o estarão num futuro próximo. O Estado e o sector privado estão demasiado endividados e curar este mal levará o seu tempo.
Segue-se o facto de o preço exigido pelos investidores ter descido mas mantendo-se, ainda, próximo de 7%, muito acima daquela que, ainda em 2010, foi a taxa de juro média a que Portugal se financiou. Paul Krugman, a partir do peso institucional do seu estatuto de laureado com o Nobel da economia, falou em preço "ruinoso" para as finanças públicas portuguesas, colocou água fria nas fantasias do Governo e estragou uma festa que não vinha a propósito.
João Cândido da Silva
Jornal de Negócios

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