O FMI pretende que a redução do défice público português seja feita num prazo superior ao defendido pelas instituições europeias, o que gerou um desacordo entre ambos.
A data pretendida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para que o défice anual do Estado fique abaixo de três por cento é 2015, o que a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE) consideram excessivo, defendendo 2013 ou, no máximo, 2014, segundo a edição de hoje do Jornal de Negócios.
O mesmo jornal cita fontes não identificadas segundo as quais a intransigência do BCE e da Comissão estará a deixar “furiosos” vários membros do FMI, que consideram que os programas grego e irlandês se revelaram demasiado violentos, tendo sido adoptados contra o conselho da instituição com sede em Washington.PÚBLICO
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Na troika, que está a elaborar o programa da ignomínia e que vai estabelecer as regras da assistência financeira a Portugal, o papel do maior vilão, ao contrário do que seria expectável, é assumido pelas instituições europeias representadas (UE e BCE), que assim fazem tábua rasa da, outrora, tão apregoada solidariedade, e não pelo FMI, cujas propostas revelam uma maior sensibilidade para a crucial recuperação económica do país.
Temos aqui referido, por diversas vezes, que, para facilitar a recuperação mais rápida da economia portuguesa, e de uma forma menos dolorosa para os portugueses, seria necessário prorrogar o prazo para a correcção do défice orçamental, promover a renegociação da dívida e optar pela saída do euro. O FMI preconiza a implementação da primeira destas sugestões, o que já não é mau, levando em linha de conta que, normalmente, a sua postura se pauta pela assumpção de um radicalismo ultra-liberal, fundamentado na cartilha da ortodoxia financeira.
Os representantes da Comissão Europeia e do BCE argumentam que o prolongamento do prazo para o governo português corrigir o enorme défice das suas contas públicas iria proporcionar uma vantagem em relação à Grécia e à Irlanda, a quem sempre foi negada esta pretensão, o que é verdade. Mas esse desequilíbrio deveria ser solucionado, em nome da racionalidade económica, através da concessão do mesmo tratamento àqueles dois países, situação que a UE rejeita, já que o seu papel neste sórdido jogo, apenas se reduz à defesa dos interesses dos seus bancos, aqueles que são os maiores credores do países em dificuldades. A UE, nesta crise, apenas está interessada em proteger o capital financeiro e a estabilidade da moeda única, à custa dos enormes e insuportáveis sacrifícios impostos às populações destes três países, e secundarizando a questão da sua recuperação económica, sem a qual será impossível, no futuro, gerar a riqueza suficiente para pagar os juros e a amortização da dívida e, ao mesmo tempo, garantir a continuidade da sua coesão e sustentabilidade.
Portugueses, gregos e irlandeses bem podem dizer que, com amigos destes, é preferível ter inimigos.
http://economia.publico.pt/Noticia/fmi-quer-mais-tempo-para-reduzir-o-defice-publico-do-que-a-ue_1492228
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