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terça-feira, 24 de maio de 2011

Reestruturar dívida será um “filme de terror” diz membro do BCE

Christian Noyer, do conselho de governadores do Banco Central Europeu, diz que Grécia não tem outro remédio senão seguir programa de austeridade.
Christian Noyer, membro de conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE), não tem dúvidas. A Grécia não tem outra opção senão seguir o seu programa de austeridade. “Reestruturar a dívida não é a solução, é um filme de terror”, disse Noyer, citado pela Bloomberg. E se o país não conseguir atingir os termos do acordo de resgate financeiro, a dívida do governo grego será “inelegível como colateral”.
PÚBLICO
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Quando Christian Noyer afirma que a reestruturação da dívida grega seria um "filme de terror", ele omite intencionalmente os sujeitos passivos desse terror. Pela ambiguidade da frase, o leitor até será levado a pensar que seriam os gregos as vítimas principais desse terror. Porém, quem vive aterrorizado com a eventualidade de um qualquer país da periferia (Grécia, Portugal e Irlanda) poder declarar a bancarrota e sair do euro são os dirigentes da União Europeia, já que, a concretizar-se esta situação, seria a própria moeda única a dissolver-se, pelo efeito devastador que iria ser provocado nos bancos alemães e franceses, que são os principais credores da dívida grega. Seria o fim do euro, um verdadeiro gigante com pés de barro. 
Insensíveis ao sofrimento que estão a infligir ao povo grego, a fim de garantirem os interesses do capital financeiro, os dirigentes das instituições europeias, que não conseguem esconder o seu nervosismo, não têm pejo em esgotar até ao limite o seu processo chantagista. Mas não tardará muito, se, entretanto, não procederem à revisão dos critérios da resolução do caso da dívida soberana e dos défices orçamentais, que a sua teimosia se volte contra eles próprios. A História tem ensinado que há sempre aquele momento em que os povos não têm nada a perder em marcar o seu encontro com a Revolução. E, brevemente, também os portugueses vão enfrentar os mesmos problemas, que afligem actualmente os gregos, e será nesse momento que irão perceber como foram enganados pelos três partidos do arco da traição, que, em obediência às ordens da troika, lhes vão exigir que esvaziem com baldes a água do estuário do rio Tejo.

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