Sondagem da Intercampus para o PÚBLICO e TVI |
Olho para isto, e nem quero acreditar! Um verdadeiro sentimento sado-masoquista está a percorrer o país, de norte a sul e de este a oeste. Se a Inquisição fosse a votos, voltavam a acender-se as fogueiras no Rossio de Lisboa. Ou será que o Salazar tinha razão, quando afirmava conhecer bem o povo português?!
Espero que tudo isto não passe de uma mera ficção. Ou será que este país já é uma ficção?
http://publico.pt/Política/ps-passa-psd-e-cds-dispara-para-os-134_1494074?p=1
3 comentários:
A Esquerda terá tido as suas razões para não ir ao enterro com o FMI. O povo que olha atónito para toda a situação, não deixou de notar a desavença. Que conclusão terá tirado quando viu aqueles que maior frente lhe podiam ter feito, ainda que fosse só de paleio ter-se recusado à exéquia e numa espécie de amuo terem feito o velório no átrium sem ter visto o estado do morto?
É que o que fica como resultado da sua conclusão, e já não sei se boa ou má, é que esta é a posição cómoda de querer continuar a jogar por fora, e vai-me perdoar, mas em matéria de Partidos começo a ter perigosamente a ideia de que eles encaram o eleitor como o cliente e o voto como o dinheiro em caixa. O eleitor não se viu por eles defendido, terá entendido que estes achavam a alma do morto sem hipótese de salvação, e o resultado por estar a reflectir-se neste gráfico.
Um abraço.
Caro João Grazina
Que eu saiba, o FMI não é nenhuma agência funerária, dedicada a fazer enterros e a organizar velórios, embora, agora, segundo parece, pretenda dedicar-se, nas horas de lazer, à prática da violação e da agressão sexual. Se quisermos entrar no jogo metafórico, poder-se-ia equiparar a função daquela instituição à acção de um médico que anda a prescrever medicamentos, a soldo de uma multinacional farmacêutica. E como prescreve sempre aquele mesmo medicamento, o que lhe convém, o doente acaba por morrer da cura. Parece-me que é o que está a passar-se na Grécia, onde as coisas estão a andar para o torto, e, segundo alguns analistas, será o que vai acontecer também em Portugal e, a seguir, em Espanha. Por isso, considero a metáfora desajustada à presente situação, já que o doente ainda não morreu. O regime, esse sim, já morreu, pela mão assassina de aventureiros políticos, a quem, como salteadores de estrada, falta a honra do célebre salteador Zé do Telhado. Mas, como disse, o país ainda não morreu. E se vier a morrer, eu preferiria utilizar como metáfora a história do cavalo do inglês, até porque ninguém vai a um velório para ver o “estado do morto”, tal como se afirma no comentário, ou para se certificar que o morto está mesmo morto, ou, ainda, o que é mais chocante ao nível do estilístico, recorrer à imagem da “hipótese de salvação” da alma do morto. Neste ponto de vista, foi a metáfora que morreu, envolvida na sua própria contradição.
A referência aos partidos, não a entendi, já que no Alpendre da Lua apenas se defendem causas e valores, e não posições partidárias, mesmo as mais encapotadas, nem se orienta pelas instruções dos blogues oficiosos, cujo papel consiste em tocar a música que os blogues afectos começam a dançar. O Alpendre da Lua é um blogue independente, mas comprometido com a denúncia da injustiça social e do atropelo aos valores da democracia, da liberdade e da igualdade de oportunidades. Aqui considera-se a existência de partidos como a coluna vertebral da democracia, mas rejeita-se a hipótese de a democracia esgotar-se no discurso desses mesmos partidos. Era o que faltava. É certo que alguns sociólogos já começam a admitir que o neoliberalismo está a estabelecer um novo tipo de ditadura, prolongando, por contágio, a ditadura do capital financeiro aos partidos da sua órbita, onde se encaixam os da Internacional Socialista, que se encarregam, por sua vez, de estabelecer, em alternância com os partidos conservadores, uma “ditadura democrática”, sufragada por eleições livres, depois de intoxicar culturalmente os eleitores através de uma poderosíssima máquina de propaganda.
(Continua no comentário seguinte, devido à limitação imposta à extensão dos textos)
(Continuação do comentário anterior)
Também é certo que os partidos do arco do poder, que eu comecei a referir, a partir do acto da capitulação, como partidos do arco da traição, encaram a política como uma caixa registadora de votos, contribuindo assim para a degeneração do regime democrático instaurado com o 25 de Abril. É vê-los a prometer o céu nas campanhas eleitorais e a dar o inferno quando exercem o poder. A hipocrisia e a desfaçatez chegou ao ponto de darem-se ao trabalho de, pomposamente, redigirem programas eleitorais, quando o verdadeiro programa eleitoral é aquele que foi elaborado pela troika, e que os dirigentes desses partidos aceitaram sem pestanejar, num acto de vassalagem vergonhoso e ignóbil. E a perfídia continua, através de uma monstruosa campanha de intoxicação pública, na tentativa de levar os eleitores a sufragarem esse acto nas próximas eleições. Só em 2012, os eleitores irão descobrir a engenhosa armadilha em que caíram. Mas a roda da História é isso mesmo. As coisas só mudam depois de muito sofrimento e, que eu saiba, nenhuma mudança radical da História resultou de actos eleitorais, o que me leva a rejeitar liminarmente a visão contabilística da sociedade e da política, uma visão centrada no Deve e Haver da contabilidade dos votos. Optei, há muito tempo, pela visão dialéctica. Se no dia 4 de Outubro de 1910, a opção pela República fosse submetida a votos, a Monarquia ganhava e manter-se-ia no poder, tendo nós, actualmente, de ter de aturar um imbecil como rei. Se no dia 24 de Abril, o Programa do Movimento das Forças Armadas fosse a votos, Marcelo Caetano ganhava, embora isso não evitasse, no futuro, uma provável e hipotética nomeação de José Sócrates para primeiro-ministro, por proposta da União Nacional. E quem diz José Sócrates, diz também Paulo Portas, Passos Coelho ou Marcelo Rebelo de Sousa, pois há muitas maneiras de enganar os papalvos e estas personalidades já mostraram ter a manha suficiente para se adaptarem à situação mais conveniente.
Um abraço
Alexandre de Castro
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