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sábado, 18 de dezembro de 2010

Notas do meu rodapé: O Estado Social está ameaçado!...

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Alegre diz-se descansado com Cavaco em Belém, mas o Estado social pode acabar
Questionado sobre se dormirá descansado caso Cavaco Silva seja reeleito para a Presidência da República – disse que sim em 2006 -, Manuel Alegre mantém a resposta, mas não dá como garantido que Cavaco Silva defenda o Estado social “contra o projecto estratégico da direita que visa a sua destruição”, afirmando que é por isso que a sua vitória é "necessária".
PÚBLICO
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Se Cavaco Silva for reeleito, a direita irá tomar de assalto o poder do Estado, concretizando, deste modo, o almejado objectivo, expresso no antigo slogan "Uma maioria, um presidente", pois é previsível que, perante o doloroso cenário, marcado pela continuada deterioração da situação económica do país e pelo progressivo descontentamento popular, o PSD provoque, em 2011, eleições antecipadas, e obtenha a maioria para ser governo.
O epicentro da vida política transferir-se-ia assim para o palácio de Belém, com Cavaco a governar verdadeiramente o país por uma interposta pessoa, a exercer as funções de primeiro-ministro. Não tenho dúvidas, se esta vier a ser a realidade, que Cavaco Silva irá desmantelar o Estado Social, reduzindo-o ao mínimo.
Formatado pelo pensamento da escola do neoliberalismo, que a sua tacanhez intelectual não consegue ultrapassar (ele não percebe que a origem da crise se encontra precisamente na aplicação cega nos países ocidentais das teorias económicas daquela doutrina), Cavaco Silva promoveria a entrega aos privados dos sectores mais lucrativos dos pilares da Saúde, da Educação e da Segurança Social, o que provocaria a acentuação das desigualdades económicas e sociais e a marginalização das franjas populacionais mais desfavorecidas. Cavaco Silva e o seu cinzento primeiro-ministro acabariam o trabalho que José Sócrates deixou a meio.
É pois necessário que o palácio de Belém seja ocupado por uma pessoa, assumidamente defensora do Estado Social. Não sei se Manuel Alegre, se for eleito numa segunda volta, poderá deter o revanchismo de uma direita, que não gosta de ouvir falar de direitos sociais. Também não sei como é que o eleitorado do BE, na primeira volta, vai digerir um candidato que tem de se abster de criticar a política do seu próprio partido, o PS, cuja prestação política, enquanto governo, tem contribuído para a fragilização desse mesmo Estado Social.
http://publico.pt/Política/alegre-dizse-descansado-com-cavaco-em-belem-mas-o-estado-social-pode-acabar_1471423

7 comentários:

Graza disse...

Alexandre.

Fui confirmar no Público esta notícia e não é para mim seguro que Alegre tenha repetido isso, porque em parte nenhuma da reprodução do que disse se lêem as palavras de Alegre. Gostaria de ter perguntado em comentários ao Público, mas não estou registado: "Mantém a resposta?" Onde está escrita a forma como o disse, se é que disse, este ano o mesmo que disse em 2006?
"Alegre diz-se descansado com Cavaco em Belém..." “…disse que sim em 2006” (!...) A colocação do “circunstancial de tempo” no final parágrafo não é inócuo. O que conta são as gordas e é nisso que é preciso colocar a mensagem. É isso que fica para os leitores. Acompanho Alegre e não estou a vê-lo dizer isto este ano e conhecendo a forma como muita gente escreve, não me custa admitir que seja intencional. Isso pode levar ao engano, e o Alexandre pode ter sido um dos erradamente informados pela notícia do Público.

Aquela notícia foi corrigida às 13h20, mas deveria voltar a sê-lo se é que Alegre não o disse este ano.

Alexandre de Castro disse...

Grazina:
No meu comentário não valorizei nem referi a frase atribuída a Manuel Alegre, pois não lhe atribuí grande importância. Preferi caracterizar o perigo que Cavaco Silva representa para a continuidade do Estado Social e apontar, segundo o meu ponto de vista, a maior fragilidade da candidatura de Manuel Alegre, que terá de gerir o silêncio em relação aos colossais erros do governo do PS (os resultados estão à vista), o que poderá enfraquecer a sua posição em relação ao eleitorado do BE.
Não comentei a tal frase, e se ela aparece no meu post, é porque eu costumo transcrever o lead das notícias, que servem de base aos meus comentários.
Sobre a veracidade da tal frase, não posso pronunciar-me, mas admito que seja verdadeira, pois, caso contrário, Manuel Alegre teria recorrido ao direito de resposta.
O Grazina poderá utilizar um meio mais eficaz para obter uma resposta da direcção do jornal, enviando um mail para as "Cartas à directora", que, normalmente, em casos como este, em que subsistem dúvidas sobre a reprodução de afirmações feitas pelos entrevistados nas reportagens, costuma responder. E digo-lhe isso, por experiência própria, pois, perante uma interpelação da presidente do CA do Centro Hospitalar de Lisboa, a propósito do título que coloquei na minha reportagem, tive de fazer uma informação sobre as razões da minha opção, para que directora, no próprio jornal pudesse responder.
Este será o melhor caminho, ao contrário daquele que tentou, através de um comentário no jornal online, que não obriga o jornal a responder.

Graza disse...

Alexandre.

Percebi o conteúdo do seu post, mas notou que não era sobre ele que estava a escrever. É legítimo o que diz se visto á luz do que têm sido os tradicionais apoios partidários aos candidatos à Presidência. Alegre candidatou-se em 2006 sem apoios partidários e fez história: nunca ninguém tinha obtido aquele resultado sem máquinas por detrás. Não o vi andar a desancar partidos, especialmente á Esquerda, e não vejo que tenha que o fazer agora. Ouvi a leitura do seu Contrato e foi dido muito claramente quais os desmantelamentos com o que não concorda, sem ambiguidade, preto no branco. Isso será suficiente para não ter problemas com a gestão dos silêncios.

Vou tentar obter junto da Campanha um esclarecimento sobre aquela questão.

Um abraço.

Graza disse...

Alexandre.

Consegui na página do Facebook de Alegre o acesso á entrevista.

"Pergunta: Dr. Manuel Alegre, em 2006, quando questionado sobre se dormiria descansado no caso da eleição de Cavaco Silva, respondeu afirmativamente. Actualmente, mantém a resposta?

Resposta: Quanto ao funcionamento formal da democracia, mantenho. Mas não quanto à garantia de que o candidato Cavaco Silva, se porventura fosse eleito, defenderia o estado social contra o projecto estratégico da direita que visa a sua destruição. É por isso que a minha vitória é necessária. O esvaziamento do Estado Social significará o enfraquecimento da própria democracia política

Ora, se o Público não tivesse querido enganar um leitor menos avisado do que eu, que vou conhecendo Alegre, teria sido mais cuidadoso na montagem do título.

Saudações.

Alexandre de Castro disse...

Grazina:
Possivelmente, serei eu que não estou a perceber. Confrontei as declarações de Alegre, que me enviou, com o título da notícia do Público e não descortino nenhuma contradição.
O título da notícia do PÚBLICO é:
" Alegre diz-se descansado com Cavaco em Belém, mas o Estado social pode acabar".
No site da candidatura, no texto que me enviou, consta:
("Pergunta: Dr. Manuel Alegre, em 2006, quando questionado sobre se dormiria descansado no caso da eleição de Cavaco Silva, respondeu afirmativamente. Actualmente, mantém a resposta?

Resposta: Quanto ao funcionamento formal da democracia, mantenho. Mas não quanto à garantia de que o candidato Cavaco Silva, se porventura fosse eleito, defenderia o estado social).
Ora, no meu ponto de vista, quer o título, que tem de ser sintético, quer o lead da notícia, que, neste caso, até explica o título,não atraiçoa o sentido explícito das declarações de Manuel Alegre. E eu estou de acordo com aquelas declarações. Se Cavaco for eleito, a democracia formal continua a funcionar, mas o Estado Social será desmantelado.
Aliás, no comentário que fiz a esta notícia do PÚBLICO, refiro precisamente esse perigo. Faço um ataque directo a Cavaco Silva, referindo até a sua tacanhez intelectual e acuso-o de ter sido formatado pela escola do pensamento neoliberal.
Em relação à candidatura de Alegre, limito-me a emitir a minha opinião sobre as dúvidas que se levantam no meu espírito quanto à contraditória confluência na mesma candidatura de dois eleitorados partidários assumidamente antagónicos, opinião que não pode ser entendida como um ataque a Manuel Alegre, candidato em quem irei votar na segunda volta, sem qualquer preconceito, se for ele o opositor a Cavaco.
Um abraço
Alexandre de Castro.

Graza disse...

Mais uma interpretação do que se vai lendo para juntar ao próximo café. Mas depois desta chuva e humidade enssopadora.

Alexandre de Castro disse...

Está combinado.