A CGTP foi a única estrutura sindical a criticar abertamente o conjunto de propostas hoje apresentado aos parceiros sociais, ficando isolada na crítica às linhas gerais da Iniciativa para a Competitividade e o Emprego, aprovada em Conselho de Ministros esta quarta-feira.
PÚBLICO
***
O governo já castigou os desempregados. Agora prepara-se para fazer a cama aos desempregados potenciais, se estas medidas, enquadradas pela pomposa designação, "Iniciativa para a Competitividade e o Emprego", forem executadas. As empresas vão receber de mão beijada uma belíssima prenda de Natal, que lhes vai permitir lançar para o desemprego milhares de trabalhadores, principalmente os dos grupos etários mais elevados, que, nas condições actuais, em caso de despedimento, receberiam uma melhor compensação remuneratória, que lhes suavizaria um pouco as suas dificuldades futuras. Com uma indemnização mais baixa e com as restrições, já em vigor, ao nível da concessão do subsídio de desemprego, esses trabalhadores mais velhos, que não vão encontrar um novo posto de trabalho, nem podem pedir a reforma, vão rapidamente entrar no limiar da pobreza.
Os desempregados constituem a classe mais fragilizada da sociedade, pois não têm meios de fazer ouvir o seu protesto nas ruas e nos meios de comunicação social, o que para o governo é um seguro de vida. Por outro lado, estas perversas medidas amedrontam os que ainda têm emprego, fragilizando-os na sua capacidade reivindicativa a favor dos seus direitos laborais.
Não se percebe como é que se pode promover o emprego, aprovando medidas que facilitam os processos de despedimento e vêm aumentar o desemprego de longa duração. É certo que as empresas acabam por admitir, em substituição dos trabalhadores despedidos, trabalhadores mais jovens, que vão aceitar o emprego com um salário menor e em condições de maior precariedade.
Tudo isto somado, percebe-se a grande manobra do governo para tentar ganhar competitividade para a economia, que será tentada exclusivamente à custa dos sacrifícios dos trabalhadores, continuando, porém, a proteger os bancos e os grupos económicos, excluindo-os de qualquer contributo para a solução da crise. Portugal será um país cada vez mais pobre e mais desigual.
Neste jogo da concertação social, a UGT mostrou uma vez mais os interesses que defende. Nos momentos decisivos, alia-se ao governo e ao patronato. Para iludir os trabalhadores, que representa, alinhou na greve geral, mas encarou-a sempre como se estivesse a participar no festival da canção da Eurovisão.
http://economia.publico.pt/Noticia/cgtp-isolada-nas-criticas-a-iniciativa-para-a-competitividade-e-o-emprego_1471175
1 comentário:
Tudo isto porque o Capital tem que andar sempre ao colo custo o que custar. Enquanto os descamisados deste planeta não descobrirem uma forma de eficaz de combater a prevalência dele sobre quem trabalha, teremos sempre este filme em repetição.
O nivel dos acontecimentos que estão a acontecer na Grécia deveria servir para acordar os homens da barriga e do charuto, mas sentem-se todos na Europa ainda bem protegidos na fortaleza que criaram. Deixem que as coisas atinjam Espanha para ver o fogo que pode pegar a Europa...
Enviar um comentário