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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Um texto de Pedro Frias sobre a jornada de luta dos enfermeiros, a ocorrer hoje...


A necessária e justa luta dos Enfermeiros Portugueses vai continuar

Hoje, dia 18 de Setembro, os enfermeiros portugueses escreverão mais uma página no capítulo da sua luta. Estaremos em luta, não por questões balofas e de mero oportunismo político, uma vez que se aproximam as eleições legislativas, mas sim porque exigimos que este Ministério da Saúde trate os enfermeiros com a dignidade que eles merecem.
Depois das várias lutas que desenvolvemos no primeiro processo negocial da carreira de enfermagem, que congregou a força de milhares de enfermeiros e obrigou o Ministério da Saúde a recuar, a ceder e a reconhecer a justiça das nossas reivindicações, tudo fazia crer que o Ministério da Saúde, nesta segunda fase do processo negocial, evoluísse na sua posição, relativamente às questões salariais e reconhecesse o aumento das competências e da responsabilidade que os enfermeiros têm vindo a assumir no Serviço Nacional de Saúde.
Contudo, ao contrário do que seria de esperar, o Ministério da Saúde, enraizado nas suas concepções retrógradas da profissão de Enfermagem e no conceito medicocêntrico da saúde em Portugal, teima em tratar os enfermeiros de forma diferente, para pior, de outros sectores profissionais, mesmo daqueles que connosco constituem as equipas multidisciplinares nos serviços onde exercemos funções.
Esta atitude por parte do Ministério da Saúde não poderia ter outra resposta por parte dos enfermeiros que não fosse a luta. Hoje os enfermeiros portugueses demonstrarão mais uma vez que não aceitam ser desrespeitados pelo Ministério da Saúde e que, tal como aconteceu noutras situações, usarão a sua força para lutar pelas suas justas reivindicações, pela melhoria das condições de trabalho e pela dignificação da profissão de Enfermagem.
Bem sabemos que nunca nada foi dado aos enfermeiros ao abrigo de um qualquer lobbie e, por isso mesmo, porque tudo o que a Enfermagem Portuguesa tem conseguido tem sido baseado na luta de milhares e milhares de enfermeiros de diferentes gerações, estamos conscientes da necessidade de irmos à luta… irmos à luta não só por nós mas também pela defesa da qualidade e segurança dos cuidados de enfermagem que todos os dias e de forma contínua prestamos aos utentes.

Pedro Frias
Enfermeiro
***
Nota do Editor: O Serviço Nacional de Saúde (SNS) não poderá alcançar os níveis de excelência desejados, se os seus profissionais não estiverem empenhados e motivados para a causa do serviço público. Para isso, é necessário que o Estado lhes proporcione as condições de dignidade, que satisfaçam, tanto quanto possível, as suas expectativas.
Nos dias de hoje, a enfermagem exige a aquisição de elevadas competências técnicas, que só o ensino superior pode garantir. Todos os enfermeiros a trabalhar no SNS possuem o grau académico da licenciatura ou do bacharelato. É razoável que as respectivas remunerações reflictam estas qualificações, alinhando o seu valor pelo de outros profissionais equiparados da Função Pública.
Por outro lado, é necessário reconhecer a especificidade da profissão, muito desgastante, física e psicologicamente. Quem conhece a realidade dos hospitais sabe que são os enfermeiros a garantir o seu ininterrupto funcionamento, durante as 24 horas do dia, o que requer um grande esforço.
A jornada de luta de hoje, assenta nestes pressupostos, demasiadamente justos e correctos para não serem atendidos pelo Ministério da Saúde.
Agradeço ao Pedro Frias, seguidor deste blogue, desde a primeira hora, a sua disponibilidade para escrever este texto que, com prazer, se publica, contribuindo-se assim para a divulgação e a compreensão daquela iniciativa sindical.
AC

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