O presidente Barak Obama, gorando as expectativas daqueles que acreditavam numa mudança profunda da política dos Estados Unidos, prolongou por mais um ano o embargo económico a Cuba, mantendo em vigor a "Acta de Comércio com o Inimigo", decretada pelo presidente John F. Kennedy em Julho de 1963, na sequência da crise dos mísseis de Cuba. Não tendo sido a primeira nem a última, das várias iniciativas dos Estados Unidos para asfixiar a economia cubana, a "Acta de Comércio com o Inimigo", foi, entretanto, a mais radical, pois estendia a países terceiros a proibição de manterem relações comerciais livres com o novo regime cubano. Os Estados Unidos impuseram, então, a proibição da importação de mercadorias de empresas de terceiros países, que contivessem matérias primas de origem cubana, assim como os bancos desses países não poderiam abrir contas em dólares a pessoas individuais e a instituições de Cuba. Com estas duas drásticas medidas, Cuba ficava limitada na promoção das suas exportações, principalmente o açúcar de cana, o principal produto da sua economia, e via reduzida as possibilidades na obtenção de dólares no estrangeiro, para poder pagar as suas importações.
Depois de um período de abrandamento das sanções, durante a presidência de Jimmy Carter, que se negou a renovar as restrições às viagens a Cuba de cidadãos americanos, ao mesmo tempo que suspendeu as restrições aos gastos em dólares, nessas mesmas viagens, o embargo foi novamente reactivado, de uma forma ostensiva, pelo presidente Ronald Reagan, tendo prosseguido, com a mesma animosidade e virulência, durante a presidência de George W. Bush.
Os cubanos pagaram bem caro a sua revolução e a restauração da sua plena soberania em relação aos Estados Unidos, que exerciam sobre a ilha um poder neo-colonial. Pouca gente sabe que, quando Cuba obteve a independência do regime colonial espanhol, na sequência da guerra hispano-americana, o governo dos Estados Unidos, em 1902, abusando da sua posição dominante na ilha e reclamando os dividendos de ter derrotado as forças do exército espanhol em 1898, exigiu aos parlamentares da Assembleia Constituinte a incorporação de um apêndice à Constituição da República, conhecido pela Emenda Platt, onde se estipulava o seu direito de intervir nos assuntos internos da jovem República, negando-lhe-se assim a condição jurídica de nação soberana. A triunfante revolução cubana de 1959, liderada por Fidel de Castro, rapidamente acabou com aquela limitação à soberania de Cuba.
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