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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Quem tem medo dos jornalistas?

É conhecida a aversão endémica que José Sócrates tem pelos jornalistas. Compreende-se por quê! Eles atravessaram-se implacavelmente no seu caminho, perturbando-lhe a cavalgada triunfal no poder e expondo perante a opinião pública o lado obscuro de um passado, marcado por situações confusas e pouco transparentes. O caso dos prédios da Covilhã, o conturbado processo da obtenção da sua licenciatura numa universidade medíocre e sem qualquer credibilidade e, acima de tudo, o caso Freeport arrasaram-lhe o prestígio. E tudo isso foi desencadeado por jornalistas, que com o seu laborioso trabalho de investigação, carrearam as provas suficientes para, no mínimo, dar uma sustentação fundamentada à tese da suspeição, e que José Sócrates rapidamente transformou em tese de conspiração.
Nunca houve em Portugal, a partir do 25 de Abril, um primeiro ministro envolvido em tantas trapalhadas, assim como nunca houve um primeiro ministro, que incriminasse tantos jornalistas. Que me recorde, a nível mundial, e exceptuando os ditadores, poucos são os dirigentes políticos que tivessem apresentado tamanho currículo.
O facto de José Sócrates requerer a reabertura de um processo, contra o jornalista João Miguel Tavares, que já tinha sido arquivado pelo Ministério Público, por falta de fundamentação jurídica, revela bem a sanha persecutória que o anima. Além de todos os epítetos que já lhe atribuíram, pode acrescentar-se-lhe mais um. O de vingativo. E nestas eleições, o lado da moral da política também vai ser avaliado pelos eleitores.

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