Hoje, no programa Opinião Pública, da SIC Notícias, ouvi um clarividente testemunho de um emigrante português na Grã-Bretanha, a destoar, pelo seu rigor de análise e pela clareza de pensamento e de linguagem, da maioria dos comentários ali normalmente surgidos.
Desculpando-se previamente, e com humildade, do factor ausência, que poderia, eventualmente, obscurecer ou adulterar a sua percepção sobre a sociedade portuguesa actual, este cidadão, que teve de abandonar Portugal para, segundo disse, proporcionar uma vida mais digna à sua família, apontou, de uma forma certeira e objectiva, a principal razão impeditiva de uma eventual coligação pós-eleitoral, ou até de um entendimento com incidência parlamentar, entre o Partido Socialista e o Bloco de Esquerda, no caso dos bloquistas continuarem a pugnar por tudo aquilo que têm vindo a defender e a rejeitar tudo aquilo que têm vindo a denunciar.
Uma posição de integridade e de intransigência em relação ao seu ideário, por parte do BE, por mais que pudesse ser ultrapassada pela cúpula do PS, por uma questão de sobrevivência política e de conveniência táctica, iria, contudo, incendiar aquela parte do aparelhismo partidário socialista, cuja única militância que se lhe conhece é a do exercício de altos cargos, milionariamente remunerados, em departamentos autónomos do aparelho de Estado e em empresas ou em instituições, onde esse Estado tem preponderência, cargos esses que, harmoniosamente, vão sendo repartidos, na mesma legislatura, entre os barões do PS e do PSD, através de um espúrio e secreto entendimento, que sustenta a existência do chamado Bloco Central de interesses, e que, pelo seu estatuto social e pelo seu significativo número, constituem o verdadeiro sustentáculo dos dois partidos, ou, se quisermos, a grande guarda avançada do núcleo duro.
Se essa coligação ou esse acordo com incidência parlamentar vier a consumar-se, a fim de viabilizar um governo minoritário do PS, os holofotes passarão a estar centrados, não nas contradições do PS, já habituais no seu comportamento, que é sempre diferente, enquanto está na oposição e enquanto está no governo, mas nas eventuais e hipotéticas tergirversões de Francisco Louçã e do seu BE.
Este cidadão emigrante tem toda a razão.
1 comentário:
Louçãmente balouçando/entre a Direita e a Esquerda/êles vão escaqueirando/
e o que vai restar é cacaria.
Nota:Deixo ao leitor a liberdade de escolher a rima.
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