Do Inimigo Público de 25.09.09. Retirada do abnoxio
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A campanha eleitoral chegou ao fim. É muito possível que os portugueses acordem na segunda feira e encontrem um país politicamente diferente, com uma nova arrumação das forças partidárias e tenham de se confrontar com a perda da tradicional hegemonia dos partidos do centro e com o crescimento significativo dos partidos das franjas, principalmente à esquerda, o que, a verificar-se, vai provocar alterações importantes no processo político. Entrar-se-á num novo ciclo político-parlamentar, que sucederá ao que se iniciou com o primeiro governo constitucional, dominado pelos dois partidos do centro.
As duas grandes questões, que se colocavam à partida, no início desta campanha eleitoral, e que, surpreendentemente, vieram a ser as mais renhidas dos últimos vinte anos, era saber se seria possível reeditar a maioria absoluta de um só partido e para onde seriam canalizados os votos do descontentamento pela agressiva governação do PS.
À primeira questão, apenas poderemos obter a resposta no final da contabilização dos votos. Quanto à segunda questão, caso não se verifique uma maioria absoluta de um só partido, poder-se-á já adiantar que a direita vai sair derrotada, pois mostrou-se incapaz, durante a campanha, de atrair os descontentes, cujos votos vão alimentar o crescimento dos partidos mais à esquerda. Nunca se poderá falar na vitória de uma maioria de esquerda, com o somatório dos votos do PS, da CDU e do BE, pois ela não irá ter, como consequência, nenhuma possibilidade de expressão governativa, quer pela impossibilidade de ultrapassar as divergências ideológicas e tácticas dos três partidos, quer porque não é sustentada por uma maioria sociológica.
Neste complexo quadro, as negociações para formar o próximo governo, caso não exista a maioria de um só partido, vão ser muito difíceis de gerir pelo partido mais votado, que irá ser, provavelmente, o PS.
No caso de ocorrer uma maioria absoluta do PS, as coisas simplificam-se para José Sócrates, mas irão complicar-se para a sociedade portuguesa, que irá ser submetida ao recrudescimento do autoritarismo do regime, questão esta que será abordada num próximo artigo.
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