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sábado, 5 de setembro de 2009

Aumento do desemprego nos EUA desmente as previsões mais optimistas sobre o fim da crise


As principais organizações internacionais e os políticos e economistas hipotecados ao sistema têm andado a sustentar que a crise já bateu no fundo e que a economia começou a inverter o ciclo recessivo em que mergulhou. Para sustentar tais afirmações, recorrem aos mesmos indicadores, que, nitidamente, no ano transacto, evidenciaram flagrantemente a sua incapacidade de prever a gravidade e a profundidade da crise, o que lhes retira grande parte da sua credibilidade. E essa incapacidade deriva do facto de a maior parte deles reflectirem apenas variações de conjuntura e de sazonalidade, quando se sabe que esta crise é fundamentalmente uma crise estrutural, provocada pelo esgotamento do modelo de produção e de consumo dos países desenvolvidos, em consequência dos desequilíbrios induzidos pela globalização selvagem. As deslocalizações dos meios de produção industrial para os mercados de trabalho de baixo custo se, por um lado, aumentaram o consumo nos países ocidentais, vieram provocar, por outro lado, nesses mesmos países, a diminuição do crescimento do emprego, que não acompanhou o crescimento populacional. Com o eclodir da crise, esse movimento do mercado de trabalho descambou para o aumento persistente do desemprego de longo prazo.

O que está a acontecer neste domínio nos Estados Unidos, onde a taxa de desemprego continuou a subir em Agosto, atingindo os 9,7 por cento, e com o número de desempregados a subir para 14,928 milhões, o que representa mais 466 mil do que no mês de Julho, vem certamente arrefecer o optimismo de conveniência daqueles analistas encartados, cultivados no academismo do neoliberalismo, e cujas previsões parecem obedecer à intenção de travar qualquer espírito de revolta generalizada da população.

Não se pode afirmar taxativamente que a crise bateu no fundo, quando se está em presença do aumento da taxa de desemprego, pois este importante factor, que é estrutural, uma vez que a maioria dos desempregados não irá encontrar um novo emprego, provocará inevitavelmente uma diminuição do consumo e uma descida das receitas fiscais, com reflexos directos no PIB e no défice orçamental.

A ligeira melhoria dos indicadores económicos, relativos ao 2º trimestre, e que motivou o surgimento oportunista daquele optimismo, também pode ser explicado como sendo o resultado transitório dos gigantescos apoios financeiros dos Estados às empresas estratégicas e aos bancos em dificuldades, apoios esses que não podem manter-se indefinidamente.


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