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domingo, 20 de setembro de 2009

Offshore socialista!...

Estado do Sítio

Offshore socialista

A última novidade do Governo socialista do senhor presidente do Conselho é uma coisa chamada Fundação para as Comunicações Móveis. Esta entidade, cozinhada no gabinete do ministro Lino ex-TGV eex-aeroportos da Ota e Alcochete, foi a contrapartida exigida pelo Governo a três operadores para obterem as licenças dos telemóveis de terceira geração. É privada, tem um conselho geral com três membros nomeados pelo Executivo e um conselho de administração com três elementos, presidido por um ex-membro do gabinete do impagável Lino, devidamente remunerado, e dois assessores do senhor que está cansado de aturar o senhor presidente do Conselho e já não tem idade para ser ministro.
Chegados aqui vamos à massa. Os três operadores meteram até agora na querida fundação 400 milhões de euros, uma parte do preço a pagar pelas tais licenças. O Estado, por sua vez, desviou para esta verdadeira offshore socialista 61 milhões de euros. E pronto. De uma penada temos uma entidade privada, que até agora sacou 461 milhões de euros, gerida por três fiéis do ministro Lino, isto é, três fiéis do senhor presidente do Conselho. É evidente que esta querida fundação não é controlada por nenhuma autoridade e movimenta a massa como quer e lhe apetece, isto é, como apetece ao senhor presidente do Conselho.
Chegados aqui tudo é possível. Chegados aqui é legítimo considerar que as Fátimas, Isaltinos, Valentins, Avelinos e comandita deste sítio manhoso, pobre, deprimido, cheio de larápios e obviamente cada vez mais mal frequentado não passam de uns meros aprendizes de feiticeiro ao pé da equipa dirigida com mão de ferro e rédea curta pelo senhor presidente do Conselho.
Chegados aqui é legítimo dar largas à imaginação e pensar que a querida fundação, para além de ter comprado a uma empresa uma batelada de computadores Magalhães sem qualquer concurso, pode pagar o que bem lhe apetecer, como campanhas eleitorais do PS e dos seus candidatos a autarquias, e fazer muita gente feliz com os milhões que o Estado generosamente lhe colocou nos cofres.
Chegados aqui é natural que se abra a boca de espanto com o silêncio das autoridades, particularmente do senhor procurador-geral da República, justiceiro que tem toda a gente sob suspeita. Chegados aqui é legítimo pensar que a fundação privada criada pelo senhor presidente do Conselho é um enorme paraíso fiscal, uma enorme lavandaria democrática.
António Ribeiro Ferreira, Jornalista
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Comentário do editor: Este dinheiro, que é público, pois resultou de uma concessão do Estado a entidades privadas, não pode ser desviado para uma qualquer instituição particular (mesmo invocando a bondade do disfarce de tratar-se de uma Fundação), titulada pelos governantes que a patrocinaram. É um verdadeiro golpe de baú, que prefigura uma situação tipicamente mafiosa, e que exige a intervenção do Tribunal de Contas e do Ministério Público.
Este governo, cuja desfaçatez está a atingir o intolerável, já não se contenta com os disfarçados favoritismos às suas clientelas e aos grandes lobies financeiros e empresariais, como aconteceu com a concessão, sem concurso público, do Terminal de Alcântara à Mota- Engil, empresa liderada pelo antigo dirigente socialista, Jorge Coelho. Agora, já não tem qualquer pudor em proceder ao esbulho directo dos dinheiros do Estado, esbulho este que o argumento falacioso da compra dos computadores Magalhães não consegue encobrir.
Custa-me a entender, perante estes evidentes e inquietantes sinais de desonestidade, como ainda existem cerca de 33 por cento de portugueses a manifestarem a intenção de votar no Partido Socialista.
AC

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