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sábado, 9 de outubro de 2010

Um Poema ao Acaso: Fomos apanhados a desaparecer



Fomos apanhados a desaparecer

Fomos apanhados a desaparecer
do mundo, uma noite em Madrid,
cobertos de decibéis e querosene,
depois de termos gasto metade do corpo
em tratados de tauromaquia,
massagens idiomáticas
e aulas práticas de suicídio
reversivo.
Era costume atirarmo-nos para a noite
e darmos saltos ornamentais
da plataforma da vida
para uma piscina de corpos
com menos de um metro de profundidade
e águas amarelas.
Era nítido o desejo pelo desaparecimento,
como uma aparição em ruínas.
Mas a pátria recomeçava invariavelmente no dia seguinte,
bombardeada e indiferente.

Hasta aquella fría noche de Madrid,
en una casa ubicada en la Avenida de los Aparentes,
cuando hemos por fín comprendido
la sagrada inutilidad de desaparecer.

André Domingues
(Do Amor Mau)

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